“Não ame. O adeus sempre virá
Machuca tanto que você não consegue nem mesmo respirar
Pensei que isso machucaria o tanto quanto eu amo você
Que eu ficaria bem, e que eu esqueceria isso.
Mas não, isso machuca mil vezes mais.”

- Parabéns Sakura!

- Finalmente conseguiu hein?

- Como você se sente?

Eu estava rodeada de pessoas e suas perguntas. Finalmente o meu primeiro e tão esperado livro havia saído. Estava sentada no banco de convidados do famoso programa de televisão “On Tv”. Ao meu lado se encontravam o ator japonês Takeshi Kaneshiro e Ruki, vocalista da banda The Gazette.

Estava um pouco nervosa já que em poucos minutos estaríamos no ar. A apresentadora do programa, Xiun Reila, jogava todo o seu charme para cima dos dois homens ao meu lado. Admito que o Takeshi-san era bonito, mas eu sentia certo receio quanto ao Ruki.

Não sabia dizer se era sua lente branca, ou seu cabelo descolorido. Ou até mesmo aquele batom escuro em seus lábios, mas ele me dava medo.

- No ar em um minuto. Reila pare de se jogar para cima dos seus convidados e sente-se em sua poltrona! – Gritou o diretor do programa, indo para detrás das câmeras.

Em poucos segundos o programa começou. Mostraram várias reportagens antes de começarem as entrevistas conosco. Primeiro foi Takeshi-san, onde ele contou dos seus novos projetos de filmes. Depois, Ruki falando sobre seu projeto paralelo, onde ele executaria uma pequena carreira solo. E por fim... Eu.

- Agora falaremos um pouco com uma das maiores autoras de livros infantis Haruno Sakura, que está aqui hoje para falar do lançamento de seu primeiro livro não-infantil. Aplausos para ela, por favor! – O barulho tomou conta do estúdio de gravação e um sorriso bobo brotou em meus lábios. – Então Sakura-san, de onde veio a idéia de escrever o livro “Amor doentio”?

- Bom, desde pequena fui apaixonada por livros infantis. As histórias e as ilustrações me faziam viajar para um mundo da fantasia. Mas, em uma certa fase da minha juventude ocorreu coisas.... – Tinha certo receio de dizer algo que acabasse sendo interpretado de mau jeito. Sabia que provavelmente ele estaria assistindo. Respirei fundo e continuei. – Sabe o seu primeiro amor na adolescência?

- Sim...

- Sabe o quanto ele é forte e você se entrega de todas as maneiras? Pois é... Foi o meu primeiro amor que me deu inspiração para escrever esse livro.

- Entendo. Pergunto-me Sakura-san se por esse seu sonho de ser escritora infantil desde jovem você sofreu muito preconceito?!

- Bom, muitas pessoas me diziam que esse sonho era besteira, que não daria certo. Muitas também falavam coisas como “Vê se cresce. Uma adolescente gostando de livros infantis” e coisas do gênero.

- Então você não se deixou desanimar?

- Na verdade, deixei-me sim. Eu sempre tinha que pegar os livros que queria ler escondidos. Tinha vergonha que alguém me visse com eles.

- Então, como isso mudou? – Reila se acomodou melhor na poltrona ainda me fitando. Percebi que não só ela, mas sim toda platéia estava ansiosa com a resposta.

- Um certo alguém me disse uma vez “É estranho uma menina como você gostar de livros infantis. Normalmente meninas da sua idade lêem livros de romance ou revistas.” De primeira achei que isso era um mal sinal e respondi que eu era diferente das meninas da minha idade. – Fiz uma pausa me lembrando de cada detalhe da cena. - E por fim ele me disse “Ser diferente é bom. Afinal você é a exceção da regra, não?”

- Esse “certo alguém” lhe fez muito bem com essas poucas palavras não?

- Não só com as palavras...

"-Você está bem? Está tão vermelha...

