Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 1
E assim começa o dia


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Aqui está o primeiro capítulo da continuação de "Meu namorado infernal". Espero realmente que vocês gostem!



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As luzes de Paris brilhavam ao meu redor.

O vento suave e agradável do inverno soprava, balançando levemente o meu cabelo penteado. As chamas das velas da mesa tremiam cada vez que uma brisa passava, mas eu estava ocupada demais olhando para os olhos azuis de Apolo para notar isso.

- Você está linda mesmo. – Disse ele sorrindo para mim. Ele vestia um terno preto, muito elegante, que dava um tom romântico a nossa cena.

- Obrigada. – Disse desviando o olhar com um sorriso tímido. Estava usando um vestido preto com um pequeno decote em V. Nós estávamos sentados á uma mesa na parte mais alta de algum prédio da linda cidade do amor – Paris... Eu nem acredito.

Fiz esse comentário olhando em volta. A cidade era linda mesmo. Não conseguia ver tudo com clareza, mas as luzes me encantavam. Antes que eu pudesse olhar melhor a paisagem, Apolo segurou a minha mão.

- Alice... - Disse ele e eu o olhei, curiosa – Me dá um beijo?

- Uhm... Vou pensar no seu caso. – Comentei, mas logo depois nós nos aproximamos para nos beijarmos.

Meus lábios tocaram alguma coisa, mas não eram os de Apolo. Me afastei e olhei, para quase ter um ataque cardíaco.

- Aaaawn, desculpa. Eu atrapalhei alguma coisa, Filhinha de Hermes? – Perguntou Ares com o rosto apoiado nas duas mãos, logo no meio da mesa. Seus cotovelos estavam exatamente encima dos nossos pratos de comida.

- Ares! – Exclamei com raiva, mas pude sentir meu rosto ficar vermelho.

Ele começou a rir da minha cara. Aos poucos, era como se a risada dele estivesse me deixando tonta. As luzes da cidade giravam a minha volta. Cada vez mais rápido, enquanto eu ouvia os dois chamando o meu nome.

- Alice. Alice! – Chamava Apolo.

- Alice! Alice! – Chamava Ares.

- Alice! – Chamou alguém na porta do meu quarto. Abri os olhos, sonolenta, e tentei me levantar, mas o máximo que consegui foi ficar sentada – Alice, eu posso entrar?

- Uhm... – Gemi tentando acordar direito – Se for o Apolo, entra. Se for o Ares, caí fora.

Depois da minha resposta, eu aguardei alguns segundos. A porta se abriu, e Apolo entrou no meu quarto. Seu cabelo estava um pouco molhado, ou era impressão minha?

- Eu te acordei? – Perguntou ele tentando secar a cabeça.

- Uhm? Ahm... Não. Não sei. – Respondi incerta – Ah. Bom dia.

- Bom dia. – Disse ele com um sorriso. Apolo sentou-se a beira da cama – Sabe o que tem lá fora?

- Grama? – Chutei.

- É. Tem grama. – Confirmou ele rindo – Mas também tem neve encima da grama. Está nevando de novo!

Sorri sonolenta para Apolo.

- Neve é legal. – Comentei ainda com sono.

- Nossa... Nem isso te acordou. Com o que estava sonhando? – Perguntou ele segurando o meu queixo – Era comigo, não era?

- Era. Para falar a verdade, sim. – Contei rindo – Nós estávamos em Paris. Era um lugar lindo.

- Paris. – Assentiu Apolo sorrindo – Bem... Paris pode esperar, não é? Jersey está com neve, e está mais perto do nosso alcance, por isso... Ponha uma roupa quentinha e vem fazer mais uma guerra de bolas de neve comigo!

- Ok. Só um minuto. - Disse levantando. Apolo saiu correndo do meu quarto e desceu as escadas. Eu troquei de roupa, colocando uma calça jeans, uma blusa de manga comprida branca, e um casaco preto bem grosso.

Coloquei também um dos meus sapatos mais fechados e fui para frente do espelho pentear o cabelo.

Parei um minuto para me observar.

Lá estava eu, refletida na superfície fria do espelho. Alice Kelly, a musa de Apolo. Ou... Garota da guerra, como certas pessoas preferem. Meu rosto de 19 anos não tinha envelhecido nenhum dia depois que Apolo me concedeu a imortalidade para ser sua musa, fonte de inspiração e blá blá blá.

