Tempos assim escrita por kamis-Campos


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Oi?! Vou continuar escrevendo mesmo sem Reviews! Vai que...!



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Capitulo 02 - Revoltos

Pov Leah

Estava me arrumando para a reunião, seria apropriadamente dizer que só coloquei uma roupa, a primeira peça que eu vi. Uma calça jeans com uma blusa vermelha e uma jaqueta. Calcei meus chinelos e fiquei ali no espelho, escovando o cabelo, que eu deixara crescer até a altura dos ombros.

A tensão me dominara por completo. A qualquer momento eu poderia explodir em mil pedacinhos, era uma loucura que iria fazer, mas... Se o Seth se atrever a falar qualquer coisa sobre a viagem, se o Jacob me proibisse, faria qualquer coisa para desobedecer e seguir com o meu plano de ir embora adiante.

Eu não posso tomar uma simples decisão da minha vida, não podia sequer ser feliz que sempre haverá algo pra tomar de mim essa felicidade. É angustiante como não tinha poder de mim mesma, de minhas próprias decisões, do meu destino. Mas, isso não quer dizer que pararei de lutar, que ficarei e abaixarei a cabeça pra todos. Faria de tudo pra dizer: Não, eu vou! Nem que isso custe minha vida.

Arrancaram tudo de mim. Meu coração, minha vida, meus sentimentos, um amor, meu pai, tudo. Mas, há coisas que deixaram pra trás... Minha força de vontade e minha dignidade, tudo aquilo que me dá força de lutar pelo que tenho.

- Eu vou contar. – ouvi o Seth dizer ameaçador, estava encostado na soleira da porta sem me olhar nos olhos. Pelo espelho, pude perceber que ele estava sério e decidido. – E eles vão te impedir de continuar com essa idiotice, Leah.

- Seth, por favor. – me virei para encará-lo. – Para com isso. – supliquei. – Eu sei que não quer que eu vá, mas eu prometo... Que volto.

Eu não sabia ao certo se cumpriria essa promessa, mas farei de tudo pra que um dia veja-os de novo, só pra saber que estão bem.

- Será, Leah? – ele deu um sorriso de desdém que não chegou aos seus olhos, que eram cheios de tristeza. – Quanto tempo isso vai durar?

- Seth, eu só quero ter a chance de viver como uma pessoal normal. Entenda que... – me aproximei dele, só que ele recuou saindo do quarto. – Isso não quer dizer que não os amo. – murmurei quando ele já havia desaparecido pela escada a baixo, mas eu sabia que havia ouvido.

Segurei minha gargantilha fortemente, que uso como amuleto e, que me dá muita sorte em casos precisos. E hoje, é o dia que eu mais preciso dela. Eu tinha que ter muita coragem e força pra poder driblar vários lobos super fortes, teria que não me dá de vencida. Eu sei que quando o Seth quer algo, ele vai até o final, ele não é de desisti tão fácil e, eu sei que o que ele mais quer no momento é me impedir de ir embora, ele fará de tudo pra conseguir o que quer.

Desci as escadas e todos já me esperavam. Antes de passar pela porta, fuzilei meu irmão furiosamente, ele apenas sorriu divertido.

Fomos direto para o penhasco e o céu já estava um pouco estrelado, mas havia uma presença marcante do que foi antes, um pôr-do-sol. Caminhamos uns vinte minutos até que chegamos ao cume e lá se encontrava uma enorme roda em volta a fogueira. Sentei-me junto da minha mãe, de frente a todos, no lado mais iluminado. Queria ter nela um tipo de apoio, uma luz no fim do túnel.

 Em tudo que eu decido, minha mãe é a primeira pessoa a ficar do meu lado. Eu sabia que nessa, ela iria me apoiar. Mas, quem sou eu pra saber o que tem dentro daquela cabeça? É, eu não posso garantir nada. Ela poderia dá de uma super protetora ou de uma liberal, ou até de chantagista.

Todos já estavam se esbaldando na comida de Emily e da minha mãe, todos até os tímidos novatos. Só que eu era a única a não comer. Não era por não estar com fome, era por mais nervosismo e ansiedade, misturados com uma bela colher de medo, aquilo fazia com que eu não tivesse fome e, sim, vontade de vomitar.

