Férias de Verão escrita por kamis-Campos


Capítulo 3
Capítulo 3 - Sale El Sol


Notas iniciais do capítulo

Mais um cap e devo dizer, está quentissimo! Espero que gostem!



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Cap. 3 – Sale El Sol

POV Leah

Estava em meu quarto, como sempre, sem fazer nada. Iria para a ronda daqui a duas horas e isso não me agrada. É um castigo saber que vou ter que me deparar com a infeliz cara do Sam todos os dias, agora. Já faz mais de três meses que ele e sua matilha se juntaram a nossa, achando ser a maneira mais fácil de controlar as complicações com os sanguessugas.

Mas, o que eles não sabem é que isso me deprecia, fico a cada dia que passa mais irritada e, ao mesmo, triste com essa situação. Só que me diga quem iria se importar com uma bruxa como eu?

Sinto como se eu fosse à intrusa naquela droga de alcatéia, me sinto a cada segundo mais afastada dali, sendo jogada para escanteio. Além de perder meu posto de beta para o Sam, ainda faço ronda com ele. Detalhe: sozinha. Só ele e eu, compartilhando pensamentos e tal. Argh! Jacob podia pelo menos ser um pouco solidário comigo? Matar-me, ou melhor, deixar me suicidar seria uma grande honra, ficaria muito agradecida.

Eu não sacrifiquei minha dignidade e meu autocontrole, me juntando com ele pra proteger os Cullen de graça, eu não fiz aquela loucura por nada. Fiz aquilo pelo meu irmão e, também pelo pouco de respeito próprio que eu tenho comigo mesma, tive pena de mim passando como tola na frente de Sam, sendo a ex-namorada que ele nunca iria se livrar.

Não fiz aquilo em vão, mas parece que meus protestos foram por água a baixo, tudo que fiz não valeu nada. Agora, sou obrigada há agüentar quatro horas com o Sam pensando na minha doce prima. É uma tortura já que, ainda gosto dele. Eu não o amo mais, esse sentimento se evaporou com o tempo, meu coração sente que ele não pertence ao Sam, mas pra outro que está muito longe. Ele chora de saudades.

Esse apego que eu ainda sinto em relação ao Sam é passageiro, o vejo perdendo força com o tempo. Um ano atrás isso seria a melhor coisa que já me aconteceu, na época eu o amava e isso era uma tortura para a minha alma, para o meu coração. Tudo que eu mais queria era esquecê-lo, tirá-lo de uma vez da minha vida, mas era algo quase que impossível.

Agora eu vejo que tudo se vai com o seu tempo, a felicidade de estar finalmente seguindo em frente é dominadora, mas uma saudade e tristeza de alguém desconhecido, de algo que perdi predominam.

Choro a noite por algo que não sei por quê. Me pego pensando em como é bom amar e como ele está, se precisa de alguma coisa, se está feliz, mas esse ele é um nome vago, oculto. Sussurro nomes e sonho com alguém que toda vez ao despertar foge de minha mente como um rato de um gato. É angustiante não saber o motivo disso, sinto-me presa a isso e chego a pensar se um dia vai ter fim.

O meu despertador me tira dos meus devaneios, fazendo-me olhá-lo com raiva e arremessá-lo pra longe. Antes disso vejo que já é 8h. Minha irritante ronda. Pensei entediada.

Vou ao banheiro e tomo um banho rápido, só para despertar. Visto uma saia jeans e coloco uma bata branca, calço uma rasteira e desço pra tomar um suco antes de sair. Minha mãe estava na cozinha preparando o jantar.

- Oi mãe! – lhe dou um beijo na bochecha. Fui à geladeira e pego um copo, despejando o suco de maracujá, bom pra acalmar os nervos.

- Oi minha linda! E... – ela me olha de cima a baixo. – Pra onde vai com esse pique todo? – pergunta com um sorriso maroto nos lábios.

- Não posso? – dou um gole no suco.

- De poder até pode. – disse sorrindo me olhando de esguelha. – Mas, virou rotina, sabe?! Toda vez que vai a ronda é um funeral, então pensei que...

