Anna Sophie era uma bela garota, séria e centrada nos estudos. Era muito charmosa, não era muito alta e não ligava muito para as "cantadas" dos garotos de sua escola, o que os fazia ficar cada vez mais apaixonados por ela, mas mesmo assim ela não ligava. Ela passou os anos de sua escola na dela, até o último, sem muita conversa, sempre séria e com notas boas, nada muito chamativo, somente boas notas, e sem nenhum namorado.

Um dia ela estava indo para sua aula, como todos os outros dias, só que um carro em alta velocidade não parou na hora em que ela atravessava a rua. Distraida e ouvindo música, nem ao menos percebeu a vinda do carro e quando se deu conta o mesmo já havia batido bruscamente na lateral de seu corpo e todo o material que ela carregava consigo fora jogado para cima e ela arremessada para o lado. De repente, ouve-se um baque seco no chão, era o barulho do corpo de Anna Sophie caindo no chão a tres metros de distancia.

Ela não demaiou na hora, ficou alí deitada ao chão gemendo de dor. Sentia muita dor nas pernas e em um dos braços, mas não conseguia se mecher. As lágrimas percorriam seu rosto, o pânico de não ver nenhuma ajuda chegando tomavam conta dela e cada vez ajuntavam mais e mais pessoas em volta dela. De repente o som de uma ambulancia chega e a leva para o hospital.

- Faz parar! Doi muito! Por favor... Faz parar!

- Qual seu nome?

- Anna Sophie! Tenho 17 anos...

Ela começou a falar com extrema velocidade todas as suas informações, pra mostrar que ainda estava conciente. O trajeto daquela rua até o hospital não demorava muito, mas para ela foram eternos aqueles minutos. Ela foi levada direto para a UTI e os médicos logo foram atendê-la. Deram-lhe remédios para a dor e logo ela dormiu. Depois de algumas horas ela acordou num quarto de hospital com um médico preenchendo algumas folhas do lado da cama dela, ele estava de costas então ela o chamou.

- Doutor... Eu vou ficar bem?

- Ah! Acordou, senhorita... Anna Sophie, certo?

- Sim, sim... Eu vou ficar bem?

- Vai sim, senhorita! Só quebrou um braço e deslocou o joelho, nada grave! Dentro de uma semana ou duas poderá sair daqui, mas só ficará totalmente bem dentro de um mes mais ou menos...

Ela não tinha reparado ainda no homem que estava na sua frente, só o observava falar prestando a sua atenção em tudo o que ele falava. Logo ele terminou sua explicação e sorriu para ela, então ela reparou aquele belo homem a sua frente. Ele era alto, tinha a pele branca e os olhos azuis como o mar, seus cabelos negros meio compridos amarrados para tras, com alguns fios lhe caindo sobre o rosto. Aquele sorriso meigo que trazia tanta confiança ao paciente. Certamente aquele foi o primeiro homem capaz de fazer com que ela o olhasse como homem, como um belo homem e não somente como uma pessoa comum. Ela estava tão absorta em seus pensamentos que nem ao menos percebeu que o encarava, a voz dele ecoava em sua cabeça.

- Tudo bem? Ficou muda de repente!

- Ahn? Ah, sim! Está tudo ótimo comigo, só estava pensando em como eu pude deixar que isso acontecesse!

- Hum... Seus pais já foram chamados, eles disseram que daqui a pouco estão aqui para ver como está! Parece que estão muito ocupados com o trabalho!

- É, eu sei! Eu não queria dar trabalho pra eles, já que eles estão tão ocupados, então nem faço muita questão de apressá-los! Por falar nisso, é você quem vai cuidar de mim?

- Sim, eu e mais um colega! Por falar nisso, meu nome é Johann! Prazer...

- Prazer! Hum... Uma pergunta indiscreta... Quantos anos o senhor tem?

- Eu tenho 25!

- Nossa! Tão novo!

- É verdade... Mas não se engane pela minha pouca idade, sou bem competente, viu? - respondeu o médico em tom de brincadeira, rindo em seguida.

- Não duvido! O senhor fica de plantão aqui no hospital?

- Fico, as vezes!

- Sua esposa não briga não?

- Não sou casado ainda não!

- Namorada?

- Também não tenho ainda! Ainda não encontrei a pessoa certa, sabe? Mas no tempo certo Deus vai mandá-la pra mim!

- O senhor acredita que Deus ouve as nossar orações?

- Claro que sim! Se não fosse por ele, eu jamais estaria nessa profissão e provavelmente já estaria morto! Uma vez, Deus me salvou de uma terrível doença, e quando eu era bebe nasci com um problema no coração, nenhum médico queria me atender mas então, o Senhor me mandou um exelente médico e ele me operou! Se não fosse por Ele, eu não estaria vivo, e sempre que preciso eu oro ao Senhor, e ele me responde!

