Eu encarava o rosto do rap mais maravilhoso – e eu não exagerei - que existia no mundo.

          - Posso ajudar? – ele me encarou com o olhar em dúvida.

          Mas eu só conseguia suspirar. Ele era tão lindo. Senti alguém me dar um cutucão na coluna.

           - Lorenna, para de ficar dando medo no pobre do menino e vai entregar os pedidos! – Da Ji me xingou e me deu os pratos.

           - Desculpa, Da Ji – respondi vermelha de vergonha. Fiquei de pé nos patins e fui até os clientes.

           -   Quem é essa? – ouvi MinHo perguntar a Da Ji.

           - Ah, essa aí é a Lorenna. Ela está aqui há duas semanas e é desajeitada! – respondeu ela com crueldade.

           - Eu não sou desajeitada – disse chegando perto dela entregando-a os pratos. Desequilibrei e quase deixei os pratos caírem no chão.

           Da Ji tomou os pratos de mim e falou suspirando: - E a menina ainda fala que não é desajeitada... – e foi para cozinha.

            Olhei para MinHo corando mais que ninguém. “Que vergonha!” pensei abaixando minha cabeça somente olhando para o chão. Acabei tirando meus patins e resolvi ficar de meias.

             Ele sorria meio tímido para mim. “Por que é ele que sorri tímido se fui eu que banquei a idiota aqui?” pensei sorrindo de volta.

              - Posso fazer meu pedido agora? – ele disse rindo.

             Arregalei os olhos e peguei o bloquinho. – Claro – respondi com a caneta na mão.

             - Quero apenas um copo de suco e um misto quente – ele ainda sorria.

             - Claro – falei e coloquei o papel na janela da cozinha para Da Ji fazer o pedido.

             Eu olhava para a mesa e ouvi a risada constante dele. – Eu não achei graça – falei num sussurro.

             Ele fechou a cara em um segundo controlando o riso. – Não é de você. É que eu me lembrei do Onew. Desculpe – ele respondeu.

              - Verdade, todos dizem que eu sou desastrada igual ele – estava menos tímida agora.

             - Qual é seu nome mesmo? – ele disse.

             - Lorenna – respondi. “Que sonho!” pensei evitando a alegria óbvia.

             - Prazer – ele esticou a mão. – O meu é Lee Choi MinHo.

             - Eu sei – agarrei sua mão sorrindo.

             - Lorenna, pedido pronto – Da Ji falou atrás de mim e eu me virei para pegar. O cheiro estava muito bom, só ela mesmo para dar água na boca ao ver um misto quente.

              - Aqui está – coloquei o prato de frente para MinHo e ele olhou para o simples pão com ótima aparência.

               Ele comeu como se estivesse morrendo de fome – mas nunca sem educação. – Seu celular tocou em seu bolso.

               - É o meu – disse ele limpando a boca e pediu licença indo até a porta da lanchonete.

               Suspirei. “Até que enfim esse emprego teve algo que me fez realmente feliz!” pensei abrindo um sorriso grande e sem jeito de ser desmanchado.

                Meu celular tremeu em meu bolso do casaco. Fiquei com vontade de simplesmente ignorar e continuar ali vendo a imagem mais linda de todas. Mas o barulho do “Triiim-triiim” me irritava tanto que acabei pegando o maldito.

                - Alô? – falei meio que nervosa.

                - Ah! É assim que vai atender sua unnie agora? – minha prima querida era quem falava do outro lado da linha.

                 - Gabi! Nossa, desculpa. Mas se você visse o que eu estou fazendo entenderia meu mau-humor ao atender – suspirei.

                  - Conta aí – disse ela.

                  - Sabe, unnie, eu até contaria, mas não quero perder minha audição.

                  - Conta! – sua voz já mandava e não pedia.

                  - Tudo bem! Mas promete afastar o celular da boca quando for gritar? – falei enrolando-a e deixando-a mais ansiosa.

                  - Conta logo, criatura! – ela exigiu.

                  - Eu estou aqui de frente para o MinHo já faz quase meia hora – falei em português para ninguém entender. Recebi alguns olhares.

                   Ouve uma longa pausa e eu me perguntei se ela ainda estava na linha. – Unnie? – perguntei.

                   - Lee Choi MinHo? Aquele integrante gato dos SHINee que somos apaixonadas? – ela perguntava.

                    - Claro né, Gabi! Quem mais? – respondi.

                    - Oh, Meu DEUS! – ela exclamou gritando no meu ouvido.

                     - Que coisa! Você prometeu afastar o celular quando fosse gritar! – xinguei ela.

                     Ouvi um grito distante. Agora ela tinha afastado o celular – mas ela já tinha feito um grande estrago no meu ouvido mesmo, então nem faria diferença se ela não tivesse afastado.

                     - Posso falar com ele? – ela me perguntou.

                     - Eu que vou lhe dizer isso? – vi MinHo se aproximar enfiando o celular no bolso da calça. – Unnie, eu tenho que desligar porque ele está vindo. Tchau!

                     - Não, mas nee-chan... Lorenna! – ouvi Gabriela gritar enquanto eu desligava o celular na sua cara.

                     - Oi. Voltei – disse ele se sentando de novo.

                     - Aham – coloquei as mãos para trás e balancei para frente e para trás.

                     Ele olhou para os lados e coçou a nuca enchendo as bochechas de ar. Os movimentos mais perfeitos do mundo! – Er... – ele começou a falar.

                      - Mais alguma coisa que queira pedir? – falei sorrindo.

                      - Não exatamente... Er, que sair para tomar um sorvete? – ele perguntou e meu coração começou a palpitar numa velocidade impossível.

                      - Ah... – pisquei os olhos e voltei ao normal abrindo um sorriso. – Claro – respondi.

                      - Então vamos – ele se levantou e apontou a saída com a porta sorrindo também.

                      - Um minuto – estiquei um dedo a ele e corri até a cozinha. – Da Ji, eu vou dar uma saída e amanhã eu fico até mais tarde, tudo bem?

                     - Tudo bem – ela sorriu e eu corri para fora da cozinha perdendo o fôlego e voltando um passo vendo MinHo perto o bastante para sentir sua respiração quente passando por seus dentes brancos que formavam um sorriso.

                      - Vamos? – ele deu um passo para trás e me deu espaço pra eu poder passar.

                      - Wow... – sussurrei para mim mesma me sentindo tonta. – Quer dizer... – pesquei os olhos com força balançando a cabeça. – Vamos – coloquei meus sapatos e fui para fora da lanchonete.

                      Ele abriu a porta do carro e eu entrei. Meus lábios se formaram em um sorriso que ninguém nesse mundo poderia se desfazer. Porque, né? Quem era o cara que estava me levando para tomar sorvete?

                     Ele entrou no carro e eu fechei o sorriso e ele me olhou meio desconfiado. – Vamos? – ele sorriu deixando pra lá.

                     - Vamos – sorri e ele ligou o carro.