Cavaleiros do Caos.

- Ai, ai. – reclamações a todo momento, desde que escaparam daquele mercenário tudo o que faziam era andar uns dois quilômetros e logo depois parar para descansar e assim renovar os curativos do garoto de cabelos azuis. Dessa vez tiveram que parar no meio da floresta, estavam quase chegando em uma pequena vila onde poderia encontrar abrigo e um pouco de comida, mas Sonic não suportava dar um passo sem sentir uma forte dor por todos seu corpo. Amy o cuidava com toda a atenção que uma pessoa poderia receber, e o garoto agradecia e muito, mas mesmo assim queria que aquela dor passasse logo. – Não agüento mais!

 - É a milésima vez que paramos! Não dá para agüentar mais um pouco até chegarmos a vila? – perguntou Silver um pouco impaciente. Desde que tinham encontrando com aquele garoto mercenário não conseguia parar de pensar no quão fraco estava sendo. Se não fosse por Sonic era provável que Amy e Maria estivessem nas mãos do ser das trevas e ele provavelmente estaria morto. Talvez, mesmo depois de todo seu treinamento não estivesse preparado para enfrentar os perigos que tinham por ai...

 - Calma Silver, Sonic esta cheio de hematomas e talvez tenha deslocado algum osso. Não podemos forçá-lo tanto. – falou Amy ajudando Sonic a se sentar em um tronco que tinha ali perto. Ele ainda mancava um pouco e parecia que na região das costelas ele sentia muita dor, estava preocupada não queria que o garoto se esforçasse muito por sua causa, afinal nem era para ele ter entrado nisso tudo.

 - Desculpa, mas é que não quero me encontrar com aquele mercenário de novo. – falou Silver abaixando a cabeça. Amy o mirou triste, sabia que o garoto devia estar s e sentindo péssimo por não ter ajudado muito desde que começaram essa viajem. Conhecia seu amigo e sabia que ele queria ser um cavaleiro forte para ajudar a todos, devia ser triste perceber que muitas pessoas eram mais fortes que ele e que mal poderia fazer alguma coisa.

 - Não se preocupe amigo. – disse Sonic sorrindo amigavelmente para Silver que o mirou um pouco atordoado. Ele estava todo cheio de dores, mal conseguia andar, havia sido derrotado e mesmo assim tinha um sorriso no rosto? O que esse garoto tinha afinal? – Chegaremos a aquela vila a salvos, não só nela como naquele forte também. Afinal somos dois cavaleiros, quem pode contra a gente?

 - Não percebeu que praticamente perdemos daquele mercenário?! – exclamou Silver, não, praticamente gritou. Estava desconcertado, como ele poderia acreditar que não seriam derrotados se tinham acabado de perder? Como podia estar tão confiante com todas aquelas coisas acontecendo? Era praticamente ilógico, insano... Uma loucura completa! – Não sei se você esta percebendo, mas temos poucas chances de continuar vivos nessa aventura!

 - Não seja tão pessimista. Meu pai sempre dizia: A vitoria pode se conseguir mesmo quando a derrota é o caminho mais certo. Tenho certeza, aposto o que você quiser, que conseguiremos vencer esse mal, não importa o que ou quem se coloca na nossa frente. – disse o garoto com um enorme sorriso no rosto enquanto Amy e Silver o miravam impressionados. Ele sempre foi tão confiante quanto viam agora? – Além do mais esse é seu momento. Como vai mostrar que é realmente um cavaleiro se desiste no meio do caminho quando podia ter ganhado essa guerra?

 Amy sorriu ligeiramente, esse era o animo que todos precisavam para continuar, até mesmo Silver que antes estava tão pessimista com suas situações agora sorria alegre, parecendo estar mais confiante em si mesmo do que nunca. Sonic sorriu para ele, feliz por ter voltado com os ânimos do amigo, era claro que ele estava se sobrecarregando de mais com todos esses acontecimentos e precisava fazê-lo relaxar um pouco e acreditar em si mesmo antes que parasse e não saísse mais do lugar.

 - Droga, esse também não me agrada. – todos se viraram para ver como a maga estalava os dedos sem parar e mudava de roupa o tempo todo. O cenho mais que franzido e os olhos faiscando de fúria, Sonic sentiu um calafrio percorreu seu corpo ao ver a maga tão irritada, Silver sentiu o mesmo enquanto Amy parecia um pouco constrangida com a cena.

