All My Love escrita por marcelawhat
-- Você me espera aqui hoje, tá? Eu preciso falar com o Robert longe de todo mundo.
-- Tá. Hm... Ah, bom, vai lá. – disse Lori, me dando um beijo. Ela fechou a porta de casa, enquanto eu ia me encontrar com Robert no carro parado ali em frente.
-- Oi. – ele disse de um modo seco e frio.
-- Oi. Olha...
-- Não, não vem se desculpar por aquele dia não.
-- Mas já faz duas semanas que a gente não se fala, nem no palco, nem... Nada. Estão começando a estranhar.
-- Claro. – ele fez sinal para o motorista ir. – Mas, Jim, você me deixou lá, na chuva, te esperando. Eu pensei que era sério, que a gente realmente ia tomar vinho até não aguentar mais e... Bom, você me deixou lá. Por quê? Por causa dela! Lógico!
-- Eu já pedi desculpa umas trezentas vezes, por favor...
-- E depois, que eu aceitei suas desculpas por causa disso, acho que uma semana atrás, nós marcamos de ir ao show do The Who. O Pete te mandou um abraço, mas nem foi pessoalmente, já que você não foi. Por quê? Por causa dela! DE NOVO!
-- PRA ONDE A GENTE TÁ INDO, ALIÁS?
-- VOCÊ VAI VER! E não grite comigo.
Um minuto de silêncio foi seguido por uma série de risadas.
-- Como nós somos idiotas às vezes... Deixar uma groupie nos separar, nunca. Eu te amo, Robert.
-- Eu te amo também, Jim. – ele me beijou suavemente, mas eu senti que toda a tensão no meu corpo havia sumido.
O carro parou em frente a um prédio com aspecto conservado e Peter, nosso empresário e um outro homem.
-- Mas o que...
-- Jimmy, essa é a Swan Song, nossa gravadora. – disse Robert, com um sorriso. Eu esperava um jantar, uma noite em um hotel diferente e não... Uma gravadora.
-- Robert... Nossa! Swan Song! Isso é... Demais! – eu o abracei, resistindo aos instintos de beijá-lo. Ele sabia que nosso contrato estava acabando e que eu não queria renová-lo.
-- É, era esse o presente. – ele me abraçou de volta. – Vamos ver lá dentro.
Entramos no prédio bem arrumado, estilo vitoriano, aconchegante. Fui andando olhando ao meu redor até que bati de cara em um Robert parado e estático na porta do estúdio.
-- Oi... Lori. Como soube que eu estaria aqui com o Jimmy?
-- Oi, Robert! – ela pulou e me abraçou. – Peter me avisou da sua surpresa e eu queria fazer parte também.
Olhei para dentro do estúdio e estava parecendo um restaurante, na verdade. Lori se debruçou no meu pescoço e me beijou. Por um instante, não retribuí o beijo, nem fechei meus olhos, tentando alcançar Robert. Ele se afastou e foi embora, mas uma vez indignado. Lori me abarcou mais forte e eu a abracei de volta. Assim que toquei seu corpo, não consegui me conter. Deitamos-nos no chão e deixamos o prazer tomar conta do nosso corpo. Arfando, abracei Lori fortemente.
-- Lori, que linda surpresa essa.
-- É, Robert não gostou muito...
-- Ele anda meio... Estranho comigo.
-- Sei... Mas por quê? Ele te disse?
-- Não, não me disse. – calei-me por um instante. Agora não conseguiria tirar Robert da minha mente mais. – Lori, eu tenho que ir.
Vesti minhas roupas e a beijei. Ele me olhou confusa por toda a minha pressa. Mas eu precisava encontrar Robert. Peguei um táxi até a casa dele, onde eu presumi que ele estava.
-- Robert... – não esperava que ele abrisse a porta. Porém, ele a abriu. As lágrimas escorriam pelo seu rosto, seus cabelos estava bagunçados. Ele me abraçou tão forte que mal pude respirar.
-- Por favor, não me deixe, nunca. Por favor, não me deixe...
-- Robert, o que aconteceu? – ele nunca chorou daquele jeito por nada.
-- Karac, Jim. Karac morreu. Meu filho morreu. – ele chorou mais. Eu o levei para dentro da casa. Fechei a porta com a mão que não estava alisando o cabelo espesso de Robert e sentamos no sofá.
-- Por que meu filho, Jim? Ele... Ele é muito novo. Era. – ele não parava de chorar.
-- Você não está bravo comigo?
-- Bravo com você? Jim, você acha que agora eu vou me preocupar com você e alguma groupie por aí? Como estar bravo com você se você é justamente a pessoa que eu preciso agora?
Eu olhei nos olhos molhados e vazios de Robert e o abracei. Eu não posso deixá-lo, não vou deixá-lo, nunca. Por nada nem ninguém. Nem na minha hora de morrer.
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