Cap. 8 – Faria alguma diferença?

POV Leah

Não tinha, absolutamente nada pra fazer. Minha ronda seria apenas de noite e isso não me alegra, vou ter que topar de novo com o infeliz do Sam. Uma chuva fraca caia lá fora, o clima estava horrível, igual ao meu humor. O tédio agora faz parte da vida dos lobos, nossas vidas estavam monótonas, nada de novo acontecia em La Push.

Tudo velho, sempre o mesmo irritante perímetro, a mesma ronda, os mesmos conselhos, até os mesmos vampiros... Às vezes tenho vontade de vomitar na cara de todos, só pra vê algo diferente na cara deles.

Meus sentimentos eram iguais também, estava de saco cheio da mesma sensação de algo em minha vida vai mudar em breve, conversei com Billy sobre isso e ouvi a mesma resposta que tanto ouço: Tenha paciência, você verá que tudo está em seu devido tempo. Blá, blá, blá...! Isso me irrita, quero respostas, será que ninguém pode me dar uma mãozinha ai?

E sabe de uma coisa que mais me irrita? É a maluca obsessão de Sam. O idiota insistiu em me persegui pra onde eu for como desculpa, a droga “proteção”. Já tentei de tudo para ele sai de meu pé, mas parece que o cara grudou em mim como um carrapato. Acredite, que até a policia eu já recorri, mas nem pra isso eles não prestam.

Um uivo autoritário cortou o ar, baixo o bastante para que só os ouvidos mais sensíveis pudessem ouvi-lo. Levantei-me ligeiramente e Seth veio correndo parando ao meu lado.

- É Jacob. – disse, aflito, pois o uivo carregava consigo preocupação e nervosismo. Alguma coisa tinha acontecido, pelo visto era grave.

- Rápido, tem algo de errado. – corremos o mais rápido o possível, adentrando a floresta. Transformamo-nos, depois de tirarmos a roupa.

Então uns turbilhões de vozes invadiram nossas mentes. Todos pensavam ao mesmo tempo e aquilo estava ficando confuso e quase insuportável de se ouvir até os próprios pensamentos.

ORDEM! Gritou Jacob, então todos se acalmaram e tudo se silenciou. Tenho novidades preocupantes.

O que foi? Quil perguntou sem entender.

Bom, hoje eu fui à casa dos Cullen, como eu faço todos os dias para vê a Nessie. Pensou calmo de repente, mas logo seus pensamentos se tornaram nervosos. E tudo estava um caos, parece que a vidente não conseguiu vê mais nada...

Porque você estava lá, não é obvio? Pensei um pouco atordoada.

Na verdade, isso já estava acontecendo mesmo antes de eu chegar. Jacob assumiu um tom preocupado e estressante. E isso só acontece quando estamos por perto, certo?

Certo. Pensou Sam já aflito. E?

Temos parentes na cidade. Disse Jacob com humor negro.

O que?Ninguém entendia nada. Parentes? Como assim?

Jacob, quer dizer que há novas matilhas em Forks. Pensou Sam em um tom sem emoções. Vi-me em um impasse, não conseguia nem raciocinar direito, não sabia se tinha medo ou ficava animada com aquilo, eu não fazia idéia.

Novos lobos? Collin estava ainda sem entender, na verdade até eu estava confusa. São novatos que se transformaram agora?

Não, Collin! Jacob disse um pouco sombrio. Lobos de outra cidade, de outra alcatéia, de outro alfa. Meu pai disse que dois deles esteve em La Push hoje cedo e ficaram um pouco, mas logo foram embora. Agora eu entendia a tensão toda dos meninos, territorialismo.

Estávamos na grande campina, em um circulo. Eles me encararam ao mesmo tempo confusos, sabia que devia explicação.

Territorialismo. Digo, revirando os olhos. Vocês estão assim porque é a terra de vocês e o instinto de lobo é proteção do seu território, certamente a outra matilha só não veio tirar satisfação porque sabe que é o nosso território. É natural.

Credo, a Leah parece o Google! Jared brincou e eu rosnei pra ele que logo se calou.

Até que você tem razão! Jacob pensou, um pouco indeciso. Mas, os Cullen já falaram com eles, marcaram para o final da tarde.

Ei, eles não tem nada a ver com isso! Paul pensou um pouco irritado, ele não era muito fã de competição. É assunto nosso! Você quem deveria ter que tomar as rédeas.

Mas, é melhor assim... Ir aos poucos! Imagine se eles se estressam com a gente. Pensou Jacob, rindo levemente.