- Hum, então porque o senhor ainda não é casado? Creio eu que você quer uma esposa, certo?

- Certíssima! Mas se Deus ainda não mandou, é porque não é o tempo certo ainda, mas quando ele me mandar, ela será únia na minha vida! Será uma benção que eu jamais deixarei escapar de minhas mãos...

Anna Sophie acreditava em Deus, ia na igreja, lia a Bíblia e tudo mais, mas havia um problema... Ela tinha pouquíssima fé!

Todos os dias seu médico vinha lhe fazer uma visita para ver como estava, e ela se via apaixonada por seu próprio médico. E em todas estas visitas ele vinha e falava de Jesus para ela. Um dia, estava próximo o dia em que ela receberia alta e consequentemente o dia em que ela não veria mais seu médico, ela resolveu orar a Deus. "Se o que ele diz é verdade, Deus vai me ouvir! Se eu acreditar naquele que tudo pode, então eu consiguirei o que eu quero... Se ele me ouvir, o doutor vai gostar de mim! Ou então eu vou parar de gostar dele..." Foi o que ela pensou naquele dia.

- Doutor... Se eu orar a Deus pedindo para que uma pessoa goste de mim, ele vai me ouvir?

- Ouvir ele vai! Ele ouve absolutamente tudo, Anna Sophie! Mas te atender é que é o diferente. Em que sentido você quer que essa pessoa goste de você?

- Eu quero que ele seja meu namorado, entende?

- Entendo. Mas, porque em vez de pedir pra que essa pessoa goste de você, você não pergunta pra Deus se isso está nos planos Dele pra sua vida? Se estiverem, esta pessoa vai gostar de você, vocês ficarão juntos e nada poderá separá-los, porque, o que Deus une, o homem não separa! Mas se não for de Deus, você deixará de gostar dele, com certeza!

- Hum... Mesmo se eu e essa pessoa não nos virmos mais? Mesmo assim, a gente pode acabar ficando junto?

- Com certeza! Deus promove o reencontro de vocês e faz com que tudo de certo pra que fiquei juntos!

Ela sorriu e virou para o lado, como se fosse dormir. O seu médico sorriu e lhe deixou sozinha pra "dormir". Logo tão ele saiu, ela fechou os olhos e começou a orar. Ela nunca tinha feito nada com tanta fé e com tanta convicção. "Só pode ser ele! Eu nunca gostei de garoto nenhum, então só pode ser ele! Se Deus pode me ouvir, ele trará ele pra mim, de um jeito ou de outro! Eu só preciso acreditar... Eu só preciso confiar!"

Dois dias depois ela recebeu alta, e saiu do hospital. Despediu-se das enfermeiras, do seu outro médico e com muita dor no coração ela se despediu do SEU médico, Johann. Ela foi para casa e depois de alguns dias voltou ao hospital para retirar o gesso de seu braço e sua perna, mas ele não estava lá. Ela saiu meio triste e foi para casa.

Passaram-se algumas semanas e ela nunca mais o viu. Continuou a estudar, para ver se o esquecia, mas nada. Ninguém sabia desse amor secreto dela pelo seu médico. Cada dia que passava ela sentia mais saudade dele e se disperçava na aula. Seus pais se preocupavam com ela, mas ela não dizia o que era que a afligia.

Depois de um mês, ela andava por aquele mesmo caminho, e como sempre disperça e ouvindo música quando viu a luz de um farol, o que a fez chegar para o lado e gritar, com medo de que tudo se repetisse. Logo o carro parou e o motorista saiu do carro, a vendo ajoelhada no chão com os braços cobrindo o rosto. O medo tomava conta de Anna Sophie.

- Tudo bem contigo, senhorita? Se machucou?

- A-Acho... Acho que sim, eu só estava com medo e...

Logo ela levantou o rosto para ver com quem falava e viu aqueles olhos azuis que tanto lhe eram familiar. Não era possível! Era ele? Mas como? O que ele fazia por ali? Será que isso era um sinal?

- Doutor Johann?

- Anna Sophie? Nossa! Quase que não a reconheço! - Ele se levantou e estendeu a mão para ela, e ela se levantou em seguida, logo ele a abraçou e sorriu se afastando novamente - Como está?

- Bem melhor! Já consigo andar normalmente agora!

- Você é muito distraida andando na rua! Está indo para a aula, certo?

- Estou sim! E o que o senhor está fazendo por aqui?

- Não precisa mais me tratar por "senhor"! Me trate só por "você"! Mas, eu estava indo para uma escola aqui perto levar meu irmão mais novo.

- Eu estudo naquela escola alí, ó! Ela tá um pouco longe, mas dá pra ver direitinho qual é!

- Olha que coincidencia! Meu irmão estuda lá! Ele está na 3ª série ainda, você não deve conhecê-lo!

- É, acho que não! Eu mal conheço as pessoas da minha turma!

- Quer uma carona?

