Desculpas Atrasadas escrita por Yue Chan, MichelleCChan


Capítulo 5
05-Visitas.


Notas iniciais do capítulo

Eu fiquei muito surpresa quanto constatei que não mechia nessa fic a tanto tempo! Desculpas pessoal, espero que não tenham desanimado, prometo demorar menos a postar!



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Kagome se aproximou do arbusto sem muita convicção de que estava fazendo o certo, poderia ser um ladrão, e caminhar de encontro a ele com uma criança no colo, poderia ser algo extremamente perigoso a se fazer, mas suas pernas pareciam ter vida própria, e a faziam se aproximar cada vez mais ignorando a razão. O coração batia acelerado, como se soubesse quem estava atrás e tentasse lhe avisar silenciosamente.

A porta da casa abriu, fazendo ela se assustar e parar o processo de vasculha.

_ Kagome, você demorou querida!Onde esteve?- Azumi perguntou preocupada.

A pergunta foi tão repentina que a pegou de surpresa. Não sabia se deveria contar a mãe o que estava acontecendo com o filho mais velho, nem que tinha saído para prestar queixa na delegacia por ele estar sendo agredido e acabou mudando de idéia ao ouvir o seu relato. Aquilo a frustrava amargamente, e ainda se perguntava se estava fazendo o certo, mas resolveu deixar as preocupações para outra hora, à mãe olhava indagativa e não podia deixá-la no vácuo a espera de uma resposta. Porém não sentia vontade de lhe contar a verdade e vê-la chorando pelos cantos, afinal sabia que sua mãe era muito sentimental.

_Eu precisei resolver uns problemas. – respondeu tentando não ocultar toda a verdade, mas sem dar detalhes.

_ E porque o Hayato foi com você?- ergueu uma das sobrancelhas. Sabia que a filha não estava contando toda a verdade.

_ Sabe como ele é teimoso. Sempre atrás de mim querendo fazer companhia. – deu um sorriso amarelo não muito convincente.

_ Mas ele estava gritando e você estava alterada quando desceu.

Kagome estava muito cansada para interrogatórios demorados, e sua mãe sabia agir como detetive quando queria.

_ Não se preocupe com isso, o que importa é que estamos bem e de volta. – disse tentando encerrar o assunto.

Mesmo a contragosto, Azumi deu espaço para a filha entrar, e só então reparou em Hayato que estava com a perna engessada.

_ O que aconteceu com o meu neto?-perguntou apavorada tocando a perna dele.

Mais uma explicação...

_ Depois eu te conto mãe, estou cansada e preciso de um banho. –dessa vez realmente encerrou o assunto, e se pôs a subir a escada com o menino nos braços. Apesar de gostar da proximidade dos corpos, ele estava pesado e o corpo dolorido e cansado teimavam em lembrar-lhe desse detalhe.

Alcançou o quarto do filho, mas resolveu passar direto. Dessa vez ele iria dormir junto com ela. Seria uma ótima oportunidade de fortalecerem os laços que, ultimamente estavam fracos, e quem sabe com isso, conseguir convencer o filho a mudar de escola.

Colocou-o na cama com cuidado para não acordá-lo. Tirou-lhe os sapatos e lhe deu um beijo carinhoso na testa, antes de caminhar em direção ao banheiro. Olhou para o berço que estava ao lado da janela e passou a mão pelo rosto do caçula que dormia esparramado, com a chupeta ao lado. Pegou-a e pôs na boca dele, observando que estava tão cansado que nem se atentou em segura-la, deixando que caísse pela boca semi-aberta.

Fechou a janela, e depois de pegar uma toalha no armário, entrou na suíte, com a promessa mental de um longo banho revitalizante. Precisava relaxar urgentemente.


–*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*


Kikyou revirou-se no futon vazio. Não queria ir atrás de InuYasha e mostrar um lado fraco, mas a espera pelo hanyou estava tirando-a do sério.

Levantou indecisa, estava inquieta com a falta dele, como se algo avisasse que não podia deixá-lo se afastar demais. Estava muito distante nos últimos meses. Ficava horas sentado no gramado admirando as estrelas, perdido em pensamentos, ignorando a sua presença. Por mais que quisesse se convencer do contrário, ela sabia que ele pensava em Kagome, e isso estava tirando-a do sério.

