- Ah filha, que bom que já chegou. Tome um banho e arrume suas malas. – disse minha mãe segurando duas caixas com os objetos da cozinha.

- Por quê? O que ta acontecendo mãe? – eu perguntei, ainda estava confusa.

- Vamos nos mudar, querida. – disse minha mãe.

- O QUÊ? PRA ONDE? – perguntei já alterada.

- Inglaterra. – disse ela com a expressão séria.

- O QUE? VAMOS NOS MUDAR PRA INGLATERRA? POR QUE? – perguntava gritando.

- Seu pai conseguiu aquela promoção do trabalho que ele sempre quis querida. – disse minha mãe com a voz triste.

- Eu não vou! Não posso ir pra Inglaterra. Todos os meus amigos estão aqui, mãe. Minha escola. Tudo! – eu disse já chorando.

Sem esperar pela sua resposta saí correndo até as escadas, e quando cheguei no meu quarto, tranquei a porta e me joguei na cama. As lagrimas caiam, e não paravam.

Eu chorei, chorei. Até não ter mais lágrimas pra chorar. Meu rosto estava completamente inchado, meus olhos vermelhos e inchados também.

Fui até o meu banheiro e tomei um banho. Por que tudo isso tinha que acontecer comigo? Primeiro o Peter e agora isso. Não sei se aguentaria mais uma coisa dessas.

Eu queria gritar, gritar e gritar para que todos ouvissem, mas não tinha forças. E além disso, não poderia fazer isso com meu pai. Isso só o deixaria triste e não me faria mais feliz também.

Fui dormir pensando nisso tudo e com uma dor de cabeça insuportável.

TRIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM. O som dos infernos me chamava. Levantei da cama ainda com os pensamentos de ontem. Tomei um banho rápido e me vesti. Fui pentear meu cabelo em frente ao espelho e...

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAH. – gritei. Sim, eu tinha levado um susto com a minha própria imagem.

Ta, ta... Vou explicar direito. Acordei com a cara mais inchada que ontem, e os olhos menores que de japas. Sim, eu estava horrível.

Tentei ficar o mais “normal” possível colocando maquiagem, o que escondeu um pouco o inchaço, mas os olhos ainda estavam vermelhos e pequenos.

Não tinha escolha, teria que ir assim. Desci, tomei meu café evitando ao máximo uma conversa com meus pais e saí de casa para ir pra escola.

Chegando lá, fui recebida com um olhar assustado de todos que estavam na rodinha.

- Megan você foi atropelada? – perguntou Ângela desesperada.

- Não Ângela, eu só chorei. – disse com um olhar de tédio.

- Por que estava chorando Meg? – perguntou Verônica com um olhar preocupado.

- É que eu... Eu... – as lagrimas já começavam a encher meus olhos novamente. – Eu... – tarde demais, as lágrimas já caíam desesperadamente dos meus olhos. – E-Eu vou m-me mudar V-Verônica. – eu consegui dizer entre soluços.

- O QUE? PRA ONDE? – perguntou Peter que até agora não havia se pronunciado.

- I-Inglaterra. – respondi sem olhá-lo nos olhos.

- O QUE? INGLATERRA? Mas é longe demais Meg. – disse Verônica com lagrimas nos olhos.

- E-Eu sei Vê, m-mas eu n-não posso f-fazer nada. M-Meu pai c-conseguiu uma p-promoção lá. – dizia sem parar de chorar.

- E VOCÊ NÃO FEZ NADA? NÃO DISSE NADA A ELE? – gritava Peter.

- O q-que eu p-podia fazer? Ele s-sempre quis essa p-promoção. Não podia estragar a f-felicidade dele. – falei um pouco alterada também.

- E quanto a seus amigos... E quanto a mim? – perguntou Peter abaixando o tom de voz.

- Não tem o que fazer, Peter. – eu disse.

- Podia ser um pouco menos egoísta. – disse ele e saiu.

Assim que ele saiu, as lagrimas voltaram mais rápidas. Egoísta? O que eu menos estava sendo era egoísta! Eu só estava pensando em meu pai e me deixei completamente de lado.

Por quê? Por que isso agora? Por isso comigo?