Eu não tinha desempenhado muito papeis como musa. Eu ajudei um grupo de filhos dele uma vez, mas não tenho certeza se isso pode contar.

De qualquer modo, resolvi não pensar sobre aquilo naquele momento. Desci as escadas correndo também.

Era sábado de manhã. Ares devia estar em casa, mas não tinha visto nem sombra dele, de modo que um sorriso surgiu em meu rosto. Perfeito. Pelo menos eu teria paz para poder ficar com o Apolo.

- Alice! – Chamou ele sorrindo. Apolo acenava para mim do gramado de casa. Eu abri a porta, e a fechei atrás de mim, mas franzi o cenho ao olhar a vista.

- Apolo... A neve... Quase não tem nada. – Disse indo até ele.

- Droga! Eu sabia que devia ter vindo a pé! Agora só tem essas poças de água! – Resmungou ele frustrado – Porcaria...

- Ok. Você se esqueceu. Sem problemas. Amanhã nós mexemos com a neve, certo? – Disse tentando animá-lo.

- Mas eu queria que fosse hoje! – Protestou ele – Por que eu não sou o Deus da neve também? Que saco...

Tentei não rir. Coloquei um braço sobre o ombro de Apolo e o virei em direção a porta de casa.

- Esqueça isso e venha tomar um lindo café da manha de Jersey comigo. Não é um jantar de Paris, mas acho que serve, né? – Comentei sorrindo. Apolo assentiu, mas assim que eu dei um passo uma grande quantidade de água voou encima de mim – Ah!

Pude ouvir o som de uma moto roncando, e chegando cada vez mais perto. Idiota! Já até sabia o que tinha acontecido.

- Você é mesmo um imbecil, não é? – Reclamei me virando e dando de cara com Ares, montado em sua moto. Ele desligou o motor e riu para mim.

- Ops. Eu fiz isso? Não acredito que passei encima da poça d’água e te molhei, Filhinha de Hermes! Foi tão sem querer. – Disse ele de um modo inocente.

- Você fez isso de propósito! – Exclamei com raiva.

- E se eu fiz? Ah! Esqueça. Você não tem coragem de brigar com o seu namorado aqui. – Disse ele apontando para si mesmo com o dedão.

- Eu já te disse milhares de vezes que eu não sou sua namorada! – Reclamei, mas então resolvi esquecer isso – Ah, que se dane. Você é idiota demais para me ouvir.

Ares continuou a rir, enquanto eu tirava o meu casaco (agora molhado) das minhas costas. Entrei em casa logo depois de Apolo, que fez a gentileza de abrir a porta para mim.

- Obrigada. – Disse entrando. Ainda estava olhando para o casaco e para minhas roupas – Legal... Essa é uma ótima maneira de acordar.

- Calma. É só trocar de roupa. Não deixe ele te irritar. – Disse Apolo com calma, mas depois sorriu para mim – Se quiser ajuda na troca de roupa, eu...

- Você vai estar aqui embaixo esperando quietinho. – Completei a frase, cortando a alegria dele.

- É... Era isso que eu ia dizer. – Concordou ele em sarcasmo.

Apolo sentou-se no sofá e eu corri escada acima antes que Ares entrasse em casa para me torrar a paciência mais ainda. Depois de trocar de roupa, eu desci as escadas pronta para tomar o café. Apolo ainda estava no sofá, e ao me ver descer as escadas, abriu outro sorriso.

- Está linda. – Disse ele para mim.

- Estou usando uma calça jeans, e uma camisa simples. O que tem de bonito nisso? – Perguntei entrando na cozinha.

- Não estava falando da roupa. Estava falando de você. Acho que está linda. – Disse ele me seguindo.

- E eu acho que você precisa de óculos. – Comentou Ares sentado á mesa de madeira da cozinha.

- Vou ignorar você. – Sorri para ele.

- Irritada logo de manhã? Até parece que levou um banho de água fria no inverno. – Comentou ele tentando não rir.

- Bom dia, Ares. – Disse me esforçando para não começar uma de nossas brigas matinais. É sempre assim. Sempre.

Ele sempre me inferniza, me tira a paciência, e nós acabamos brigando. Acho que sendo o Deus da guerra, ele se sente orgulhoso se consegue provocar discussões, mas mesmo eu não tendo nenhuma intenção de aumentar o ego dele, não posso evitar de entrar no seu jogo. Ele é tão irritante!