Sem pensar caminhou para fora da cabana e se pôs a observar o mesmo céu estrelado que agora começava a clarear, mostrando indícios de que não tardaria a amanhecer. Queria uma solução para os problemas que agora estavam rodeando seu suposto casamento, uma maneira de enlaçar o hanyou novamente, mas as possibilidades eram tão vagas quanto suas expectativas; e o orgulho que tinha como sacerdotisa era um fator que atrapalhava as medidas apaixonadas e eloqüentes que surgiam, alimentando vorazmente a angustia que crescia em seu peito.

Derrotada pelos problemas resolveu fechar os olhos em busca do sono desejado e que parecia querer distância. Não iria dar o braço a torcer com tanta facilidade, ainda tinha seu orgulho e não deixaria sentimentos triviais mancharem seu nome e reputação. Era um sacerdotisa e iria agir como tal.


–*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*


InuYasha já estava a ponto de saltar para longe, quando viu a porta da casa dela ser aberta. Não sabia se agradecia ou amaldiçoava aquela intervenção, queria poder conversar com Kagome, ver o filho e abraçá-los novamente, mas não tinha coragem o suficiente para isso. Na verdade tinha medo de ser destratado ou ignorado pelas pessoas que ama.

Ela entrou e ele ficou alguns minutos sem ação, apenas matutando qual deveria ser o seu próximo passo. Não Havia se preparado emocionalmente para isso, quando pulou no poço, havia a esperança desbotada de poder reencontrá-la, mas não sabia que iria conseguir.

Resolveu voltar para a era feudal, talvez fosse melhor nunca mais aparecer na frente dela novamente, não tinha esse direito. Mas algo o impedia, e não sabia explicar os motivos.

Pulou a janela do quarto dela, mesmo que fosse ignorado ou enxotado, precisava vê-la mais uma vez, e dar o beijo de despedida que estava devendo ao filho. O quarto estava escuro e o cheiro dela muito fraco. Andou um pouco e encontrou um interruptor -uma das poucas coisas da era dela que ele sabia a função- e acendeu.

Estava diferente. Prateleiras com carrinhos enfeitavam o ambiente. A mesa de estudos estava mais robusta e tinha mais livros. O computador, ao lado da televisão, tirava o ar infantil do quarto. As paredes estavam pintadas em um bonito azul celeste e havia algumas estrelas fosforescentes no teto.

O Hanyou caminhou pelo quarto que agora pertencia ao filho, lembrando das vezes que havia visitado Kagome para buscá-la. Mesmo depois de tantos anos, era capaz de remontar o ambiente rosa e graciosamente decorado, onde várias vezes havia se perdido em pensamentos enquanto admirava a beleza de seu sono solto.

Apagou a luz antes de ser percebido, e pulou pela janela, vindo pousar silenciosamente no gramado ainda escuro. Assim como o dela, o cheiro do filho estava um pouco diferente, mas continuava da mesma maneira.

Com o seu olfato aguçado, se pôs a farejar o ambiente, e percebeu depois de um tempo, que o quarto em que ela dormia agora ficava ao lado do antigo.

Pulou novamente e descobriu, para a sua alegria, que a janela não estava completamente fechada, e sim encostada. Empurrou-a de leve, não queria chamar a atenção. O coração ainda palpitava de tristeza avisando-o para retornar, mas a saudade o continha.

O quarto estava iluminado, e ele pode ver o filho deitado em meio aos lençóis alvos. Aproximou-se cautelosamente e fitou o semblante dele por alguns segundos. Estava lindo e muito diferente do que se lembrava. O cabelo mais comprido, as feições mais severas, o olhar mais aturdido. Não lembrava em quase nada o garotinho que dormia em seu colo chupando dedo e remexendo as mechas dos cabelos prateados.

Apesar de possuir os mesmos olhos e cor de cabelo que o dele, o rosto sempre pareceu mais com o de Kagome, e quando assumia a forma humana, em quase nada lembrava a herança paterna, fora o cabelo preto que herdara da avó.