É, mas lá! É assunto nosso. Disse Sam, pouco satisfeito. Eles devem ficar fora disso.

Sam, Forks também é a casa dos Cullen... Seth tentou defender os vampiros. É assunto deles também.

Mas, esse território é “nosso”! Contra-atacou já nervoso. Hoje à tarde seremos nós que entramos em um acordo com o novo bando.

Apesar de não concordar com algumas coisas, o Sam tem razão. Jacob pensou sério. Já conversei com os Cullen e eles aceitaram ficar na deles, afinal às coisas podem piorar se os vampiros quiserem tomar a frente.

Pois é, nenhum lobo gosta da presença de vampiros... Provocou Embry. Só o Seth, mas ele não é lá muito normal. Ele se apaixona por qualquer coisa, até do vento. Rimos da cara do Seth.

Ahh, que engraçado vocês! Meu irmão bufou, irritado.

Depois disso, decidimos nos reunir na casa dos Cullen, já que a campina do encontro era ali perto. Iríamos todos, porém tinha que ser o Sam pra estragar tudo.

Jacob, a Leah pode ficar aqui em La Push? Começou fazendo todos o olhar, inclusive eu que estava ao ponto do limite de avançar em seu pescoço. Sabe... Vigiar a reserva, só por precaução.

O QUE?! Gritei realmente furiosa. Sabia muito bem o que ele estava fazendo, arrumando uma desculpa para que eu ficasse. Idiota, imbecil!

Hey, garota! Vai partir agora pro xingamento? Jacob pensou, eu apenas bufei irritada. Ele se voltou ao Sam, que sorria mentalmente. Ok, não podemos correr riscos desnecessários.

Mas, Jake... Tentei argumentar, mas ele me impediu.

Não tem mais e nem menos, Leah! Você vai ficar e proteger a reserva. Fiz um muxoxo frustrado, triste por não poder ter a chance de conhecê-los, apesar de todo temor, a curiosidade me abalava.

Já estávamos a caminho de lá, só apenas faltava atravessar a estrada que levava ao território dos Cullen, quando eles apareceram.

Dois carros esportivos passaram na alta velocidade por nós, um era uma Ferrari de um amarelo chamativo e o outro, era um jipe azul e prata. Por causa do fume da Ferrari, não deu pra vê quem era, mas no jipe eram três rapazes, não deu pra vê o rosto deles, mas eram altos e fortes demais como os lobos. Algo me impulsionava a seguir aquele carro, mas reprimi e finquei no lugar.

Os cheiros de lobos atingiram nossas narinas. Eram eles naqueles carros, os nossos indesejáveis e queridos visitantes. Olhei espantada para os meninos e eles tinham expressões indecifráveis nos rostos. Sem muita hesitação, sorri levemente.

Estava pronta pra conhecer nossos parentes, apesar de não poder.

Caramba! Além de ousados são ricos e tem bom-gosto! Comentou Brad ainda maravilhado, vendo os carros esportivos e caros sumir ao longe e dobrar a estrada contrária, a que dava para a mansão vizinha aos Cullen. Saímos do transe.

Leah, volte para La Push! Jacob pensou em voz de alfa, sabendo que eu não o faria, se não me obrigasse. Imediatamente. Acrescentou sério. Cubra todo o perímetro da reserva.

Mas...

Leah, eu já disse, sem “mas”! Agora vá! Ordenou, um pouco irritado. A contra gosto, dou meia volta, já correndo pra reserva. Deixando-os para trás e dando a vitória de mão beijada para Sam, o que mais incandescia minha fúria.

Toma cuidado, Leah! Qualquer coisa, chame! Ele pensou e eu rosnei, furiosamente.

Depois de uns minutos, seus pensamentos sumiram e sabia que eu estava sozinha. Sem saco, cobri todo o perímetro da reserva e não sentir e nem vi nada de anormal ou estranho, sem sinal deles, então me transformei de volta e fui pra casa. Afinal o que eu mais faria?

POV Thales

- Fala sério, Vinny! – Nigel que estava no banco de trás do jipe, disse frustrado se curvando pra frente, pra ligar o rádio. Uma música começou a tocar e por coincidência era dos nossos rapper preferidos, o T.I. – Você dirige feito uma velha...

- É, mesmo! – reclamei, fazendo careta para o velocímetro, que por incrível que pareça marcava 40 por hora. – Já estou vendo o carro estancando de tão RÁPIDO que ele está.

