Tomorrow Comes The Sun escrita por Hazy


Capítulo 1
Tomorrow Comes the Sun


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, quero dizer que estou muito feliz em postar uma oneshot GaaHina, um dos meus casais preferidos, e com poucas fanfics.

Estou há tempos sem postar algo novo - desde fevereiro. Fico feliz por voltar, e digo que logo tem mais, tanto de Naruto como de The Gazette, minhas duas categorias preferidas.

Essa fanfic é dedicada à Ledger, sorteada no final da ILYI. O título foi ideia dela, e eu juro que adorei! Me perdoe pela demora, Ledger, duas semanas se transformaram em dois meses rapidamente e eu nem percebi, enquanto ia enrolando e enrolando essa e outras fics minhas. q

Espero que você goste, usei sua ideia de superação, e tentei fazer da melhor forma possível. ^^

Espero que todos vocês que estão lendo gostem, e comentem o que acharam. É um drama, mas não é Death Fic, ok povo? Sei que quem lê minhas fics do Gazette sabe que eu costumo matar meus personagens em dramas, mas esse não é o caso. q

Ah, e eu sei também que a capa não tem nada a ver com o título, por ter ficado com um aspecto obscuro, mas juro que logo faço outra, melhor e mais conveniente. q Estava ansiosa para postar e deixei isso de lado. q

Enfim, espero que gostem. Não foi betada - pois não tenho uma beta, mas quero uma u_u -, mas foi revisada, então espero que não encontrem erros graves. ^^

Boa leitura.



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Tomorrow Comes the Sun.

                                                                                                -

1º mês


Os longos corredores daquele hospital pareciam cada vez mais gelados conforme o ruivo caminhava, a passos rápidos, à procura do quarto em que estava a pessoa que lhe interessava ver.  Branco. Era tudo branco - chão, paredes, teto, portas, cortinas, uniformes. Tudo com um aspecto assustadoramente morto.

As paredes daquele lugar repugnante pareciam estar rindo da sua cara. Já errara de corredor diversas vezes. Perdera a noção de onde estava indo, além de esbarrar com qualquer pessoa que passasse, sendo elas médicos, enfermeiras ou cozinheiras levando as refeições aos pacientes. Ignorando qualquer tentativa de lhe impedirem de passar. Afinal, era uma ala proibida.

Pouco se importava com isso.

Quanto tempo mais demoraria para encontrar a porta de número quatrocentos e trinta e seis? Conseguiria chegar antes que os médicos perdessem a paciência e o arrastassem à força para fora daqueles corredores proibidos? Ou quem sabe permanecesse eternamente vagando por aquele hospital, sem alcançar seu único objetivo que atualmente era apenas vê-la.

Quatrocentos e trinta e quatro, quatrocentos e trinta e cinco...

-

A enfermeira desavisada se assustou quando ouviu a porta do quarto ser aberta em um baque, com tanta força que lhe fez sentir medo de quem quer que estivesse entrando naquele momento.

- Como ela está? O que houve com ela? – Ouviu uma voz desesperada perguntar, enquanto observava seu dono adentrar o quarto. Um homem muito bonito, com cabelos ruivos e repicados caindo desalinhados por seu rosto. Os olhos esverdeados demonstravam um medo oculto e muita angústia.

O ruivo aproximou-se da cama da paciente, observando-a enquanto procurava sua mão sob as cobertas. Hinata estava conectada a vários aparelhos, que mediam seus batimentos cardíacos e o nível de oxigênio. Ela estava pálida, e grandes olheiras eram visíveis abaixo de seus olhos. Já havia tempo que não comia direito, perdendo muito peso constantemente, tornando seu corpo cada vez mais fraco. E de que adiantava pedir para que procurasse um médico, para que se tratasse? Recordava de ouvir sua voz doce dizendo que estava bem, que não precisava se preocupar. E por acaso ele conseguia dizer não para ela alguma vez? Mesmo quando eram casos realmente sérios, nunca conseguia negar-lhe nada.

– Me fale! O que aconteceu com Hinata? – Bradou, virando bruscamente o rosto na direção da enfermeira amedrontada.

- P-por favor, meu jovem, se acalme... – Começou a senhora, aproximando-se. – Você não deveria estar aqui... É uma ala restrita.

- APENAS ME FALE O QUE HÁ COM ELA!

A mulher agradeceu internamente quando a porta foi novamente aberta, e por ela entrou o médico responsável pelo caso da Hyuuga. Hatake Kakashi caminhava a passos pesados, lançando um olhar para que a enfermeira se retirasse. E ela o fez, aliviada.