Levou a mão ao cabelo liso e retirando algumas mechas que lhe cobriam a testa deixou um beijo. Ele sempre gostou de ser beijado ali, dizia que o carinho descia da cabeça até os pés, costume que foi ensinada pela mãe.

Deixou-o quieto, só vê-lo, mesmo que dormindo já acalmava seu coração. Não teria coragem de enfrentar o olhar reprovador de Kagome sobre si, não naquela noite. Precisava se preparar para isso.

Subiu no sopé da janela, e quando ia pular se deteve ao ver um berço branco ali perto. Não havia se atentado para ele quando entrou e seu consciente simplesmente desviara a sua atenção para o fato dos cheiros naquele quarto estarem misturados. Em especial o de lobo.

Desceu e lentamente foi em direção ao objeto. O cheiro estava cada vez mais forte. Quase se colocou na ponta dos pés para enxergar mais rápido. Se o berço estava no quarto dela, não havia dúvidas quanto à maternidade da criança, a questão era porque estava sentindo o cheiro daquele lobo fedido.

Jogou o olhar para dentro do berço como se fitasse o próprio medo. O bebê dormia de bruços despreocupadamente, e dava apenas para visualizar os fartos cabelos castanhos ligeiramente bagunçados pelo sono inquieto que o afligia.

Ainda não acreditava no que estava vendo, precisava chegar mais perto para ter certeza. Inclinou-se, jogando o corpo calmamente para frente, como se estivesse executando uma cirurgia que requisitasse muita calma e concentração.

O chuveiro parou e instantes depois ele viu a maçaneta girar.


–*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

O banho havia sido muito relaxante, e Kagome sentia os músculos descansados como se tivesse acabado de sair de um SPA cinco estrelas. Realmente não havia nada melhor do que se jogar embaixo da água quente para esquecer os problemas que faziam a cabeça ribombar.

Enrolou-se na toalha e abriu a porta da suíte, precisava ser rápida ao se trocar para não acordar seus pequeninos. De manhã iria para a era feudal visitar os amigos e Kouga, e como de praxe teriam um dia muito agitado. Precisavam descansar o máximo possível.

Quando ia sair do banheiro lembrou-se do relógio que havia deixado em cima da pia de mármore branco, era algo muito importante que tinha ganhado do pai, e não podia se dar ao luxo de esquecer.

Saiu e depois de se trocar, olhou para a janela aberta. Tinha certeza de que havia fechado ela, mas resolveu não dar tanta importância. Apagou as luzes e foi deitar, precisava descansar também.


–*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Kouga chegou pontual como de costume, estava eufórico para rever seu pequeno filhote, e não podia conter a excitação crescente e a vontade de abraçá-lo.

Sentou na grama ao lado do poço. Ainda era madrugada, e os raios de sol apenas começavam a despontar tímidos no horizonte. Queria dormir, mas lembrar de Kagome o fazia se sentir elétrico demais para descansar.

Ainda não acreditava que haviam tido um filho juntos. Que pode desfrutar de uma noite de amor com ela, mesmo que houvesse sido apenas uma, e se orgulhava de poder ter gerado nela um filho. As lembranças ainda estavam vívidas em sua mente e ele fazia questão de preservá-las como um tesouro inestimável, até hoje não sabia o motivo que a levou a se entregar para ele naquela noite de festa. Eles caminharam juntos por algumas horas e depois de um longo desabafo, ela simplesmente virou o rosto e pediu que a beijasse. O que veio depois foi apenas conseqüência dos hormônios descontrolados de ambos.

O sol já estava a pino e ele pode observar ao longe os outros amigos da sacerdotisa caminharem em direção ao poço com grandes sorrisos enquanto trocavam conversas e olhares amistosos que prometiam o fim das saudades.

Shippou fitou-o por longos minutos como se não o reconhecesse, contorceu o rosto como se mastigasse as palavras e emoções e depois de um tempo disse surpreso.

_ Kouga? É você mesmo?

_ Claro que sim filhote de raposa. Há quanto tempo não o vejo.

_ Eu resolvi sair em treinamento.

_ Espero que tenha valido a pena.

_ Quer testar?- perguntou desafiador pondo-se em posição de batalha.

_ Desculpe, mas não vai dar. Não quero estar sujo de sangue quando reencontrar Kagome.

