Você Me Ama? escrita por HinaHime


Capítulo 2
Segunda parte


Notas iniciais do capítulo

Bom, esta é a parte final da história, espero que gostem.

Boa leitura!



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Você me ama?

Segunda Parte

O último sinal do dia acabara de soar. Levantei-me da cadeira e arrumei minhas coisas mecanicamente, sem prestar atenção em nada. Era como se eu tivesse me colocado no modo automático; eu fazia isso quando estava sofrendo e queria reprimir os meus sentimentos. Leon também arrumava as suas coisas, mas não parava de ficar virando a cabeça para mim. Suas sobrancelhas estavam franzidas e seus olhos queimavam de preocupação.

Tentei sorrir para ele, para ver se ele parava de se preocupar tanto. Mas foi justamente o meu sorriso que pareceu deixá-lo mais preocupado. Saímos juntos da sala, porém, no momento que pisamos no corredor, eu me virei na direção oposta a qual sempre íamos. Sempre saíamos da escola pelo caminho mais comprido, para pegar Arthur na sala dele. Mas eu não queria mais vê-lo hoje, então, por que eu deveria pegar esse caminho também?

- Will? Will! Aonde você vai? – Gritou Leon, sem saber se vinha atrás de mim ou se ia procurar o Arthur.

- Não se preocupe, estou indo na frente para casa. Estou um pouco cansado, então... Explique ao Arthur por mim, ok? – Respondi, tentando manter a voz normal.

Ele não respondeu; parecia que ele não sabia o que dizer para me impedir de ir. Eu tinha que me lembrar de pedir desculpas a ele amanhã. Desci as escadas da saída principal e procurei caminhar num ritmo normal. Contudo, eu não conseguia. Meu corpo estava sendo tomado por uma vontade louca de correr. Como se eu quisesse fugir para algum lugar, qualquer lugar, desde que fosse longe o bastante para que eu me esquecesse de tudo.

Seguindo esse instinto, eu comecei a correr sem me importar com nada, nem com as pessoas que eu eventualmente atropelava. Será que eu se correr bastante vou ser recompensado com o esquecimento? Talvez sim, talvez não. Provavelmente não, mas eu precisava tentar mesmo assim

O vento frio parecia dilacerar a minha pele a cada passo que eu dava. Tudo o que eu queria era que a dor física fosse capaz de superar a dor que pulsava no meu coração. Mas isso era impossível. Uma vez, minha mãe me dissera que quando nosso coração se machuca, leva muito tempo para os ferimentos cicatrizarem; algumas vezes, nunca chegavam a se curar. Seria o meu coração um desses casos?

A neve caía ainda mais forte do que antes, mas eu não me importava com ela; continuei correndo o mais rápido que minhas pernas podiam. Queria correr, quem sabe, até o esquecimento. A vergonha, a raiva e a frustração eram os sentimentos que se sobressaiam dentro de mim. A vergonha era o sentimento mais forte dentre eles. Acho que nunca mais eu seria capaz de encarar alguém.

Meu Deus, como eu queria morrer agora!

- Arthur! Arthur! – Gritava o menino de cabelos loiros com mechas de um azul profundamente escuro enquanto corria desesperado pelo corredor, empurrando quem entrasse no caminho. – Arthur!

- O que foi Leon? Por que todo esse desespero? – Indagou o outro rapaz, olhando para o amigo com uma expressão um pouco assustada.

- É o... Will... Ele ficou muito estranho depois do almoço... – Arfava, parecendo um pouco nervoso. – Você tem que ir atrás dele, ele estava com uma cara... Não dá nem para explicar. Acho que ele é capaz de fazer alguma besteira...

- Como assim? O que você está dizendo? – Perguntou, agarrando o outro pelos ombros e olhando para todos os lados do corredor, como se William pudesse aparecer magicamente diante dos seus olhos. – Onde ele está?

- Ele saiu praticamente correndo para o outro lado. – Informou, apontando a direção oposta do corredor. – Eu queria ir atrás dele, mas achei melhor chamar você...

Contudo, Arthur não estava mais ouvindo uma única palavra que Leon dizia. Ele saíra correndo, assim que o amigo apontara a direção que ele deveria seguir. Acho que ele é capaz de fazer alguma besteira... Essa frase ficava ecoando na cabeça do garoto de cabelos loiros escuros, enquanto ele corria na direção da saída.

Chegando lá, ele olhava para todas as direções, imaginando aonde Will poderia ter ido a partir dali. Não conseguia nem imaginar o que faria se, em último caso, pudesse acontecer o pior ao seu amigo; seu melhor amigo. Seu coração parecia que estava prestes a explodir de aflição. Começou a andar na direção da casa de Will, talvez ele tivesse voltado para lá se estava se sentindo mal...

