Intertextualidade escrita por scarecrow


Capítulo 2
Capítulo 02: Suficiente em quanto é Necessário.




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INTERTEXTUALIDADE.

Capítulo 02: Suficiente em quanto é Necessário.

O jantar foi engraçado. O bairro ainda estava sem luz, mas os três comiam pizza na mesa da cozinha sem medo.

- Vou levar uma dessas velas e arrumar a cama de Frank.” Mikey pronunciou, deixando apenas duas das três velas na cozinha. Ainda sentados na pequena mesa, Gerard decidiu arrumar a bagunça que havia feito. O Way mais velho empilhou os pratos e recolheu os talheres. Olhou para o pequeno calado do outro lado.

- Não vai oferecer ajuda?

- Nem fudendo. - Frank riu. Gerard desejou luzes, para poder observar o rosto, a expressão de Frank nesse momento. Começou a lavar as vasilhas, e o silêncio estava-o incomodando – nem parecia que minutos atrás estavam compartilhando um momento tão intimo quanto um abraço.

O silêncio ensurdecedor corroía seu coração e destruía seu animo em pedaços tão pequenos, que pensou ter visto seus fragmentos descerem pelo ralo da pia. Em pouco tempo, a cozinha estava como antes da chuva.

A chuva entrou como vento na cozinha, e apagou ambas as velas. Como reflexo, Frank levantou-se assustado, e a cadeira derrubou-se junto com o silêncio ao chão. Ainda baseado em esforços mantidos pelo reflexo, Gerard deixou sua mão entrar em contato com a de Frank, e deixou seu nome sair sussurrado.

- Sua mão está molhada. - Frank disse calmo.

- Sua cadeira está no chão. - Gerard deu ombros.

- Aconteceu alguma coisa?- Mikey chegou na cozinha.

- Não.- Os dois responderam juntos, como se pensassem parecidos. E juntos, a luz voltou com a voz mesclada. Frank olhou a cozinha com certo alívio.

- Por que vocês estão de mão dadas? - Mikey acrescentou meio surpreso, e sorriu bobo para Gerard. Os dois soltaram as mãos correndo, e Frank talvez tivesse corado um pouco. Mikey riu e decidiu subir as escaras para seu quarto, e chamou Frank para tomar o primeiro banho quente. Subiram os três para encontrar suas camas, seus corpos cansados. Gerard decidiu sentar-se com seu irmão no quarto, e colocaram-se a conversar, em quanto o pequeno Iero se banhava.

Gerard amava seu irmão incondicionalmente. Adorava o modo como seus cabelos castanhos tão loiros caiam no rosto e os óculos escorregavam até o nariz. Adorava a forma como seu irmão se esforçava com os estudos, com a matemática, a leitura, se esforçava, de vez em quando, ao baixo.

- Conseguiu conversar com o Frank? - Perguntou o mais novo, limpando os óculos. Subiu a blusa levemente molhada pela chuva até as lentes grandes, e desenhou um sorriso no seu rosto. - Ou alguma coisa mais?

Gerard contorceu o rosto em uma careta.

- Mais ou menos. Achei ele meio estranho. - Comentou. Seus olhos verdes chegaram ao tão escuro olhos de Mikey. - Ainda não quero voltar nesse assunto, sabe que eu ainda não me recuperei.

Desceu os olhos para as mãos e cobriu os rostos em tristezas do passado.

- E você sabe que eu já tenho namorada. - Complementou.

Mikey suspirou pesado, como se suas consequências e causas estivessem estiradas em pensamentos, e dificultassem sua respiração. Até por que, Mikey admirava seu irmão. O mais velho já havia passado por variadas coisas, e agora estava trilhando seu caminho – Gerard estava crescendo.

- Você sabe o que eu acho dessa garota. Ela nem te deixa cantar em nossa...

-Chega. - Olhou triste. - Essa banda nunca vai dar certo. Você não tem guitarra nem vocal.

- Você vai cantar!

- Você sabe que eu não consigo mais... - Gerard sentiu suas lágrimas se acumularem . Como seu coração tivesse derretido em suas memórias, e vazado pelas cores verdes. - Eu...

Frank saiu do banheiro molhado e quente, e estava parado na frente do quarto, tentando não olhar, tentando não ouvir a discussão recente entre as camas. Sorriu.

- Quem vai para o banho agora?

Gerard saiu sem falar qualquer palavra. Correu para o banheiro e não deixou nenhuma lágrima cair no carpete do quarto. Frank olhou surpreso. Pensou o que teria acontecido nas paredes daquele quarto a alguns minutos, horas, dias, anos atrás. Olhou para o quarto lotado de lembranças. Mikey estava na cama esquerda, olhava para o fundo na chuva já rala. Um colchão pairava no chão grande do quarto, ao lado das duas camas, abaixo da grande TV.

