Best Of You escrita por Melanie


Capítulo 2
I’ve got a another confession, my friend


Notas iniciais do capítulo

Heey lindas!
Tudo bem?

Bom aqui está a segunda parte da one shot, espero realmente que gostem dela, algumas palavras daí vieram de um desabafo do meu coração mesmo, mas isso é mais pessoal e vocês nem precisam pensar nisso, então espero que sintam a mensagem! :3

Boa leitura!
Beijooos :*:*



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I’m no fool

I'm getting tired of starting again

Somewhere new

Were you born to resist or be abused?

I swear I'll never give in

I refuse

Valerie PDV

Minha história com Justin era no mínimo muito estranha, não éramos realmente amigos, bom, só para ele claro. Justin gostava de andar comigo, ainda que eu fosse uma vadia chata e arrogante com ele, por alguma razão ele me dizia que era feliz ao meu lado, que eu era diferente das outras garotas, e justamente por tratá-lo mal que ele gostava de estar comigo. O que não fazia o menor sentido, mas não adiantava nada discutir isso com ele.

E bom, isso me balançou, tudo bem que o garoto era um idiota, e a maioria do tempo eu não aguentava ele falando, mas Justin me fazia companhia, me entendia quando ninguém conseguia, com apenas um olhar ele sabia exatamente o que eu sentia, ele me fazia de algum modo esquecer todo o passado, e recomeçar uma nova história todas as vezes que nos encontrávamos.

Estava começando o considerar meu amigo mesmo, eu até que gostava dele.

Irônico, mas ele parecia um presente divino, que veio para me salvar.

***
            - Vally! – Alguém disse tapando meus olhos com as mãos, enquanto eu tentava, inutilmente, abrir meu armário, eu sempre esquecia a senha daquela porra.

Coloquei minhas mãos em cima das grandes mãos de Justin, eu bem sabia que era ele. Três motivos, para onde quer que eu esteja, ou como esteja, saber que é ele: Sua voz, que por muito tempo é irritante enquanto ele fala, fala e fala mais um pouco, eu já sei exatamente como ela é. As suas mãos grandes e até mesmo um tanto ásperas de tocar violão. E a coisa mais óbvia do mundo, ele é o único infeliz que me chama de Vally, urgh.

- Oh, quem será que é? – Disse irônica tirando suas mãos do meu rosto e me virando pra ele, Justin riu revirando os olhos. – O que você quer estrupício?

- Nossa Vally, seu amor por mim me impressiona, sério, pode parar de ser fofa, isso me da enjôo as vezes, sabe... – Disse irônico, mostrei o dedo pra ele, desistindo de abrir a porra do meu armário e começando a caminhar até minha primeira aula, que era junto com o meu carma eterno.

- Ei me espera! – Ele disse colocando o braço em volta do meu ombro e caminhando junto comigo, apenas suspirei.

- Tem que parar de andar comigo garoto, está ficando irônico demais. – Disse o encarando com uma sobrancelha levantada, Justin riu pelo nariz e eu acabei rindo com ele.

- Ei hoje a tarde você vai poder ir lá em casa? – Me perguntou enquanto entrávamos na sala e íamos sentar nos nossos lugares, na fila da parede.

- Sim, aliás você fala como se a gente não se encontrasse todos dias, você mora no lado da minha casa. – Eu disse me sentando na cadeira e largando minha bolsa em cima da mesa, Justin se sentou ao meu lado ainda com o braço em volta dos meus ombros.

- Eu sei disso, só queria confirmar, aluguei seu filme favorito. – Ele disse com um sorriso enorme, eu ri.

- Ta querendo me comprar idiota?

- Feia.

- Tosco. – Rebati dando um peteleco no nariz dele, rimos juntos.

- Okay classe, todo mundo abre o livro na página 129, vocês também casal encrenca, vamos lá! – O professor disse entrando na sala e apontando pra mim e Justin, todos da sala riram juntos, revirei os olhos soltando uma risadinha.

***

Éramos conhecidos assim no colégio, todos achavam que estávamos juntos, alguns até mesmo achavam que éramos fofos juntos, o que eu não entendia pra falar a verdade, 90% do tempo a gente brigava e os outros 10% ele passava contando piadas, cantadas e me irritando, enquanto eu apenas bufava tentando ignorar, e como sempre meu irmão implicava com isso, não que eu me importasse claro, nunca teria nada demais entre mim e Justin, por três meses eu nem ao menos o considerava um amigo.