 - Maria por que não fica com a roupa que estava usando antes? – perguntou vendo como sua gêmea não parava de mudar de roupa. Estava assim desde que saíram do tele-transporte e até agora ela não encontrara alguma coisa que lhe agradava, sem falar que nem mesmo Amy entendia porque ela fazia isso com tanto desespero, não era bem mais simples ficar com a mesma roupa que usava antes?

 - E ficar com aquele pedaço de pano que ele encostou, nem morta! – exclamou ela voltando a estalar os dedos e mudando novamente de roupa. Amy suspirou e voltou a se concentrar nos ferimentos de Sonic, primeiro cuidou do corte no rosto passando um pano úmido no lugar onde estava para assim limpar a ferida e colocar outro curativo.

 - Foi muito legal o que disse para o Silver. – falou baixinho de uma maneira que só o garoto de cabelos azuis ouvisse. Ele a mirou e viu o sorriso singelo que ela tinha no rosto, não pode evitar sorrir também, ela era tão terna, tão linda... Tão inalcançável. Por que será que havia se interessado pela única garota que nunca poderia ter? Talvez ainda não fosse amar, talvez fosse apenas uma atração, mas por que por ela? Por que por uma princesa?

 - Ele precisava voltar a ter esperança. Apenas fiz o que pensei que era certo. – respondeu desviando o olhar ligeiramente para que ela não visse o ligeiro rubor que tinha ficado em seu rosto. Ela sorriu ainda mais e colocou o curativo no rosto dele e passou para o próximo machucado que era um grande arranhão que ele tinha no braço e que tinha feito quando caiu praticamente encima do mesmo. – Só estou tentando ser um bom companheiro.

 - Você esta fazendo mais por nós do que precisava. – falou educadamente, mas por dentro sentia medo de fazer aquela pergunta que tanto lhe incomodava. Afinal, talvez não fosse por ela que ele estivesse lutando, talvez ele só estivesse fazendo isso pelo reino ou para ter uma aventura. Seu coração se apertou, passara a gostar muito daquele garoto, até mais do que deveria e só de pensar que ele só estava ali por interesse próprio a fazia sentir uma forte tristeza. – Mas por que faz isso tudo? Por que nos ajuda tanto se mal nos conhece?

 - Quando eu era pequeno, não acreditava muito na realeza, nunca me importei com as decisões que o rei tomava o deixava de tomar e para ser sincero ainda não me importo muito. – falou o garoto enquanto a princesa abaixava a cabeça tentando conter as lagrimas que enchiam seus olhos. Era certo, ele não se importava com ela, o que sentia era impossível de ter retorno. – Mas não posso deixar uma pessoa que precisa de ajuda sozinha. Sinto que é meu dever ajudar e é por isso que estou aqui, para ajudar vocês no que precisarem. – a garota assentiu levemente, um pouco triste pela resposta do garoto. Ele percebeu como ela estava e apesar de não saber o motivo levou uma mão até o queixo dela e o levantou levemente e sorriu para ela. – Vamos, não fique com essa cara. Não gosto de ver as pessoas tristes.

 Depois nenhum dos dois soube o que de verdade aconteceu. Cada um se perdeu nos olhos do outro, naqueles mares verdes reluzentes e logo seus rostos começaram a se aproximar de maneira inconsciente e lenta. Chegou a um pouco que um podia sentir a respiração do outro fazendo se sentirem ainda mais perdidos naquele momento, a princesa começou a fechar os olhos enquanto o garoto os mantinha ligeiramente aberto para apreciar um pouco mais da beleza da garota. Faltava apenas alguns centímetros, mais alguns centímetros e finalmente a distancia acabaria e se uniriam em um.

 - Finalmente! – com esse grito os dois despertaram e se separam o mais rápido que puderem os rostos completamente corados e os corações a mil por hora. Maria havia se levantado da pedra que estava sentada e mirava seu atual vestido com os olhos brilhantes, ele era um longo vestido azul que chegava até seu tornozelo, bem justo na parte dos seios e até metade do braço, a saia era meio rodada e folgada com uma fita branca amarrada na cintura da garota e deixando dois fiapos escorrendo pela frente, e no resto do braço era também um pouco folgada chegando a tampar um pouco de sua mão, em seus pés uma delicada bota de salto de couro pequena e que só chegava até um pouco acima do tornozelo. – Esse é perfeito!! Algum problema?

