Nós já estávamos voando fazia uns 20 minutos e a Thalia já estava ficando impaciente.

– Onde nós estamos?

– Thalia, tente relaxar. Nós temos um longo caminho pela frente – Apolo falou tranquilo – Nem parece que você é filha de Zeus – ele pensou alto.

Ela ficou quieta, o que não é muito o estilo dela. Normalmente ela dá uma resposta para deixar os outros sem fala, mas dessa vez o medo não a deixou fazer isso.

– Eu to com fome – Miranda resmungou.

– Eu também to – eu concordei.

Thalia ficou apenas olhando pra gente

– Que tal nós pararmos um pouco? Eu e as meninas estamos com fome. – Thalia falou antes dos meninos responderem quem iria dirigir.

– Está bem, nós podemos parar. – todos concordaram.

Apolo parou o carro num daqueles postos na beira da estrada e nós descemos. Aquele não parecia ser um lugar mal frequentado, mas eu tinha a impressão de que alguma coisa ruim estava prestes a acontecer.

A decoração do restaurante era meio retro. As garçonetes usavam patins e saia de cintura alta.

Assim que nos sentamos, uma delas deslizou até a nossa mesa para retirar os pedidos.

– Olá gracinha – Apolo levantou seus óculos escuros e sorriu para a garota, que sorriu de volta.

– Pai! – Léo gritou, fazendo a garçonete tirar aquele sorriso do rosto.

– Bom, eu vou deixar o cardápio aqui, me chamem quando escolherem – ela falou meio sem graça e foi deslizando até o balcão.

– Está bem, o que vamos pedir? – Nico perguntou.

– Eu quero uma porção de batatas fritas! – Thalia falou, bem mais animada agora que não estávamos voando.

– Eu também vou querer batatas fritas – eu falei.

– Eu vou acompanhar vocês – Nico se juntou a nós.

– Eu vou querer um desses hambúrgueres! – Léo apontou para uma foto de um hambúrguer suculento no cardápio – e você, ér... Miranda? – eu tenho quase certeza de que ele ia a chamar de amor, mais para evitar os comentários de Apolo ele se conteve.

– Eu também quero um desses. Estou morrendo de fome! – ela falou.

– Pessoal, escolham o que quiserem e se precisarem de mim, estarei lá fora esperando no carro. – Apolo falou enquanto se levantava e ia em direção à porta.

Outra garçonete veio nos atender, vendo que nós já tínhamos escolhido.

– Ok, então vão ser dois hambúrgueres e uma porção grande de batata frita? – ela checou os pedidos e nós assentimos – ok. E as bebidas?

– Nós queremos um Milk shake com dois canudos – Léo falou, indicando a Miranda.

– Certo – a garçonete anotou o pedido que, pra mim, era meio estranho. Eles iam tomar milk shake e comer hambúrguer? Ok, melhor deixar isso pra lá. – E vocês? – ela apontou pra nós três.

– Coca-Cola! – Thalia, Nico e eu falamos juntos. Todos nós rimos, inclusive a garçonete que tinha vindo nos atender no lugar da que Apolo “assustou”.

Ela saiu com os pedidos, nos deixando sozinhos. Aproveitando a deixa, Miranda agarrou o pescoço do Léo e eles começaram a se beijar.

– Então... – Nico olhou pros dois e depois para mim e pra Thalia.

– Então... – Thalia riu – Vocês acham que a garçonete ficou muito assustada quando o Léo chamou Apolo de pai? – nós olhamos pra cara da garçonete e não conseguimos disfarçar a risada.

– Pela cara que ela fez, ela não vai mais aceitar elogios de nenhum outro cliente – Nico ria descaradamente.

– Ela até mandou outra garçonete vir nos atender – eu ria tanto que minha barriga começou a doer.

Um pouco antes dos nossos pedidos chegarem algo muito estranho aconteceu.

A porta da lanchonete se abriu e uma senhora, com cabelos cor de terra e a pele parecida com papel pardo amassado entrou olhando diretamente pra nossa mesa, na verdade, ela olhava diretamente pra mim. Os olhos pretos dela se encontraram com os meus e eu pude perceber que seus olhos eram como os de Quíron, pareciam ter visto tanta coisa, vivido por tantas eras... E então eu entrei nu tipo de transe. Tinha algo como um incêndio e depois aquela mesma velha rindo e vários gigantes. Era uma cena horrível e completamente assustadora.

– Sam? – Thalia balançou meu braço.

– Anh? – eu resmunguei, saindo daquele transe.

– O que aconteceu? – ela perguntou calma e eu olhei em volta, procurando a velha malvada de milhões de anos e não havia nem sinal dela.

– Não é nada, eu devo estar ficando louca, deve ser a fome... – eu disfarcei. Sabia que tinha visto alguma coisa, mais decidi não falar nada ainda.

Nossa comida chegou e nós atacamos. Estávamos com muita fome.

– Hmmm... Isso tá ótimo! – Miranda falou com a boca cheia.

– Tá uma delicia né? – Léo concordou e deu mais uma mordida no seu lanche – hm, a sua boca... Tá toda suja – ele riu e limpou a boca dela com um guardanapo.

Terminamos de comer, pagamos a conta e saímos da lanchonete, encontrando com Apolo abraçado com uma mortal dentro de seu carro.

– Hm, gata, eu tenho que ir embora... – ele falou afastando ela, impedindo outro beijo.

Eles saíram do carro e assim que ela virou as costas, o chão começou a tremer levemente, até que começou a ficar difícil andar sobre ele.

– Entrem no carro! – o deus do sol gritou para nós, já sentado no banco do motorista. Mas não havia tempo pra isso, ele tinha que ir embora. Nós íamos ter que nos virar sozinhos daqui pra frente. Ele decolou enquanto nós tentávamos correr.