 - Então, porque em vez de ficarem reclamando, não venham dirigir no meu lugar? – disse, irritado e pude vê o cansaço se fazer em seu rosto.

- Sai daí! – eu disse e ele foi para o banco de trás, enquanto eu ficava em seu lugar no volante e Nigel se sentava ao meu lado. Voamos em alta velocidade, a potência exercendo aquele carro, enquanto passávamos como um borrão pela estrada. Minha irmã nos seguiu, sem esforço algum, de nos acompanhar. Tanto ela, quanto eu adorávamos a velocidade e adrenalina jorrando em nossas veias.

Estávamos voltando para casa, depois de nossa tarde na praia. Já era tarde, bastante devo dizer. Tínhamos que correr se não quisermos nossas cabeças postas para venda. Meu pai iria nos matar, certamente, mas valeu à pena ter fugido.

Todos estavam exaustos, com muito esforço estou dirigindo, mas tenho que tomar uma atenção redobrada se não quiser ir de encontro a uma árvore. O que não seria ruim, preferia mil vezes morrer sofrendo um acidente, do que pelas mãos de meu pai.

 Já tinha saído da rodovia e, com alivio, estava já na tão conhecida estrada particular que nos levava até a mansão, passamos como raios, no entanto não pude deixar de despercebido uma coisa. Olhos na mata. Sim! Os sentia nos observando nas sombras sorrateiros, e um calafrio me percorreu, a sensação de submissão veio como um meteoro e, o cheiro forte e almiscarado de lobo fungou em minha narina.

De canto de olho vi um brilho da floresta, sabia que estavam ali. Manter-me firme, foi algo como uma nota mental, mas estava pronto para o ataque. Instantaneamente, percebi que também não era o único que tinha percebido e sentido, Nigel estava tenso e ele tentava assimilar tudo a sua volta. Discretamente, espiei para o banco de trás, e Vinny parecia alheio a tudo, entregue ao sono.

Com cautela, nos aproximamos da mansão e estacionamos no terreno ao lado da janela de nosso quarto. Sem mais delongas, saímos do carro, acordando o Vinny. As meninas com o Dave já estavam ali e todos olhavam para a janela, sem a mínima vontade de nem sequer mover um músculo.

Estávamos exaustos demais pra escalar, então rezei mentalmente esperando que um anjo esteja disposto a nos ajudar, desça e dê-nos uma escada. Seria de grande ajuda e eu prometeria rezar todos os dias e ascender uma vela.

Como um milagre divino, juro que fiquei boquiaberto, uma escada móvel de ferro, apareceu na janela e foi posta por alguém que estava meio oculto nas sombras do quarto. Apenas vi uma silhueta robusta e torci para que fosse tio Isaac.

Todos já subiam e, por último, eu. Quando pulei para dentro do quarto, percebi que o lugar estava em uma penumbra, só enxergava os rostos dos meus amigos ao meu lado. Sentíamos a presença de alguém ali, então pensamos que seria o Ian e os outros que haviam ficado. Sem pensar, suspiramos aliviados e começamos a comemorar o nosso dia.

- Caramba, essa foi por pouco! – disse Vinny se afastando, para procurar o interruptor. – Valeu por botarem a escada pra g... – ele o achou e a luz veio à tona. Gritamos. – Ahhhhhhhhhhhh!

Ahhh, ferrou!

- Ahh, que isso! De nada.  – meu pai disse de modo sarcástico. Eu meio que previ isso acontecendo! Pensei bufando. Não seria meu pai se ele não nos pegasse no flagra. – Afinal, vocês não queriam que o Machão do bando AQUI descobrisse, não é?

- Oi, tio Joshua. – os outros disseram em um coro desanimado.

- Pai. – eu e Celeste dissemos, desabando na cama.

- Olá, pestes-que-não-sabem-o-significado-de-ordem! – nos cumprimentou, sorrindo cinicamente. Ele andou de um lado para o outro no quarto, pensativo e numa falsa expressão de calma. – Quando você cria uma regra, espera que os outros respeitem...

- Joshua, eu sei que deve estar zangado, mas viemos pra cá foi para nos divertir. – argumentou Diana, que até agora estava muito calada. Meu pai fechou a cara, ele odeia quando os interrompe. – Não pra ficar trancafiados em uma casa cheia de regras.