- Pensou errado! – murmurei dobrando o copo, bebendo o suco em um gole. Dei mais um beijo em seu rosto e já fui saindo da cozinha. – A gente se vê mais tarde, mãe!

- Leah, espera... – ela gritou da cozinha, mas já batia a porta da frente. Caminhei devagar pela floresta, escutando os ruídos da noite e sentindo o gritar do silêncio, que era algo reconfortante.

A noite estava fria, mas o céu estava estrelado com apenas poucos fulgores de nuvens. A lua resplandecia como uma grande bola prateada, sua luz vinha em raios azulados que banhavam algumas partes do bosque. Alguns achavam brechas entre a folhagem e faziam com que tudo parecesse um belo show de luzes.

Fui para trás de uma árvore e tirei a roupa, deixando-a ali. Deixei o fogo subi pela minha espinha e logo me vi na minha forma loba. O silêncio na minha mente era confuso, não sabia se havia realmente alguém ali, ou se estava sozinha. Respirei fundo quando tive a certeza de que, finalmente, em uma ronda estava sozinha. Sem ninguém...

Comecei a correr o meu perímetro, e pude ter a liberdade de fazer e pensar em qualquer coisa. Pensei e fiz perguntas banais que eu não teria coragem de fazer; desabafei comigo mesma e isso fez me sentir bem; estava sem idéias e comecei um pequeno teatro onde eu sou a vilã e ao mesmo tempo a mocinha, algo bizarro de se vê e ouvir.

 Já estava de saco cheio e decidi experimentar uma coisa. Cantar era algo que me mantinha em distância até do termo, não era uma questão de não gostar ou ter vergonha, só que isso me lembrava de assuntos que prefiro esquecer.

Mas hoje, quem sabe até me faça bem. E era uma oportunidade muito boa, já que eu não fazia isso com muita freqüência até por causa dos meninos, que com certeza tirariam sarro da minha cara.  Fiz minha mente tocar à música Sale el Sol da Shakira apenas no instrumental, eu não sei como fiz isso, mas deu certo. Comecei a cantar acompanhando o ritmo da música, sentindo a batida.

Sai o Sol

Essas semanas sem te ver

Pareceram anos

Tanto eu quis te beijar

Que me doem os lábios

Lembro-me quando eu e Sam éramos namorados e como me sentia aflita quando ele sumia por semanas e até meses, sem dar explicações ou sinal de vida. Quando finalmente reaparecia, já estava cansada de lhe perguntar por onde ele andava, apenas assentia triste e matava a saudade em seus lábios. Até que... Nem isso eu pude mais, ele se foi.

Olha o que o medo nos fez

Cometer idiotices

Nos deixou surdos e cegos

Tantas vezes

Admito ter perdido a cabeça por ciúmes, fiquei cega e surda e isso me impediu de aceitar que ele não era mais meu, que por mais que eu tentasse e jogasse na sua cara que ele estava me fazendo sofrer, não mudaria as coisas. E isso me fez sofrer mais, me fez prisioneira da minha própria solidão, onde a única companheira é a dor.

E um dia depois da tempestade

Quando menos você pensa sai o sol

De tanto somar perde a conta

Porque um e um nem sempre são dois

Quando menos você pensa sai o sol

Sempre esperei por um momento de paz e felicidade, podia jurar que estava chegando lá, mas sempre parecia que um passo a frente era quatro para trás. Até hoje espero pelo dia em que abrirei um sorriso sincero e feliz, e não o falso e amarelo de sempre.

Chorei para você até extremo

Do que era possível

Quando eu acreditei que era invencível

Não há mal que dure cem anos

Nem corpo que agüente

E o melhor sempre espera adiante

Pensei em desistir de mim, do mundo, de tudo... Cogitei em fugir e me esconder em um buraco qualquer, mas mostraria o quão fraca e baixa eu sou, que eu não tive coragem de enfrentar meus medos. E não foi isso que me ensinaram.