- Bom dia, benzinho. – Disse ele rindo e dando uma mordida em um sanduíche.

- Ei! A Alice é minha. – Disse Apolo apontando para ele – Estou de olho em você.

- A Alice é nossa. – Comentou Ares – E a culpa disso tudo é dela. Só estou aproveitando as oportunidades.

- Nós já discutimos isso mais de 5 vezes só nessa semana. – Falei colocando uma jarra de leite encima do balcão da cozinha – Eu não vou reclamar com você de novo.

- Acabou concordando comigo? – Perguntou ele dando mais uma mordida.

Trinquei os dentes.

Desde que Zeus me perguntara com qual dos dois eu gostaria de ficar, Ares ou Apolo, a minha vida virou um inferno. Não que ela já não fosse, mas piorou significantemente.

Se eu escolhesse só um, o outro seria castigado. Como eu não queria que isso acontecesse com nenhum dos dois (se bem que agora parece bem tentador a possibilidade de ver Ares sendo castigado), eu escolhi os dois. Zeus não deixou nós nos darmos bem com essa escolha, e resolveu que nós três íamos ter que ficar juntos.

Ou seja... O meu sonho fazia um certo sentido. Se eu saísse de casa com o Apolo, Ares teria que ir junto. Seu eu, por algum motivo bizarro e estranho, saísse com Ares, Apolo teria que ir junto, o que seria um consolo.

Mas agora, Ares fica me zoando, pois fala que sou namorada dele. Alice Kelly, a garota da guerra. Ninguém merece.

Meus pensamentos estavam cheios de raiva, mas assim que meus olhos alcançaram o calendário do outro lado da sala, um sorriso surgiu em meu rosto. Olhei para Apolo ainda sorrindo.

- Mas então... O que quer fazer esse mês? – Perguntei vendo a data – Digo... Novembro está chegando.

- O Natal é só em dezembro. – Comentou ele.

- Mas... Eu gosto de sair em novembro. – Comentei de volta. Apolo olhou para mim sem entender, mas eu não queria contar – É um mês legal.

- Claro. Adoro quando gente normal fala características dos meses. – Comentou Ares dando outra mordida no sanduíche – Você é muito estranha, Kelly.

- Alice, porque você gosta de novembro? – Perguntou Apolo.

- Não vou falar. Você vai ter que descobrir. – Respondi rindo. Fiz waffles para mim, e peguei um copo de leite. Fui até a mesa, já que era o único lugar para sentar, e tomei o meu café. Na minha frente estava Ares, e ao meu lado direito estava Apolo.

- Isso é maldade. – Disse Apolo – Eu vou ficar curioso! Odeio isso.

- Sinto muito. – Disse encolhendo os ombros – Tente descobrir. Aí não terá que ficar com raiva.

- Aaaah, mas eu não vou acertar! – Exclamou Apolo como se fosse uma criança. Eu ri dele, mas o Deus do Sol só me lançou uma careta – Sua chata.

- Você parece uma criança. – Comentei dando outra mordida em meus waffles.

- Humpf. Disse a Filhinha de Hermes que come waffles e leite. – Rebateu Ares para me irritar.

- Você quer uma mordida, é isso? – Retruquei olhando para ele.

- Só como comida descente. – Disse ele cruzando os braços.

- Na linguagem dele, isso significa “Comida de homem”. – Ao dizer “comida de homem”, Apolo fez uma cara zangada e mostrou seus músculos. Não agüentei e comecei a rir, o que acabou irritando Ares.

- Escuta aqui, não venha implicar com a minha comida, ensolarado, porque você não tem nem idéia do que seja realmente comida de homem. – Resmungou ele com raiva.

- Eu não tenho idéia? Não existe isso de comida de homem. – Falou Apolo olhando para ele – É só uma desculpa para motoqueiros valentões comerem toneladas de carne.

- Tsc. Vindo do cara que acha algodão doce comida de homem. – Comentou Ares rindo de Apolo.

- Eu não acho não! – Protestou Apolo com raiva também – Pare de implicar comigo. Eu... Eu só gosto de comer algodão doce, mas isso não prova nada!

- Uhm. Sei. – Confirmou Ares em sarcasmo. Apolo olhou para ele com raiva, mas então olhou para mim e abriu um sorriso.