Virei-me rapidamente, saindo de meus pensamentos sobre el. Ino posou sua delicada mão sobre minha testa. Fez uma cara de confusa para logo depois segurar meu rosto entre suas mãos e encostar nossas testas uma na outra.

- Não, você não está com febre. – Ela se separou de mim, voltando a se vestir. – O que você tem esses dias Sakura? Você anda tão distraída e quase sempre lhe pego que nem um pimentão.

- Não é nada Ino. – sorri falsamente para ela.

Ino era a capitã do time de natação do colégio e minha melhor amiga. Estávamos no último ano do colegial e Ino treinava todas as tarde, comigo sempre a acompanhando. Ela era o tipo de garota que é bem popular e extrovertida... Diferente de mim.

Há pouco tempo um garoto novo entrou no colégio e eu não sei dizer o ‘quê’ me encantou nele, se foi o cabelo negro dele perfeitamente bagunçado ou se era os olhos negros que hipnotizavam a qualquer um, ou ainda o sorriso delicado que ele lançava as pessoas... Talvez o conjunto de tudo nele houvesse me atraído. E por coincidência, ele era muito amigo de Ino. Ela me falou que eles estudaram juntos no primário e que foram vizinhos por um grande período.

No final do treino de Ino ele sempre passava próxima a grande piscina do colégio, e eles ficavam conversando por um bom tempo. Nunca tive a oportunidade de conversar ou até mesmo me apresentar formalmente. Além do mais, Ino nem desconfia dos meus sentimentos. Não é que eu não confie nela, mas, Uchiha Sasuke, um cara completamente popular com as garotas nunca olharia para mim.

- Sakura! Você está sonhando acordada de novo? – Ino gritou, tirando-me dos meus desvaneios.

- Desculpa, estava pensando em uma coisa...

- Bom, isso não importa agora. Vamos! – Ino agarrou minha mão, levantando-me do banco reserva e arrastando-me para fora do clube de natação.

- Aisho, para quê tanta pressa Ino? – Puxei minha mão da sua, fazendo-a parar no caminho.

- Sasuke-kun e Naruto-kun estão nos esperando. – Senti minhas bochechas queimarem e meu coração acelerar. - Combinei de voltarmos todos juntos para casa hoje.

- S-Sasuke-san e Naruto-san?

- Hai! Agora se apresse Sakura!

Ino recomeçou a correr e eu a imitei. Talvez essa fosse uma chance de eu conseguir falar algo com Sasuke. Poucas eram as vezes que estavamos tão perto e que nos falavamos. Normalmente Sasuke dá bom dia para mim e sorrir, mas isso é algo que ele faz com todo mundo. Duvido que ele possa saber meu nome.

Corremos até a frente do colégio e logo avistei uma cabeleira loira e outra preta. Naruto e Sasuke. Meu rosto estava quente, minhas mãos suadas e meu coração acelerado. ”Aja normalmente” Ordenei para mim mesma. Diminuímos os passos e Ino, que estava na frente, se jogou nos braços de Sasuke.

- Saaasuke-kun! – Abraçou-o fortemente e ele retribuiu o ato.

- Vocês demoraram Ino. – reclamou o loiro, Naruto.

- Estava tomando banho e me trocando. Não queria voltar para casa com o meu cabelo cheio de cloro. Do jeito que ele é enorme, seria capaz dele virar um ninho de rato até eu chegar em casa. – Ela se separou de Sasuke ficando ao seu lado e de frente para o Naruto.

- Seu cabelo é lindo Yamanaka, e você sabe disso.

- Um elogio do Uchiha? Há. Sinto-me honrada.

Eles se divertiam juntos e eu me sentia um pouco excluída. Sei que era eu que não estava me aproximando do grupo - na verdade estava a uns sete passos deles. Eles conversavam animadamente uns com os outros. Odiava admitir isso para mim, mas às vezes eu tinha inveja de Ino. Aonde ela chegava, ele conseguia chamar a atenção de todos naturalmente. Era bonita, inteligente e uma ótima nadadora.