E um dia depois da tempestade

Quando menos você pensa sai o sol

De tanto somar perde a conta

Porque um e um nem sempre são dois

Quando menos você pensa sai o sol

Quando menos você pensa sai o sol

E um dia depois da tempestade

Quando menos você pensa sai o sol

De tanto somar perde a conta

Porque um e um nem sempre são dois

E um dia depois, e um dia depois

Sai o sol

Espero que um dia... Um dia... Eu seja feliz como eu fui antes.

E um dia depois da tempestade

Quando menos você pensa sai o sol

De tanto somar perde a conta

Porque um e um nem sempre são dois

Quando menos você pensa sai o sol

Quando a música chegou ao fim estava tão feliz quanto uma criança em um parque de diversões. Nunca me sentira tão bem assim, Jacob poderia me deixar fazer as rondas, sozinha. Seria ótimo.

Concordo! A voz de Sam atingiu minha mente como um cometa. Sobressaltei e quase caio. O que ele fazia ali? Como...? Você canta bem.

Sam?Perguntei incerta, ele gargalhou. Meu Deus! Desde quando está ai?

Faz pouco tempo. – pensou divertido. Fiquei nervosa e não pude vê na sua mente se ouvi o que estava fazendo antes de cantar, o que era vergonhoso. – Não se preocupe. – pensou em resposta ao meu pensamento. – Quando cheguei, já estava na metade da música, o que é uma pena.

Que bom! – pensei aliviada. - porque não me sentiria nada a vontade se escutasse o que andei fazendo nas últimas horas. Tentei não pensar no assunto.

Sei. – riu. – Desculpa pela demora, mas... Er... – ele se atrapalhou nas palavras, envergonhado. Eu sabia o que ele queria dizer e não estava nem um pouco disposta em saber dos detalhes, só em chegar a falar já me dar enjôo.

Ok! O cortei já com embrulho no estômago. – Está perdoado até os fios do cabelo, só tente se controlar a não pensar em nada. Ele riu, então o silêncio reinou de novo, e me senti um pouco triste por não estar mais sozinha, estava tão sórdido e engraçado, me sentia feliz. Poxa!

Fiquei resmungando por um tempo até que enjoei. Corri o meu perímetro um pouco mais acelerado, já havia feito mais de sessenta voltas e tudo estava perfeito. Então meu caminho se cruzou com de Sam e trombamos, cai perto de uma árvore e ele veio ao meu encontro com o olhar preocupado.

Leah, você está bem? – pensou me ajudando a levantar, seu ombro me empurrou fazendo-me ficar de pé. – Desculpe, eu...

Para de ser o masoquista, Sam. – ele me encarou esbugalhado. – Não foi sua culpa, caramba! Nossos caminhos se cruzaram, só isso! Para de fazer drama.

Mas o que eu falei? – pensou confuso.

Nada, esquece! – eu já ia recomeçar minha corrida, mas ele se pós em minha frente, impedindo-me de correr. – Qual é o seu problema?

Leah, eu posso te fazer uma pergunta? – pensou inseguro. Assenti e ele me olhou nervoso, tomando a maior coragem do mundo pra poder falar.

Ele andou de um lado para o outro na minha frente e sua mente estava cheia de perguntas como: Será que ela vai ficar irritada? Eu devo? Porque ainda me importo? Será...? Bufei impaciente, então ele parou em minha frente e respirou fundo.

 – Será que podemos conversar na forma humana? Não me sinto a vontade com você ouvindo meus pensamentos.

Tanto faz. – dei de ombros e peguei minha roupa. Transformei-me de volta e coloquei, rapidamente, minha roupa. O que será que ele quer? Minha cabeça estava em um turbilhão de dúvidas e conceitos, mas nada válido.

Caminhei onde estávamos há poucos segundos e ele já me esperava ali, com as mãos nos bolsos da bermuda e com o peito nu. Aquilo afetava a Leah que ainda era louca por ele, mas eu era firme, está Leah aqui na frente dele era diferente.

Independente e madura, pronta e disposta a qualquer coisa pra conseguir o que quer. Uma Leah que pode sofrer horrores, mas nunca baixa a guarda, estava mais forte do que nunca, amadureci pra melhor.