***

- Viajar pelo mundo. – Justin disse respondendo minha pergunta “um sonho?” no nosso jogo de contar curiosidades sobre nós, enquanto comíamos amendoins sentados no chão da sacada do quarto dele, olhando a noite de San Francisco, que parecia mais brilhante do que nunca, o céu estava cheio de estrelas e a lua maior do que o normal.

A vista era fantástica, ao longe podíamos até mesmo ver a Golden Gate Bridge, linda como sempre, Justin e eu nos juntávamos todas as noites na sacada dele para ver o pôr do sol e o quanto aquela ponte ficava linda a noite, com todas aquelas luzes.

- Meio clichê, mas eu gosto. – Disse me referindo a sua resposta, Justin sorriu. – Hey já pensou quantas pessoas já se jogaram daquela ponte? Eu diria “nossa ponte”, mas ia ser clichê e tosco demais, mas enfim. Sabia que a queda de lá dura aproximadamente quatro segundos e quem salta da ponte atinge a água a uma velocidade de 120 km/h? Quase sempre é mortal. Em 2005, a contagem ultrapassava os 1200 suicidas! Te cuida em Justin, não vai se atirar de lá por causa de mim. – Disse rindo e dando de ombros, Justin riu junto encarando a ponte.

- Rá, até parece. Enfim, é a nossa ponte sim, afinal nós que “cuidamos” dela todas as noites não? – Perguntou me encarando, apenas concordei com a cabeça, sorrindo fraco. – Enquanto aos suicídios, eu não sei, acho meio idiota.

- Como assim?

- É como se você estivesse dizendo que é fraco demais, que você não tem potencial para correr atrás do que quer, que não é forte para lutar. É como se estivesse desistindo, afinal, a morte é a opção mais fácil. – Disse me encarando sério, mordi os lábios pensando, desviando os olhos dele e encarando a ponte.

- Mas por outro lado, é como uma prova de amor, digamos que é como se você fosse capaz de tudo por aquela pessoa, que não consegue viver sem ela. Mesmo que seja idiota e trágico, é uma demonstração de amor verdadeiro.

- Você faria isso por quem ama? – Justin indagou curioso, dei um sorriso sem humor.

- Acho que sim, mas pra isso teria que dizer um “eu te amo” primeiro, e eu nunca disse isso pra alguém, nunca senti isso por alguém. – Dei de ombros o encarando, o silêncio se instalou entre nós, e ele era desconfortável, apoiei minha cabeça na porta de vidro da sacada.

- Valerie? – Justin perguntou cortando o silêncio, me virei pra ele.

- O que foi?

- Por que você não gosta de mim, assim, na real? – Essa me pegou de surpresa, ele nunca havia me perguntado isso, aliás, nunca tivemos uma conversa tão séria e sincera quanto a de hoje, e isso me deixava desconfortável e vulnerável.

- Eu não te odeio, é só que, digamos, se você estivesse pegando fogo e eu tivesse a água, eu a beberia. – Disse dando de ombros encarando minhas unhas com o esmalte preto já gasto, levantei minha cabeça outra vez e Justin me olhava apavorado e bravo. Gargalhei.

- É brincadeira seu idiota, eu gosto de você. É o meu melhor amigo, aliás o meu único amigo...o único amigo que eu tive a vida inteira. – Desabafei cabisbaixa, ainda incomodada com toda a situação. – E obrigado por isso, você se importa ainda que eu seja uma vaca o tempo inteiro. – Sorrimos um pro outro e aproveitei a oportunidade pra me levantar. – Enfim, eu tenho que ir, até amanhã.

Disse dando um beijo na bochecha dele e me esticando pra pular da sacada dele para a do meu quarto.

- Boa noite, e sonhe comigo. – Disse com aquele olhar sedutor, revirei os olhos, claro que ele não ia deixar de me encher um pouquinho.

- Vai nessa, tchau idiota.

- Tchau Vally. – Mostrei o dedo do meio pra ele, que ria, finalmente entrando no meu quarto e fechando a porta da sacada, puxando a cortina.

Joguei-me na cama sorrindo comigo mesma, ele era um retardado, mas me fazia feliz, muito feliz.

***

Sorri ao lembrar da nossa conversa, foi a conversa mais verdadeira que tivemos em todo o nosso tempo de amizade.

Ri comigo mesma, naquela época nem imaginava que um ano depois estaria ali naquela ponte, cometendo um suicídio como o que comentamos.

