I was so high I did not recognize
The fire burning in her eyes.

Meu corpo caíra na cama, cansado depois da transa com Georgia.
-Gostou, amor?- sussurrou ela, numa voz de gato miando. Essa voz me irritava.
-Claro.- respondi, fechando os olhos.
Se Georgia soubesse que toda vez que transávamos, não era ela quem eu imaginava gritando meu nome, pedindo por mais, provavelmente, eu estaria solteiro neste momento.
Bastou encarar os olhos da minha namorada e perceber a diferença.
A garota que eu queria parecia ter o fogo queimando em seus olhos, seduzinho, me chamando. Sim, fogo.
Como eu adorava me queimar com ela.

Flashback on:

Estava numa boate, as luzes coloridas se mexendo, criando ilusões. Eu olhava as garotas dali, como uma cardápio.
Mas somente uma me chamou a atenção. Provavelmente porque a luz incidira sobre ela, na mesma hora que a garota de vestido me encarara.
O sorriso perverso que se esticou por aqueles lábios pintados de vermelho simplesmente me atraiu como o ferro é atraído ao imã.
Como nós éramos atraídos ao perigo.
Quando me aproximei, ela se levantou do bar, indo para a pista de dança. Começara a tocar Party Girl.
No centro da pista, levantou os braços, deixando o corpo se soltar lentamente, acompanhando a lentidão da música. Como num passe de mágica, o corpo começou a se mexer de forma frenética, mas sensual. Os quadris balançando conforme ela descia e subia rapidamente, os ombros se mexendo, enquanto ela deslizava os dedos pelos cabelos longos, deixando-os bagunçados.
Ela fechara os olhos, se concentrando na música, entretanto, a ponta da língua passava lentamente pelos lábios, como se soubesse que havia alguém olhando.
Mas era claro que tinha alguém olhando! A parte masculina da boate a encarava, desejando-a fortemente, a excitação pulsando em seus corpos. Os olhares vidrados nos movimentos dela, imaginando como seria entre quatro paredes.
Prometi a mim mesmo que ela seria minha por hoje.
Andei até ela, invadindo o círculo aberto que haviam deixado para dançar e toquei sua cintura, trazendo-a mais para perto de mim. Não abriu os olhos, continuou a dançar e encostou a testa na minha, arranhando minha nuca com suas unhas.
Abriu os olhos.
Senti meu corpo queimar ao fitar os olhos repletos de chamas. Olhos castanhos bem destacados numa maquiagem preta.
Sorriu provocante, ao encarar meu estado.
Como uma garota desconhecida poderia fazer isso?
Avancei para beijá-la, porém desviou, se afastando de mim. Percebi que ia embora.
Jogou os cabelos e foi caminhando, se esquivando das mãos bobas, saindo da boate.
De forma estranha, fui seguindo-a e consegui alcançá-la pouco antes dela virar numa esquina.
-Hey, não vai embora.- me encarou de forma cética.
-Por que eu não o faria?
-Eu sei que gostou de mim. A dança foi para mim.- respondi arrogante. A garota nem vacilou quando gargalhou.
-Homens sempre têm o ego grande demais.
-Posso te provar que não é só isso que é grande.-rolou os olhos.
-Falam demais, fazem de menos.- simulou andar, quando a segurei de novo.
-Então eu te provo que posso fazer.- agarrei-a pela cintura novamente e a joguei contra a parede. Seu olhar estava assustado. Passei a mão delicadamente pelo rosto dela e encarei.
A lava fervente que corria nela parecia ter passado para mim.
Toquei seus lábios levemente, passando a ponta da língua por eles, mas sem aprofundar o beijo. Fingi me afastar, quando dessa vez, ela me segurou.
-Uma noite.- falou.
-É tudo que eu preciso.- sorri safado.

Xx.

Chegamos rápido ao meu apartamento, nos amassando pelos corredores. Abri a porta com a dificuldade, já que não queria saber de separar minha boca da dela. Fechei a porta com o pé e a peguei no colo, levando até o sofá.
Não queríamos perder tempo.
Logo o vestido vinho dela estava no chão, junto com a calcinha e minhas roupas, enquanto nos movíamos furiosamente. Os gemidos dela estavam me enlouquecendo. Mordia os lábios tentando contê-los, sem sucesso.
O suor se misturava, deixando meus cabelos se prenderem na testa, enquanto eu observava a mulher sobre mim.
Meu orgasmo fora simplesmente avassalador, me levando a um estado de êxtase que nenhuma garota conseguira antes. Pouco depois, seu corpo quente tocou o meu, esperando a respiração normalizar, as batidas aliviarem.
Levei-a para o quarto e dormimos.

Xx.

Acordei com o barulho de algo rangindo. Virei o corpo de lado, abrindo os olhos lentamente e vendo uma silhueta definida sentada na beira da cama.
-Bom dia, Danny. Preparei café para você, se não se importa.- a voz era meio rude. Percebi que não usava mais a maquiagem, os cabelos estavam arrumados num coque.- Estou indo embora, ok?
-Mas já, nem tomamos café.- resmunguei, sentando na cama, enquanto ela levantava decidida.
-Uma noite, Danny.- deu as costas e andou até a porta do quarto, antes de eu pará-la com uma pergunta.
-Qual seu nome?
-Creio que não te interessa.
-VOcê sabe o meu. Tenho direito de saber o seu.- ela lançou um olhar pra mim e sussurrou "Fernanda."
Saiu rápido e logo ouvi a porta bater.

Flashback off.