_ Então veio ver a Kagome também?

_ Sim, e tenho certeza de que ela não gostaria que eu machucasse o seu filhote de raposa preferido.

_ Não precisa se preocupar com isso. Eu não vou deixar que me machuque.

_ Estou gostando dessa sua nova atitude. Vamos ver o quão forte conseguiu ficar.

Ambos se colocaram em posição de luta. Os olhos fixos no adversário a frente, observando cada movimento. Dois animais a espreita para dar o bote. O instinto Yokai funcionando como a melhor e mais perfeita arma.

_ Que isso gente. Não vão começar a lutar agora não é?- Miroku tentou intervir.

Kouga olhou para o monge que ria abobado enquanto tentava conter a briga.

Kouga se sentiu frustrado com a interrupção. O sangue puro sempre fala mais alto do que as ações e o torna mais agressivo.

_ Alguém já disse para você que não se deve para uma luta entre Yokais?

Ele apenas riu sem jeito. Aproximou-se de Kouga e enlaçou seu pescoço em um meio abraço sufocado.

_ Conheço bem as regras da raça Yokai. Sei que não devo interferir, mas...

_ Então não interfira. Por acaso não tem medo da nossa fúria?

_ Decerto que tenho. Mas nada me amedronta mais do que ver a Sango irritada e hoje ela não está em um dia muito esportivo e não vai gostar de ver os dois se engalfinhando pela grama. Por favor, tentem cooperar.

Eles deram os ombros.

_ Vai se deixar ser controlado pela sua fêmea?- Kouga perguntou um pouco nervoso pela demora da conversa. – Isso não é digno de um macho de verdade.

_Eu não sei quanto ao que acontece entre você e sua esposa Kouga, mas eu prefiro lutar contra mil yokais por cem dias e cem noites, a irritar a minha flor de maracujá.

Eles resolveram ignorar os comentários do monge e começaram a disputa. Garras se confrontavam em pleno ar e os rosnados eram fonte de temor para yokais pequenos que passavam próximos.

Os outros resolveram não interferir, sabiam que assim como InuYasha, Kouga poderia ficar muito temperamental ao ter seu pequeno duelo interrompido mais de uma vez. Porém não puderam deixar de observar os movimentos quase imperceptíveis de ambos e ficaram surpresos com as mudanças de Shippou, que agora lutava bravamente, conseguindo desviar de vários golpes e lançar alguns que passavam de raspão.

_ Nada mal Shippou. – Kouga disse ao tomar distância. – Vejo que finalmente começou a honrar o sangue que corre em suas veias.

_ Você está ficando velho Kouga. Seus movimentos estão mais lentos. – disse arfando.

Kouga gargalhou.

_ Não tenha tanta certeza disso. Sabe muito bem que um Yokai raposa pode fazer muito pouco contra um lobo. Somos naturalmente mais velozes.

Ele desapareceu e surgiu atrás do Yokai que teve pouco tempo para desviar de um ataque certeiro no pescoço. Alguns arranhões deixaram a carne exposta.

_ Se quer realmente lutar a sério, não devia temer pela sua vida. Tampouco desprezar a força de um oponente que tem mais experiência de batalha do que você, pequeno filhote.

_ Estou lutando a sério, mas não quero morrer por isso.

Shippou desviou de uma série de golpes e conseguiu acertar um soco no Yokai lobo que se afastou desnorteado com um rastro de sangue na boca. Ambos sorriram.

_ Tem muito que aprender ainda rapaz. – disse dando um salto em sua direção.

Antes que Shippou pudesse se defender, Kouga o lançou para longe com um chute. Ele caiu com as costas na grama sentindo uma dor aguda com o contato bruto. Fechou os olhos por um segundo e quando os reabriu, o Yokai lobo já tinha um pé em cima do seu peito.

_ Em uma luta entre Yokais, um segundo pode resultar na sua sobrevivência ou morte. Tenha mais cuidado com os que vai enfrentar, alguns não são tão amistosos quanto eu.

_ Tenha paciência, ainda tenho muito que treinar e desenvolver. – havia uma pequena ponta de desgosto em sua voz.

