Apenas Você escrita por Noka Braun


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem *-*



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- Vamos embora! - pedia desesperadamente Lucy, começando a chorar. Ela estava no chão, derrotada. Natsu, ofegante, colocava-se na frente dela, protetoramente. Ele sangrava, havia inúmeros cortes por seu corpo, mas ele recusava-se a abaixar a guarda. Sua vida era mais insignificante do que a da loira.

Por Natsu simplesmente a amava. Amava o jeito tolo e criança dela ser, até das crises de burrice dela. Amava o jeito que ela batia nele, quando o encontrava em seu quarto. Amava e admirava os poderes de maga dela (embora sentisse certo ciúme de Taurus, que a chamava de gostosa e ela não falava nada. Por que afinal, se o próprio Natsu a chamasse assim, ele teria um serio dano facial.). Amava quando ela ria. Amava o jeito que ela era.

- Não! – ofegou Natsu, cansado. O mago com quem estavam lutando estava se aproximando rapidamente deles – Temos que terminar essa missão! Não podemos tê-la aceitado e depois desistir! Mancharia o nome da Fairy Tail!

Ele estava mentindo. Em outra ocasião, teria dado rapidamente o pé, pois o mago em questão era de Rank S, ou seja: perigosíssimo. Mas desta vez não: Lucy foi seriamente ferida, e o orgulho e a raiva borbulhavam dentro do Dragneel, o impossibilitando de ver o perigo que corria.

Esse foi seu maior erro.

Segundos depois o mago Sato, de cabelos vermelhos e curtos, olhos verdes e estreitos, surgiu diante dele. Sato sorria debochadamente. Natsu torceu o rosto de ódio.

- VOU MATÁ-LO! – gritou o rosado. Ele puxou o braço para trás, pronto para dar um soco, quando Sato simplesmente ergueu o braço e tocou o rosto do garoto.

Natsu estacou.

Natsu arregalou os olhos, tentando gritar, sem provocar nenhum som. Sua boca estava aberta, as pupilas se dilataram, seu braço estendido caiu ao lado de seu corpo. Tentou respirar, mas sem sucesso.Um abafamento terrível inundou sua mente, despindo-a de pensamentos, de emoções.Uma macha branca tapava sua visão, e a única coisa que sentiu e pensou, por fim, era o sentimento grandioso, que ultrapassava todos os que já tivera, tomando conta de si: O seu amor por Lucy. Depois caiu com um baque sonoro no chão.

Lucy gritou, um som horrível, misturado de choque, raiva, surpresa e dor. Para o mago Sato, foi o pior som que já ouvira, fazendo-o tremer só de se lembrar, décadas depois. Lucy com imensa dificuldade, por causa dos inúmeros cortes que tinha, rastejou para Natsu, com imensas lagrimas cristalinas lhe tapando a visão.

A boca estava levemente aberta, de surpresa. Sua pele estava pálida, e seus braços estavam abertos, e sangue ainda jorrava deles. Mas o que mais a assustou foi os olhos: abertos, estáticos, e frios. Não havia o costumeiro brilho de entusiasmo neles.

Lucy soltou um gritinho de horror ao vê-lo, e precipitou-se a agarrá-lo contra seu peito, fechando os olhos e tremendo de tanta dor. Algo dentro dela desprendeu-se e caiu no chão, para sempre perdido. Tempos depois, ela chegou a conclusão que era sua felicidade.

O sorriso de Sato vacilou ao vê-la neste estado. Mas ele não se arrependeu na hora do que havia feito, e até o final da sua vida, nunca o fez. Apenas torceu os lábios em desagrado e sentenciou numa voz fria:

- Isso é o que acontece aos que ficam no meu caminho. Sinto muito jovem, por sua perda. Mas talvez agora perceba que o mundo não é cor de rosa como você imaginava.

