Era um dia normal no Acampamento Meio-Sangue, tínhamos acabado de voltar do Labirinto. Fazia-se cinco dias que havíamos voltado de nossa jornada. Era de noite. Todos estavam em volta da fogueira, cantando nossas músicas e nos divertindo. Mas eu simplesmente não parava de pensar no beijo que Annabeth tinha me dado naquele vulcão. Eu realmente tinha medo de que aquilo não fosse acontecer novamente. Tinha medo que ela fingisse esquecer. Foi aí que eu percebi que eu não a via em lugar nenhum.

Saí de fininho. Acho que Quíron não me viu, se ele viu, não disse nada. Virei-me para ter certeza de que não estava sendo seguido por alguém do chalé de Ares e vi Grover comendo sua lata de Coca-cola. Estava frio naquela noite. Uma brisa desarrumava meus cabelos. Passei pela primeira cabine, foi quando eu ouvi um soluço. Como se alguém estivesse chorando. Fui andando, o mais silenciosamente possível.

Ela estava atrás do chalé de Atena, Annabeth, quero dizer. Chorando. Fiquei imaginando se não era por minha causa, aquele pensamento me desanimou. Não queria fazê-la chorar, nunca. Sentei-me ao seu lado. Ela estava com a cabeça apoiada nos braços que estavam abraçando as próprias pernas. Ela levantou a cabeça, o cabelo estava preso em um rabo-de-cavalo mal-feito. Estava linda. A mecha prata, que nós dois tínhamos, estava solta, com mais alguns fios de seu cabelo loiro soltos ao vento.

- O que houve? – perguntei.

- Nada, só... uma coisa. – ela respondeu, secando as lágrimas com a mão.

- Se fosse “nada”, você não estaria aqui chorando.

- Sério, cabeça de alga. Não foi nada.

- Fui eu? – Ta certo, eu disse sem pensar, aquilo estava martelando na minha cabeça eu não pude evitar, simplesmente, saiu.

Ela me olhou com aqueles olhos cinza, com aquele olhar de “se-você-não-correr-eu-te-mato”. Mas ela fez uma coisa pior que isso:

- Você quer saber mesmo o porquê de eu estar aqui, chorando, ao invés de estar lá na fogueira com todos os outros?

- Sim! – Ás vezes me arrependo de dizer isso sem pensar.

- Ah, está bem. É porque a batalha contra Cronos está muito próxima e eu tenho medo de que, você... nós, não sobreviveremos.

- Ei, - eu disse abraçando-a- eu... nós vamos ficar bem. Eu tenho certeza – tenho parar com essa mania de prometer o que eu não posso cumprir – ok? Nós somos um time, uma família. E famílias protegem-se, não é?

- É, mas e se..

Ela não completou a frase, pois se levantou uma bola de fogo no ar, e ela ia à direção da fogueira, onde todos estavam.