00h58min

- Se vocês tivessem conhecimento da caixa e da passagem secreta que nos levou até o portal “suicida”, eu tinha certeza que iriam desconfiar de alguém do grupo, mas não sabia que vocês iriam acreditar tanto que poderia ser a Natália. Vocês não desconfiaram uma única vezinha em mim? – Laura deu um chute em Trevor.

Trevor ergueu-se com ajuda das mãos e se levantou.

“Eu desconfiei dela, só que o problema é que eu tinha tanta certeza que Natália era à pessoa que ajudou na armadilha que eu descartei a Laura, que até então não tinha nem aparecido.” – Trevor olhava para todos os lados para achar alguma coisa que o ajudasse naquele momento.

- E por que vocês estão aqui, hein? – Fredo perguntou como se a resposta já não fosse obvia.

- Por que tu achas? Salquetren pediu para a gente ficar aqui para impedir a entrada do escolhido e seus amigos no portal. – Laura deu um sorriso sarcástico – E para impedir vocês, terei que matá-los.

- Há, há, há, há! – Trevor deu uma grande risada, fazendo com que algumas aves daquele lugar saíssem voando das árvores.

- Por que você está rindo? – Nilton olhou para Trevor um tanto inseguro, enquanto vigiava para que o professor não fizesse nada.

- Há, há! Ai, ai... Entendi! Agora eu entendi! Então você acha que Salquetren colocou vocês aqui para nos matar? Ok! Tá certo! Só que eu tenho outra tese: por mim, Salquetren colocou vocês aqui para nos atrasar. Ele não iria colocar os melhores do exército dele para vigiar a entrada do portal, se ele irá precisar desses no Mundo Paralelo. Salquetren sabe que vocês seriam incapazes de nos impedir, mas o SSMM, o Misen, vocês... São tudo atrasos. Enquanto nos estamos tentando atravessar o portal, Salquetren já está lá, procurando em tudo o que é canto para achar o maldito amuleto. Tenho que concordar que o plano dele está dando certo. Enquanto nós estamos aqui ainda, ele já está mais de três dias naquele mundo. Mas isso acaba hoje. Podem apostar! – Trevor pegou um pouco de areia e se esticou fugindo das balas que Laura disparou contra ele, e jogou areia em seus olhos.

- Droga! Eu não estou conseguindo enxergar nada! – Laura gritava desesperada.

Vendo que Nilton estava distraído por ver a luta de Trevor e Laura, Fredo deu um chute na mão do guia, que fez seu revolver cair das mãos. Fredo deu um soco em Nilton que caiu no chão. O professor foi para dar um chute no guia, mas Nilton, que estava caído no chão, conseguiu segurar seu pé, fazendo esse também cair.

Trevor deu um soco na parte de trás do pescoço de Laura, caindo no chão sentindo uma dor insuportável.

- Ahhhhhhhhhhhhhh! Seu maldito! Eu vou te matar!

- Esse era o plano inicial, não? – Trevor falou com um tom sarcástico – O que foi? Não consegue?

- Grrrrr! – Laura pega sua arma e atirou várias balas seguidamente, feito uma louca – Duvido vocês escaparem!

Trevor se esticou até uma árvore para fugir dos tiros que Laura dava. Fredo continuava lutando com Nilton, quando percebeu que Laura estava atirando freneticamente e abaixou para não levar nenhuma bala.

- O que você está fazendo? Está desistindo, menininha? – Nilton deu mais um chute em Fredo que rolou alguns centímetros.

- Nilton! Você tem que se abaixar! – Fredo gritou tentando salvar a vida de Nilton, que ainda não tinha percebido que Laura estava atirando para todos os lados.

Nilton foi atingido por várias balas que perfuraram várias partes de seu corpo. Ele caiu no chão morto.

“Nilton já morreu! Tenho que tirar Fredo dali, senão é capaz de Laura fazer o mesmo que fez com o Nilton.” – Trevor continuou só observando, em cima de um galho da árvore.

Laura parou de atirar e percebeu que sua visão estava voltando normalmente. Viu Nilton jogado no chão, com vários tiros, morto e Fredo do seu lado que estava pegando sua arma.

- Desgraçado! Fizeram eu matar Nilton! Mas isso não irá ficar assim! – Laura aponta a arma para Fredo.

Fredo se levanta e também aponta o revolver para ela. Ambos ficam parados com as armas apontadas um para o outro. Trevor ficou observando tudo, sem saber o que fazer direito.