Minhas mãos suavam mais que o normal e o coração e a respiração acelerada chamaram a atenção de todos os lobos. Eles se viraram pra mim com caras confusas e desconfiadas.

- Leah, você está bem? – perguntou Jared que estava mais próximo de mim. Ele pegou minha mão gélida e se espantou. – Está gelada.

- Por que não triscou na comida?

Mas, quem respondeu por mim foi aquele que sabe de tudo e que tanto temo. Meu irmão. Ele me encarou com uma sobrancelha erguida e bufou, se divertindo todo com a minha situação insensata.

- Ela está bem. – então, remexeu a grama a seus pés como forma de indiferença, o que não era verdade. – Só está ansiosa por dá uma notícia que nos deixará de queixo caído. – ele piscou pra mim e eu me encolhi.

Eles ficaram com um gigante ponto de interrogação na cara. Todos se perguntando qual será a noticia que irei fazer. Então, decidiram que isso ficaria para o final e eu estava cada vez mais nervosa com a situação, temendo a reação deles com o fato.

Abaixei minha cabeça, deixando que meu queixo tocasse bem abaixo do pescoço, fazendo com que eu não olhe para o pessoal, não tinha coragem para encarar aqueles garotos que aos olhos de uma pessoa comum, só parecem adolescentes normais, mas aos meus pareciam homens intimidadores, que são um tanto explosivos.

Billy começou a história dos Espíritos Guerreiros com sua voz profunda e majestosa, parecia presenciar o acontecimento. Ele passou a vez para o Velho Quil Ateara, que mesmo com a idade avançada, tinha um timbre dual, mas o seu era suave, já do pai do Jake, era mais forte, chegava a pesar nas nossas costas. Foi então que eles terminaram as nossas lendas e eu vi que minha hora tinha chegado.

Sentia o olhar de Jacob e do Seth em mim, às vezes sentia o olhar dos meninos, depois sentia de todos. Eles esperavam-me começar a falar e eu esperava meu eu superior aflorar e me dá coragem suficiente pra colocar tudo pra fora.

- Leah, tem algo a falar? – disse em voz alta o Seth. O encarei e ele estava sério. – Porque se não falar, eu falo.

Respirei fundo. Meu estômago dava voltas, quando me levantei senti minha cabeça rodar, mas me segurei em pé. Ali em frente a todos me encarando de olhos estreitados e confusos, me senti como uma ratinha em meio a leões. Então, pensei: Leah, o que eles podem fazer de pior? Prenderem-lhe aqui para sempre? Eles não são donos da sua vida, você que faz o seu destino, ninguém manda ou desmanda em você. Faz o que tem de ser feito e pronto!

Coloquei-me ereta e ergui o queixo, decidida a continuar e a lutar.

- Estou deixando o bando. – disse em tom claro e alto. – Irei para Nova Iorque na semana que vem e é isso.

E como o Seth disse, todos estavam de queixo caído com expressões assustadas, mas que logo se desfizeram em carrancas de fúria e decepção. Encolhi-me quando todos do bando, menos os novatos que estavam sem entender e Jacob que continuava sentado a me olhar sério, se levantaram e me encaram a ponto de uma explosão.

- O que disse, Leah?! – Paul quase gritou pra mim.

- Você não pode fazer isso. – Sam tinha uma incredulidade quase se transformando em raiva. – Você tem um compromisso aqui, não pode jogar de lado, assim do nada.

- Mas, eu... – tentei argumentar só que eles não deixaram.

- Qual é o seu problema? – Jared estava sob o domínio dos tremores que sacolejavam seu corpo inteiro.

- Olha, é minha vida, eu faço o que bem quiser com ela. – disse por fim.

Quil se aproximou de mim com a mesma expressão de remorso.

- Me responde uma coisa. – ele respirou fundo tentando controlar a si mesmo, mas sua voz saiu entre dentes. – O que faria se encontrasse um vampiro, ou até mais deles? Lutaria sozinha?