Sam me encarou sorrindo à medida que me aproximava, percebia que ele estava nervoso por conta de suas mãos trêmulas e suas pernas que trocavam de peso quase toda hora. Quando estava a poucos passos de distância, ele hesitou por alguma coisa, então laçou seus braços na minha cintura e me abraçou forte, afundando o seu rosto na curvatura de meu pescoço.

Fiquei estarrecida, mas não recuei, o que foi um grande erro. Ele ficou ali por um momento, e eu apenas boquiaberta, tentando encontrar um sentido naquilo. Sam se afastou, mas me manteve colada ao seu corpo. Um sorriso surgiu em seus lábios e um suspiro saiu deles.

- Eu senti saudades. – sussurrou rouco. – Muita mesmo.

- Ahã...  – o fitei desconfiada. - Se nunca percebeu, eu moro a quatro casas de distância da sua. – franzi o cenho. Ele sorriu.

- Não é isso. – balançou a cabeça, negativamente. – Senti falta de seu cheiro, Leah. – me encarou com uma intensidade que me fez corar. – Da sua voz, de seu jeito, da sua pele... Senti falta de você. – murmurou sorrindo.

- Tomou seu remédio hoje? – perguntei irônica. – Nossa mãe, você é mesmo doente!

- Leah, eu quero te perguntar uma coisa. – pegou meu rosto entre suas enormes mãos e me encarou com a mesma intensidade. Estremeci por medo do que podia acontecer. – Você ainda me ama? – congelei.

Anos atrás essa pergunta teria a resposta mais simples que se podia dar: Sim, é claro! Mas hoje, eu não sei. Sentia dentro de mim, em meu coração de que não o amo mais como uma mulher para homem, mas eu sentia um grande afeto por ele como irmão.

- Sam, eu... – murmurei, mas ele não me deixou terminar.

- Me diga com toda a sua sinceridade, por favor! – suplicou. Pude vê em seus olhos o medo, de algo que não sei explicar; a dor, de perder alguma coisa que não fazia idéia se existia; o nervosismo de estar admitindo aquilo e... Um brilho que eu não sei de onde vinha.

- Não. – disse séria, queria que ele soubesse o quanto amadureci e, que ele estava livre de mim. - Antes sim, mas hoje te vejo como um irmão, meu amigo.

Sam havia tirado um peso das costas, eu não seria mais a sua ex-namorada estupidamente apaixonada por ele, não seria mais a pulga irritante do seu relacionamento com Emily. Ele não precisa mais ficar se desculpando todos os dias por ter me feito sofrer, ele estava perdoado, não havia mais remorso entre nós.

Eu sabia que pertencia a outro, dizer que ainda o amo era algo errado, uma mentira que seria até sacrilégio. A verdade é que eu mudei, não sou mais aquela boba apaixonada de antes, sou uma mulher.

- Que pena, porque ainda te amo!

Seus lábios se chocaram contra os meus começando um beijo sutil, então ele pediu passagem e sua língua invadiu a minha boca, sugando a minha devassamente. O beijo se tornou urgente e a intensidade foi aumentando mais e mais, senti minhas costas comprimidas contra alguma árvore.

Seu corpo ainda permanecia colado ao meu, sem nenhuma alternativa de escapar de seu aperto, não havia saída a não ser ceder.

Sua mão subiu pela minha coxa, me apertando contra ele, a outra foi para minha cintura subindo minha blusa e antes que ele a tirasse completamente, me dei conta do que estava fazendo e...

O empurrei, fazendo-o me olhar assustado.

- Qual é o seu problema, idiota?! – gritei, ajeitando minha roupa. O olhei furiosa, pelo modo que me tratou como se eu fosse uma qualquer. O que ele pensa que eu sou? A lobinha reserva que sempre que está solitário, está ali pra satisfazer suas fantasias?

- Leah, eu pensei que você queria. – disse confuso. Aquilo me irritou mais.

- Não ouviu nem uma gota do que eu falei, né? – indaguei. – Eu não te amo mais! Eu não te quero, por acaso você é surdo? Para com essa insistência!

