A Loucura do Amor escrita por BiasC


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo! Nem demorei tanto dessa vez né?



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POV Clarisse La Rue

 -Sendo assim, seja bem vindo de volta, Chris.
 Suspirei aliviada. Eu estava de volta ao acampamento, Chris estava comigo e Quíron tinha o aceitado de volta. Enfim, tudo estava certo.
 -Espera ai! Você vai deixar ele voltar assim, como se nada tivesse acontecido? Ele estava do lado de Cronos!
 E eu realmente tinha achado que meus problemas tinham acabado.
Olhei irritada na direção daquela voz e me irritei mais ainda quando vi quem tinha dito aquilo. Se tratava de Josh, um filho de Afrodite que tinha fama de metido no acampamento. Eu já estava pronta para lhe dar uma bela resposta, mas Quíron foi mais rápido.
 -Sim, eu vou deixar, Josh. O acampamento vai abrigar qualquer semideus que estiver disposto a nos ajudar e como Chris disse, ele está arrependido.
 -Mas ele pode estar mentindo. Ele pode ser um espião de Cronos e...
 -Cala a boca, seu...
 -CLARISSE!
 Quíron berrou meu nome e eu parei minha frase ao meio, antes que eu falasse algo que provavelmente me renderia uma semana ajudando na limpeza dos estábulos. 
 Eu praticamente bufava de tanta raiva. Quem ele acha que é pra ficar desconfiando do Chris? Ai, se Quíron não estivesse aqui, ele ia aprender a ficar quieto!
 Olhei pra Chris, que se mantinha ao meu lado sem falar nada. Ele parecia realmente mal com tudo aquilo e eu fiquei com pena dele. Era óbvio que ele estava se sentindo culpado pelo que tinha feito e eu subitamente tive o pressentimento que se aquilo não acabasse logo, ele voltaria a ficar enlouquecido. 
 -E quanto a você, Josh, agradeço a sua preocupação, mas a segurança do acampamento está sob minha responsabilidade, portanto, quem deve se preocupar com isso sou eu, não você.
 Abri um enorme sorriso quando ouvi a resposta de Quíron, mas aparentemente Josh não sabia quando era pra ficar quieto.
 -Tudo bem então. Ele pode ter se arrependido e tudo mais, mas quem me garante que ele não vai ficar irritado e nos trair de novo? Afinal, ele ainda não foi recl...
 Ele parou de falar e por um segundo eu me perguntei o porque, mas então eu percebi que ele, e todos que estavam presentes, olhavam para algo brilhante que estava acima da cabeça de Chris. 
 O caduceu de Hermes pairava logo acima dele.
 -Bom, Josh, se problema era esse... Chris Rodriguez, você acaba de ser reclamado por Hermes, o mensageiro dos deuses.
 Chris apenas olhou pra ele, incapaz de falar qualquer coisa. Felizmente, Quíron pareceu entender que ele precisava de um tempo e mandou que todos os campistas voltassem às suas tarefas. Logo eu e Chris estávamos sozinhos.
 -Chris, você está bem?
 Ele se sentou em uma grande pedra, sem responder a minha pergunta. Eu não podia culpá-lo, tinha sido uma pergunta idiota, afinal, não podia ser mais claro que ele não estava bem, mas eu não conseguia pensar em nada melhor pra dizer.
 -Eu só não consigo entender. Ele teve toda a minha vida pra me reclamar, por que só agora? Eu não quero, Clarisse, juro que não quero ficar com raiva de novo, mas...
 Me sentei ao seu lado na pedra.
 -Não, Chris! Não faz isso! Olha, eu imagino que você deve estar chateado, mas se revoltar não vai adiantar. E isso não é nem ruim, certo? Afinal, você foi reclamado. Isso é bom!
 Ele me olhou incrédulo.
 -Bom? Não é bom! Eu fui reclamado depois de anos. E o pior é que todos esses anos eu estava vivendo no chalé dele! Estava vivendo lá e nem assim ele se deu ao trabalho de me reclamar antes. Eu nunca teria imaginado que ele... –Chris soltou um suspiro frustrado, sem querer completar a frase.
 Eu me remexi, desconfortável.
 -O que foi?
 -Como assim? –Eu tentei despistar, mas sabia que ele havia notado o meu desconforto.
 -Você ficou estranha, de repente. Está me escondendo alguma coisa, Clarisse?
 E agora? Decidi que era melhor contar a verdade. Já que eu teria que falar alguma hora, que fosse logo agora.
 -Bem, é que se você pensasse direito... Talvez... Desse pra imaginar e...
 Eu não sabia direito como falar aquilo, mas Chris pareceu entender. E também pareceu não gostar nem um pouco.
 -Você sabia?! Sabia que Hermes era meu pai?-Perguntou ele, se levantando da pedra e me encarando seriamente.
 -Não, eu não sabia. Bom, não exatamente.
 -Clarisse! OK, eu vou reformular a pergunta. Você suspeitava que Hermes fosse meu pai?
 -Hum, sim. –Eu admiti nervosa.
 -E porque não me falou nada?
 Ele já tinha elevado o tom de voz e olhava pra mim realmente irritado.
 -Porque eu não tinha certeza!
 -Mas devia ter me contado assim que desconfiou disso! –Ele gritava comigo, me deixando assustada. –Desde quando você sabia disso?
 -Já disse que não sabia, só suspeitava. É diferente. E bom, desde que nós recebemos as passagens. Eu sabia que não tinha sido o meu pai, ele ainda está irritado comigo, não faria isso. E Hermes é o deus dos viajantes então, eu imaginei que talvez ele fosse seu pai.  Só isso.
