POV Sam

Eu estava sentando numa pedra da praia de La Push com uma das criaturas mais lindas e graciosas do mundo: Leah Clearwater. Ela estava encostada no meu peito e sorria.

-Sam, você foi a melhor coisa que já aconteceu em toda minha vida, eu te amo! - Ela quebrou o silêncio com sua voz calma.

-Também te amo, lee-lee. Te amo pra sempre. - Eu disse e ela beijou meu pescoço.

-Não sei o que eu faria sem você, Sam... Você é tão doce e tão bom comigo...- Ela falou e começou a me beijar com mais desejo, eu retribui e logo estávamos no chão da praia, ela estava em baixo de mim e eu segurava meu peso com meus braços formando uma “gaiola” em torno dela. Ela acariciou meu pescoço e parou de repente.

- Sam, você está muito quente! Você está bem? - Ela disse alarmada. Pensei nisso e realmente estava um pouco trêmulo, mas por estar aqui com ela, não me importei muito.

-Estou, lee-lee. Só um pouco nervoso, eu acho.- Falei sorrindo, mas ela não relaxou.

-Sam, é sério! Você está muito quente! Preciso te levar a um hospital! Isso não é normal! - Ela estava assustada, com certeza. Eu sai de cima dela e sentei.

-Calma, amor. Não precisa se alarmar. Está tudo bem, certo? - Disse puxando ela pro meu colo.

-Sam, por favor! Me deixa te levar ao hospital?! Você não está bem! - Quando ela disse isso os tremores aumentaram e minhas mãos vibravam de tanto tremer.

- Leah, eu vou. Não precisa me levar, ok? - Eu estava esranho. Meu temperamento estava diferente. Eu estava com raiva, muita raiva e sem motivo algum. Não queria ficar perto dela assim, iria acabar descontando nela.

- Não! Eu vou com você! - Ela disse levantando quando eu o fiz.

-Não, Leah! Fica aqui! Droga! - Eu gritei pra ela e ela parou. Seus ohos se encheram de lágrimas. Eu nunca, jamais havia gritado com Leah.

-Desculpe, Lee-lee! - Gritei enquanto corria pra floresta vendo Leah paralisada e com lágrimas descendo pelo seu lindo rosto. Eu magoei Leah. Ela era sempre tão delicada, tão amável e feliz e eu tinha magoado ela. Eu corria pensando somente no quanto eu me odiava por ter feito isso com alguém tão boa quanto ela.

Depois de uns minutos correndo, um calor e uma dor começaram a aumentar gradativamente dentro de mim e de repente eu simplesmente explodi! Eu não sabia o que estava acontecendo. Olhei para minhas mãos e percebi que elas eram patas. Corri até o rio e vi o reflexo de um lobo preto gigante no lugar do meu reflexo. Eu estava confuso. Gritei, mas só o que saiu foi um alto, assustador e horrível uivo.


POV Leah

Sam nunca havia gritado comigo, ele nunca ao menos levantou o tom pra falar comigo. Quando ouvi os gritos dele destinados a mim, fiquei muito triste. O que eu tinha feito de errado pra ele ficar com tanta raiva assim? Eu só estava preocupada com ele! Mas não pude perguntar, pois ele simplesmente foi embora me deixando sozinha e chorando.

Durante uma semana, Sam não apareceu e eu achei que ele tinha passado mal na floresta e tentava realmente não pensar nas coisas horríveis que poderiam ter acontecido à ele. Todos os dias eu saia para procurá-lo na floresta e nunca encontrava nada . Nem sinal dele. Charlie, o chefe de polícia amigo do meu pai, disse que era muito perigoso eu ir pra floresta sozinha, pois estavam tendo problemas com ursos; mas isso só me fez ter mais um motivo pra procurar por Sam.

Já estava enlouquecendo com a falta de resultado das minhas buscas. Meu pai suspeitava de algo, mas ele não me dizia. Ele e minha mãe sempre mandavam eu me acalmar e diziam que tudo ia dar certo, mas como alguma coisa podia ficar certa se eu não estivesse com meu Sam?

Quando a primeira semana passou, eu já estava sem forças e todos estavam muito preocupados comigo: eu não comia, não dormia direito e quando não estava na floresta procurando por Sam, estava em algum canto da minha casa chorando por ele.

Estava no meu quarto, olhando pela janela e lembrando do dia que ele se foi, quando escutei a voz da minha melhor amiga e prima Emily.

-Leah! - Ela exclamou e correu para me abraçar. - Leah, eu lamento tanto! - Ela dizia alisando meus cabelos enquanto eu chorava.

- Emily! Que bom que você está aqui! Ele desapareceu, Emily! - Funguei e ela me abraçou mais forte. Eu realmente amava muito minha prima, ela era mais como uma irmã pra mim e nós sempre fomos amigas. Ela havia ficado muito feliz quando soube que eu estava namorando alguém que eu realmente amava. Ela não conheceu Sam, mas mesmo assim gostava de me ver feliz.

-Leah, quando soube o que tinha acontecido, peguei um avião pra vir te ajudar. Vou ficar até que tudo se ajeite, não podia te deixar sozinha quando você precisa tanto de uma amiga. -Ela disse e eu sorri um pouco.

- Ótimo. Mas agora eu preciso ir, vou procurar Sam na floresta. Fique aqui arrumando suas malas, você pode ficar no meu quarto comigo. - Falei já me levantando e procurando meus sapatos.

-Vou com você! Ou você não entendeu que eu estou aqui pra te ajudar? - Ela disse sorrindo.

-Obrigada, Emily! Você é a melhor amiga que eu poderia ter! - Falei abraçando ela.