O mundo da voltas mesmo, e numa dessas você pode cair.

***

- Biebs para, eu não vou cantar. – Reclamei enquanto ele tocava violão, Justin parou de tocar me encarando, sentei na minha cama ao seu lado, respirando fundo.

- Você canta bem Vally, vamos lá! – Tentou me motivar, mas apenas balancei a cabeça negativamente, ele suspirou calmo.

- Tudo bem, vamos fazer outra coisa. – Falou largando o violão de lado e colocando as mãos na minha cintura, sorri colocando meus braços em volta do seu pescoço, fazendo ele deitar na cama, deitei em cima dele afundando meu rosto no seu pescoço, enquanto ele afagava meus cabelos.

Estávamos mais próximos que nunca, eu havia derrubado parte das minhas "paredes" emocionais, eu tinha deixado ele entrar na minha vida, eu estava tentando me acostumar com a idéia de que ele era essencial, e insubstituível pra mim.

Perdida em meus pensamentos me assustei quando seus lábios se encostaram de leve nos meus, em apenas um selinho longo. Meu coração acelerou e senti o ar faltar enquanto sentia seus lábios macios nos meus.

Tudo girou muito rápido, eu não conseguia pensar ou fazer algo. Não sabia o que estava acontecendo, o que eu estava fazendo, ou melhor, o que deveria fazer.

- Eu te amo Valerie. – Justin disse assim que nos separamos arfando, apertando mais os braços na minha cintura, o encarei sem expressão.

Senti meu coração acelerar enquanto ele me encarava com os enormes olhos sinceros.

O que eu supostamente deveria dizer?

- Er...Justin, obrigado mas eu...é que... eu não...– Comecei a dizer coisas desconexas, totalmente nervosa, me levantei da cama o encarando ainda perplexa.

- Olha, não precisa dizer que me ama também, okay? Eu sei que dizer essas três palavras é difícil pra você, sei que você é só minha amiga, eu só precisava dizer isso, estava me sufocando, mas apenas esqueça, ta legal?

- O..okay. – Disse um tanto confusa e aérea, Justin me puxou para um abraço apertado, enquanto eu tentava voltar a realidade.

Ele fora a primeira pessoa que disse um “eu te amo” pra mim em 17 anos.

***

Acho que eu foi meu maior erro, não ter dito um “eu também te amo” naquela noite, com medo de me machucar, com medo de me iludir.

Eu não disse aquelas palavrinhas, eu não disse o que sentia, e acabei com tudo o que poderíamos um dia ter juntos.

Justin se afastou um pouco depois daquele dia, ele parecia mais triste e estranho comigo, mas ainda assim éramos amigos.

Eu estava arrependida, queria dizer tudo o que estava entalado dentro de mim, mas era fraca demais para isso.

Foi então quando ele veio com a notícia bomba, logo depois da nossa formatura, foi quando ele disse que iria embora outra vez por causa do emprego da mãe, ele iria pro Canadá, e nunca mais iria voltar.

E o que eu fiz?

Nada. Como sempre. Nada.

***

- Vou sentir sua falta baixinha, e dos palavrões e tapas também. Eu adoro te irritar, você sabe. – Ele dizia me abraçando forte, deixei as lágrimas caírem livremente pelo meu rosto, manchando a camiseta azul dele.

Por que ele tinha que ir? Por que ele não podia ficar comigo pra sempre? Por que!?

- Promete que nunca vai me esquecer?

- Eu prometo, eu te amo Valerie. – Disse segurando meu rosto em suas mãos, apenas abaixei o olhar para meus pés enquanto ele me dava um beijo na testa.

- Desculpe. – Sussurrei sem mais força alguma, ele apenas sorriu fraco e se afastou, finalmente entrando no carro, nossos olhares se encontraram mais uma vez e eu me permiti sorrir fraco, enquanto o carro dava a partida outra vez, partindo para sempre.

O acompanhei com os olhos desaparecer cruzando a esquina, meu coração gritava para correr atrás do carro, dizer a Justin que eu o amava, e pedir para ele ficar.

Mas minhas pernas não se moveram, apena fiquei ali o encarando partir, sem dizer nada. Sem fazer nada.

***

Eu era uma vadia.

Uma vadia estúpida.

Medrosa e fraca.

Eu não merecia ele, nem em mil anos, e para ele o melhor que aconteceu foi se afastar de mim.

Eu só dei valor quando ele se foi.

Eu só me toquei do que tinha quando ele partiu.