Mas alguma coisa lhe dizia que ele não havia ido para lá. Arthur queria tanto poder saber o que fazer, o que o melhor amigo estava pensando e para onde ele iria. Havia poucas coisas que ele realmente considerava importantes em sua vida e, com toda a certeza que ele tinha, William era o mais importante dentre todas elas. Era ele que tornava o resto especial, que dava sentido aos seus dias. Arthur não poderia perder Will, de forma alguma!

A neve começara a cair com mais força e o vento era imperdoável. Aonde você está, Will?

Parara em uma esquina: se seguisse reto, logo chegaria à casa do ruivo; se virasse à esquerda, em alguns minutos chegaria ao parque. Qual caminho seguir? Qual caminho Will seguiu? Ficou alguns segundos pensando nisso, tentando decidir. O ruivo era esquentado, não gostava de admitir para ninguém quando estava deprimido e precisava de ajuda.

Para o parque! Ele tinha certeza absoluta disto. Quando eram crianças e alguma coisa deixava Will para baixo, o ruivo invariavelmente ia ao parque para ficar deitado entre as raízes das árvores, até que sentisse que já ficara ali tempo o bastante para o problema não importar; chegava a ficar lá deitado por horas. Arthur sabia muito bem disto; estivera presente todas estas vezes.

Sem pensar duas vezes, virou à esquerda e começou a correr o máximo que podia na direção do parque.

Meus pés haviam me levado direto ao parque para onde eu sempre ia quando alguma coisa me chateava. Fiquei feliz ao reparar que, devido a neve que caía, poucas foram as pessoas que tiveram coragem para ir dar uma volta perto do lago congelado esta tarde. Assim, ninguém veria quando eu começasse a desmoronar por fora; já estava cansado de guardar toda a dor dentro de mim. Eu iria acabar explodindo.

Caminhei devagar até o velho carvalho que havia ali; onde Arthur havia gravado nossas iniciais com uma faca quando éramos crianças. Sentei-me entre as raízes da velha árvore, encolhi as pernas e as abracei, apoiei a cabeça nos joelhos. Não tive que esperar por muito tempo; logo as lágrimas vieram quentes e dolorosas, escorrendo por minha face.

Fazia anos que eu não chorava assim. Para ser mais preciso, eu não chorei mais depois que conheci Arthur. Ele me ensinara a ser forte e a confiar mais em mim mesmo, ele se tornou meu porto seguro, alguém em quem eu sempre podia confiar e me apoiar. Acho que foi por isso, por ele sempre cuidar de mim, que eu me apaixonei.

De certa, mesmo com o coração partido, eu não posso deixar de ficar feliz e de ser agradecido por ter-lo conhecido. Tampouco vou poder deixar de amá-lo. Deixar de amar Arthur seria como arrancar meu coração fora. Não sei se consigo viver sem ele. Mas por hora, vou me manter um pouco afastado dele, até sentir que tenho coragem para encará-lo novamente sem deixar que minha paixão sem sentido interfira na nossa amizade.

Ah, pensar assim dói tanto...

Encolhi-me ainda mais na direção da árvore, tentando buscar alguma proteção. Nessa hora, senti o CD que Leon havia me dado espetar minhas costelas através do bolso do casaco. Tirei-o de lá e o encarei por alguns instantes, então decidi pegar o meu CD player e colocá-lo para tocar. Talvez isso pudesse me acalmar um pouco. Encaixei o CD no lugar e cliquei em play; o deixei no alto-falante mesmo.

I’ve been roaming around

Always looking down at all I see

Painted faces, build the places I can’t reach

You know that I could use somebody

You know that I could use somebody

A música invadia minha mente e eu não conseguia deixar de pensar no quão perfeita ela era para descrever o que eu estava sentindo. Tentei enxugar algumas das lágrimas que ainda escorriam sem parar pelo meu rosto, quando escutei os passos apressados de alguém se aproximando. Imaginei que fosse um corredor, logo nem me dei ao trabalho de erguer a cabeça, simplesmente encolhi mais as pernas para dar passagem. Eu não queria ter que explicar a ninguém o que estava acontecendo.

Mas a pessoa não prosseguiu, continuou parada na minha frente. Fiquei um pouco assustado com isso e novamente o meu coração começou a bater com força; contudo, logo deduzi que era o Leon, que havia vindo atrás de mim.

