50 Receitas escrita por AmanditaTC


Capítulo 1
Capítulo Único




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50 Receitas

Eu respiro tentando encher os pulmões de vida

Mas ainda é difícil deixar qualquer luz entrar

Ainda sinto por dentro toda a dor dessa ferida

Mas o pior é pensar que isso um dia vai cicatrizar

Faz mais de uma hora que estou sentada nesta pedra, no alto de um morro que já nem me lembro onde fica. Será que ainda estamos na Inglaterra? O frio é intenso, o ar difícil de respirar, por mais que eu inspire cada vez mais fundo. Sinto que minhas pernas estão dormentes e me pergunto se algum dia meu coração poderia ficar assim também.

Seria uma paz se isso acontecesse, se minha alma ficasse amortecida e as feridas abertas nela pudessem cicatrizar. Sozinhas. Sem esperar você voltar.

É o que eu mais quero nesse instante.

Mas é o que mais me atormenta pensar pro futuro. Porque admitir que esse amor vai passar é também admitir que esse amor nunca vai acontecer.

Eu queria manter cada corte em carne viva

A minha dor em eterna exposição

E sair nos jornais e na televisão

Só pra te enlouquecer

Até você me pedir perdão

Eu sempre tive resposta pra tudo. Você sabe bem disso. Harry também sabe. Até os tapetes das paredes de Hogwarts sabem disso. Mas eu não encontro resposta para essa angústia. Não encontro uma palavra sequer pra gritar pra você o que eu sinto.

Queria tanto que você soubesse o tamanho da dor que essa incerteza toda me causa. O quanto eu me despedaço e me remendo diariamente por não saber onde você está, o que está pensando de mim, o que está pensando de nós...

Eu queria tanta coisa...

Há alguns meses tudo que eu podia querer era estar numa cabana com você, como estivemos semanas a fio. Mas nunca nessas condições. Nunca nesse clima de quem vive cercado pela morte.

E quando eu penduro aquele medalhão no peito... O medo que tenho de ficar sozinha, de não conseguirmos vencer, se transforma em mágoa e eu desejo que você se machuque muito aí fora, onde eu não posso te proteger.

E desejo que você volte, e reconheça que longe de mim não é nada, não faz nada, não consegue nada...

Mas eu sei que nada disso vai acontecer. Eu sei porque sei quem você é na verdade. Você é o mais grifinório de todos, o mais corajoso, o mais determinado e o mais leal. Mesmo que por hora não pareça, mesmo que esteja confuso, mesmo que tenha nos abandonado de um jeito tão brusco.

Eu já ouvi 50 receitas pra te esquecer

Que só me lembram que nada vai resolver

Porque tudo, tudo me traz você

E eu já não tenho pra onde correr

Harry puxa conversa cada vez menos e o que me sobra são meus livros e minhas lembranças. Lembranças que eu fiz questão de anotar num caderno para que mesmo que tenha que andar com aquela horcruxe pendurada no pescoço por anos, eu jamais me esqueça de quem eu sou. E principalmente eu jamais me esqueça de quem você é.

Cada parte do que sou hoje é culpa sua. Tudo o que acredito, tudo o que luto, tudo o que planejo pro futuro tem seu nome no meio.

Egoísta da minha parte? Pode até ser... Mas encontre no meio dessa guerra quem não está lutando por alguém que ama. Encontre alguém nessa condição, que eu desisto de você.

O que me dá raiva não é o que você fez de errado

Nem seus muitos defeitos

Nem você ter me deixado

Nem seu jeito fútil de falar da vida alheia

Nem o que eu não vivi aprisionado em sua teia

Eu podia ter uma vida diferente. Podia escolher ser trouxa, fugir pra um país distante, junto com meus pais e viver uma vida calma. Me tornar uma dentista, uma médica, uma professora universitária...

E eu tenho raiva de não conseguir abandonar esse mundo, por sua causa. Mesmo sabendo que você me abandonou.

Eu quero muito te odiar. Quero deixar de dormir com a sua blusa, imaginando que ela é um pedaço de um abraço seu que um dia já me acalentou. Quero parar de me deitar virada para a porta da barraca, ansiando pela sua volta, sonhando, feito uma criança que acredita em conto de fadas, que seu príncipe vai chegar e despertá-la com um beijo e eles viveriam felizes para sempre.

O que me dá raiva são as flores e os dias de Sol

São os seus beijos e o que eu tinha sonhado pra nós

São seus olhos e mãos e seu abraço protetor

É o que vai me faltar

O que fazer do meu amor?

Mas que merda! E não me censure por falar um palavrão. Acho que mereço no fim das contas me livrar desse ar de intelectual bem comportada. Eu não quero ser uma princesa para ser salva e viver feliz para sempre.

Eu quero uma vida. Só isso. Viver com você, sendo infeliz em alguns momentos, mas lutando pela felicidade um pouco todos os dias.

Respiro fundo. Uma, duas, dez vezes para conter a vontade imensa de chorar. E é um choro que não é de tristeza, tampouco de saudade. É um choro de raiva. De uma raiva maior que a que eu já senti por você. Uma raiva que eu sinto por mim e que nem mesmo se eu lançasse uma revoada de canários amarelos, verdes ou azuis resolveria.

Sinto raiva porque aqui dentro de mim ainda tenho esperanças. Esperanças de que cada plano que eu fiz se torne realidade.

Esperança de você voltar para nós.

Esperança de a guerra acabar e podermos voltar para a escola.

Esperança de ir ao baile de formatura com você, de você me roubar um beijo no meio de uma dança e de finalmente poder estar onde eu sempre quis e onde mais me sinto segura: no meio dos seus braços, aconchegada no seu peito.

Eu já ouvi 50 receitas pra te esquecer

Que só me lembram que nada vai resolver

Porque tudo, tudo me traz você

E eu já não tenho pra onde correr

Passo os olhos correndo pelas páginas do livro que tenho em mãos. O medalhão cintila quando um feixe de luz de sol atravessa as densas nuvens e a neblina que paira sobre nós há quatro dias seguidos e o atinge certeiro. O cordão esquenta e queima meu pescoço e o eu penso que o jeito é voltar para a barraca.

Me levanto com alguma dificuldade, o corpo dolorido por ter ficado na mesma posição tanto tempo. Dou alguns passos vacilantes e sinto uma brisa quase agradável tocar meu rosto. Ela me traz o seu perfume. Eu aspiro como criança sedenta que encontra um córrego de água cristalina e corro os olhos ao redor, ansiando por qualquer sinal da sua presença.

O medalhão volta a me queimar e eu penso que é impossível! Você não estaria tão perto assim.

Sigo o meu caminho para a barraca. Não troco uma fala com Harry, apenas retiro o fardo do pescoço e com um certo alívio me jogo na cama de armar, pensando se poderia fazer alguma coisa apenas para esquecer você por algum tempo.

E mais uma vez, um vento gostoso balança a porta da barraca e eu sinto seu cheiro novamente. Alcanço a blusa de lã, tricotada pela sua mãe, e visto, me sentindo  mais segura que alguém em minha condição poderia se sentir.

Sinto o sono bater e a última coisa que penso é que me dou por vencida. Não há um só feitiço que possa arrancar você de mim.

Twinzoca!

Eu queria te dar um presente de aniversário... mas não sabia o quê! Então fiz essa fic fluffy Missing Moments, que eu sei ser um estilo que vc adora...

Espero que tenha gostado, pois fiz com todo amor do mundo!

Te lovo eternamente... e mais um pouco depois disso!


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