Rosnei com raiva, tinha chego a hora, olhei no relógio do celular me certificando que a carta que mandei entregarem a ele já estava em suas mãos. Descobri que Justin estava na cidade, tinha vindo visitar uns amigos, era o momento perfeito para dizer tudo, exatamente tudo.

Joguei minha bolsa no chão e logo comecei a tirar meus sapatos, me amaldiçoando mentalmente por ter arrumado tanto uma roupa para me jogar de uma ponte, eu era uma tosca, isso sim.

Tirei minha jaqueta a jogando com as outras coisas, senti o frio congelante tomar conta de mim, arrepiando todo meu rosto e me fazendo tremer.

Respirei fundo encarando a água agitada lá em baixo.

Era agora ou nunca.

1, 2, 3 e fim.

Justin PDV

- Nossa Harry, essa foi horrível! – Eu disse rindo junto com Cory e Vini da piada tosca que Harry acabara de contar. Era bom estar com meus amigos do time da escola.

Senti meu corpo se arrepiar com a noite fria, estávamos conversando sentados na escada da frente da cassa de Harry, eu estava de volta a San Francisco.

Eu adorava aquele lugar, principalmente por me trazer lembranças dela, minha Valerie, a garota que eu mais amei e que quebrou meu coração em dois segundos, dizendo apenas um “obrigado” quando disse que lhe amava, eu não podia culpá-la, bem sabia disso, Valerie era complicada, tinha fantasmas do passado que nunca superou, era fechada para todos e apenas deu uma brecha pra mim, e eu acabei pedindo mais do que ela era capas de me dar.

- Justin Bieber? – Um garoto de mais ou menos 16 anos, roupas de "mano" e o cabelo em um moicano, perguntou parado a minha frente, franzi a testa.

- Sou eu, o que foi?

- Valerie pediu para lhe entregar isso, ela disse que “entregue a ele antes da minha única prova de amor”. - O garoto disse entregando um envelope em branco com a inconfundível letra de Valerie um tanto borrada.

- O que aconteceu? É de Valerie? Valerie Hanson?

- Desculpe, não sei de nada, tenho que ir. – O garoto disse nervoso saindo correndo, franzi a testa encarando a carta nas minhas mãos.

- Ei caras tenho que ir.

- Tudo bem Justin?

- Sim, sim. Até amanhã. – Disse fazendo um toque com eles começando a caminhar pela rua escura, me perguntei por que Valerie me mandaria uma carta, depois de um ano, ainda mais essa hora da noite.

Suspirei começando a ler.

"Justin, eu não sei os motivos que me levaram a escrever isso, e eu acho que nunca vou conseguir entender, sou cabeça dura demais pra isso.

Mas é que eu sinto falta, de tudo. Queria escutar sua voz agora, perguntar se você está bem, como anda sua vida, se você cortou o cabelo, se melhorou suas piadas, se ainda joga futebol com os garotos.

Queria dizer que eu sinto a sua falta.

Mas do que um dia você vai imaginar.

Mais do que eu às vezes me permito sentir.

Mais do que eu deveria.

Queria poder voltar no tempo, apenas para te dizer que sim, eu sentia aquilo, eu sentia aquilo todos os dias, todas às horas, sempre que você olhava pra mim e sorria.

Eu sentia.

Queria ter tido a oportunidade de dizer que você era realmente importante pra mim, que ao seu lado eu me sentia segura de alguma forma, que você me fazia sentir segura, ao seu lado eu não me importava com que os outros podiam dizer, ou com todas as brincadeiras, por que eu sabia que aquilo era real, eu sabia que você gostava de mim pelo o que eu era, com você eu podia ser uma vadia chata, a gente podia brigar por horas, mas no fim você estaria ali do meu lado, segurando minha mão, tentando se aproximar da garota complicada aqui, enquanto eu te xingava mais um pouco. Você me fazia uma boba apaixonada, ainda que não pudesse perceber, e que eu também não demonstrasse você me fazia sorrir, rir e me divertir. Você me fazia feliz, apenas por ser você mesmo, com todas aquela idiotice sua, e às piadas/cantadas toscas, eu te amava mesmo assim, mesmo que não suportasse você falando na minha cabeça o tempo inteiro, gostava de ouvir sua voz.

Ela deixava meu coração acelerado, às borboletas voando no estômago e minhas mãos tremendo.

Mesmo quando era pra me xingar dizendo “Arrgh guria!” antes de mais uma discussão começar, eu ria disso, você fazia aquela sua careta de bravo, eu achava fofo.