- Posso ajudar em alguma coisa? - Frank perguntou, impotente. E ele sabia que nada disso o faria se render de seus problemas e abraçar os de Mikey Way, mas a sensação de ver Gerard sair do quarto com os olhos escondidos atrás de irrevogáveis lágrimas, lhe deu um aperto inestimável em seu coração. Lhe deu vontade de correr e abraçar Gerard, pelo o que quer que fosse.

Mikey sorriu, e fez sinal paraFrank entrar no quarto.

- Não há nada em que posso ajudar ainda.

- Por que ainda? - Perguntou curioso.

- Acho que você e o Gerard vão ser bons amigos. - E o assunto acabou, no meio dos outros assuntos, que geraram outros assuntos e terminaram em risadas. E vinte minutos se passaram até Gerard aparecer no quarto.

De toalha.

- Esqueci de pegar minha roupa – Disse acanhado. Frank sentiu suas bochechas se tonalizarem de vermelho. Pegou suas roupas e virou de costas para se trocar. Frank virou o rosto e Mikey quis rir.

- Já estão indo dormir? - Gerard perguntou ao ver as camas arrumadas.

- Podemos ficar aqui conversando. - Mikey sugeriu. Os outros dois apagaram as luzes, e deitaram em suas respectivas camas. Não tinha assunto para começar. Gerard decidiu começar pelo básico:

- O que estavam estudando?

- Inglês. Frank tem um pouco de dificuldade. - Mikey respondeu rindo e Frank quis esconder seu rosto.

- Você toca alguma coisa, Gerard? - Frank decidiu perguntar, já que os assuntos se reduziam em torno de futilidades, o pequeno iria saciar suas curiosidades.

- Não. - Comentou rindo sem graça. - Já tentei tocar guitarra, mas não tive muito sucesso.

- E você Frank? - Mikey decidiu continuar assunto.

- Guitarra, um pouco. - Riu.

As conversas sobre bandas, cantores e instrumentos correram como música para seus ouvidos. Frank contou um pouco sobre seu pai e avô músicos, e sua banda favorita, Green Day, que havia sido formada há pouco tempo.

Mikey em pouco tempo já se encontrava nos mais belos sonhos, e revirou-se na cama em busca de conforto. E novamente, pela terceira vez no dia, Frank e Gerard estavam sozinhos – ou quase isso.

E pela terceira vez no mesmo dia, Frank sentiu seu coração bater mais forte em seu fraco peito, e suas palavras engasgaram na vergonha. Já não havia mais chuva, já não havia mais sono, já não havia mais assunto e Frank sentiu-se sufocar.

- Não consegue dormir? - Gerard perguntou, Frank não respondeu. Eles não desejaram boa noite antes de dormir.

Amanheceu para Gerard, e ao acordar não viu Frank nem Mikey, apenas a cama esticada e o colchão já fora do quarto. Desceu as escadas sonolento, e pousou-se na mesa de café. Cumprimentou sua mãe.

- Está estudando para as provas, Gerard? - Sua mãe perguntou preocupada.

Gerard deu ombros. Tomou seu café, e procurou por Mikey.

- Frank já foi? - Perguntou, ainda de pijama. Seus cabelos bagunçados cocavam seu roto, e seu semblante descrevia preguiça. Agradeceu eternamente por ser férias.

- Está na copa da sala estudando. Vai embora depois do almoço.

Gerard pensou. Agora sabia onde Frank estava, mas não tinha certeza se deveria aparecer por lá. Lembrou-se de seus rascunhos deixados na mesa bagunçadas, e decidiu usar isso como uma breve desculpa. Seu pijama arrastava no chão, e o som de seus pausados passos se misturavam ao som de seu coração hesitante. Seu sempre hesitante coração, quando dali para frente, perto de Frank Iero.

E o pequeno estava sentado na mesa com tanta concentração em seus estudos, que Gerard sentiu-se culpado por atrapalhar sua leitura.

- Gerard? - Chamou o visitante, acanhado.

- O que foi, Iero? - Respondeu pelo sobrenome seco, e parou de recolher seus desenhos e lápis para dar atenção ao outro.

- Er... Sabe ontem, eu..

- Já disse que não vou contar a ninguém. - Suspirou terminando de agrupar seus materiais.

- Não é isso, é que eu... - Olhou pra cima. - Obrigado.

Talvez nesse momento, os corações de ambos tomaram uma distribuição cardíaca igualmente pausada. E naquelas simples palavras, descobriu-se o estopim para a verdadeira relação entre eles. A verdadeira troca de tapas, avanços de xingamentos e locuções de ofensas, se tornaram cada vez mais intensas. E talvez, eles conseguissem desvendar os segredos um do outro.

- Bons estudos, Iero. - E como foi simples, subiu.


- Gee? - A voz do outro lado da linha telefonara para o Way mais velho. - Vai estar ocupado hoje?

- Acho que não. Quer sair de noite?


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Notas finais do capítulo

Booom, aí está. Muito obrigada para quem está mandando reviews



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