- Queira me desculpar, Sabaku-san, mas não permitimos que trate nossas enfermeiras de maneira tão rude. Além de tudo, se você não percebeu, isso é um hospital e exigimos silêncio e educação, o contrário do que você nos mostrou gritando descontroladamente.

O ruivo bufou, não sendo afetado pelas palavras do homem grisalho, que mantinha uma expressão dura em seu rosto.

 - Só quero saber o que ela tem. Sou seu melhor amigo e tenho o direito.

- Faça o favor de me acompanhar até o meu escritório. – O médico pediu, com a voz saindo um pouco abafada devido à máscara protetora. - Você entrou aqui sem saber que a paciente corre riscos graves em apenas ficar perto de pessoas sem os equipamentos necessários. Qualquer leve infecção pode ser fatal. Não entende isso?

- Como quer que eu entenda, se ninguém me diz o que ela tem?

-

- C-câncer? Hinata está com câncer?

- Leucemia, para ser mais específico, Sabaku-san. – O homem informou, suspirando. Já estava acostumado a transmitir informações nada felizes aos amigos e familiares dos pacientes, mas isso não quer dizer que ainda não se sentisse mal ao ver as diversas reações dos recém - informados.

Gaara sentiu seu mundo desabar. As mãos tremiam, enquanto fitava o chão, inconformado. Os olhos arregalados e turvos piscavam constantemente, como se tentassem acordar para a realidade e afirmar que tudo que ouvira fora apenas coisa de sua cabeça. Mas tinha consciência de que não era.

Não ouvia a voz cansada do médico, que repetia seu nome para que saísse do transe momentâneo. Estava entorpecido - essa era a palavra. Não conseguia entender. Por que ela? Por que essa doença escolhera justo a ela, um ser tão bom que nunca fez mal a um mísero inseto?

Conhecia muito sobre a doença. Era causada devido à produção defeituosa das células sanguíneas na medula óssea. Qualquer infecção poderia causar grandes problemas, pois a baixa imunidade era uma das características desse câncer. Havia um tratamento, e as chances de cura não eram nem altas, nem baixas. Porém, sabia que o tal tratamento desgastava muito a vítima da doença. Sessões constantes de quimioterapia, radioterapia, transfusões, exames e mais exames. O mais recomendado era o transplante de medula óssea, mas não era tão fácil de encontrar alguém compatível, e mesmo assim, há grandes chances do corpo apresentar rejeição em receber um elemento desconhecido.

- Gaara-san! – O médico se exaltou. Sabia que não estava sendo fácil para o ruivo absorver as informações, mas não podia deixá-lo se perder em seus pensamentos enquanto o caso exigia completo foco.

O ruivo apenas virou lentamente o rosto na direção do médico, se recuperando aos poucos do choque inicial.

- Nós precisamos avisar aos familiares e pedir seu consentimento, já que ela ainda é menor de idade*, para que possamos começar o tratamento. E isso deve ser feito o mais rápido possível.

- Hinata... não tem família. – Falou, lembrando-se de que a moça vivia nos dormitórios da faculdade desde que a conheceu, três anos antes. Estava adiantada em seus estudos, por ser muito inteligente e esforçada, então, com dezessete anos, entrou na faculdade. Com o tempo, revelou que a mãe morreu quando tinha treze anos e que o pai expulsou-a de casa por sua recusa em continuar com os negócios da família, além de achá-la incapaz. Trabalhava muito para pagar a universidade e continuar com seus estudos, além de ter um pouco do dinheiro que era depositado em sua poupança secretamente pela mãe antes de falecer - dinheiro este que o pai não conhecia. – Eu darei a autorização, pois sou a pessoa mais próxima dela, se me permitir.

- Tudo bem. – Kakashi afirmou, escrevendo incessantemente em um bloco de anotações, não interrogando sobre a história da Hyuuga. – Mas saiba que a ausência de parentes pode dificultar para que encontremos uma medula compatível. E há muitas pessoas na fila.

-

3º mês

- Gaara... Por favor... Não me olhe com nojo... – A voz doce suplicava, temendo a rejeição do amigo devido à situação em que se encontravam.

O Sabaku segurava os cabelos de Hinata, que, agachada em frente ao vaso sanitário, regurgitava após mais uma cruel sessão de quimioterapia. A morena já conseguia sentir os cabelos caindo lentamente quando passava os dedos entre eles, ou até quando os penteava e tinha a horrível visão da escova preenchida por seus fios azulados.