Fui tirada dos meus pensamentos por uma forte colisão contra meu corpo, me fazendo cair no chão. Olhei para cima para ver o que tinha acontecido e um vulto passa rapidamente do meu lado resmungando algo como “Sai do caminho imbecíl”.

- Sakura você está bem? – Ino se virou para mim junto com os outros dois. Agora eu havia conseguido a atenção que queria, infelizmente não de um jeito bom. E não apenas de Ino, como dos seus amigos.

-Idiota – Sussurrei a mim mesma. Respirei fundo e me levantei, evitando contato visual com eles. – Estou bem Ino. – Sorri gentilmente. – Apenas me empurraram sem querer...

- Bom, se não foi nada de mais... – Ela se virou para os meninos. – Vamos?

- Já estava na hora né Ino? – Naruto comentou começando a andar.

- Você que não parava de falar um minuto sequer idiota. – rebateu seguindo o loiro.

- Vocês dois já vão começar de novo? – Sasuke suspirou, botando as mãos nos bolsos da calça e começou a andar também. Deu quatro passos e parou, olhando para mim por cima de seus ombros. – Você não vem? – sorriu gentilmente.

- S-sim. Já estou indo. – Apressei meus passos para alcançá-los.

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- Só mais um pouco... Aah!

Tentava inutilmente alcançar o livro da última prateleira. Estava na biblioteca a procura de um livro que me ajudasse a fazer o trabalho de literatura. O problema é que, o livro que achei, se encontra em um ponto mais alto do que eu poderia alcançar.

- E agora? Preciso do livro...

Pus-me de ponta de pé, esticando meu braço ao máximo. Quando estava prestes a encostar no livro “A fada do Adeus”, sinto alguém – por trás de mim – o pegando primeiro que eu.

- Devolva! – Virei-me rapidamente para reclamar – Eu o vi pri-

E lá estava ele. Com o mesmo sorriso torto de sempre, olhos tão negros que não se podia bem diferenciar a íris da pupila. Ele tinha o livro em mãos. O meu livro. Sorria divertido para mim, para logo me estender o livro.

- “A fada do Adeus?” – Leu o título do livro em voz alta. – Um livro infantil, não?

Peguei o livro de suas mãos e o abracei. Sentia minha respiração falha, mas eu tinha que agir normalmente. Essa era a minha oportunidade.

- É meu livro preferido. Sempre quis comprá-lo, mas nunca tive a oportunidade. – Sorri francamente.

- Estranho...

- O quê? – Toquei minha face instintivamente. Ele riu baixo e apontou para o livro.

- Uma menina da sua idade normalmente estaria lendo livros de romances ou revistas.

Eu não pude saber se o seu comentário era bom ou ruim. Talvez ele estivesse me achando uma tola infantil agora... Meu coração se contraiu e um nó se formou na minha garganta. Abaixei minha cabeça e ri disfarçadamente.

- Talvez eu seja diferente das outras garotas...

- Talvez...

O silêncio durou alguns segundos até eu levantar minha cabeça para olhá-lo novamente. E lá estava ele, ainda com o sorriso estampado no rosto, olhando para mim. Levou sua mão até minha cabeça, bagunçando meus curtos cabelos róseos.

- Ser diferente é bom. Afinal, você é a exceção da regra, não? Hehe – Tirou a mão dos meus cabelos e colocou ambas no bolso da calça. – Tchau Sakura. Boa leitura. – Se virou para ir embora e eu, sem pensar duas vezes o parei bruscamente, puxando-o pela manga da blusa.

Ele estava confuso com minha ação, mas nada falou. Como se estivesse esperando eu tomar alguma iniciativa.

- Bom... Er... – O larguei e sorri sem graça. – Obrigada... Obrigada por pegar o livro.

- Disponha. - Sorriu novamente e foi embora."