Por que um garoto de terno, com o cabelo todo arrumadinho por usar gel, com um perfume francês no pescoço, estava correndo? Por que ele estava assustado? Por que ele não estava curtindo o sol?

“Eu tenho que fugir daqui! O que eles fizeram com meu irmão?” – Pensava o garoto assustado.

 “Fabio, era um bom aluno no colégio, era muito educado com todos. Com o dinheiro da sua família conseguia tudo o que queria. Não era egoísta. Ele era o mais rico da sua rua, mas sempre deixava as outras crianças se divertir com ele. Fabio tinha um irmão de 22 anos, tinha também duas irmãs, uma de 17 e outra de 15. Ele se dava muito bem com as duas, mas não conseguia conviver direito com o seu irmão. Eles não se dão bem desde que seu irmão saberia que ele iria nascer.”

“Quando tinha sete anos, seus pais e sua irmã de 17 anos morreram em um acidente de carro. Sua irmã de 15 anos foi levada até o hospital. Chegando lá, ela não resistiu e morreu. Por sorte, ele e seu irmão não quiseram sair tão rápido da festa.”

“Foi o pior ano da vida de Fabio, perdeu quatro integrantes de sua família. Não aguentou ir ao enterro deles. Hoje, ele tem 12 anos. Vive com o seu irmão, que hoje tem 27 anos. Seus pais tinham uma empresa. Pai de Fabio ensinou tudo o que sabia para o seu irmão. Após a morte deles, esse assumiu a empresa e fez seu papel muito bem. A empresa estava no mesmo lucro que seu pai deixou e isso era bom, por que os lucros estavam lá em cima quando ele se foi. Depois do que houve, Fabio e o irmão aprenderam a deixar as diferenças de lado e começaram a ser mais unidos. O irmão se casou com uma das melhores amigas das irmãs. Fabio gostava dela. Ela fazia ele se sentir mais perto delas. Ela contava para ele às histórias que ela passou com suas irmãs.  Hoje, ele está na 7º série.”

“Dia 3 Fevereiro de 2008, Terça-Feira, Fabio não iria comparecer no 2º dia de aula.”

“04h00min da Madrugada, o telefone da casa do irmão de Fabio tocou. Fabio havia sido sequestrado. Pediram uma “tal” quantia em dinheiro e disseram para não chamar a polícia. O irmão de 27 anos não acreditará no que havia acontecido. O irmão pensou até as 07h00min da manhã, quando recebeu outro telefonema dos sequestradores. Eles queriam se encontrar perto da praça. Falaram para jogar a maleta no lixo. Em troca do dinheiro, Fabio seria solto. O irmão não sabia mais o que fazer, liberou o dinheiro e colocou as notas de 100 reais em uma maleta. “

“09h00min. Foi até a praça. Colocou a maleta no lixo. Os sequestradores ao ver isso soltaram Fabio. Mas eles eram conhecidos por matarem suas vítimas depois de receberem o dinheiro. Os sequestradores pegaram a maleta e o outro correu em direção ao Fabio, com uma arma na mão direita. Eles iriam atirar nele. Fabio estava correndo para seu irmão, quando esse percebeu que eles estavam mirando para atirar nele. O irmão também correu para frente e quando chegou perto de Fabio o empurrou no chão.”

BANG!

“O irmão caiu no chão com uma força que fez Fabio se apavorar. Olhou para o seu lado, se levantando. Seu irmão tinha levado um tiro. Fabio notou que o irmão ainda respirava. Os sequestradores vendo que erraram o alvo, entraram no carro e iriam embora, mas deixaram a arma no chão. Fabio correu com tudo o que tinha e pegou a arma. Ele atirou em direção ao carro. O tiro acertou a roda do carro. ‘Caramba!’ ele pensou. Era o que ele queria. Como ele conseguiu acertar a roda do carro? “

“Os sequestradores não estavam conseguindo fazer o carro se mover. Com raiva eles saíram atrás dele. Fabio deu um beijo no irmão e saiu correndo para não ser pego. Correu muito, mas os sequestradores não desistiram de ir atrás dele.”

 “09h30min. Fabio se escondeu em um mercado. Ficou lá dentro. Os sequestradores perderam o garoto de vista e deram o fora antes que a polícia desse as caras. O menino, na sessão de biscoitos e massas, começou a chorar. O garoto estava assustado e ficou lá, vendo o tempo passar. Queria ver como ficou seu irmão, mas estava com medo de encontrar com um deles. Os donos do local acharam estranho o menino ficar lá por muito tempo e vendo que ele não estava ali para comprar algo, pediram para Fabio sair. Fabio não quis, mas não teve escolha. Estava na rua, sozinho, sem ninguém.”

“Mas isso iria mudar.”

Fabio estava andando na rua. Olhou para seu relógio que era todo cromado. Era 11h30min. Tinha passado muito tempo do que aconteceu.

“Por que, Deus? Por que tem que ser tão ruim comigo? O que eu fiz? Primeiro meus pais, depois minhas irmãs e agora isso? Por quê?” – Fabio chorava demais.

Percebeu que tinha uma ponte perto do mercado. Os carros precisavam dessa ponte para ir para a outra cidade. Ele estava decidido. Ia cometer suicídio. Ia pular da ponte. Ele atravessou a rua, olhou para o sol pela última vez. Chegou à ponte. Segurou-se ao poste e subiu na grade de proteção. Fechou os olhos.

- Adeus! – Falou alto – Adeus!

- Você não irá pular! Você não irá! – Dizia uma voz feminina que soava doce, mesmo parecendo tensa.

Fabio olhou para trás.