- Por nada. Vamos? - Ela disse já de pé. Então saímos em direção a floresta.

Procuramos durante uma hora e nada. Acho que por vir fazer isso tantas vezes, já era meio que uma rotina e já estava quase no final, quando ouvimos um uivo sinistro.

- O que foi isso? - Emily perguntou assustada. Eu também não sabia o que era, mas procurei manter a calma, já que ela não era muito acostumada com essa floresta e se entrasse em pânico poderia se perder.

-Algum animal, provavelmente. Vamos andar mais rápido. Venha. - Peguei na mão dela e acelerei o passo.

Andamos rápido e já estávamos na trilha que levava pra minha casa, quando um lobo preto enorme atravessou nossa frente e nós paralisamos. O lobo primeiro olhou pra Emily. Chegou bem perto dela e parecia hipnotizado. Emily não parecia com medo, olhava pro lobo enorme a poucos centímetros dela e sorriu. Eu fiquei chocada. Ela estava mesmo rindo pra um lobo gigante que estava muito perto dela e podia matá-la em menos de um minuto?

Eu olhei em pânico pra ela e dei um passo pra trás para puxá-la pra longe do lobo e perto de mim. O lobo então olhou pra mim com aqueles grandes olhos negros e doces, olhos que pertenciam à Sam. Ele olhou pra mim, soltou um uivo alto e correu pra dentro da floresta. Eu e Emily ficamos paradas e olhando pra direção que o lobo se foi, só depois de alguns minutos, recobrei a consciência e puxei a mão de Emily.

-Vamos! Antes que ele volte. - Falei apesar de querer ver o lobo de novo. Eu só podia estar ficando louca.

-Vamos. - Emily sussurrou e nós começamos a correr.

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Quando a noite chegou, Emily e eu estávamos jantando quando algo inacreditável aconteceu. Alguém bateu a porta e Seth foi atender. E quando ele abriu a porta, vi a figura de Sam. Mas ele estava mais forte, os músculos mal cabiam nas roupas antigas dele; e parecia mais alto, também.

Engasguei com a comida e sai correndo pra me atirar nos braços dele. Eu abracei ele com toda a minha força, mas ele não retribuía Olhei pra ele e ele estava olhando hipnotizado para Emily, que estava logo atrás de mim. Senti como se algo estivesse corroendo meus órgãos vitais.

-Sam? - Perguntei com a voz trêmula e ele olhou pra mim depois de um longo momento. Era como se ele não pudesse parar de olhar para Emily.

-Leah, preciso falar com você. - Ele disse e me pegou minha mão me levando até a praia.

A caminhada foi silenciosa e ele parou repentinamente na minha frente, fazendo eu dar um passo pra trás.

-Leah, coisas aconteceram, coisas que estão além de mim e eu não pude evitar. Coisas que fizeram com que eu desaparecesse esse tempo todo. - Ele disse sem olhar pra mim de verdade.

- O que aconteceu, Sam? -Perguntei com a voz doce. Não me importava se ele estava bravo, ou até mesmo se ele havia encarado minha prima, só lembrava que ele estava aqui.

-Não posso te contar. Lamento muito. Leah, não podemos mais namorar. - Ele disse sem nem ao menos tomar fôlego ou deixar que eu o fizesse.

-N-n-não! Você não pode me deixar, Sam! Não agora que você voltou! - Eu estava implorando, eu sei. Mas não conseguiria ficar calada. Ele estava me magoando da forma mais dolorosa possível, como ele não via isso?

-Desculpe. Mas não tenho escolha, Leah. Tenho que fazer isso. Será melhor pra você, acredite. - Ele falava com um tom desesperado e parecia que ele realmente lamentava. Mas o que importava se eu não teria ele? Como seria melhor pra mim, se eu o amava com todo o meu coração?

-Não, Sam! Seja o que for, eu aceito! Só não me deixe, Sam! Não me importa se vai ser ruim pra mim! Não pode ser pior do que ficar sem você! - Eu gritava e o abracei. Estava ficando histérica.

-Lamento mesmo que isso tenha acontecido, mas como eu disse, eu não tenho escolha. - Ele falou e tirou com facilidade meus braços do corpo dele.

-Sam, voce prometeu que ia me amar pra sempre! - Acusei chorando.

- E vou Leah. Mas não posso amá-la como antes. Desculpe. - Ele falou e eu pude ver uma lágrima rolar no seu rosto. Depois ele virou as costas pra mim e correu pra floresta.

Cai no chão da praia, a mesma praia em que passávamos as tardes e às vezes noites nos declarando e fazendo planos para nosso futuro juntos, sempre juntos. Eu estava ferida, estava mais do que magoada. Sentia a doce e amável Leah dar espaço a uma Leah amarga dentro de mim. Levantei e fui pra casa.

-Leah, tudo bem? - Minha mãe devia estar alarmada com meu olhos vermelhos.

-Não, mãe. Nada está bem. - falei e subi pro meu quarto. Emily estava lá.

-Leah... - Quando ouvi a voz dela me lembrei daqueles olhares que ela trocou com Sam.

-Emily, não quero falar com ninguém. Muito menos com você! Vá embora! - Falei alto, quase gritando com ela. Ela olhou pra mim assustada e recuou e saiu do meu quarto.

Quando finalmente fiquei só, chorei. Chorei por muito tempo e minhas lágrimas eram não só por Sam, mas pela Leah doce, delicada e ingênua que morria dentro de mim. Enquanto minhas lágrimas caiam, o silêncio absoluto foi quebrado pelo uivo de dor de um lobo que vinha da floresta.