Ou quando tínhamos nossas discussão de relação, uma relação que ainda nem tínhamos.

Ataques de ciúmes por nada, brigas, discussões, tapas e palavrões. Típico nosso.

Eu muitas vezes falei coisas idiotas, bobas, te xinguei ou fiz piada por que sentia medo que você descobrisse que eu concordava com aquilo que você dizia sobre nós. Eu tinha medo.

Eu tinha medo de achar que você gostava realmente de mim e então tomar coragem pra te dizer que eu também sentia o mesmo, e aí no fim, você somente gostava de mim como uma amiga.

Eu tinha medo de te amar, tinha medo que você não me amasse, tinha medo que não déssemos certo, eu tinha medo que nossa amizade acabasse, tinha medo que você se afastasse.

E no final das contas eu não te falei nada, e ainda assim o que eu mais temia aconteceu, você foi realmente embora. Você acabou com nós dois antes que pudéssemos realmente ter algo.

Mas, por que você teve que ir embora, merda?

Por que você não podia ficar aqui, ao meu lado, pra sempre? Eu sinto sua falta, todos os dias eu olho pro lado e me pergunto por que você não está ali, ainda que seja pra falar coisas idiotas, me irritar, contar piadas sem graça, pra gente brigar um pouco, e depois você tenta me agarrar, então eu me afasto te batendo e xingando, daí você joga mais uma cantada tosca e nós rimos, começando nosso ciclo vicioso outra vez.

Eu me pergunto se talvez eu tenha uma parcela de culpa nisso tudo.

E se eu tiver, eu quero te pedir do fundo do meu coração, mil desculpas.

Eu fui boba, medrosa e infantil, eu tive medo de começar a sentir algo que na verdade eu já sentia desde a primeira vez que te vi.

Fui medrosa e idiota quando te amei infantilmente, quando omiti tudo, quando eu me neguei a aceitar, quando vi você ir embora e não fiz nada, quando não te contei tudo o que sentia, quando eu não fui atrás de você, quando não te procurei, quando não te pedi pra voltar.

Mas só fiz isso tudo por que sou uma tola, uma tola por você.  Mas a verdade é que não aguento mais um segundo longe, eu não estou bem com isso, eu quero que você volte mais do que qualquer coisa, eu sinto sua falta, demais.

Minha vida inteira eu acreditei que, talvez alguém, em algum lugar, me amaria por aquilo que sou, com todos os inúmeros defeitos e manias. Que alguém se importaria comigo, e estaria ali quando as coisas não estivessem bem. Até o mundo acabar. Que antes que o céu desabasse ele iria segurar minha mão, e sussurrar que tudo estaria bem enquanto estivéssemos juntos. Que ele me libertaria de todo esse mal, de todo o ódio e dor. A minha vida inteira procurei por esse alguém, que de repente estava aqui, mais perto do que um dia já imaginei.

E me pergunto se você ainda pensa em mim como eu ainda penso em você. Se você ainda lembra do meu nome completo, a cor dos meus olhos, que eu gosto de chocolate branco, das minhas piadas sem graça e compridas, se lembra que eu odiava meu cabelo, que eu tinha pôsteres pelo quarto, e que você odiava eles, que eu adorava filmes de terror e odiava matemática.

Se ainda lembra que eu cantava, mas tinha vergonha de cantar em público, das vezes que você tocava violão e tentava me fazer cantar, quando você tocava All Good Things da Nelly Furtado, por que sabia que era minha música favorita de cantar, e então eu cantava baixinho e nossos olhares se encontravam, você continuava sorrindo e eu apenas virava o rosto parando de cantar.

Sinto falta dessas pequenas coisas, sinto falta até mesmo das coisas que nem aconteceram, sinto falta de você ao meu lado.

Sinto falta de tudo, até das partes ruins.

E só queria que você soubesse disso tudo antes de tudo acabar, só queria que soubesse que eu sempre gostei de você.

E eu sempre vou.

E que não era por que eu não dizia isso, que eu não sentia.

Eu sentia sim, muito mais que você pode imaginar.

E só quero que você saiba disso antes que o mundo acabe. Eu te amo.

Dobrei o papel sentindo meu coração praticamente sair pela boca e meus olhos se encherem de lágrimas, ela finalmente tinha dito aquilo que eu sempre quis ouvir dela.

Um sorriso enorme tomou conta do meu rosto. Eu estava feito um bobo apaixonado.