 A maga mirou Amy e Sonic um pouco estranhado, os mesmos negaram rapidamente com a cabeça sem encara um ao outro, virando os rostos para direções opostas. O rosto de ambos estava todo ruborizado enquanto seus corpos se encontravam tensos e bem afastados. Maria mirou os dois confusa, mas logo deu de ombros e mirou o céu vendo que o mesmo começara a ficar escuro, mostrando que logo a noite tomaria o lugar do dia, complicando um pouco a viagem deles.

 - Acho melhor acamparmos aqui. – falou em um tom serio e preocupado. Não queria parar e ser encontrada por aquele garoto mercenário pervertido, mas se caminhassem no escuro eram capazes de se perderem ou encontrar alguma coisa bem pior do que aquele mercenário. Apesar de ainda assim não se sentir segura em ficar a céu aberto com todas aquelas coisas acontecendo, era difícil tomar aquela decisão. –Alguém vai ter que ficar de vigia.

 - Pode deixar que eu fico. – se ofereceu Sonic se levantando com um pouco de dificuldade. Amy o mirou preocupada, não era bom ele ficar fazendo esforço com todos esses machucados, iria acabar piorando sua própria situação.

 - Não, você esta muito machucado, deve descansar. – falou Silver também preocupado. Sonic era de mais ajuda do que ele, o mais aconselhável era que ele estivesse bem e assim estivessem seguros de qualquer coisa que pudesse aparecer. – Eu fico de vigia e depois acordo a Maria para ela ficar.

 - Não precisa se preocupar comigo. Afinal você é que vai ser o responsável de lutar quando alguma coisa aparecer, então é melhor estar bem descansado. – falou Sonic dando uma ligeira piscada para o cavaleiro e logo foi na direção de uma arvore mais afastada e se sentou na mesma. Lá poderia observar seus parceiros e ainda por cima a região envolta, sem falar de poder fazer um ataque surpresa a qualquer um que tentasse atacar seus companheiros.

 Amy o mirou um pouco triste, mas mesmo assim deitou em um canto perto de seus amigos e fechou os olhos se encolhendo o máximo possível para manter o calor. Dessa vez não poderia correr o risco de acender uma fogueira e chamar a atenção de alguém, era melhor que ficassem com um pouco de frio a serem atacados no meio da noite. Respirou fundo o doce cheiro da floresta e se concentrou nos vários sons que tinha na mesma, adormecendo poucos instantes depois.

 Seu tornozelo estava machucado, não podia levantar, não podia ajudá-lo. Via como ele lutava sem parar com aquele ser tão terrível que queria seu poder, que queria controlar o tempo para ter seu corpo de volta e assim dominar o mundo. Não sabia onde estava Maria, nem se estava bem, a única coisa sabia é que seu precioso Cavaleiro do Caos estava arriscando sua própria vida para salvá-la, para que ela continuasse com vida e assim o mundo ficar livre do mal.

 Estava com medo, com medo de perdê-lo nessa guerra tola. As lagrimas escorriam de seus olhos enquanto se sentia uma inútil, uma miserável inútil que não podia ajudar nem o garoto que mais amava em toda sua vida. Ele estava muito machucado, era obvio que não agüentaria por muito tempo, da ultima vez ele morrera por sorte e agora a morte era quase certa para ele e para todos.

 Em um certo momento aquela enorme coisa sem forma o segurou pelo pescoço e o prensou em uma parede de pedras que tinha ali perto. Levou as mãos a boca tentando abafar o grito de medo e terror ao ver como uma grande quantidade de sangue manchava as roxas negras, o sangue de seu amado. Ele a mirou por um instante e sorriu, aquele tão maravilhoso e animador sorriso que sempre fazia as pessoas voltarem a lutar mesmo que estivessem a beira de perder.

 - Te amo. – ouviu como o vento lhe trazia aquelas palavras da boca dele, como se fosse um triste adeus. Mais lagrimas escorreram de seus olhos quando viu que ele não pretendia mais voltar, que ele acabaria com aquilo naquele instante. Queria gritar que não fizesse isso, que não a deixasse, mas sua voz não saía, estava presa na garganta por um nó forte.