O ruivo lembrava-se de quando a Hyuuga recebera a notícia. A primeira reação da morena foi chorar, silenciosamente, enquanto era abraçada cuidadosamente pelo amigo – que usava as luvas e a máscara de proteção -, culpando-se por ser tão descuidada e não ter procurado um médico quando começou a perceber os sintomas.

Após uma longa conversa com o médico responsável, que dizia haver um tratamento eficaz, porém agressivo, a morena recuperou um pouco da confiança em se curar, submetendo-se ao tal tratamento imediatamente.

As sessões de quimioterapia acabavam, literalmente, com a jovem moça. Sentia-se fraca, tonta e muito cansada, desejando apenas dormir para que conseguisse se preparar para as novas sessões, que ocorriam de cinco em cinco dias. Havia também as transfusões de plaquetas e hemáceas, recebidas quase diariamente. O fato de não poder comer nada além de sopas ou vitaminas injetadas através do soro, e ter que cuidar para não provocar ferimento algum – até mesmo quebrar uma unha poderia ser ofensivo – desgastavam profundamente a Hyuuga.

Mas, além de tudo, ela não perdia a confiança. A cada dia que passava, dizia estar mais perto do dia em que encontraria um doador de medula compatível, que tudo daria certo e que podia aguentar quantas sessões de quimioterapia precisasse.

Porém, Gaara sabia que a cada dia, a amiga parecia mais fraca. O brilho de seus olhos diminuía a cada nova sessão, a cada nova notícia de que tal amigo da universidade que fez o exame de doação de medula não era compatível a ela, por mais que suas palavras continuassem de incentivo a si mesma.

Hinata desabava a cada dia, levando Gaara junto com ela.

- Por favor, Hinata, nunca mais diga isso. – Gaara pediu, enquanto ajudava a morena a levantar, apoiando-a em seu ombro em direção da pia do pequeno banheiro do quarto de hospital. Auxiliando-a ao se limpar e ao escovar os dentes, tomando o cuidado necessário para não machucá-la. – Eu nunca irei sentir nojo de você.

 -

5º mês

- Gaara... p-por favor, me mostre um sorriso.

E esse foi o primeiro pedido de Hinata que o ruivo não conseguiu atender. Não conseguia. Não era possível que sorrisse enquanto presenciava a amiga definhando a cada dia.

As sessões de quimioterapia pareciam cada dia mais inúteis no seu ponto de vista. Hinata estava sofrendo muito, e isso era perceptível de longe.

Sofria por estar longe dos amigos, mesmo que estes a visitassem regularmente. Sofria por não poder caminhar, por não poder estudar, trabalhar, se alimentar das coisas que gostava, se divertir. Sofria por ter de viver presa entre aquelas quatro paredes opacas. Hinata era uma mulher cheia de cor, brilho e alegria. E isso estava desaparecendo a cada dia que tinha que se submeter àquele tratamento detestável.

Sua sorte era que Gaara sempre estava ali. Sempre que lhe era permitido visitá-la, ele ficava com ela até que lhe expulsassem à força do quarto. Não a deixaria sozinha, de modo algum, e a morena sabia disso.

Gaara, tão frio com as outras pessoas, na verdade era uma pessoa muito especial, principalmente para a Hyuuga. Hinata era a única que o conhecia por completo. E era para ela, apenas para ela que o ruivo se abria, mostrava quem realmente era. Revelava seu coração enorme, dividia tudo que o afligia e que também o deixava feliz. Hinata conhecia cada expressão, cada reação daquele que era seu melhor amigo. E odiava, com todas as forças, vê-lo sofrendo por ela.

- Eu estou ficando feia, não é?

As palavras da morena atraíram a atenção do ruivo, que estava sentado em uma cadeira próxima à janela, observando o grande jardim do hospital. Lá, algumas crianças corriam e brincavam, e por mais que estivessem doentes, transmitiam vida a quem as observasse.

- Olhe só para mim! – A morena fingiu-se de indignada, feliz por ter o rosto de Gaara voltado para si. – Eu mal tenho cabelo. Minha pele está tão branca que eu pareço um fantasma, não concorda? Eu nunca fui bonita, mas agora estou realmente assustadora. – Finalizou, tossindo após o grande esforço que fizera para conseguir falar.

O ruivo percebeu o humor de Hinata ao comentar sobre a aparência, porém, sabia que havia um fundo de verdade em tudo que dissera, ao menos para ela. Já Gaara nunca, de modo algum, a acharia feia. Hinata era linda, com ou sem cabelo, exterior e interiormente.