- Desculpa. – abaixou a cabeça com uma decepção que podia fazer dó em qualquer um que o veja, mas comigo isso não funciona. – Me enganei.

- Tá, agora eu quero continuar minha ronda, seu pervertido doente! – fui me afastando dele com a pior das expressões, um misto de raiva e medo, com uma boa dose de surpresa e nojo. Ele ainda continuava ali, me olhando com pesar. - E, faz um favor, esquece o que houve aqui, ok?

- Sim, mas você não pode mudar as coisas, Leah. – disse com um sorriso torto. – Simplesmente, você ainda é minha! Só não me faça ficar longe de você, por favor! Eu sinto como se a qualquer momento eu fosse te perder. – veio em minha direção já com os marejados. – Eu não sei que sentimento absurdo é esse, mas isso me corrói.

 O brilho que havia visto em seu olhar era de posse, um brilho possessivo sobre mim.

- Sam, para com isso! – coloquei minhas mãos nos ouvidos, depois as deixei cair de lado em punhos. – Está maluco? Você tem a Emily, sofreu imprinting com ela. – disse furiosa pelo que ele está fazendo com minha prima, será que é tão egocêntrico capaz de pensar apenas nele? Capaz de fazer tal coisa com sua imprinting? – Pense no quanto ela vai sofrer, pense nela, caramba! Você não pode, eu não vou deixá-lo fazer isso com a Emily! Já chega...

Ele estava a centímetros de mim e me beijou lentamente, calando-me. Tentei me soltar de seu aperto, mas tudo foi em vão.

- Leah, entenda que é mais forte do que eu. – sussurrou quando se afastou dos meus lábios. – Eu amo a Emily, mas é doloroso te perder. E sinto isso mais forte a cada dia. – as lágrimas caíram por seu rosto. – Deixa eu te proteger, por favor! Eu não quero falhar em te proteger, eu não posso te perder. – suplicou.

- Chega! Não acha que já me fez sofrer o bastante?! – cuspi. – Qual é o seu problema? É tão bom me vê sofrer assim, capaz de querer bis? – o empurrei, furiosamente. Recuei indo para trás, ele me olhou com agonia e tristeza.

- Leah, espera! – ele gritou e eu me afastei correndo. – Por favor!

- Eu não vou cair em suas desculpas esparramadas. – disse irritada. – Eu te odeio! Nunca mais apareça na minha frente se preserva sua cara! - sabendo que ele ouviria, retruquei já me transformando.

Não liguei para as minhas roupas e sandálias acabadas em tiras; não me importei com o que Jacob iria dizer sobre minha saída repentina, não ligava pra nada, eu só queria sair dali. Isso era demais!

A floresta passava por mim como um borrão mesmo na penumbra. Apenas pensava em sair daquele pesadelo que se tornou aquela ronda, ia tudo bem até Sam vim com aquela história imbecil, isso não fazia sentido. Pelo que eu sei o imprinting é algo tão forte que quando o lobo sofre não vê outra garota, a não ser a sua escolhida.

O que ele me disse não tinha nada a ver com paixão ou algo parecido como amar, era uma atração possessiva, um ímpeto de proteção e uma necessidade de me afastar de decisões que podem me prejudicar no futuro, era o medo de me machucar novamente.

Ele se via na obrigação de me proteger, mas eu não queria isso. Podia muito bem me cuidar e não era algo que eu fosse me acostumar. Seria perturbador com ele tão perto, não era uma questão de mágoas do passado, era algo como respeito. Sabia que Emily, apesar de tudo, não iria gostar nada de ter seu marido grudado na ex. Seria estranho e não queria confusão em parte disso, não queria ser vista como uma Piriguete.

O melhor a fazer é me distanciar, fugir de situações como essa e esquecê-las completamente. Iria pedir ao Jacob para me trocar de turno, não suportaria vê o Sam, ele, apesar de não querer, me deu nojo.

Cheguei em casa e me transformei antes que alguém me visse naquela forma e sai correndo pro meu quarto antes que me vissem daquele estado. Já se passava da meia-noite e tudo estava quieto, sem nenhuma alma viva ali.