 Em um ágil movimento ele se libertou das garras daquela coisa e a perfurou com sua espada, a empurrando na direção de um abismo que tinha ali perto, mas não um abismo profundo, mas um que no final era cheio de estalagmites pontiagudas e perigosas que podia perfurar tão bem quanto uma espada bem amolada. Arregalou os olhos ao ver ele empurrando aquela coisa naquela direção e o jogando no mesmo, mas ao mesmo tempo sendo puxando junto. O nó em sua garganta desapareceu e agora tinha toda a liberdade para gritar.

 - SONIC!!!

 Abriu os olhos rapidamente, completamente assustada pelo sonho que acabara de ter. Levantou-se lentamente de seu lugar se sentando na grama que tinha deixo de si com a respiração agitada e as gotas de suar, pequenas e discretas, escorrendo por sua testa levemente. Seus olhos também estavam ligeiramente úmidos, passou a mão por todo seu rosto limpando as lagrimas e o suor que tinham acumulados.

 Olhou em volta e pode ver com um vulto estava sentado no pé de uma arvore. Sorriu ligeiramente e se levantou, indo na direção daquele vulto com lentidão e silencio, procurando não assustá-lo. Quando estava bem próximo dele ouviu um alto bocejo e não pode evitar soltar uma ligeira risada o que chamou a atenção do garoto de cabelos azuis que a mirou um pouco sobressaltado.

 - Não devia chamar alguém para ficar no seu lugar já que esta com tanto sono? – perguntou divertida e se sentando do lado do garoto e soltou uma queixa brincalhona fazendo a garota rir mais um pouco.

  - Estou bem, não precisa incomodar ninguém por minha causa. – falou voltando a mirar o céu estrelado por entre as arvores que eram um pouco juntas uma das outras. A garota também mirou na mesma direção sorrindo ligeiramente e levando as penas até o peito, as abraçando com delicadeza. – E o que você esta fazendo acordada a essas horas?

  - Acordei e não tive mais sono. – mentiu dando de ombros. Não queria falar de seu pesadelo, muito menos pelo fato de ter visto a morte dele. Dava muita importância a seus sonhos, eles eram uma passagem para seu poder e todos tinham um significado. Só não queria acreditar no que aquele tinha lhe mostrado.

 Um leve silencio pairou sobre eles, mas não um incomodo. De alguma forma os dois se sentiam bem estando juntos, tanto que nem precisavam de palavras. O acontecimento mais cedo fora levemente esquecido e agora os dois apenas apreciavam esse momento juntos. Mas a garota tinha uma questão em sua cabeça que não queria sair de maneira nenhuma. Depois de seu sonho começara a se questionar se realmente conseguiriam ganhar em toda essa confusão.

 - Sonic. – chamou um pouco indecisa. O mesmo a mirou interrogativo esperando que continuasse a falar. – Você tem certeza que conseguiremos? Quero dizer, olha a força que essas pessoas do lado das trevas tem, olha o que fizeram com você! Acha mesmo que temos chances de ganhar isso?

 - Amy. – o garoto segurou seus ombros e a mirou diretamente nos olhos, a expressão serena a deixava intrigada, se perguntando se quando aquele garoto ficasse preocupado ou até mesmo assustado as coisas realmente estariam ruins. Ele levou uma mão até seu rosto e o levantou levemente enquanto um pequeno sorriso era esboçado em seu rosto. – Te garanto que vamos conseguir, não importa as dificuldades conseguiremos ganhar essa luta. Posso não ser um guerreiro treinado bom para analisar as coisas, ou um mago que prevê o futuro, mas posso te afirmar que nunca desistirei até conseguir deixar você e o resto do mundo, seguros.

Os olhos da garota ficaram marejados enquanto um pequeno sorriso era esboçado em seu rosto. Rapidamente abraçou o garoto com força não querendo nunca mais se separar do mesmo. Já não sabia mais se era por causa do sonho que tivera ou pelo o que ele acabara de dizer, só sabia que queria senti-lo perto e nunca mais deixar que esse calor do corpo dele desapareça de seus braços. Afundou seu rosto no peito do mesmo e deixou que um extenso sorriso tomasse seus lábios enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto.

 - Obrigada. – sussurrou o abraçando com um pouco mais de força. O garoto sorriu e retribuiu o abraço acariciando os cabelos rosas da garota com delicadeza, sentindo o doce cheiro que o mesmo emanava. Era de baunilha e talvez com um pouco de chocolate, um cheiro doce que enchia seus pulmões com agrado e gosto, tragado quase com desespero. Sentia como ela praticamente desaparecia em seus braços, parecendo tão pequena entre os mesmos, como uma pequena boneca. Seu desejo era de proteger aquela pequena, de se entregar a ela por toda a eternidade. – Sonic. Sente falta dos seus pais?

