Como toda pessoa, gostamos de nos sentir únicos, por isso começarei assim:

Você não sabe o que é ter medo de te ter por perto, não medo do que você é, mas do que pensa ou faz. Medo de ser mais um para exibição futura em que você apontará para mim e dirá “esse também. Incluindo-me em sua pequena divisão de jogos venenosos, que aliás nem é assim tão pequena. 
Você não sabe o que é já não se importar se uma pessoa gosta ou não de você e assim mesmo ficar com ela, já não sendo necessária uma resposta afirmativa,  a qual todos esperam receber daqueles que amam, não é loiro?

Errei, quem falou em amor? Na nossa idade, melhor, para você, não é amar e sim “gosto de você”. Gostar, um centésimo do verdadeiro sentimento, mas já é enfim alguma coisa, o sinal de que não somos mais crianças, mas que ainda estamos longe de sermos adultos.

Temo sentar ao seu lado, não nesse sentido, mas é que vejo o mesmo trecho se repetir, como uma cena de um filme qualquer onde voltamos e pomos play de novo. O pior é que gosto de assisti-la, então ela começa. Seus braços começam a me envolver e você a me puxar para mais perto. Encosto-me em você e dali não saio, gosto do contato ao sentir você me abraçar e repousar a cabeça no meu pescoço.

Não tenho o mínimo controle sobre meu corpo, meu coração realmente acelera e sei que você o ouvi, tenho certeza. Da para sentir seus olhos sobre mim, seu olhar pesa e me desconcentra. Maldito chocólatra, não consigo nem ao menos falar ao telefone e quando este toca, as palavras se embolam ou nem saem, prefiro desligar,pois se não faço, você me obriga beijando meu pescoço, descendo aos ombros, mordendo-os.

Não dá vinte minutos e você tem que ir, despede-se com um sorriso cínico e entra no carro, o que explica aos seus pais quando estes perguntam o que fazia abraçando tão intimamente outro garoto?

Vejo que olha para trás enquanto o carro começa a se mover e me perco em seus olhos maliciosos e sacanas...

Pergunto-me por que escolhi o príncipe de espadas ao invés do de copas..