Eles resolveram se reunir aos amigos que riam enquanto trocavam figurinhas sobre a vida. Era uma cena cômica e inédita. Uma sacerdotisa, uma exterminadora, um monge, e dois Yokais conversavam como velhos amigos que eram, sem se importar com as aparências que naquele grupo, não passavam de um fato a parte. Kouga já fazia tanta parte do grupo quanto qualquer um, e Miroku não se cansava de dizer o quanto ele era mais sociável que o velho e mal humorado InuYasha, mas logo tornava a ficar em silêncio e desconfortável ao ver o olhar que os outros faziam ao lembrar do nome. Alguns saudosos, outros temerosos ou nervosos.

Depois de alguns minutos Kouga e Shippou se puseram de pé de ouvidos atentos. O faro aguçado logo os alertando para o que viria a seguir.

_ Ela chegou. – O Yokai lobo disse quase num sussurro sonhador e se apressou para recebê-los, assim como os demais, mas Shippou paralisou no meio do caminho sem saber qual atitude tomar. Havia tanto tempo que esperava por isso, tinha sonhado tantas vezes com o reencontro que quando ele estava prestes a acontecer sua mente e movimentos o traiam.

Kagome jogou a bolsa para fora da borda e recebeu ajuda para escalar o poço. Shippou a acompanhava atentamente, sentindo a emoção tomar conta do coração. Parecia que não havia mudado quase nada desde a última vez que a vira, e o sorriso encantador que dava enquanto distribuía os abraços entre os conhecidos era o mesmo que sempre usava para confortar os seus anseios.

Ele viu Kouga pegar o bebê que ela trazia nos braços e abraçá-lo euforicamente como se fosse a criança mais importante do mundo, o que o deixou sem palavras. O menino era idêntico ao Yokai que agora abraçava o outro menino de cabelos brancos que saia do poço com a perna coberta por uma espécie de armadura branca. Logo reconheceu com sendo Hayato, mas o olhar era estranho e vazio, diferente das lembranças que tinha do Hanyou.

Quando Kagome terminou as festividades, lançou um olhar para ele. Shippou congelou com o primeiro contato em anos temendo que ela não o reconhecesse, mas ela abriu um sorriso ainda mais maravilhoso e correu em sua direção.

_ Shippou!- correu a abraçá-lo. – Não sabe como tive saudades do meu filhote de raposa preferido. Achei que tivesse abandonado a gente. Como cresceu... Está tão bonito!

Ela sorria meigamente. O abraço dela o reconfortava das dores do treinamento que teve que executar sozinho durante anos, sob a tutela de vários mestres, e mais uma vez ele se sentiu como uma criança.

_ Kagome. –falou meio esganado. Estava tão emocionado que não podia conter as lágrimas. – Pensei que não a veria nunca mais!

_ Eu também não, mas no final a saudade falou mais forte. Não sabe como fiquei triste quando retornei a primeira vez e não te encontrei.

Ficaram por incontáveis segundos sentindo a presença um do outro. Curtindo o sabor da amizade que há muito tempo não era provada.

_ Eu adorei esse campo que fez para mim. Foi tão carinhoso. – disse sonhadora enquanto ele corava. -Quando chegou?- ela perguntou ainda sorrindo.

_ Ontem a noite.

_ É muito bem tê-lo de volta!Venha- disse pegando em sua mão. – Tem uma pessoa que eu quero que conheça.

Ela o arrastou até o lugar onde Kouga brincava entretido com o bebê que tinha vindo com Kagome. O cheiro do menino intrigava o Yokai raposa que encontrava cada vez mais semelhanças entre os dois.

_ Esse é Yusuke. Meu caçula.

Shippou olhou intrigado para a criança e para os dois adultos que sorriam satisfeitos como se estivessem mostrando sua mais nova obra de arte para um crítico que devolvia o olhar contente.

_ Seu caçula? Mas... Mas quem é o pai?

Ela o olhou surpresa e riu um pouco.

_ Não é obvio!- perguntou como se fosse a coisa mais natural do mundo. – Eles são idênticos.

Shippou tentou se acalmar. O cheiro era idêntico, o olhar, a cor dos cabelos e olhos, o sorriso maroto. Todas as pistas apontavam para uma pessoa.