- Eu sou o namorado dela! – Exclamou Apolo apontando para mim – Viu só? Não preciso de comida de homem para provar nada.

- Eu também sou namorado dela, e daí? – Riu Ares.

- Não é não. – Resmunguei.

- Da próxima vez, pense duas vezes antes de dar uma resposta, benzinho. – Disse dando outra mordida – Mas francamente... Dois namorados. O que as pessoas vão pensar de você?

- Puxa, Ares, eu não sei. – Disse fingindo-me de inocente – Eu vou sair com os dois ao mesmo tempo. Mas... O que as pessoas vão pensar de você?

Ares ia dar outra mordida, quando entendeu o que eu quis dizer. Ele olhou com raiva para mim e se levantou da mesa no mesmo tempo que eu.

- Eu odeio você, Alice Kelly. Odeio! – Exclamou ele – Se a minha reputação for manchado por causa da sua resposta idiota...!

- Foi só um comentário. – Falei encolhendo os ombros – Sinto muito se você se ofendeu com a verdade.

- Verdade nada! Eu não tenho nada com ele, ouviu?! – Exclamou ele apontando para o Apolo – Fique longe de mim!

- Eu não vou chegar perto de você por nada! Pode ficar com a sua comida de homem, enquanto eu fico com a Alice. – Disse Apolo indo para perto de mim.

- Fica você com o seu algodão doce cor de rosa, enquanto eu fico com ela e faço ela sofrer. – Reclamou Ares indo também para perto de mim.

Ares estava do meu lado esquerdo, e Apolo do meu lado direito. Os dois começaram a discutir sobre quem deveria ficar comigo para que, enquanto eu ignorava e me focava em lavar a louça.

Quando a campainha tocou, eu me pus de prontidão á atendê-la.

- Continuem a briga de vocês aí, enquanto eu vou ver quem é a pobre pessoa que veio parar na porta dessa casa. – Falei indo até a sala.

Quando abri a porta, tive uma surpresa.

- Pai? – Falei olhando para ele. Hermes estava com as típicas calças de corrida azul, e com uma camisa branca se mangas. Parecia ter acabado de correr bastante – O que veio fazer aqui?

- Olá, Alice. – Sorriu ele – Novembro está chegando, hein?

- É, eu sei. – Sorri de volta. Abri espaço para ele entrar, e fechei a porta – Mas... Veio fazer uma visita?

- Sim. Uma visita para você, e... Aproveitar para enforcar duas pessoas ao mesmo tempo! – Exclamou ele com raiva no final da frase ao ver Apolo e Ares discutindo. Os dois pararam e olharam franzindo os cenhos para Hermes – Sorte de vocês que eu não tive tempo de vê-los antes, seus...!

- Pai, o que houve? – Perguntei, mas então me toquei do que ele queria dizer. Meu pai não tinha tido tempo de me visitar desde que eu voltara daquele hotel, há umas... 2 semanas. Agora, ele despejaria toda a sua raiva nos meus dois... Namorados.

- Hermes? – Disse Apolo – Irmãozinho!

- Não me venha com essa! – Hermes correu até ele, e Apolo se jogou para debaixo da mesa. Meu pai olhou para ele, mas depois olhou para Ares – Que história é essa de levar a minha filha para um hotel?

Ah, pronto... Ares olhou para mim com um sorriso maldoso, que dizia claramente “vou ferrar você”.

- Ela não te contou? Alice escolheu nós dois para sermos seus namorados. – Disse ele com um sorriso. Filho da... Argh!

Meu pai virou-se para mim e cruzou os braços.  Nossa... Aquele olhar me fez ter um pouco de medo.

- Alice... Hanks Kelly! – Exclamou ele – Explique isso!

- E-Eu...! Ares só está tentando arrumar confusão! Eu não escolhi os dois para...! – Não tive tempo de responder, pois Ares e Apolo voltaram a discutir sobre quem devia ser o meu namorado, e o meu pai ficou gritando com os dois ao mesmo tempo, dizendo que não seria nenhum dos dois. No final, os dois se uniram contra Ares, o que foi bem engraçado. Mas... Caótico.

Resolvi ignorar a cena e sair para caminhar.


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Notas finais do capítulo

Como acharam que ficou o primeiro capítulo?

É claro, ainda tem muita coisa para acontecer, mas...

Espero pelos reviews!

Até o próximo capítulo.