Idiota... Como se eu precisasse de um segurança!Pensei furiosa, subindo a escada que protestava com a minha força desnecessária.

Fui ao banheiro e me joguei de baixo do chuveiro a fim de que a água gelada me acalmasse. Escovei os dentes, sem tirar os olhos do meu reflexo no espelho, e pude notar uma grande diferença.

Antes, na época em que tudo isso não passava de uma simples lenda, que tudo era normal, na época em que Sam ainda continuava comigo costumava sorri á toa, seja qual for à dificuldade ou em momentos tristes me forçava a sorri, mesmo que levemente.  Sempre fui eufórica e simpática com todos, o máximo possível.

Nunca gostei de olhar pra trás e me arrepender de minhas decisões, fui sempre com o pé na frente. Por minha beleza e minha facilidade de conquistar as pessoas era considerada a Rainha da Escola. Tinha tudo. Amigos, uma família extraordinária, beleza, popularidade, um namorado perfeito e, ao fim, uma frase: Eu era feliz.

Mas, nunca pensei que o dia em que perderia tudo isso chegaria. Se naquela época me dissessem o que eu passaria, com certeza fugiria e xingava a pessoa de demente e louca. No entanto, naquela época eu era apenas uma humana normal.

Coloquei o meu pijama e me joguei na cama, a fim de ter uma noite tranqüila e longa, ao contrário do resto do meu dia.

***

Acordei com a luz do sol batendo em minha cara, fraca e mórbida. Não havia fechado a janela depois de tomar o banho ontem à noite e me arrependo amargamente por isso. Pulei da cama e fui ao banheiro tomar uma ducha e escovar os dentes.

 Ao sair fui ao meu guarda-roupa e peguei a primeira roupa que eu vi a vista, escovei os meus cabelos que deixara crescer até a altura dos ombros e foi então que percebi uma marca em minha coxa, onde Sam havia apertado tão forte que doeu. Era uma lobisomem, muito mais forte do que qualquer outro ser humano, mas Sam era absurdamente forte, então o olha o que resultou.

- Ahhh, que desgraçado! – xinguei tão alto que minha mãe reclamou do andar de baixo. – Idiota! Ele me paga! – Desci a escada com raiva, castigando a madeira do assoalho já desgastada. Fui à cozinha onde Seth e mamãe estava tomando café, sentei-me com toda força na cadeira e cruzei os braços emburrada.

- Vixe, hoje ela tá que tá! – Seth murmurou colocando uma torrada da boca e me olhando divertido. Eu apenas bufei e dei de ombros.

- Filha, o que houve? – minha mãe perguntou colocando o copo de suco em minha frente.

-... Nada! – decidi manter aquilo em segredo.

Era constrangedor mesmo pra minha família, imagine contar que seu ex-namorado te agarrou no meio do trabalho? Isso varia para uma humana normal, mas para uma loba é diferente.

“Mãe, o meu ex-namorado lobo, que em parte de espírito é o meu irmão, me agarrou ontem à noite dizendo me proteger de alguma coisa, sem falar que ele é casado.” O mínimo que eles podem fazer é surtar, já que ele tem uma imprinting, a sua alma gêmea, a minha prima.

- Tem certeza? – ela me olhou de esguelha desconfiada. – Quer falar no assunto? – sorriu.

- Credo, mãe! – peguei um Muffin’s e levantei-me da cadeira. – Desde quando a senhora é psicóloga? – murmurei indo pra sala.

Joguei-me no sofá e liguei a TV, onde passava uma daquelas séries de comédia. Seth logo veio se sentar ao meu lado, me olhando com cara de que suspeita de algo e que quer falar sobre isso. Suspirei e fingi estar prestando atenção na comédia, rindo sem parar.

Ele voltou sua atenção a TV, a observando com tamanha indiferença. Impaciente e sem a mínima educação pegou o controle, e a desligou. Fuzilei-o furiosa, quase pra pular em seu pescoço, o que fez ele sorri vitorioso.

- Seth, sai daqui antes que eu arranque sua cabeça! – disse com os dentes semicerrados.

