Eu não sei se vocês lembram, mas nós estávamos eu um local fechado, a centenas de milhares de metros abaixo da estátua da liberdade, sem nenhuma possibilidade de saída. Mas parece que o piloto não sabia disso, já que ele estava a toda velocidade em direção à parede de ferro a nossa frente! Ou seja, um imenso Cabum! estava prestes a acontecer, e a enorme janela que tinha a nossa frente nos daria uma bela vista de tudo.

-É melhor essa droga de nave atravessar aquela droga parede! Para nós não virarmos droga de super-humanos amassados! –Exclamei num tom de voz alto, já que o barulho da nave era muito grande, enquanto me segurava no assento como se minha vida dependesse daquilo (o que de certa forma era verdade).

-Relaxe Jake! –Respondeu Selene se acomodando no assento com toda a tranquilidade perturbadora do mundo.

Quando nós estávamos prestes a nos chocar contra a parede de metal (e consequentemente, quando eu estava soltando um grande Aaaaaah), a nave a atravessou como se a mesma fosse um holograma!

Logo eu percebi que nós estávamos na água, subindo a toda velocidade. Eu olhei para trás, pela janela que estava ao meu lado, e a única coisa que eu vi, foi a enorme rocha onde fica a Estatua da Liberdade. Ou pelo menos a sua parte submersa.  

-O-o que foi aquilo? –Perguntei meio sem ar.

-Você é mesmo um frangote. –Respondeu Selene. –Aquilo não era uma parede de verdade, era um holograma, para nenhum mergulhador enxerido perceber que ali não é apenas a base de sustentação da Estátua. 

-Então na verdade tem uma imensa abertura ali? –Perguntou Rachel tão pálida quanto eu.

-Sim. –Respondeu o garoto ao seu lado.

-E como a água não invade tudo?

-Campo de força. Por isso também que se algo se chocar contra aquele lugar, dará a impressão de que é apenas uma rocha de verdade.  –Respondeu Selene como se fosse algo óbvio. –Olhe Jake!

Quando eu me virei para frente, eu perdi o fôlego novamente. Nós saímos da água numa velocidade incrível! Demos uma volta em torno da Estátua da liberdade, acenamos para alguns turistas e partimos para o alto numa velocidade ainda maior.

-Como aquelas pessoas que estavam ali, não nos viram? –Perguntou Rachel se referindo as pessoas que estavam numa espécie de Tour na Estátua da Liberdade.

-No momento, nós estamos no modo camuflagem, ou seja, invisíveis para o meio externo. E se você notar, a água também não se moveu quando nós saímos dela.

Eu não tinha reparado naquilo ainda.

-E Jake, o que você disse antes de nós saímos da cede?

Eu corei.

-Ahn... Aaaaah? –Respondi, me sentindo meio idiota.

-Não seu idiota, antes disso! Sobre nós virarmos droga de super-humanos amassados.

-Ah! Bem...

-Só os humanos nos chamam assim!-Afirmou ela com uma raiva momentânea- Nós preferimos o termo Paladinos.

-Pala... dinos? –Perguntou Rachel erguendo uma sobrancelha. –Tipo aquela classe de guerreiros de RPG?

-Sim, nós somos guerreiros. Na verdade, nós somos mais que isso!

-Convencida (cof cof)-“Tossiu” Rachel, me fazendo segurar o riso.

-O que você disse garota?

Selene estava prestes a se levantar para possivelmente comer Rachel viva, mas a nave deu uma inclinada brusca, logo, Selene caiu sentada novamente.

-O que foi isso? –Perguntei olhando para a janela ao meu lado.

-Parece que agora sim começou a viajem. –Disse o garoto. –Antes nós estávamos apenas subindo, mas agora que nós estamos numa altura elevada, e numa velocidade monstruosa, nós chegaremos ao Japão bem mais rápido.

-E quem perguntou? –Confrontei com um sorriso no canto da boca, para ver sua reação, mas ele limitou-se a me ignorar.

-Uma pergunta. –Interveio Rachel. –Para aonde exatamente nós vamos?

-Para uma usina se eu não me engano. Em Fukushima. –Disse o garoto.

-Não faço a menor ideia da onde seja isso. -Conclui, enquanto colocava minhas mãos na parte de trás da cabeça, as usando como um travesseiro.

-Normal. Estranho seria se você de fato soubesse de alguma coisa. –Murmurou o garoto em voz baixa.

-Ahn? Você está querendo brigar? –Confrontei enquanto lhe lançava meu melhor olhar de Eu posso usar sua pele como tapete da minha sala, garoto.

Coincidência ou não, ele novamente apenas me ignorou, o que novamente me deixou frustrado.

-Ora ora, não vamos brigar agora, não é mesmo garotos? –Acalmou Rachel, com um sorriso meio sem graça, mas logo em seguida ficando séria de novo. –E por falar nisso, você sabe que dia é hoje, Jake?

-Por que você quer saber disso agora, garota? –Soltou Selene, dizendo Rachel como se ela fosse um monstro verde que come criancinhas. Algo me dizia que ela não gostava muito da Rachel. Mas devia ser apenas minha imaginação.

-11 de março. –Respondi. –Por que?

-Bem, é que...

Antes que Rachel pudesse terminar, Selene saltou do banco rapidamente, assustando a todos ali presentes.

-Olhem! Parece que finalmente chegamos! –Disse ela apontando para a enorme janela a nossa frente, que nos mostrava ao longe, a costa leste do Japão.