“Acho que só quem pode salvar Fredo agora é ele mesmo.” – Trevor tentava pensar em um plano para salva-lo, mas nada vinha em sua cabeça.

 - Esse é seu fim, professor. – Laura puxou o gatilho.

Fredo pulou para a direita, conseguindo se desviar por pouco do tiro e atirou, caindo no chão. O tiro foi certeiro e atingiu a perna de Laura que também caiu no chão, derrotada. Trevor desceu a árvore se esticando e pegou a arma de Laura para que ela não tentasse fazer alguma coisa.

Laura estava gritando e agarrava a perna com as mãos para diminuir a dor, o que conseguia um pouco.

- Essa foi por pouco, hein? – Trevor foi em direção a Fredo que se levantava com ajuda do amigo.

- Bobeamos demais agora. A gente devia ter previsto que Salquetren iria colocar alguma coisa para impedir da gente atravessar aquele portal. – Fredo limpava sua camisa com a mão – E a Natália está morta mesmo?

- Infelizmente. E não posso parar de pensar que ela morreu com a gente desconfiando dela. – Trevor virou para o lado olhando para as árvores que havia levados tiros de Laura.

- E a pedra? Você pegou?

- Na hora eu me assustei e sai correndo de lá. Tenho que admitir que fiquei com muito medo naquele momento. Vou lá pegar. Já volto. E é melhor você ficar com essa arma aqui por enquanto. Vai que o Salquetren deixou mais pessoas espalhadas por aqui. – Trevor entregou a arma para o professor.

- E a Laura? O que faremos com ela? – Fredo olhou para a arma e guardou por baixo da camisa.

- Vou pegar algumas cordas e a gente amarra essa mulher. Agora eu vou indo lá. – Trevor andou em direção ao centro e abriu as portas, entrando no local.

01h12min

O carro de Hans tinha sido rastreado por agentes do SSMM que foram conferir se ele ainda estava vivo e o que tinha acontecido. Soltaram Hans da rede que usaram para prendê-lo e ele explicou tudo o que tinha acontecido quando eles fugiram e o que aconteceu com todos os carros da SSMM quando a Erica criou um campo de força e teve o ataque das Pétalas de Fogo.

- Eles falaram que se eu não os ajudasse, eu iria morrer e tal. E eu não queria arriscar minha vida, então eu ajudei eles a um certo ponto. Teve uma hora que tentei fazer com que eles viessem para o nosso lado só que eles riram da minha cara e me prenderam nessa rede. – Hans olhava para os dois agentes meio inseguro, mas os dois pareciam que estavam acreditando nele.

Os dois agentes deram uma olhada na casa de Sandra e seus filhos, enquanto Hans foi ao carro buscar uma jaqueta. A madrugada estava realmente fria. Quando abriu a porta traseira para buscar a jaqueta que tinha ficado no banco de trás, notou algo que o deixou meio surpreso. Parecia um livro de tão grosso.

Hans pegou aquilo e olhou a capa do “livro”.

“Diário de Miguel Rafma”. Ei! Era isso aqui que Lucas estava lendo naquela hora em que eu estava levando eles para sua casa. Aposto que devem ter anotações sobre os mutantes e sobre os reais objetivos deles. – Hans olhou para aquilo com uma grande felicidade e arrogância – Se eu mostrar isso aqui para meus superiores eles podem ficar fascinados. Eu posso até subir meu cargo. Sem dizer que estarei fazendo algo bom para a humanidade. Esses mutantes devem ser caçados para não fazer nenhum mal. Quando Salquetren voltar dessa viagem que ele fez urgentemente, aposto que ele me dará uma promoção e assim começarei a minha melhora na vida.

Trevor e Fredo ainda estavam esperando o escolhido e os outros chegarem, sentados no banco, enquanto a noite esfriava cada vez mais.

- Trevor? Fredo? – Erica perguntou, fazendo com que Trevor e Fredo olhassem para todos, dando uma aliviada.

- Até que fim vocês chegaram. – Trevor cumprimentou todos, seguidamente de Fredo.

- Eu disse que iria dar tudo certo. Agora estamos todos aqui para ir até a caverna. Eu não via a hora dessa maldita expedição começar. – Lucas deu uma rápida olhada para sua volta e estava sentido falta de alguém – Por acaso, vocês dois sabem onde está Natália?

- A Natália? Bem... Ela está morta. Mataram ela. – Todos ficaram surpresos pelo que Trevor disse.