Aliás, eu sempre fui.

Me perguntei então o que ela queria dizer com “antes que o mundo acabe”, e me lembrei que o garoto tinha dito algo sobre “única prova de amor”.

Ela....ela não...

- Enquanto aos suicídios, eu não sei, acho meio idiota.

- Como assim?

- É como se você estivesse dizendo que é fraco demais, que você não tem potencial para correr atrás do que quer, que não é forte para lutar. É como se estivesse desistindo, afinal, a morte é a opção mais fácil.

- Mas por outro lado, é como uma prova de amor, digamos que é como se você fosse capaz de tudo por aquela pessoa, que não consegue viver sem ela. Mesmo que idiota e trágico, é uma demonstração de amor verdadeiro.

- Você faria isso por quem ama?

- Acho que sim, mas pra isso teria que dizer um “eu te amo” primeiro, e eu nunca disse isso pra alguém, nunca senti isso por alguém.

Quase podia escutar a voz de Valerie em minha cabeça, como se ela tivesse dito isso para mim a cinco minutos atrás, meu corpo se arrepiou e senti meu coração falhar uma batida.

Não, ela não podia estar fazendo isso.

- Não...não, NÃO! – Gritei largando correndo pelas ruas de San Francisco, Valerie não ia me deixar, não agora que tinha dito tudo.

Não agora que finalmente poderíamos ter tudo.

Não sei quanto corri, ou quanto tempo durou, isso não importava pra mim.

Assim que cheguei ao início da Golden Gate Bridge vi ela tirando sua jaqueta, era ela, Valerie, eu nunca esqueceria aquele cabelo.

As roupas e o grandes olhos verdes.

- VALERIE! NÃO! – Eu gritava enquanto corria em sua direção, mas ela não parecia escutar, tentei correr mais rápido, foi quanto ela abriu os braços se jogando pra frente.

E tudo aconteceu em câmera lenta.

Ergui meu braço tentando puxar sua blusa, porém meus dedos deslizaram no tecido fino, indo de encontro com o ar, minha mão se fechou sem absolutamente nada dentro.

Enquanto eu ouvia um baque na água lá embaixo, fechei meus olhos sentindo o mundo desabar na minha cabeça.

Cai de joelhos no chão gelado, ainda com a mão erguida no ar.

Era o fim.

- Sabia que a queda de lá dura aproximadamente quatro segundos e quem salta da ponte atinge a água a uma velocidade de 120 km/h? Quase sempre é mortal. Em 2005, a contagem ultrapassava os 1200 suicidas! Te cuida em Justin, não vai se atirar de lá por causa de mim. – Rimos juntos, encarei a ponte.

- Rá, até parece.

Tentei respirar normalmente enquanto as falas dela naquela noite vinham na minha cabeça, em um trubilhão de emoções.

Quase sempre é mortal.

Quase sempre.

- VALERIE! - Gritei correndo pra fora da ponte, pulando as rochas e tentando correr até a a praia, arranquei meus sapatos e o casaco, me jogando com tudo na água gelada, sentindo meu corpo inteiro enrigecer, vi um brilho prata a minha frente, o anel dela, um pouco lonje de mim e nadei o mais rápido possível, meu pulmão parecia explodir a cada puxada de ar, mas eu precisava ser forte, naei mais um poucosentindo meu corpo bater em algo em baixo da água.

- Valerie? Vally? - Perguntei mergulhando na água e puxando seu corpo junto com o meu, ela estava gelada e seu corpo azul, respirei fundo tomando força e nadando de volta até a praia.

Me ajoelhei na areia colocando a cabeça dela nas minhas pernas, ela começou a guspir água tentando fazer algo, mas ela estava imóvel, com o olhar longe, a abracei forte ainda arfando.

- Eu estou aqui Valerie, eu te amo, vai dar tudo certo. - Disse cobrindo ela com meu casaco e a abraçando forte, Valerie tentou sorrir.

- Eu... eu te amo Justin.

- Eu sei, eu também te amo, e nunca vou te deixar ir, nunca. - Disse finalmente a beijando, o mundo podia acabar naquele momento que eu não me importaria.

Ela estava comigo, e isso era o bastante.

Ela era o melhor de mim, e eu sabia que era o melhor dela.


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Notas finais do capítulo

E ENTÃO? GOSTARAM? REVIEWS? OU ATÉ RECOMENDAÇÕES?
Hum?? Haha
Beijooos :*:*
AMO VOCÊS s2s2