Passei as mangas da blusa com força nos olhos e esbocei um sorriso ao erguer o rosto para ele. Não queria que ele ficasse preocupado. Mas o sorriso logo morreu em minha face, pois não era Leon quem estava parado ali, me encarando com uma mescla de alívio e preocupação; era Arthur.

- Arthur... – Comecei a falar, imaginando qualquer desculpa para lhe dar.

Ele nem me deixou falar. Simplesmente se jogou em cima de mim, abraçando-me com força, quase me sufocando. Primeiro eu fiquei feliz por ele estar ali, me abraçando; mas logo eu tentei empurrá-lo, para me livrar do contato do seu corpo. Eu ainda estava confuso e machucado, e ele era a última pessoa que eu queria ver no momento.

Porém, ele não me soltava, muito pelo contrário. Quanto mais eu o empurrava, mais forte ele me abraçava. Senti algumas gotas quentes molharem o meu pescoço e ombro.

- Você me deixou tão preocupado... – Ele murmurou, sua respiração roçava em meu pescoço.

Someone like you, and all you know, and how you speak

Countless lovers under cover of the street

You know that I could use somebody

You know that I could use somebody

Someone like you

O som da sua voz me deixou sem reação. Ele me aconchegou em seus braços e eu não resisti, precisava dele e do conforto que ele sempre me dava. Não havia escapatória. Retribui o abraço dele com força, enterrando meu rosto na curva de seu pescoço.

- Seu idiota... O que aconteceu com você? – Perguntou, puxando de leve os cabelos da minha nuca.

- Ai!... – Empurrei ele e abaixei os olhos, não queria falar o que eu estava sentindo agora. Aliás, por que ele estava perguntando? Ele sabia muito bem o que havia me deixado nesse estado...

- Não vai me contar? – Insistiu, erguendo meu queixo com a ponta dos dedos.

- Você sabe muito bem o que aconteceu! – Informei, dando um safanão na mão dele e a afastando-a do meu rosto. Arrisquei-me a encará-lo por um momento e o rosto dele refletia completa confusão. – Por que você está se fazendo de idiota?! Você sabe muito bem que é o culpado por eu estar assim!

- Eu? Mas eu nem sei do que você está falando!

- Não sabe?... – O encarei e não precisei de resposta; Arthur era sempre muito transparente e os olhos dele me diziam claramente que ele não fazia idéia do que estava acontecendo. – Mas... Todas aquelas coisas que você fez hoje...

- Will...

Off in the night, while you live it up, I’m off to sleep

Waging wars to shake the poet and the beat

I hope it’s gonna make you notice

I hope it’s gonna make you notice

Someone like me

Someone like me

Someone like me, somebody

Ele acariciou meu rosto e me puxou de volta para os seus braços. O calor dele, seu cheiro, faziam meu coração bater de uma forma tão... Inexplicável! Eu nem sabia descrever qual era a sensação de estar em seus braços. Arthur nunca havia me abraçado antes, por isso esta era uma sensação tão nova e surpreendente para mim.

Aproximei-me mais dele e o abracei ainda mais forte que antes. Novas lágrimas surgiram em meus olhos, mas agora elas tinham um significado diferente. Não tenho palavras para explicar qual era, só sei que elas vinham com um sentimento muito forte e caloroso. Gostaria de poder sentir isso para sempre...

- Will... – Ele sussurrou, segurando meu rosto entre as mãos. Ele me olhou diretamente nos olhos, por um tempo que me pareceu interminável, antes de me dar um beijo na testa. – Então, o que aconteceu antes?

Quase me engasguei no choro quando ele fez isso. Meu rosto estava em chamas. Ele me beijara! Está certo, fora apenas um beijo na testa, mas já era muita coisa para um único dia. Eu não queria encará-lo depois disso, mas ele não me deixava desviar o olhar, segurando meu rosto com força e delicadeza.

- Se você não começar a falar, eu vou fazer pior! – Avisou com um sorriso vibrando em sua voz.

- É porque... Porque... – Minha voz não saía e as palavras não se formavam; meu rosto estava tão quente que era quase insuportável.

- Por quê?... – Ele cantarolou, tentando me ajudar.

- Eu... Eu... Amo... Você! – A confissão saiu aos engasgos e eu não conseguia encará-lo, então fechei os olhos com força, esperando a reação dele.

Someone like you, somebody

Ele ficou em silêncio, e nessa hora eu comecei a imaginar o pior. Agora ele iria se levantar e me mandaria nunca mais chegar perto dele. Era uma questão de segundos agora. Meu coração batia com força, como se já estivesse esperando pela rejeição. Mas ela não veio.