- Hinata – Começou, aproximando-se da cama, onde a morena se encontrava, perdendo o leve sorriso que se formara em seus lábios enquanto tentava alegrar o amigo, e a si mesma. Por mais que não quisesse admitir, sentia-se desmoronar. – Você não está feia. Nunca esteve, nunca estará. Você é linda de qualquer modo. – Deu uma pausa demorada antes de continuar. - Por favor, não se sinta desse jeito. – Respirou fundo. – Não tente carregar tudo sozinha. Eu estou aqui.

- Gaara... – A morena já sentia as lágrimas inundarem seus olhos, procurando a mão do amigo e a apertando entre as suas, fracas e pálidas. – Eu... não aguento mais.

E chorou. Chorou como não fazia desde o começo daquele tratamento insuportável. Queria lutar, queria viver, não queria desistir. Mas não aguentava mais. Tudo, o tratamento, aquela prisão de paredes brancas, tudo aquilo acabava com ela.

Sentiu os braços do ruivo a envolverem num abraço cuidadoso, porém extremamente carinhoso. Sentia-se tão bem nos braços do homem que sempre esteve com ela, desde que se conheceram. Em todos os momentos, tristes e felizes, ele estava ali, com sua personalidade mutável e seu coração gigante.

‘’Enquanto as pessoas têm amigos para compartilhar a sua tristeza... esta se tornará mais suportável.’’

Shakespeare


E então, seu olhos se desviaram para a grande janela aberta, focando-se na bela paisagem com o sol de final de tarde iluminando o jardim, alguns raios entrando precariamente por entre os vidros, tocando sua pele fria.

Adorava o sol. A sensação dos raios solares lhe atingindo depois de tanto tempo sem recebê-los, a fizera pensar duas vezes antes de, por fim, cair. Não cairia. Por si e por ele, não desabaria.

 -

8º mês

- A doença da senhorita Hyuuga progrediu mais rápido do que esperávamos. Sua situação está cada dia mais crítica, e o tratamento, de alguma forma, não está sendo tão eficaz quanto gostaríamos. Se não encontrarmos logo um doador compatível, é provável que a senhorita Hyuuga não consiga aguentar por muito tempo.  – Terminou o doutor.

Não.

Não.


Não suportaria perdê-la. Não iria perdê-la. Hinata estava confiante e por ela assim ficaria. Confiante. Iriam encontrar um doador de medula de qualquer modo. Nem que o ruivo tivesse que percorrer o mundo atrás de algum parente vivo de Hinata que pudesse ser compatível.

- Já movemos seu nome para o topo da lista de espera. Porém, temos de tentar fazê-la se lembrar de algum parente vivo, pois as chances aumentariam muito. Acha que pode fazer isso?

-

Hinata já não estava mais no mesmo quarto de sempre. Fora movida para uma ala de emergências, e já fora avisada de que seu estado não se encontrava dos melhores. Atualmente se comunicava com Gaara através de um pequeno aparelho.

- Eu preciso que você se lembre de alguém, Hinata. Qualquer parente! – O ruivo pedia, angustiado.

O pai, a contragosto, e a irmã da Hyuuga já haviam feito os exames, porém, não eram compatíveis à Hinata, por azar.

- Eu... me lembro de alguém. Mas... não o vejo há anos, Gaara. Não sei onde está, nem o que faz.  – Falou com dificuldade, tossindo compulsivamente logo após.

Uma ponta de esperança nasceu em Gaara.

- Me fale seu nome, Hina.

- Hyuuga... Neji, meu primo.

Hyuuga Neji. O ruivo procuraria por esse homem até no inferno, se fosse preciso. Se era a única esperança que ambos tinham, não a deixaria escapar.

Gaara respirou fundo, fitando Hinata pelo vidro do quarto de UTI em que se encontrava, antes de proferir suas próximas palavras.

- Hinata, você é a pessoa mais importante da minha vida. – Proferiu, observando a Hyuuga sorrir levemente, virando o rosto com dificuldade para encará-lo. – Eu te amo, e não vou deixar você partir, Hinata. De modo algum irei perder você.

As lágrimas logo começaram a escorrer pela face cansada da morena. Sorria abertamente, um sorriso maravilhoso de que Gaara não se lembrava da última vez que vira naquele rosto abatido.