Virei-me na cama, abraçando Georgia pela cintura. Tinha que deixar essa garota no passado, no lugar dela.

I tried my best to feed her appetite
Keep her coming every night
So hard to keep her satisfied

-Amor, estou saindo, ok? Volto a noite.- Georgia me deu um selinho e foi embora trabalhar.
Revirei na cama, sem sono e resolvi descer. Servi-me com café e liguei a TV num canal de música. Estava passando um clipe meio macabro.
Eu reconhecia ele.
Eram impossível não lembrar dessa música.

Flashback on:
Havia acabado de chegar ao show de uma banda que estava fazendo turnê em Londres: Avenged Sevenfold. Estava cheio daqueles punks assustadores, mas Dougie me chamara pra ir ao show, porque ele tinha um ingresso sobrando. Por não ter nada a fazer, concordei em ir.
Bad idea.
Estávamos lá na frente do palco, sendo espremidos pela quantidade de gente que estava no show.
Começara um pouco atrasado, só que tava até legal. Ele tocara umas músicas maneiras.
O vocalista começara a cnatar uma música chamada a Little Piece Of Heaven.
Todos gritavam a letra da música, até Dougie.
Muito sinistra essa música.
Passaram cinco minutos dele cantando, até dar um break na música para fazer a sonorização, enquanto o vocalista chamava alguém com a mão.
Não acreditei no que meus olhos viram:
Fernanda entrou num vestido tomara que caia vermelho e com corpete, a saia armada. A maquiagem pesada nos olhos, mas sorrindo. Começou a cantar com ele.
A voz dela era linda e fofa.
Olhou para o público sorrindo, seus olhos passaram por mim e a aura mudou para algo provocativo. Agora, podia dizer que era só nós dois.
Ou era impressão minha, já que ela acabara de virar para o vocalista, que pegara sua mão. Um cara falou e fora como um casamento.
Ela aceitara.
O refrão tornou a repetir pela última vez.
-Impressão minha ou Fernanda tava olhando pra cá?- gritou Dougie, meio a multidão.
-Não sei. Cara, quem é ela?- Dougie revirou os olhos.
-Ela é uma empresário, dona de uma gravadora. Mas ela cantava também.

Xx.

O show havia acabado e estávamos agora num bar, aonde a banda iria comemorar o pós show. Eles entraram e Fernanda também, mas com outra roupa: uma saia jeans curta e vermelha, uma regata branca e saltos. Como ela conseguia ser bonita com uma roupa tão simples?
Os minutos se passaram e ela sussurrou algo para o vocalista e saindo de perto.
Aproveitei a chance e a segui, esbarrando em algumas pessoas, procurando Fernanda. Ela estava passando perto do banheiro. Fui mais rápido, pegando-a pelo pulso e nos trancando no cubículo.
-O Q...?!- calei sua boca, beijando-a ferozmente. Seus olhos se arregalaram, até que me afastei.- Qual o seu problema? É a segunda vez que parece um maníaco estuprador!
-Me sinto lisonjeado de ainda lembrar de mim.
-Me sinto deprimida de ainda não ter me esquecido. Não repito figurinha, Danny.- se desvencilhou.
-Olha, ela ainda lembra meu nome.- prendi pela cintura, sorrindo safadamente. Minha maior surpresa foi quando ela sorriu daquela maneira que nunca havia descoberto em nenhuma garota.
-Daqui a três dias, volto pra minha casa, nos Estados Unidos. Faça de conta que hoje eu sou sua.- deu uma piscadela.
-você não presta.
-Muito menos você. Mas eu admito.- e me beijou.
Não falamos mais.
Na verdade, palavras não eram necessárias.

Flashback off.

Acordei rapidamente, sem perceber que havia cochilado. Parecera tão real, tão prazeroso.
Será possível que eu ainda a...ame?
Não, são cinco anos longe dessa mulher.
-AAARGH! Sai da minha cabeça, mulher. - baguncei os cabelos, puxando-os levemente.
Porra, fazia cinco anos.
Ainda parecera ontem quando ela me deixara.

Flashback on:

Virei na cama e comecei a tateá-la para tocar o corpo da mulher que antes dormira aqui. Ué, mas...
Abri os olhos, vendo que estava só na cama. Olhei o travesseiro e havia um bilhete:

"Estou voltando para os EUA. Obrigada por tudo. Xx."

UM BILHETE?! SÓ ISSO?
FORAM TRÊS DIAS DE PUXO SEXO, FAZENDO-A VOLTAR TODA NOITE, PEDINDO MAIS!
E A CONSIDERAÇÃO DELA É ME DEIXAR UM BILHETE?
Não, eu não estava revoltado por isso.
Estava revoltado porque ela me fizera um cara.... apaixonado.
Porque ela brincara comigo.
Porque...
Porque eu a queria em meus braços de novo.

Flashback off.

Inspirei fundo, me obrigando a colocar os pensamentos em ordem. Tinha que colocá-la no passado.
No lugar dela.
Agora era Georgia, meu presente e quem sabe futuro.
A campainha tocou e levantei a contragosto para atender. Porra, devia ser um dos guys, porque o porteiro nem avisou quem era.
Abri a porta e estaquei.
A garota que estava assombrando meus sonhos.
A garota que me deixara há cinco anos.
A garota que eu tenho certeza que amo.
-Olá, Danny.- Fernanda exibiu aquele sorriso único.

This love has taken its toll on me
She said goodbye too many times before
My heart is breaking in front of me
And she said goodbye too many times before.