Conversávamos com brincadeiras lentas e divertidas. JongHyun era uns que mais brincavam, com certeza. TaeMin era um dos mais tímidos, e isso fazia Alice ficar cada vez mais corada ao falar com ele, afinal, ambos eram tímidos.

Algo vibrou em meu bolso e logo peguei o objeto vendo o número indesejável exibido na pequena tela e fechei meu sorriso. Onew percebeu, pois agora meu nariz ardia e eu lutava contra as lágrimas. Por que... Você foi aparecer logo agora? Nesse momento, nesse instante?

- Lorenna? – Onew que estava me observando desde quando fechei meu sorriso me cutucou de leve.

Levantei a cabeça meio devagar, na expectativa de esperar as lágrimas sumirem dali antes de olhar para o rosto dele.  – Sim? – isso. As lágrimas não estavam tão visíveis como antes. Alice e Gabriela me olharam ciente do que estava acontecendo.

- Está tudo bem? – ele disse se apoiando de leve a mão no sofá.

Dei um sorriso – que particularmente sabia fingir – e balancei a cabeça alegremente. – Claro que sim. Por que não estaria? – dei uma resposta que o deixou satisfeito. Olhei para as meninas, elas não tinham acreditado, meu sorriso poderia ser convincente, mas não para elas.

Gabriela se levantou e veio para meu lado me deixando no meio das duas. – Está tudo bem? – ela sussurrou pegando meus ombros distraidamente para não desconfiar os outros que ainda não haviam desconfiado tanta coisa. Balancei a cabeça concordando devagar.

Entramos em casa totalmente cansadas. Alice já havia ido para o banho e Gabriela se jogara na cama morta de sono. Mas eu fui para varanda e me sentei da cadeira encostando meus braços de leve sentindo o vento arrepiar os pelos de meus braços. Não estava com vontade de dormir agora, mesmo sentindo meus olhos arderem me forçando a ir dormir.

Ok, pensava lentamente tentando raciocinar, ele ligou por um motivo... Mas por que tinha que ligar agora? Nesse momento da minha vida? Ele sabia o quando isso era importante, então para que veio me incomodar?

Meus pensamentos estavam lentos demais. Acabei dormindo na cadeira e só acordando no dia seguinte.

- Bom dia... – resmunguei encontrando as meninas na cozinha e me arrastei até a geladeira dando um espirro forte assustando as meninas. – Ah! – levantei o cabelo que caia por cima de meu rosto e olhei para elas. – Desculpa.

Gabriela veio até mim e passou as mãos por meus braços. – Dongsaeng, você deve estar gripada já. Olhe como seus braços estão frios. Tentei te tirar da varanda, mas você não deixava! – ela fechou a cara apertando meus braços.

 Alice chegou com a caneca de chocolate quente. – Sim, depois eu também tentei te tirar de lá, mas você ficava resmungando e desisti. Você tem sono pesado, sabia? – ela riu dando um gole grande no chocolate quente.

 Dei uma risada e peguei o guardanapo. – Bigode de chocolate – ri de novo e limpei. – Pronto, vamos nos trocar.

 Saímos de casa e cada uma foi para seu canto. Despedi-me das garotas e fui para a lanchonete. Parece que foi há anos que não ia a aquela lanchonete. Pensava eu enquanto caminhava.

 Fucei minha bolsa e revirei-a até encontrar as chaves. Era de manhã e era minha vez de abrir a lanchonete.

 - Bom dia... – resmunguei para as cadeiras encimas das mesas viradas de cabeça para baixo e fui até o caixa deixando minha bolsa sobre o balcão.

 Cantarolava uma música qualquer enquanto arrumava as coisas devagar. – Bom dia pessoa que me ama! – falou Da Ji jogando sua bolsa de ombro na mesa mais próxima e deixando duas cadeiras caírem no chão. Levei um susto.

 - Da Ji! Você está bêbada? – arregalei os olhos contornando o balcão e indo até ela. Ela começou a rir histericamente. – Da Ji! Pare com isso! – segurei seus braços e a balancei de leve.