 - As vezes. Quando estou sozinho em minhas viagens e acabo pensando em uma das frases que meu pai usava para me animar. – falou com nostalgia, se lembrando de seus pais que não o viram completar nem mesmo seus treze anos. Os perdera tão seguido que tinha medo que todos a sua volta tivessem o mesmo destino. – E quando penso nas comidas da minha mãe.

 Amy riu ligeiramente e logo olhou para o céu estrelado. Sentia saudades de seus pais, queria muito ver o sorriso gentil de sua mãe e sentir o abraço firme e forte de seu pai. Tinha medo do que poderia ter acontecido com eles.

 - Será que meus pais estão bem? – perguntou, mais para se mesma do que para o garoto que a continuava abraçando e acariciando seus cabelos. – A ultima vez que os vi foi horas antes do castelo ser atacado.  Só espero que estejam bem.

 - Não se preocupe. Seja onde estiverem tenho certeza que estão torcendo para que tudo termine e você esteja bem. – falou o garoto a acomodando mais em seus braços e balançando seu corpo em um ritmo lento e delicado de uma maneira que ela pouco a pouco fosse pegando no sono. – Eles estão bem, agora é melhor você dormir que amanhã temos uma longa caminhada a fazer.

 Ele deu um ligeiro beijo em sua testa e ela fechou os olhos não suportando mais o peso de suas pálpebras. Em poucos instantes acabou dormindo e dessa vez sem nenhum pesadelo, nem mesmo sonhos, apenas um sono profundo e tranqüilo sem ser incomodada por nada e ainda se sentindo protegida e segura, esquecendo tudo aquilo que estava acontecendo por algumas horas.

 - Amy. – ouviu uma doce voz sussurrar perto de si fazendo com que despertasse lentamente, mas ainda se sentindo um pouco grogue pelo profundo dono que estava antes. – Ei, Amy. Temos que ir. Acorda.

 Abriu levemente os olhos e se deparou com aquele sorriso gentil do garoto de cabelos azuis que a estava balançando levemente pelo ombro a alguns minutos para que ela finalmente despertasse de seu sono profundo. Ele sorriu ainda mais ao vê-la abrir os olhos e a ajudou a se levantar para assim continuar a andar.

 Maria ia na frente usando sua magia para saber que caminho deveriam seguir, Silver estava um pouco atrás vigiando para ver se havia algum inimigo por perto enquanto Sonic e Amy ficavam mais atrás andando lado a lado tranquilamente. Apesar de na maior parte das vezes os dois ficassem em silencio não se sentiam constrangidos nem incomodados em ficarem daquela maneira um do lado do outro, era até mesmo aconchegante, principalmente quando seus braços se roçavam lentamente e faíscas elétricas passavam pelos corpos de ambos fazendo arrepiarem de uma forma agradável e prazerosa.

 - Mais alguns metros e chegaremos a vila. – falou Maria saltando de um pequeno barranco que tinha em um trecho do caminho. Silver apenas deslizou pela terra sem problemas. Sonic foi o primeiro a descer e levou logo depois a mão na direção de Amy oferecendo ajuda. A garota aceitou com agradecimento e desceu o barranco com cuidado, mas em uma certa parte acabou tropeçando em uma raiz solta que tinha ali e caiu encima do garoto que foi forte o suficiente para apoiá-la e não cair no chão.

 Amy mirou o peito do garoto que estava na sua frente e logo subiu o olhar se encontrando com os olhos dele que a miravam com carinho. De novo se perdeu naquela imensidão esverdeada enquanto seus dedos tocavam com cuidado o peito do garoto, sentindo cada detalhe, cada músculo, cada divisória que tinha. Ele segurava com uma mão sua cintura enquanto a outra segurava levemente seu pulso, seus olhos não desgrudavam dos dela nem por um instante e seus corpos não se afastavam, na verdade até mesmo se aproximavam ainda mais. As dores que antes sentia em seu corpo pareciam ter desaparecido por completo e agora tudo o que existia era ele e ela, mais nada.