Arthur soltou uma exclamação e rapidamente voltou a me abraçar. Ele murmurou um monte de ”me desculpe” enquanto acariciava os meus cabelos. Eu não conseguia entender por que ele estava me pedindo desculpas, mas isso deve ser melhor do que se ele fugisse de mim.

- Arthur?...

- Você me ama? Will, você me ama? – Ele perguntou sem me soltar, parecia até ansioso para ouvir a resposta.

- Eu... Eu amo... – Murmurei envergonhado e escondendo o rosto no ombro dele.

- Repita mais alto dessa vez. – Ele ordenou, me abraçando com força. Parecia que ele estava sorrindo.

- Eu amo você... – Murmurei um pouco mais alto, o que fez ele me abraçar com ainda mais força. Isso me deu coragem para repetir. – Eu amo você! Amo você! Amo você!

Ele riu e me abraçou com mais força ainda, quase me esmagando. Depois, voltou a segurar meu rosto nas mãos e eu pude ver algumas lágrimas cintilando em seus olhos. Ele encostou a testa na minha, enquanto exibia um largo sorriso no rosto.

Someone like you, somebody

Eu não conseguia entender bem o que estava acontecendo, mas essa reação dele me deixava muito feliz. Tão feliz, que eu quase não conseguia me conter dentro de mim. E ao mesmo tempo, eu também estava morrendo de vergonha. Ele estava tão perto e sendo tão carinhoso... Dois homens não deveriam agir desta forma em público!

Com algum esforço, consegui empurrá-lo para longe e voltei a abraçar meus joelhos, abaixando minha cabeça para esconder meu rosto. Acho que meu corpo não iria suportar se ele me abraçasse novamente, pois agora parecia que ele estava sendo completamente consumido por chamas! Eu estava suando enquanto a neve caía ao meu redor. Meio... Irônico.

- Will?... – Indagou Arthur. Ele estava tombando a cabeça de lado e tinha um sorriso leve no rosto; aquela cena me lembrava muito a de um filhote fazendo graça.

- Ah!... – Meu rosto esquentou mais ainda com esse pensamento.

- Me diga o que você estava pensando àquela hora, no almoço?

- Hm... É que eu pensei que você soubesse dos meus... Sentimentos, e que havia feito todas aquelas coisas só para me provocar e deixar-me constrangido... – Murmurei, me sacudindo um pouco e escondendo o rosto com a franja.

- Não! Eu nunca faria algo assim! – Afirmou, sua expressão indignada me fez rir um pouco. – Então foi isso? Para variar, você estava tirando conclusões precipitadas antes de saber de todos os fatos. Isso é tão... Você!

- Ei! Olha como fala, eu acabei de me declarar para você, tenha respeito! – Exclamei, dando-lhe um soco no braço e virando a cara para ele. Ele soltou uma gargalhada e bagunçou os meus cabelos. – Espera... Se não era isso, então por que você estava quase me... Bom... Agarrando hoje de manhã? – Questionei, reunindo toda a minha coragem para fazer a pergunta da forma mais confiante possível, apesar da vergonha. Nunca imaginei que fosse ter esse tipo de conversa na minha vida!

- E-eu não estava te agarrando! – Exclamou, mas eu pude ver um rubor quase tão forte quanto o meu se espalhando pelo rosto dele.

Someone like you, somebody

Aquilo me deixou um pouco surpreso; em tantos anos que eu o conheço, acho que eu nunca havia visto Arthur corar daquela forma. Aquilo mexeu comigo de alguma forma, talvez porque eu nunca havia visto esse lado mais “vulnerável” dele antes. E isso era simplesmente fascinante! Fazia-me quere saber mais sobre ele.

Aproximei-me um pouco mais dele e o encarei nos olhos. Ele ficou ainda mais vermelho quando nossos olhares se encontraram e rapidamente virou a cabeça na direção oposta. Isso me fez rir, ele era tão... Fofo! Estiquei a mão devagar, ainda meio inseguro, afinal, Arthur ainda não havia dito o que sentia por mim; toquei a mão dele de leve e apertei seus dedos compridos e finos entre minhas mãos.

Ele ficou ainda mais sem graça com o meu gesto e fechou os olhos. Eu estava gostando de ver ele envergonhado desse jeito, porque, além dele ficar fofo assim, era eu quem estava deixando ele desse jeito. Eu!

Agora eu podia entender a razão dele ter feito a mesma coisa comigo mais cedo, era muito bom ver a pessoa que você ama reagindo aos seus toques... A pessoa que você ama... Será que o que eu estou pensando pode ser verdade? Será que ele corresponde aos meus sentimentos?