O coração dela disparou, aquilo tudo parecia um sonho pra ela. Aos olhos dela, ele nunca a olharia como mulher, e ela só esperava que Deus retirasse aquele sentimento do coração dela, mas mesmo que ela só o tivesse como amigo, já era o suficiente para saciar sua saldade por ele.

- Eu aceito sim!

Os dois foram conversando e rindo, como era muito cedo o irmão mais novo dele foi dormindo. Quando chegaram na escola ele sorriu de um modo diferente pra ela, ele nunca havia olhado ou sorrido para ela daquele jeito, ela só não conseguiu distinguir o que aquilo significava! Ela arrumou seu material em suas mão e abriu a porta, despedindo-se de Johann.

- Anna Sophie?

- Sim?

- Não encare o que vou dizer de um modo errado, mas eu realmente gosto da sua compania e gostaria de saber se não gostaria de ir num jantar que vai ter na casa dos meus pais, é como se fosse uma festa de comemoração dos 30 anos de casados deles!

- Eu adoraria! Então... Me liga confirmando tudo certinho, ok?

Ela escreveu o número do seu telefone em um papel e saiu do carro sorrindo. Ninguém nunca a tinha visto sorrir daquela maneira. Ela esperou que ele fosse embora e olhou para o céu e agradeceu a Deus.

- Obrigada, Senhor! Esta é uma benção que jamais deixarei que escape das minhas mãos! Só o Senhor é Deus! Eu te amo, meu Senhor! Deus pai, Todo-Poderoso!

As pessoas a encaravam, mas ela não ligava! Sua gratidão a Deus era tamanha, que ela não ligava! Ela foi andando pelo caminho até sua sala cantando e ouvando a Deus, alguns seguiam cantando com ela baixinho e outros somente sorriam pois sua voz era muito bonita.

Chegado o dia dela ir no jantar com ele, ela se arrumou e se perfumou com roupas simples para não chamar a atenção. Ele a buscou, seus pais não gostaram muito por ele ser mais velho, mas permitiram. Eles chegaram, ele a apresentou para algumas pessoas e se sentaram e ficaram conversando. Depois de um tempo, cantaram como que um "parabéns" pelo aniversário de casamento dos pais de Johann e oraram agradecendo a Deus, e logo ele pediu a palavra para falar na frente de todos que se ajuntava a mesa.

- Gente, eu tenho algo muito importante pra falar! - todos o observavam e Anna Sophie, que estava do seu lado, o olhava curiosa - A pouco mais de um mes, eu conheci uma pessoa que se tornou muito importante na minha vida, mas eu nunca tive a oportunidade de dizer para ela. Então passei a orar a Deus e a cada dia que passava eu gostava mais dela. Então um dia eu pedi um sinal de Deus, e eu nunca mais a vi. Acabei achando que não era pra que ficassemos juntos! - Anna Sophie ficava cada vez mais intrigada com aquilo que ele falava, aquela história lhe era familiar demais, será que era verdade? - Então eu pedi novamente por um sinal de Deus enquanto eu dirigia e pedi que, se fosse dos planos Dele, que eu a encontrasse mais uma vez e então parei o carro bruscamente pois tinha alguém no meio da rua...

Anna Sophie colocou a mão sobre a boca e começou a chorar. Ele sorriu com os olhos cheios d'água para ela e a abraçou fortemente, lhe beijando a testa.

- E então... O que quero dizer com tudo isso... É que finalmente Deus deu a resposta às minha orações, e me mandou aquela benção que eu jamais deixarei que escape de minhas mãos. Deus finalmente me mandou a varoa que eu tanto pedi! - ele levantou o rosto dela e sorriu novamente, como sempre fazia enquanto ela chorava e sorria pra ele também. - Anna Sophie... Eu te amo, pode parecer estranho, pela nossa diferença de idade e principalmente pelo pouco tempo que nos conhecemos, mas é verdade! Eu te amo! Nunca fui capaz de dizer essas palavras com tanta verdade como digo agora!

De repente fêz-se um silêncio em volta da mesa e todos admiravam aquela cena. Ouvia-se alguns soluços de pessoas emocionadas e o choro de Anna Sophie.

- Eu nunca estive tão feliz em toda a minha vida! Desde aquele dia que eu fui parar no hospital, no dia em que eu te conheci eu orei a Deus para que ficássemos juntos, e Deus me ouviu!

Eles fecharam os olhos e louvaram a Deus agradecendo pela benção que Ele tinha lhes dado, então Johann se ajoelhou perante Anna Sophie e pediu a sua mão, e logo ela aceitou. Ele prometeu esperar até que ela fosse maior de idade e pediu a mão dela aos pais dela. Eles ficaram pasmos no primeiro momento, mas depois permitiram.

"Os que confiam no Senhor são como os montes de Sião, que não se abalam mas permanecem para sempre". Salmo 125-1.