- Eu também... te amo, Gaara. – Confessou, sentindo a cor voltar ao seu rosto depois de meses, tingindo sua face delicada num tom encantador de vermelho. Estava corada e envergonhada por revelar seus sentimentos tão antigos à pessoa que amava. – Nós vamos superar.

-

- O quê? Hinata está com câncer?


- Infelizmente sim, e está no estágio final da doença, Hyuuga-san. Você é a nossa última esperança.

Hyuuga Neji morava atualmente na Austrália, trabalhando como tradutor de livros do japonês para o inglês, e vice-versa. Um homem bastante influente e rico.  Era, além de primo, um grande amigo da morena durante a infância e adolescência de ambos, porém, se afastaram quando ela foi expulsa de casa e desapareceu no país.

O Hyuuga nunca mais tivera notícias da prima. Então, sentiu-se muito feliz ao receber uma ligação de um estranho, diretamente do Japão, que dizia precisar falar sobre Hinata com ele. E seu humor logo mudou quando soube o motivo da ligação.

Hinata estava doente, e precisava dele. E não recusaria ajuda à pessoa que mais lhe fez feliz durante sua infância, onde tudo era menos complicado e eram apenas crianças sem responsabilidades.

- Me passe o endereço. Pego o próximo avião para o Japão no final do dia. Não se preocupe, não vou deixar minha prima na mão.


 -

- Os resultados dos seus exames já saíram, Hyuuga-san. – Avisou o doutor Kakashi, enquanto sentava-se em sua cadeira no escritório, com o envelope em mãos.

O ruivo e o moreno, sentados em frente ao doutor, olhavam ansiosos para os resultados do exame em sua frente.

Observaram enquanto o grisalho abria o envelope amarelo, retirando de lá um papel com várias informações, números e letras impressos. Ele percorreu os olhos pelas impressões vagarosamente, finalmente, encontrando o que queria.

Sorrindo, voltou seu olhar aos dois homens à sua frente, pronunciando-se.

- É compatível. O transplante será feito assim que possível.

Gaara não podia acreditar no que ouvia. Depois de tanto tempo, tantos meses de angústia e sofrimento, finalmente encontraram alguém. A salvação para Hinata. Seus olhos se encheram de lágrimas. Não se lembrava da última vez que chorara por algo ou alguém, porém, era como se um peso enorme saísse de suas costas. Sentiu-se, depois de tanto tempo, finalmente aliviado.

- Ela vai ficar bem. – Escutou o Hyuuga ao seu lado dizer, dando-lhe tapinhas confortantes nas costas.  – Ela vai ficar bem, não é, doutor?

- Se Deus quiser, sim.

  -

Os dois homens, acompanhados de uma grande quantidade de amigos da morena, se encontravam na sala de espera para a sua tão esperada alta.

O transplante ocorrera com sucesso, e o corpo de Hinata não apresentara rejeição. E, mesmo se apresentasse mais tarde, o que não era provável, existiam remédios facilmente adquiridos que impediriam problemas.

Passaram-se duas semanas desde que o transplante fora feito. Nem Gaara, nem Neji puderam vê-la desde então, o que causava uma ansiedade enorme no moreno por estar com saudades da prima e querer vê-la, e uma angústia enorme no ruivo, que não suportava ficar tanto tempo longe daquela que amava. Desde o compartilhamento dos sentimentos recíprocos de ambos, nunca puderam conversar sobre.

Gaara sabia que agora poderia começar uma nova vida ao lado de Hinata. Não seria mais somente sua melhor amiga, mas também, se a morena quisesse, seria sua amante. Sua namorada, sua mulher. Era tudo com o que sonhava, e parecia muito perto de se tornar realidade.

- Neji-san – Chamou, atraindo a atenção do moreno. – Arigatou por ter vindo. Eu lhe devo a minha vida por ter salvado Hinata.

- Não se incomode, Gaara-san. – O outro respondeu, sorrindo levemente. – É a minha prima e eu a amo muito, apesar da distância. Era o mínimo que eu podia fazer por ela.

- Obrigado, de qualquer modo. Não sei como lhe agradecer.

O Hyuuga soltou um riso baixo, fitando os olhos verdes e ansiosos do ruivo antes de pedir:

- Apenas cuide bem dela.

E, após essas palavras, os dois e a multidão de amigos puderam ouvir a porta ser aberta e por ela passar uma enfermeira, empurrando Hinata sobre uma cadeira de rodas – temporária -, cuidadosamente.

E aquele sorriso estava lá. O sorriso aberto e maravilhoso que Gaara tanto amava.