_ O Kouga é o pai do seu filho?- perguntou assustado. – Mas como? Ele é casado!

Kagome sorriu encabulada e o lobo olhou ofendido.

_ Posso ser casado, mas não sou castrado filhote de raposa.

_ Você está entendendo errado Shippou. Quando nos envolvemos o Kouga ainda estava solteiro.

_ E mesmo se não estivesse faria tudo de novo. – disse posudo e levou um cascudo na cabeça. –Ai Kagome! Para que toda essa violência.

_ Para pensar melhor no que fala. O que ele vai pensar de mim depois?

_ Simples. Que é uma mulher muito atraente que consegue roubar o coração dos homens e Yokais sem muito esforço.

Kagome corou diante das palavras dele.

_ Mudando de assunto. – Sango disse se aproximando. – O que foi que aconteceu com o Hayato?

Todos desviaram o olhar procurando o menino e não levaram muito tempo para vê-lo encostado no tronco de uma árvore próxima, jogando tranqüilo seu Nintendo DS. Os fios lisos e prateados da franja bailavam com a brisa suave da manhã.

_ Aquilo foi resultado do mau gênio do pai se manifestando de novo- disse fatigada.

_ O que ele fez dessa vez?

_ Nada de mais. Apenas se jogou na frente do meu carro.

_ Carro? – Shippou fez a pergunta que intrigava os demais. – O que é um carro?

A jovem deu um leve tapa na cabeça ao lembrar que seus amigos não conheciam essa maravilhosa invenção do ser humano.

_ Deixe-me ver como explico... Imaginem uma carroça. Só que em vez de ser feita de madeira, é feita de metal.

_ Metal?E que animal consegue puxar algo pesado assim?

_ Nenhum... Eh... Olha um dia eu trago uma foto ou vídeo mostrando o que é um carro tudo bem? Por hora devem apenas saber que é algo muito pesado e que serve para transportar pessoas.

_ Deve ter doido muito. – Shippou analisou.

_ Ele nunca admitiria algo assim. – Kouga se intrometeu com o menino no colo. – Mesmo sendo Hanyou, o sangue Yokai que possui não o deixaria transparecer esse tipo de fraqueza.

As palavras dele atingiram Kagome como uma flecha. Agora ela podia compreender um pouco a repulsa do filho em procurar ajuda, assim como qualquer descendente de Yokai, ele iria tentar resolver seus problemas sozinho, porém diferente da maioria, estava tentando não utilizar violência.

_ Que tal irmos para a vila primeiro? – Sango propôs. – Kaede está morrendo de saudades.

_Sim. – Kagome acordou. – Vamos, tem algumas coisas que eu preciso conversar com a vovô Kaede.

Chamou o filho que guardou o vídeo game portátil e se levantou batendo a poeira da roupa. Mancou ao encontro da bengala e foi o mais depressa possível para junto dos outros. Recebeu carinhos, afagos e muitos beijos de uma madrinha que não parava de dizer o quanto estava ficando bonito a cada novo aniversário. Ele não gostava muito de ser tratado como um bebê, mas não reclamava da atenção por também gostar da proximidade com aquelas pessoas tão familiares. Kouga ofereceu ajuda, mas ele recusou, faria o percurso sozinho.

Kagome colocou a mão em seu ombro direito. Seus olhos mostravam o quanto estava orgulhosa da sua força de vontade. Ela sorria e ele sorria de volta, mesmo que minimamente. Essa era uma das coisas que mais gostava na era feudal, o fato da mãe poder relaxar do trabalho estressante e sorrir mais. Uma das poucas oportunidades em que podiam conversar sem brigar e Hayato sempre prometia a si mesmo aproveita-las ao máximo .

Quando estavam chegando próximos da aldeia, Kagome sentiu uma presença estranha que não sentia há muitos anos e seus instintos se colocaram em guarda. Não gostaria de reencontrar essa pessoa novamente e por muitas noites rezou para que esse perigo ficasse o mais longe possível, mas estava tão próximo que a certeza do encontro forçado era eminente.


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Notas finais do capítulo

Gostou? Recomende!E nunca se esqueça de deixar um review, eles são muito importantes para nós escritores e não levam menos de dois minutos para serem escritos!
Até a próxima!



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