 Uma risada ecoou no ar, fazendo os dois voltarem a realidade assustados. Sonic abraçou protetoramente a princesa e olhou em volta procurando pelo mago ou pelo mercenário. Silver tirou sua espada da bainha e a preparou para uma luta enquanto Maria tentava usar seus poderes, mas nada parecia funcionar o que só significava uma coisa... De repente um presença apareceu atrás de si e antes que pudesse se virar para ver quem era alguém segurou seus dois pulsos com uma só mão e outra se colocava em sua boca.

 - Sentiu minha falta bruxinha? – perguntou o mercenário no ouvido da garota que sentiu um forte arrepio percorrer seu corpo. Nos pés dos outros uma neblina branca e densa preenchia o chão, tampando sua visão até as canelas. Dessa neblina começaram a aparecer aquelas criaturas negras, só que essas estavam um pouco maior, chegando talvez a oitenta centímetros.

 Elas rapidamente atacaram os que haviam sobrado, se lançando contra Sonic e Amy, separando os dois enquanto Silver já conseguia eliminar boa parte das que o atacavam. Sonic, por ainda não estar em condições de lutar foi pego com facilidade, sendo segurado pelo pescoço e pressionado contra uma arvore por uma daquelas criaturas, que fazia vários arranhados em seu pescoço. Amy já fora segurada pelos pulso por uma cobra que saiu de uma parte da floresta, da mesma parte que o mago das trevas aparecia com seu sorriso divertido no rosto. A garota sentiu seu corpo pesar e caiu de joelhos no chão sem poder se mover, Sonic era estrangulado lentamente enquanto Silver escapava das criaturas e se dirigia até o garoto de cabelos azuis, o libertando cortando rapidamente a cabeça da criatura que se desintegrou em nevoa negra e densa. Sonic caiu de joelhos no chão tossindo levemente enquanto seu pescoço ainda sangrava.

 - Tudo bem? – perguntou Silver colocando uma mão nas costas de Sonic que apenas assentiu levemente e mirou o lugar que o mago estava e do lado dele a princesa sem poder mexer um músculo se quer, do outro lado estava o mercenário prendendo sem problemas a maga que se encontrava indefesa sem seus poderes. Silver se colocou de maneira ofensiva apontando a espada para o mago e o mirando de maneira intensa. – Solte a princesa agora!

 - Ou então o que garoto? – perguntou o mago divertido sorrindo maliciosamente e fazendo a cobra enroscada no pulso da princesa apertar o corpo ainda mais, fazendo a garota soltar um grito de dor, que fez os dois cavaleiros ficarem tensos de preocupação. – Vamos, abaixe essa antes que acabe se arrependendo. Afinal nem mesmo seus superiores conseguiram me parar e defender o rei e a rainha.

 - O que você fez com meus pais!! – gritou Amy reagindo ao ouvir mencionarem seus pais. No fundo de sua mente já sabia o que tinha acontecido com eles ao caírem nas mãos daquela mago terrível, mas em seu coração e em boa parte de sua mente ainda mantinha a esperança de que eles estivessem bem, de que eles ainda se mantinham com vida.

 - Não te informaram garota? – perguntou o mago se aproximando dela que começara a tremer. Não sabia se estava com medo por sua vida ou se tinha medo de saber a resposta, no final das contas estava com medo. – Eles morreram. Não tiveram a menor chance, sua mãe ainda teve um valor um pouco maior ao me dar a energia que precisava para me manter jovem por mais um tempo. E ela era realmente bonita, principalmente na cama. Me pergunto se ter a filha dela seja melhor.

 Os olhos de Amy se arregalaram e começaram a escorrer algumas lagrimas. Aquele homem tinha matado seus pais, tinha abusado de sua mãe e drenado sua energia para interesses próprios. E tudo o que fazia agora era fugir, tudo o que estava fazendo era se esconder! Abaixou a cabeça sentindo uma enorme dor no peito, se sentindo simplesmente a pessoa mais miserável de todas, afinal, seus pais tinham morrido e ela não fez nada, seus amigos e súditos estavam morrendo e ela era apenas a princesinha indefesa que não podia fazer nada! Queria ser forte! Queria poder ajudar e não apenas se esconder!

 De repente um brilho meio amarelado a rodeou, enquanto seus ombros tremiam levemente. O mago a mirou um pouco confuso, mas logo que ela levantou a cabeça todo seu poder se liberou lançando ao mago e muitas das criaturas sombrias para longe. Ela se levantou com sem nenhuma expressão no rosto, os olhos reluzindo da mesma maneira que seus poderes enquanto seu vestido esvoaçava para todos os lados. Seus amigos também foram atingidos pela enorme força, Silver teve que fincar a espada no solo e se segurar na mesma para se manter no lugar, Sonic se segurou na arvore que estava do seu lado enquanto Maria foi lançada para trás junto com o mercenário.