- Viemos pra cá foi para nos divertir, não pra ficar trancafiados em uma casa cheia de regras. – meu pai imitou seu tom de voz, muito irritado e nos fuzilou com o olhar. – Se não perceberam, estamos cercados por vampiros, ainda assim estamos sob uma ameaça que pode nos condenar para sempre, será que é tão difícil de entender que devemos ficar aqui?

- Mas, pai, só saímos por umas horas. – Celeste disse, defendendo-nos. – Que mal tem isso?

- Medidas de segurança. – disse mais calmo, com o olhar sério. – Não podemos dar mole! Um deslize pode ser fatal, então tratem de seguir as regras e se comportarem como adultos, não adolescentes de quinze anos, me entenderam?

- Sim. – confirmamos com a cabeça, contrariados.

- Bom saber. – disse se levantando e segurando já a maçaneta da porta. – Agora, se arrumem! Está quase na hora do encontro, saímos em trinta minutos.

- Ahh, não! – Todos reclamaram, cansados e sonolentos. Celeste fez muxoxo e eu deitei na cama, realmente sem forças. - Toda a minha energia ficou lá naquela praia. – eu disse, franco.

- Então tratem de pegar essa energia que ficou naquela praia e voltar pra cá! – ele disse com sua típica cara irônica e ranzinza. – Eu os quero prontos em minutos e bem acordados. OUVIRAM-ME?

- Sim, Joshua! – dissemos como robôs, enquanto ele sorria vitorioso e saia, ignorando todos os nossos protestos.

Então, me lembrei de um assunto que devia tratar urgentemente. Corri para fora do quarto, um pouco mais despertado e o vi indo em direção ao seu quarto, resmungando alguma coisa sobre Desvio mental.

- Pai! – gritei e ele se virou com a cara emburrada.

- O que foi agora? – me aproximo sorrindo, adorava irritar meu pai. Ele é o cara que leva na esportiva até demais. – Eu só quero entrar em meu quarto, ok? – fiquei sem entender e o ignorei.

- Quando fomos a La Push descobrimos uma coisa... – comecei, mas ele me interrompeu sem paciência.

- Fala logo, garoto! – instigou, mudando a toda hora o peso do corpo para uma perna.

Ri, será mesmo que ficarei igual a ele? Huh duvido. Minha irmã tem uma tendência extraordinária para meu pai, em todos os aspectos ela puxou a ele.

- Lobos, pai. – eu disse em meio a um suspiro. Ele me olhou confuso, a ruga de confusão se fazendo em sua testa. – Há lobos em La Push... Uma matilha.

Meu pai ficou em silêncio absoluto, e eu não me atrevi a falar. Ele parecia processar a informação e tentava ao máximo engolir tudo aquilo, seu rosto se suavizou para uma leve preocupação e compreensão. Então, finalmente levantou a cabeça, do ponto fixo que fitava e me encarou sério.

- Eu já devia saber disso. – murmurou, como se para si mesmo. – Filho, isso acontece sempre quando uma grande guerra se aproxima, são os primeiros sinais. É o instinto... A nossa terra nos chamando para a batalha. – disse sem emoção na voz. – Uma batalha que custará nossas vidas...

- O que isso significa? – perguntei, já preocupado. Agora, tinha uma grande responsabilidade carregando nas costas. Foi o certo vim?

- Nos unir com os nossos irmãos... – ele abaixou a cabeça, então voltou a me olhar intensamente. – De La Push. Devemos nos preparar, será pior se estivéssemos divididos.

- Nos aliar? Como? – meu coração começou a bater descompassado. Aquilo era loucura, nem conhecemos os indivíduos direito, não sabemos como eles vão reagir.

- Eu sei que parece precipitado, filho. – ele afirmou, então assumiu um tom preocupante e alarmado. – Mas, é necessário. Em tempos como esses, exigem medidas desesperadas.

- Vou falar com o bando. – disse solene. Sabia que meu pai estava certo, sabia por que meus instintos de lobo, minha alma e meu ser quileute, alertavam-me de um perigo que se aproximava rápido. Tínhamos que agir, o quanto antes.

- Faça isso. – meu pai disse em um sussurro. – E lembre-se meu filho, devemos estar prontos para dar nossas vidas por aquilo que mais amamos. – sorriu amarelo e entrou em seu quarto, deixando-me sozinho naquele corredor frio e vazio.

Será que estava preparado? Abriria a mão da minha vida, a que tanto lutará por algo maior? Não sabia a resposta, mas se minha família dependia disso, não pensaria duas vezes. Mas, seria o bastante para livrá-los?

Faria alguma diferença?