Cheers Darling escrita por Venus Noir


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Fic escrita pra Guigs~ Talvez não seja de seu gosto tanta depressão, mas atualmente eu não sou capaz de produzir outra coisa. Eu sequer era capaz de produzir alguma coisa até um dia desses, então ter escrito essa fic é algo muito importante pra mim. ): Espero que você a receba de coração, minha amiga. ♥ Quem sabe ela não represente minha volta, [risca]não tão triunfal[/risca] volta?
Quanto ao enredo... Isso é pra ser o que acontece antes de o Minnie tomar aqueles remédios etc. Antes de ele tentar se matar... Tá tudo em Neorago. Vejam lá.



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O suor descia profusamente por sua tez límpida. Tinha o rosto erguido aos céus, a fim de impedir que as lágrimas que se acumulavam no canto de seus olhos se misturassem ao suor que cintilava em sua face. Não iria derramá-las. Por tudo o que era, não iria derramá-las.

Ficou muito tempo ali, um tempo infinito. Seus pés fincados ao chão, seus lábios já ressequidos pelo sol e pelo vento, as lágrimas cristalizando-se em seus orbes. Seu coração, que antes batia freneticamente em sua caixa torácica, havia se acalmado, o ritmo dele se tornara exatamente o oposto: lento, preguiçoso, débil. Não havia nada a pensar, nada a dizer. O motivo de seu desespero, e da inércia que o seguiu, já havia se perdido, se misturado ao amontoado de lembranças más de seu passado. E nenhuma delas emergia daquele lago escuro de sua memória, nenhuma fazia sentido por si só.

Não saberia explicar porque estava ali. Parecia ser o dia mais quente do ano, o dia mais triste.

Nunca antes havia relacionado calor com sofrimento. Sol com a sensação opressora, depressora que tomava conta de si. Os verões sempre foram tão alegres. Apenas guardava boas recordações dos que vivera até ali. Mas, que pena, não haveria outro. Pois era o fim.

Tudo o que lhe restara eram as réstias que lhe surgiam como num clarão de lucidez. Mal sabia, mas já estava louco. Não era nada, a não ser a loucura que o aguardava. A eterna e inerente dádiva da loucura que, uma vez adquirida, não pode ser dissipada.

Uma frase insistente teimava em ecoar. Não a decodificara, mas ela não o abandonava.

É tarde demais. Você não sabe disso?

E era tarde demais.

Seu rosto já deveria estar bronzeado. E que queimasse em pústulas abertas. Queria ser um monstro. Repulsivo, asqueroso. Havia somente esse desejo claro em si: o de se tornar fisicamente tão deteriorado e quebrado quanto era emocionalmente. Espiritualmente.

Fora só uma coisa, só alguém que arruinara tudo, entretanto não havia sido só isso. Não fora só ele. Ele, Cho Kyuhyun. Era um nome que também persistia, mesmo beirando ao precipício da insanidade, não se esqueceria dele. De Cho Kyuhyun. Não era por ele e por todas as coisas ruins que ele lhe causara. Em sã consciência, admitiria que também fizera a ele tanto mal quanto recebera. Não era por ele. Era por todos os planos, por toda a esperança, por todo o perdão e espera que havia depositado nele. Era pelo sentimento ridículo e massacrante que ainda imperava. Amá-lo era a pior das maldições.

Não a carregaria por muito mais tempo.

Estava farto, sim. E a raiva ia injetando sangue em seus olhos àquela altura. Estava cheio, estorvado daquela situação! Ia dar um ponto final em tudo, tinha que ser assim. Por seus próprios meios, por seus próprios recursos.

Deixara o sol. Pelo que acreditava ser a última vez, permitiu que os raios poderosos turvassem sua visão. Cambaleou de volta pra dentro de casa como um cego; sequer conhecia o lugar dos móveis, onde pisar, ou onde evitar por o pé. Ainda assim, foi sagaz o suficiente para alcançar a geladeira, e tirar de lá o bordeaux que guardara para alguma ocasião especial. Que, não por acaso, nutria expectativas de que fosse com ele.

Estava tudo desfeito. Em breve, até a sua própria vida.

E quanto ao convite, o infame convite de casamento, este ainda estava jogado na mesa da copa. Era engraçado pensar como não sentia ódio. Nem raiva, nenhuma emoção negativa. Raciocinava bem, estava quase em pleno controle de suas faculdades mentais. Retomara todas as lembranças que pensara haver perdido, as tinha novamente sob seu julgo. Estava tudo claro demais. Quem sabe não fora o sol? O sol havia embaralhado suas idéias. Mas as havia recuperado. Sua resolução, a havia recuperado.

Prestes a abrir mão da única coisa a qual ele não poderia recuperar, sentia-se tão bem que arriscaria dizer-se feliz. Tinha a certeza de que, em breve, nada o iria perturbar. Descansaria em paz.

O bordeaux preencheu a taça até o meio, na medida. Ergueu-a, num brinde silencioso para o vazio.


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Notas finais do capítulo

Essa sou eu tomando fôlego pra escrever Above the Rainbow novamente~
Eu tinha mesmo dito que eu não iria mais escrever fics? É... Eu não ia. Sou pouco bipolar??
Enfim, escutem Cheers Darlin' do Damien Rice, gente. Eu aposto que vocês, assim como eu, vão sentir vontade de interpretar/dublar essa música enquanto seguram um copo de vinho e fumam um cigarette e choram por ninguém. Ou não.
Well... Enjoy.