-

Um ano. Desde que tudo acabara, passara-se um ano.

O corpo da morena não apresentara rejeição, e atualmente ela vivia muito bem ao lado do ruivo.

Nenhum dos dois imaginava que aquilo poderia acontecer um dia. Todos aqueles meses de sofrimento e superação os ajudaram a perceber como a vida é importante e pode pegar qualquer um de surpresa, seja com uma doença, um acidente, uma morte ou uma decepção.

E, além de tudo, aquilo serviu para que Hinata percebesse a grande sorte que tinha. Sorte por ter amigos e um primo que viera de longe para salvá-la e vê-la, depois de tanto tempo sem sequer se falarem. Sorte por ter alguém como Gaara ao seu lado. O ruivo que estava lá, com ela, todos os dias, nunca a deixando sozinha, tentando ser confiante e forte por ela. A pessoa que mais amava, e que correspondia aos seus sentimentos. A pessoa que agora tinha ao seu lado não só como amigo, mas como amante. Seu namorado, seu noivo. Seu, apenas seu.

Agora estava extremamente feliz, talvez até mais do que era antes da vida pregar-lhe aquela peça.  Vivia ao lado do homem que amava. O primo havia se mudado novamente para o Japão, para se aproximar da prima, que percebera apenas quando estava perto de perdê-la o quanto ela era importante, e como sentira sua falta. Tinha cabelos, e em excesso! Nunca pensou que eles poderiam fazer tanta falta assim.

Uma doença, uma superação. Algo que ensinara a todos os envolvidos lições muito importantes, que seriam levadas por toda a vida.

Gaara, no mesmo dia que chegara do hospital, na época ainda no dormitório da faculdade, onde deveria ficar de repouso, não esperou para enchê-la de beijos e mimá-la como nunca havia feito antes. Isso provocou risos incessantes na morena, que sentia sua vida voltando pouco a pouco.

E era nisso que Hinata pensava ao esperar o namorado na casa que com esforço e a ajuda financeira  do primo – que tivera de insistir muito para que o casal aceitasse – conseguiram comprar.

Comemorariam um ano de namoro e o posterior noivado. Gaara voltava de uma viagem que fizera à Mieken, para visitar seus parentes.

Comemorariam, caso aquela ligação não tivesse lhe surpreendido e feito as lágrimas voltarem aos seus olhos depois de tanto tempo.

- É da casa da senhorita Hyuuga? Sinto lhe informar que o senhor Sabaku no Gaara sofreu um acidente na estrada e se encontra no Hospital Central de Tóquio, neste exato momento. Solicitamos sua presença.

-

A morena observava Gaara deitado naquela cama, inerte, com a respiração calma movendo seu peito regularmente. Seu corpo estava conectado a diversos equipamentos, de pressão, batimentos e oxigênio, além do soro que era transmitido ao seu organismo fazendo o papel de alimento.

Parecia tudo tão nostálgico...

Coma.

Gaara estava em estado de coma, há exatos sete dias, sem previsão de volta. O acidente havia sido grave, mas o ruivo já estava sendo devidamente tratado. E a culpa não fora dele, e sim do caminhoneiro bêbado que dirigia sem noção do perigo numa estrada chuvosa e escura.

As lágrimas caíam silenciosamente por seu rosto, enquanto apertava a mão do ruivo com força.

Quando ele iria acordar? Quando Hinata poderia visualizar novamente seus belos olhos verdes, recentemente tão alegres e expressivos? Quando poderia ouvir sua voz?

Seria forte como Gaara foi, ao ajudá-la a enfrentar sua doença?

- Nós conseguiremos superar isso novamente, meu amor? – Perguntou ao homem inconsciente, deixando uma última lágrima cair antes de ser chamada pelos médicos, avisando-a que o horário de visita havia terminado.

‘’Onde há um de nós, ambos estão ali.’’

Hemingway

The end.


* A maioridade no Japão é apenas a partir dos vinte anos, e como Hinata faz aniversário em dezembro, ela ainda tinha dezenove na fanfic.

• • •

Estou nervosa -q

Fazia tanto tempo que não postava e não escrevia algo, que estou realmente nervosa. D:
Espero que hajam leitores, e comentários também. q
Tomara que não tenham se decepcionado com o final, especialmente você, Ledger, já que essa fic é pra você. Novamente, me desculpe pela demora.
Bem, obrigada a todos que leram, que gostaram ou não, e espero que me mandem reviews para falar o que acharam, ok?
Beijos, e até a próxima. :*


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