O encarei firmemente por alguns instantes; se eu não me arriscasse, nunca poderia saber. E eu precisava saber o que ele estava sentindo, de qualquer forma e a qualquer custo! Ergui a mão, meio trêmulo, e acariciei os cabelos cor de mel dele. Seus olhos negros se abriram de imediato e me fitaram um pouco assustados. Deslizei a mão pelo rosto de Arthur com suavidade, até parar em seu queixo.

Ele ficou um pouco hesitante, isso era algo novo para nós dois. Nossa respiração estava pesada e os lábios dele estavam levemente entreabertos. Fiquei chocado antecipadamente com o que eu mesmo estava prestes a fazer, mas eu não poderia evitar. Eu precisava disso; precisava dele.

Aproximei nossos rostos lentamente e ele não me impediu. Nossos lábios se juntaram devagar, suavemente; apenas um roçar delicado. Mas isso já foi o bastante para fazer o meu coração parar por um segundo. Separei-me dele devagar, praticamente caindo sentado para trás. Não conseguia acreditar que realmente havia feito isso!

Arthur estava praticamente irreconhecível de tão vermelho que o seu rosto ficara. Uma de suas mãos cobria os próprios lábios e seus olhos estavam vagos. Mesmo assim, eu poderia jurar que havia um sorriso escondido atrás de sua mão. Fiquei de joelhos de frente para ele e segurei-o pelos ombros; queria que ele me encarasse.

Ele me encarou com os olhos meio arregalados, nessa hora decidi fazer o que ele sempre fazia comigo. Lentamente, abracei-o e o fiz deitar a cabeça em meu ombro. Por alguns minutos, que pareciam intermináveis, permanecemos assim. Algumas pessoas passaram por nós: alguns seguiram em frente, sem olhar par nós; outros torceram o nariz. Mas nenhum desses desconhecidos era importante, tampouco o que eles pensavam a nosso respeito.

- Arthur... Você me ama? – Indaguei com um fio de voz, segurando de leve o rosto vermelho do meu amado.

I’ve been roaming around

Always looking down at all I see…

A pergunta fizera o loiro ficar ainda mais vermelho. Sorri com isso, pois era extremamente raro vê-lo corando. Os olhos negros se arregalaram e ele entreabriu os lábios, tentando falar. Quem diria que ele acabaria ainda mais tímido do que eu? Só de ver essa reação dele, eu já podia adivinhar a resposta. Mas, como ele havia dito antes, eu não podia ficar empolgado; sempre acabava me deixando levar por conclusões precipitadas, e elas sempre acabavam me iludindo e deixando-me arrasado.

Continuei segurando o rosto dele e o encarei firmemente. Eu precisava de uma confirmação. Ele me encarou de volta, o rubor em seu rosto lentamente se suavizava e sua expressão voltava a ficar mais serena, como de costume.  Arthur sorriu delicadamente e levou as mãos ao meu rosto também.

Ele puxou meu rosto para perto do dele e pousou os lábios nos meus devagar, sem pressa ou pressão alguma. Quando se afastou, com uma das mãos me puxou para perto e voltou me abraçar, com a outra mão ele segurava e acariciava minha cabeça ao mesmo tempo.

- Posso interpretar como um “sim”?... – Perguntei, minha voz saía abafada em sua camisa. Meu rosto voltou a ficar vermelho, pela centésima vez neste dia, eu acredito.

Arthur não respondeu. Simplesmente me abraçou com mais força e riu baixinho. Desta vez eu sabia que ele estava rindo de alegria, e não porque estava caçoando de mim. Essa percepção fez meu coração palpitar. Abracei-o também e fechei os olhos com a cabeça apoiada no peito dele. Eu era capaz de ouvir seu coração batendo, quase tão descompassado quanto o meu.

Não faço de idéia de quanto tempo passamos sentados ali, no meu da neve, abraçados. Só sei que durante todo o tempo que permanecemos assim, a cada segundo eu desejava mais e mais que aquele dia nunca terminasse; que ele nunca mais me soltasse. Como se pudesse ler meus pensamentos, ele me apertou ainda mais contra o seu peito e me deu um beijo na cabeça.

Eu não sei se esse romance irá durar para sempre, mas isso realmente não importa para um “coração apaixonado”, não é verdade? Pelo menos, é o que eu sempre escuto falar. O importante é que ele está aqui, que eu estou aqui e que cada momento em que estivermos juntos será eterno para mim. Sim, esta é uma frase bem clichê, mas ela descreve tão bem os meus sentimentos agora, que não deve fazer mal usá-la...

Fim.



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