- Olha, eu não sei e nem quero nem saber o que aconteceu, mas sobrou pra mim, tá ok? – Ele se voltou para a TV, agora desligada. - O Jacob está puto da vida e ontem fui acordado no meio da noite pra cobrir ronda de certas pessoas...

- Espera aí! Apenas eu fui embora. – o interrompi. Pelo pouco que me lembrava de ontem, o Sam havia ficado ali. A não ser que...

- Aquele imbecil do Sam também deu um jeito de gazear. – bufou irritado completando o meu pensa mento. – Vai me dizer o que aconteceu?

- Não. – disse fria e ligando a TV novamente. Ele a desligou de novo, e me olhou riste. – Seth, qual é o seu problema? Deixa-me paz, cara!

- Ah, por favor, Leah. – disse fazendo um bico emburrado. – Por causa de vocês dois, estou quase pra explodir de dor de cabeça, ainda mais que tive que agüentar até hoje de manhã o chato do Collin reclamando da vida.

- Desculpa, tá! – falei com sinceridade. – Foi um... Desentendimento... E acabou que... Eu e o Sam... Chateados. – me enrolei na quase verdade. Houve uma discussão por nossa parte e ambos saímos muito magoados, mas o motivo disso é algo que devo e ele também manter em segredo.

- Sei. – Seth murmurou pouco convencido. – Porque vocês se desentenderam? – perguntou e eu engoli em seco.

- Er... Por quê? – repeti a pergunta fingindo-me confusa. Ele assentiu ainda esperando uma resposta. – Foi que... Ele chegou muito atrasado... Aí eu tive que completar o perímetro dele e... Fiquei irritada com isso e acabei o xingando... Aí ele ficou com raiva e começamos a brigar. – menti com a voz morta. Seth me olhou incrédulo, parecendo não acreditar.

- Só isso? – perguntou boquiaberto. Assenti e ele explodiu. – Cacete, Leah! Agora toda vez que se irritar com o Sam, eu vou ter que cobrir a porra da ronda de vocês? Só por que estão frustrados um com o outro?

- Calma, Seth! – ele já havia se levantado com as mãos em punhos. – Não precisa se exaltar.

- Então se ponha em meu lugar. – retrucou e logo subiu para o seu quarto, irritado. – Quer saber o lado bom de ser irmão da Leah? Estou esperando me dizerem por que AINDA NÃO SEI! – quase gritou do seu quarto esmurrando a porta.

Ri baixinho pelo seu ataque, Seth era o palhaçinho irritadinho da casa e por ser tão fofo acaba nos fazendo ri nesses momentos.

Vasculhei a TV, mas não encontrei nada de interessante. Sai de casa, procurando algo pra fazer, mesmo que fosse a coisa mais chata disponível. Caminhei por uns minutos pela margem do bosque e foi então, que ao longe ouvi o quebrar das ondas.

Fui a First Beach e desci a encosta, tirei meu tênis, ficando descalça pra sentir a areia fofa e fria da praia. Andei pela beira da água só observando a linha do horizonte ao longe e a ilha James que ali se destacava solitária.

Estava inquieta, eu tinha que admitir. Preocupada demais por causa do que Sam me falara; ansiosa e receosa por isso, também. E se ele estiver certo? E se eu precisasse mesmo de proteção? Até uma loba como eu às vezes precisa de ajuda, todo mundo precisa. Mas, o seu ímpeto protetor por mim tira-me o sono. Será que vou morrer? Não havia descoberto o mistério daquelas palavras.

No entanto, eu só queria uma coisa. Viver. Algo me diz que minha vida irá virar de cabeça para baixo em breve. Sinto que um sentimento novo nasce em mim gradativamente, mas não consigo identificá-lo, é algo oculto. Isso me angustia.

Só continuei andando e parando pra jogar um pedregulho na água, fazendo-o quicar. Não tinha rumo, só sabia que devia seguir meus instintos. Como os meus próprios sentimentos e decisões sem motivos ocasionais.


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Notas finais do capítulo

Que tal? Acho que fui muito maluca em alguns pontos, mas valeu a pena, acho!



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