A mesma resmungou e tentou se livrar de meus braços. Sem muito sucesso. – Me solta sua tonta! – ela resmungou de novo e riu alto jogando a cabeça para trás. A soltei de medo.

- Eu? Você está me chamando de tonta? Não vê se estado agora? – olhei-a de cima para baixo olhando as roupas velhas com pequenos furos e a maquiagem forçada por volta dos olhos. Ela me olhou com um olhar cercado de fúria me deixando assustada e tendo um arrepio fazendo os pelos de meu braço subirem devagar.

- Olhe aqui... Lorenna – ela deu dois passos largos e desleixados para o meu lado e riu de mina cara branca de medo. Pegou sua mão e deslizou por meu rosto devagar sorrindo a cada vez que chegava mais baixo. Parou em meu pescoço.

Minha respiração estava acelerada agora. Tinha sérios problemas com bêbados. Havia passado coisas que realmente são dolorosas de se lembrar e não queria vive-las de novo. Uma gota de suor desceu por minhas costas e ela sorriu de novo como se soubesse do medo que ela fazia em mim agora. – D-da Ji, pare com isso. Vá se tratar.

Ela bufou e subiu a mão pelo meu pescoço e a pousou em minha nuca. – Não vou te fazer mal algum... Só que na minha vida tem coisas que não acho que valham mais a pena entende? Se eu pudesse... – ela olhou para minha boca mordendo o lábio e soltando-o de leve. – Desistiria dela agora.

- Dela quem? – agora meu medo não estava tão grande. Agora estava atraída pelo o que ela falava. – Da Ji, o que aconteceu? – dei um passo a frente sem ver, ficando a centímetros dela.

Ela hesitou. Seu rosto não encarava mais nada... Estava perdido... – Queria desistir da minha vida, Lorenna. Não acho que ela valha mais a pena... – ela suspirava.

Respirei fundo sem acreditar tanto no que ela falava. Ela estava apenas bêbada. Não havia nada demais, ela não poderia ter tantos problemas. Afinal, ela nunca demonstrou nada a ninguém... Peguei seus ombros e dei um sorriso tentando reconforta-la. – Olha, nunca desista. A vida que você tem é feliz não é? – ela balançou a cabeça. – Então, nunca desista, me entendeu?

Ela respirou soltando o bafo forte de álcool e eu me afastei um pouco. – Sabe Lorenna? Você é uma grande amiga... Agora... Por que tinha que gostar apenas de homens? – ela chegou perto de mim e tirou minha frente da frente do olho delicadamente me fazendo sentir o coração bater forte no peito parecendo que estava sendo espancado contra meu peito de tão forte que batia.

- D-da Ji, o-o que pensa que está fazendo? – eu respirava cada vez mais forte erguendo minha cabeça um pouco para cima por causa de sua altura.

- Só estou dizendo que posso ter algo por você Lorenna... Por que gosta daquele MinHo lá? Não pensou que poderia ser muito mais feliz comigo? – ela abaixou a cabeça e seguiu os lábios até meu pescoço.

Senti um arrepio. Ela estava mesmo me beijando. – D-da Ji! Eu... Eu mal o conheço, ele é só um cantor de uma banda que eu gosto. Não quer dizer nada! – arfei um pouco alto e descontrolável.

 Ela subiu até meu queixo. – Então você poderia ser só minha? – ela falou agora pegando de leve na minha cintura.

 Respirei fundo e me recompus. – DA JI! VOCÊ ESTÁ BÊBEADA! – a empurrei com toda força que pude fazendo-a dar apenas três pequenos passos para trás. – SAIA DE CIMA DE MIM! NÃO FICAREI COM VOCÊ! – aumentei meu tom de voz sentindo o suor descer por minha nuca.

  - Mas um dia será – foi apenas o que ela disse e saiu pela mesma porta que havia entrado. Olhei-a sair e virar a rua. Minhas pernas ficaram bambas e senti minha visão ficar turva. Fiquei em choque, estava chorando agora. Estava tonta. Fui me sentar. O que acabara de acontecer aqui? Ela... Não... Eu conheço Da Ji bem demais. Ela só está bêbeda. Só isso. Pensei pegando minha bolsa e digitando uma mensagem para Gabriela no mesmo instante.