 Ambos atingiram uma pedra que tinha ali perto, mas ele tomara a maior parte do impacto já que seu corpo estava na frente do da garota e por isso tudo que ela fez foi espremer mais seu corpo contra a rocha. Por causa da dor que tivera nas costas acabou soltando a garota que aproveitou aquilo para se virar e usar seu poder que tinha voltado com o afastamento do mago e assim mandar o garoto para outra parte da floresta, uma não muito distancia já que sua energia ainda não havia voltado completamente.

 Amy ainda se encontrava fora de controle e parecia que nada poderia parar aquele imenso poder que ela liberava. Sonic a mirou, vendo nos olhos reluzentes da garota uma dor enorme e profunda. Agora sabia o porque de dela ter perdido o controle. Lentamente se levantou ainda se segurando na árvore e deu o primeiro passo na direção da garota. A energia que ela liberava o empurrava para trás, mas com um pouco mais de força conseguiu dar o segundo passo e se soltar do tronco. Pouco a pouco foi se aproximando da garota, dando passos pesados tentando não perder o equilíbrio e se lançado longe, seu braço na frente do rosto o tampava para que nada fosse na direção de seus olhos.

 - Amy, sei que estava errado com relação a seus pais, mas não precisa ficar assim! – gritou quando estava bem perto da garota. Deu mais uns três passos e pode abraçá-la, um abraço forte e ao mesmo tempo delicado e carinhoso. – Sei que é difícil saber que os pais morreram! Sei que deve estar sendo muito difícil para você aceitar isso, mas tenho certeza que eles não gostariam de te ver assim! Eles não iriam querer que você sofresse por eles Amy, eles iriam querer que você continuasse seu caminho para salvar o que eles não puderam! A culpa não foi sua, mas você pode provar a todos que é capaz de salvar a todos! Você não é fraca Amy! Eu sei disso!

 Aos poucos o poder da garota ia diminuindo, aos poucos o vento diminuía e todos poderiam se mover livremente. Os olhos da garota voltaram ao normal e ela olhou para cima vendo o ligeiro sorriso do garoto. O mesmo levou uma mão até seu rosto e tirou alguns fios de cabelo que caiam no rosto da pequena.

 - Sei que você não é fraca e seus pais também sabem. – sussurrou ele fazendo os olhos da garota voltarem a ficar marejados e finalmente deixarem a as lagrimas escorrerem enquanto o abraçava com mais força e gritava com força, deixando toda a frustração sair de seu corpo. O garoto apenas a abraçava deixando que ela descarregasse tudo o que precisava. Ele estaria ali para apoiá-la, agora e sempre.

 - Eu falei que não ia dar certo. – falou o mercenário passando a mão no pescoço que doía rigorosamente por causa do mau jeito que havia caído. Na verdade todas suas costas doíam por causa do forte choque que tivera com a pedra alguns minutos atrás. – Apesar de não saber que isso ia acontecer exatamente.  

 O mago se encontrava pensativo. Já havia usado seu poder para voltar para o castelo e agora apenas seu holograma se encontrava ali com o mercenário. Em sua mente ele encaixava as peças do quebra cabeça que passava a fazer sentido, agora não só queria a maga como também a princesa. O poder dela era simplesmente...

 - Inacreditável. – acabou falando em voz alta chamando a atenção do mercenário que o mirou sem entender do que se tratava. O mago, ainda em seus pensamentos, sorriu ligeiramente. – O que adianta ter juventude eterna se não temo verdadeiro sabor do poder? Conseguirei essa força, mesmo que tenha que enfrentá-lo pessoalmente.

 Shadow nada entendia do monologo do mago, mas de uma coisa tinha que admitir, aquela força da princesa era simplesmente incrível. Se todas as princesas daquela terra tem aquela força então ele não queria mais saber de ir atrás delas. Talvez só fosse ficar naquela missão para assim poder mostrar aquela maga irritante como poderia ser forte e assim pegá-la.

 O mago desapareceu e dessa vez esqueceu de reforçar sua ameaça contra o garoto, o que o mesmo agradecia mentalmente. Seja o que for que tivesse se metido não estava gostando nada.