- Eu sei me cuidar. – murmurei fitando o chão. Eles riram com um humor negro.

- Ah tá! – bufou Seth. – Até parece que ela consegue derrubar um.

- É só se lembrarem da nossa luta com os recém-criados. – Embry me fuzilou junto com os outros.

Então, a lembrança daquela manhã que estávamos todos empolgados por matar uns vampiros, onde eu queria mostrar pra todos que eu posso ser a melhor, estava animada por mostrar minhas habilidades, já que não podíamos triscar nos Cullen, era a nossa chance de nos divertir, mas quando pensamos que já tinha acabado, um deles surgiu e eu, metida a besta, fui testar mais uma vez minhas habilidades medíocres e mostrar que eu podia me cuidar sozinha, mas ao fazer isso pus em risco a vida do Jacob, que tentou me salvar.

Senti meus olhos se encherem d’água. Será que eles não podiam só dizer que não, tinham que fazer tudo isso, me fazer lembrar coisas que me feriram profundamente. Agora, está aí mais um motivo pra eu ir embora, mas o que me destrói é vê que minha mãe não faz nada, só fica com a cabeça baixa e olhos fechados, já o meu irmão, ria da minha cara sem parar e me fuzilava com os olhos faiscando de raiva.

Eu não entendia essa mudança de comportamento, eles pareceram, ao longo desses anos, tomarem decisões mais difíceis do que esta, com responsabilidade e com razões madura e compreensivas.

Agora, eu vejo um monte de garotos revoltados e imaturos, se rebelando com coisas mínimas. Eu vejo que estava enganada sobre eles.

- É. – Collin completou o pensamento de Embry. – E foi por causa dela e suas manias individualistas que quase matou o Jacob, que por sorte não bateu as botas...

- Mas, ficou todo estropiado. – completou Brad. – Aliás, seria ela nosso azar por todos esses anos?

Eles riram divertidos. Então, fizeram cara de desdém, depois de nojo.

- Sabe, Leah. – suspirou Paul, ele tinha um ar maléfico e sarcástico. – Eu não sentiria sua falta, se quiser ir mesmo... – ele fez sinal para a floresta atrás de nós. – Arreda o pé daqui.

- Eu concordo.  – Sam deu um sorriso torto. – Se sabe mesmo se cuidar, por que ainda está aqui?

Então, a pessoa que é capaz de mudar tudo com apenas uma palavra se aproximou serena e compreensiva. Jacob pousou sua mão em meu ombro e sorriu.

- Leah, eu sabia que esse dia iria chegar. – ele deu de ombros e suspirou. – O dia em que você tomaria a decisão de ser feliz.

Eu, em um ato impensado e totalmente sincero, o abracei. E admito ficar surpresa comigo mesma, Jacob mostrou o mesmo, mas logo seus braços se fecharem ao meu redor. As lágrimas saíram descontroladamente, senti uma alegria imensa. E pensar que ele iria se impuser a essa minha decisão. O que na verdade, ele já sabia que um dia tomaria minhas próprias rédeas e seguiria minha vida.

- Obrigada. – murmurei e ele gargalhou.

- Eu nunca pensei ouvir isso de você. – ele se afastou de mim e sorriu ainda mais. – E jamais passou pela minha cabeça te vê chorando, acredite.

- Eu tenho que ir. – me soltei dele e fui me afastando. Eu vi a incredulidade nos rostos dos presentes e, claro dos garotos o remorso misturado com espanto, nos anciãos uma compreensão paternal e na minha mãe... Uma felicidade nunca vista.

- Boa noite, Leah. – Jake disse quando me embrenhava na floresta.

- Boa noite. – mesmo murmurando, eu sabia que ele ouviria.

Corri para casa e, de imediato, me tranquei no quarto. Eu não queria vê a cara do Seth tão cedo. Eu sei que ele é meu irmão e tal, mas ele disse coisas que eu nunca imaginaria vir dele, dos meninos sim, dele não.

Eu só espero o momento de recomeçar de novo e esquecer lembranças como essa. Fatos que fazem do meu passado, um verdadeiro pesadelo.


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Notas finais do capítulo

Reviews mores?



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