 -Só isso? Como assim SÓ isso, Clarisse? Você tinha que ter me falado! Quando as passagens apareceram, eu te perguntei! Perguntei quem você achava que tinha as mandados e você me disse que não sabia! Mentiu pra mim, Clarisse! Como você acha que eu vou confiar em você depois disso?!
 Demorei um tempo pra assimilar as palavras dele.
 -Chris, não, você não vai fazer isso comigo, né? Você não pode me deixar! Não está pensando nisso, está?
 Ele me olhou tristemente.
 -Eu não sei...
 -Chris, por favor! Olha, me desculpa, mas eu não queria te chatear. Por favor, não faz isso comigo.
 -Eu preciso de um tempo pra pensar, Clarisse. Depois nós conversamos, ok?
 E sem nem ao menos esperar pela minha resposta, ele saiu. Me deixando ali, sentada em uma pedra, sem saber o que pensar e a beira das lágrimas.
 Eu nunca tinha me sentido assim, parecia que o mundo tinha acabado, que nada mais valia a pena. Tudo que eu queria, pela primeira vez na minha vida, era sentar e chorar. Levantei desanimada e fui andando lentamente em direção a arena. Em geral, estar na arena era algo que me fazia bem, provavelmente isso tinha algo haver como o fato de eu ser filha de Ares. Mas naquele momento, nem mesmo a visão da grande arena de pedras conseguiu me animar.
 Me sentei na ultima fileira da arquibancada e deixei que as lágrimas caíssem sobre o meu rosto. Eu não conseguia aceitar aquilo. Ele não podia fazer aquilo! Não depois de tudo que eu passei pra ficar com ele. Os dias no labirinto, a briga com meu pai, o reencontro com a minha mãe, tudo aquilo voltou pra minha cabeça em uma velocidade assustadora. Estava tão concentrada nas lembranças que nem notei alguém se sentando próximo de mim.
 -Clarisse?
 Assustada por perceber que eu não estava mais sozinha, eu virei minha cabeça e vi uma menina com o cabelo loiro caindo em cachos por seus ombros e com uma maquiagem perfeita me encarando curiosa.
 -Silena?
 Eu respondi no mesmo tom curioso. Embora soubesse quem ela era, eu nunca tinha realmente falado com a chefe do chalé de Afrodite.
 -O que aconteceu?
 Lancei a ela um olhar desconfiado.
 -Quero dizer, se você não quiser me contar, sabe, não precisa...  –Ela tentou consertar parecendo realmente sem graça.
 -Tudo bem, é que eu... Eu e o Chris brigamos.
 -Ah, bem que eu reparei... Vocês estão mesmos juntos, não é?
 -Sim. Quero dizer, agora eu não sei.
 -Tenho certeza que vai ficar tudo bem. Ele gosta muito de você.
 -Como você sabe?! Nem o conhece.
 Eu não quis ser rude, mas Silena não pareceu ficar chateada. Pelo contrário, respondeu como se fosse a coisa mais simples do mundo.
 -Eu sei porque eu senti, oras. Sou filha da deusa do amor, eu posso sentir esse tipo de coisa.
 -Ah. –Eu não consegui pensar em nada mais inteligente pra dizer, mas de novo, Silena continuou normalmente.
 -Mas qual foi o motivo da briga?
 -Ele ficou chateado porque acha que sabia que Hermes era o pai dele.
 -E você sabia?
 -Não! Só suspeitava... –Eu disse pelo que me pareceu a décima vez naquele dia.
 -Hum, entendi. Bom, não conheço vocês direito, então não posso dizer quem está certo, mas independente disso, acho que isso não é motivo pra terminar um relacionamento. Acredite em mim, ele te ama muito, senti isso assim que chegaram. Na verdade, ele te ama tanto quanto você o ama.  Por que você não vai procurá-lo, hein?
 -Porque ele não quer me ver!
 -Como você sabe?
 -Porque ele me largou sozinha?!
 -Ficar irritada com ele não vai ajudar, Clarisse. Ele está confuso, precisa de ajuda. E só você pode ajudá-lo. Você tem que ir atrás dele, agora.
 Ela parecia absolutamente certa do que estava dizendo. Pensei um pouco em suas palavras e decidi acreditar nelas.
 Me levantei, passei a mão pelo rosto, retirando os vestígios de lágrimas e então olhei pra Silena que observava a minha mudança de atitude com um sorriso.
 -Você tem razão. Eu vou atrás dele. Afinal, não tenho nada pra perder.
 Ela se levantou também.
 -É isso ai! Isso que eu gosto de ver! Arrasa, garota!
 Eu ri da animação da menina, mas logo voltei a ficar séria.
 -Silena, obrigada. De verdade, você me ajudou muito.
 -Não foi nada. Pode contar comigo, Clarisse, pro que precisar.
 -Obrigada, de novo.
 Eu saí da arena, pensando em onde Chris poderia estar. Quíron havia mandado todos os campistas irem fazer suas atividades, então, todos os chalés provavelmente estariam vazios, inclusive o de Hermes. Decidi procurar lá primeiro.
 Me encaminhei ao chalé pensando no que eu diria, não queria brigar, portanto teria que tomar cuidado com o que diria. Mas eu nunca cheguei a realmente dizer alguma coisa, porque ao abrir a porta eu vi a única cena que eu nunca iria esperar. Era Chris. Aos beijos com outra garota. 
 Ele rapidamente se separou da garota e tentou falar alguma coisa quando me viu parada a porta, mas já era tarde. Eu já havia fechado a porta e ido embora.




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Notas finais do capítulo

Só eu amo a Silena?
Gente, eu queria agradecer, muito, muito mesmo pelos reviews do último capítulo. Sério, eles me ajudaram muito! Obrigada!