- A Natália está morta? A minha amiga está morta? – Sandra sentou no banco secando algumas lágrimas que escorriam por seu rosto.

- Morta? Mas por quem? – Erica perguntou.

- Sabe aquela história da pedra aparecer do nada que foi para levar o escolhido, que era Miguel, até aquele portal suicida? Eu e Fredo desconfiávamos que tivesse sido alguém do grupo que tinha ajudado com isso, já que Salquetren estava debilitado. A gente desconfiava que talvez pudesse ter sido Natália. – Trevor tentava explicar.

- Quando minha mãe contou para nós, eu também fiquei meio desconfiado da Natália. – Lucas mostrou que Trevor estava certo quando disse a Fredo que eles iriam pensar que foi alguém de dentro do grupo.

- Então... Só que não foi ela. A pessoa do grupo que ajudou armar a armadilha foi Laura.

- Laura? – Lucas expressou uma interrogação surpreso.

- Acreditamos tanto que poderia ser Natália que deixamos Laura de lado. Ela e o guia estavam juntos nessa. E quem matou Natália também foi Laura. Salquetren deixou alguém aqui para nos impedir, ou pelo menos nos atrasar para atravessar o portal. Então ela e o guia tentaram nos matar, só que não conseguiram. – Explicou.

- E o que aconteceu com o guia e a Laura? – Vanessa perguntou enquanto estava do lado da mãe que estava triste pela perda da amiga.

- O guia foi morto pela própria Laura e Fredo deu um tiro no pé dessa e a amarramos. A gente lutou com eles, daí aconteceram essas coisas. – Trevor acabou a explicação, mas não conseguia disfarçar mesmo com todos tristes e surpresos, a sua ansiedade para ir à caverna.

- Agora é hora de trazer o Kulan que está no carro. Precisamos também comer algo.

Lucas, Erica, Trevor, Fredo, Sandra, Vanessa e Kulan (Esse se sentindo obrigado) deram um tempinho para comer algumas coisinhas e já partir floresta adentro. Depois disso, todos se organizaram. Sandra e Vanessa colocaram jaquetas e todos botaram luvas. Cada um ficou com lanternas e com um comunicador, para se falarem caso eles se separem.

Usaram o mapa que Trevor tinha guardado indicando o caminho até a caverna. Todos foram testemunhas das árvores antigas que passaram, dos milhares de insetos que ali poderiam se encontrar. Tiveram que passar por solos onde a lama era derretida e alguns derraparam nelas, outros tropeçaram com as traiçoeiras raízes das árvores.

Enquanto isso o projeto da chamada arma mutante tinha sido aceita por grande maioria do SSMM. Todos acharam meio arriscado, até mesmo pelos meio que Cid utilizou, mas no final viram que aquele clone poderia ser muito útil. Além do mais todos ficaram impressionados com os poderes que o cientista mostrou para eles. Parecia um show de tanto poderes que o clone tinha. O presidente da república também ficou satisfeito com o resultado final daquele projeto, mas ele ainda se sentia um pouco receoso.

- Obrigado a todos. Amanhã mesmo, esse clone começará a nos ajudar em todos os casos para encontrar e capturar esses mutantes. Por hora, é só isso. – Cid se retirou e levou o clone consigo, descendo do galpão.

Lucas ficava muitas vezes surpreso ao ver as cabanas que eram citadas no diário de seu pai. Percebeu também que existiam vários destroços de avião como também descrito no diário.

“Destroços de aviões... Isso era outra coisa que eu adoraria saber o que ouve. No diário, meu pai disse que o guia não sabia nada de um acidente de avião por aqui. Bem, esse guia era o Nilton e estava virado para o outro lado. Acho que tenho que ficar meio alerta a esse assunto do avião.” – Lucas pensou enquanto a escuridão era cada vez mais invadida pela luz das lanternas.

03h44min

Lucas e os outros conseguiram achar a caverna. A caverna era grande e com muitas pedras em todos os cantos. Eles tinham finalmente achado aquela caverna onde poderiam achar o tal portal que os levariam para um mundo novo, cheio de descobertas ou com perigos além da imaginação. Andaram por tudo naquele lugar. Conseguiram achar as inscrições e como dito no diário, era mesmo feito com letras de nosso alfabeto. Vanessa retirou uma máquina fotográfica da mochila e tirou algumas fotos.

- Vai que a gente precise dessas inscrições mais cedo? Essa história é sempre cheio de mistério e tal. Acho que precisamos prestar atenção com isso. – Vanessa deu um sorriso para Trevor que tinha perguntado sobre isso.

Eles chegaram a uma parte da caverna em que a essa ficou toda iluminada. Lucas, tendo base o diário, essa era a parte onde haveria uma parede com um buraco nela. Lucas avisou a todos que iria pegar a pedra e encaixar no buraco na parede.

Uma passagem é aberta e todos a seguem, percebendo que existiam tochas nas paredes, é a mesma coisa que estava descrita no diário. Andaram um pouco até achar um templo pequeno. Era muito difícil para Lucas não conseguir assimilar tudo aquilo com o que seu pai descreverá quando estava naquela local.

O escaravelho começou a brilhar e foi até o centro do templo e um círculo amarelado surgiu debaixo do solo. Trevor e Fredo que estavam segurando Kulan, o aproximaram até o circulo. O círculo começou a brilhar forte, intensamente o que fez Kulan andar um pouquinho mais para trás para proteger seus olhos. O portal só apareceria se a peça-chave, no caso a parte, Kulan, que estava com os poderes de Fabio, tivesse juntado ao grupo.

O portal apareceu. Diferente de como era o portal descrito no diário, que era azulado e com movimentos parecidos com hologramas, esse portal era todo negro com detalhes amarelado envolvendo seu corpo.

Todos ficaram impressionados com aquele portal e respiram fundo. Todos iriam atravessar ele, mas todos também sabiam que mesmo esse portal podendo ser o verdadeiro, era difícil não lembrar que existiu um portal suicida.

- Agora é a hora! Quem quiser desistir ainda pode. – Lucas olhou para todos com um ar preocupante.

Ninguém quis desistir. Para falar a verdade todos tinham ido muito longe para desistirem do nada.

- Eu quero desistir. – Kulan falou, tendo seu braço direito apertado por Trevor.

- Me desculpe, Kulan, mas precisamos de você, por enquanto. Você tem os poderes e será a ajuda necessária para gente até conseguirmos ter Fabio na nossa equipe novamente. – Erica explicou.

- Droga! – Resmungou.

- Eu vou atravessar primeiro. – Lucas viu que todos estavam pronto fisicamente e psicologicamente para continuar e enfrentar o que tinham para encontrar no Mundo Paralelo.

- Não! Eu irei! Você pode morrer por causa desse portal. Não podemos correr tamanho risco. Eu irei ir. Eu sou sua anja e preciso te proteger. Eu vou primeiro. – Erica tocou sua mão fazendo o parar.

Lucas não gostou da ideia, mas não a impediu.

Erica apertou suas mãos e foi para andar até o portal.

- Espere! Eu estou vendo alguma coisa! Eu tenho certeza que isso é uma mensagem! – Lucas prendeu a atenção de todos.

- “Mensagem”? São aquelas visões que você diz tanto? – Sandra perguntou um pouco assustada com isso.

- Sim! – Lucas botou a mão em sua cabeça – Eu estou vendo uma pessoa, um menino.

- “Um menino”? – Fredo colocou sua mochila nas costas.

- Sim! Ele parece ter a mesma idade que eu. Tem um grande cabelo e está usando uma camisa azul com uma calça meio marrom. Ele está andando até um... Ei! Aquilo... Aquilo é um caixão. Aquilo é um caixão. Tem ouro, algumas riquezas em volta do caixão, algumas máscaras. – Lucas abaixou até o chão.

- “Caixão”? Será que é o caixão onde está Nian? – Trevor perguntou tentando ligar os fatos.

- Isso não importa agora. Essa mensagem parece conter muita energia. É bem capaz de Lucas desmaiar. A única coisa que precisamos é do escolhido desmaiado numa hora dessas. – Erica foi até Lucas.

- Ele... Ele disse alguma coisa... Só que eu não consigo entender o que seja.

Lucas ficou paralisado após conseguir entender o que aquele garoto havia dito.

- Eu... Eu consegui entender o que o que aquele garoto dizia. Ele disse que era um novo príncipe da sociedade que Nian criou. Ele disse que é o príncipe da nova geração. – Lucas olhou para todos, surpreso.

- “Príncipe da nova geração”? – Erica perguntou passando a mão no cabelo do escolhido.

- Deixa para lá, por enquanto. Agora precisamos atravessar o portal. – Lucas se levantou.