Lucy abriu os olhos e o fitou sem expressão alguma. Sato percebeu, neste olhar, que era inútil matá-la, pois sua vida já estava estragada, de qualquer forma. Então fez um gesto rápido com uma mão e desapareceu dali.

Lucy abaixou o rosto para observar Natsu. Afinal, ele era lindo. Um sorriso triste encrespou em seus lábios, e ela quase riu quando se lembrou da primeira vez que o vira.

O mundo dela passou de cor de rosa, quando havia Natsu, para cinza, onde ele não existia. Seus sentimentos por ele pareceram duplicar, e havia também uma imensa consideração por ele juntamente com seu amor. Ele fora a melhor coisa da sua vida, e sempre seria. Lucy não suportava pensar em viver sem ele, mas agora teria. Ela teria que ser forte, por que devia isso a ele. Ele morrera por ela, e ela tinha uma dívida. Talvez quando chegasse sua hora, a dívida estaria paga, e ela encontraria-se novamente com o amado, agora rindo e se abraçando. Mas, todavia, muito tempo se passaria até isso.

E ela teria que aguentar. 

60 anos depois

A velha Lucy sorria enquanto revia, pela milésima vez, seu antigo álbum de fotos.  Lá estava ela, muito mais nova, juntamente com Erza e Gray, seus antigos colegas. Havia também um certo garoto de cabelos rosados.

Erza e Gray haviam morrido a mais de um ano, de velhice. Erza até o fim da vida continuou mandona, e assustadora. Gray perdeu o hábito de ficar quase pelado quando ficava nervoso fazia mais de uma década. Afinal, era difícil se livrar das roupas rapidamente quando já se era idoso. Era estranho o ver irritado e com todas as peças de roupa. Erza e Lucy morriam de rir.

Lucy tinha agora 77 anos, e era uma velhinha adorável (segundo dizia-se quem a conhecia), de cabelos longos e brancos, e varias rugas, mas continuou meio burra por toda a vida. Que a via de vista não poderia imaginar o imenso furo que sentia no peito, que começara quando tinha 17 anos e prolongará-se até agora. O furo chamava-se Natsu.

Sim, Lucy foi forte de conseguir deixá-lo, de conseguir levar sua vida a diante. Foi forte de voltar a guilda, onde foi bem recebida. Foi forte de trabalhar por duas décadas seguintes, apenas parando quando se sentia realmente velha.

Foi forte de sempre lembrar-se daquele que amara. E que ainda amava.

Lucy, agora, suspirou pesadamente, colocando o álbum sobre uma mesinha ao seu lado. Ela começou a sentir uma estranha dor aguda no peito, e um estranho abafamento. O que seria? Depois, essa dor aumento gradualmente, e Lucy ofegou. Agora entendia o que se passava.

Chegara a hora.

A dor aumentou muito e depois começou a passar. Lucy não sentia mais as pernas, depois não sentia mais o tronco, e logo após não sentia nada. Uma mancha branca inundou sua visão e ela sentiu uma estranha sensação de sonolência.  

Logo após morreu.

-

Tudo o que via era um turbilhão e cores a sua volta, que não tinha forma definida. Lucy não soube como viera parar ali, e o que era aquele lugar. Ela se surpreendeu quando pôde levantar-se do chão (se aquilo era um chão) rapidamente. Olhou para si e viu que estava novamente jovem. Ela sorriu.

- Lucy! – uma voz familiar a chamou de longe, e ela parecia eufórica. Era masculina, e Lucy sabia de quem era, mas não conseguia assemelhar. Depois de um tempo, lembrou-se, e alguma coisa explodiu dentro dela.

Ela estava chorando, procurando-o no mar de cores. Ela gritava o nome dele, até que finalmente o viu: ele estava correndo em sua direção, sorrindo muito, com os braços estendidos. Um segundo depois (ou tempo nenhum) ela estava nos braços dele.

Natsu estava igual ao que era quando morrera. A diferença é que seu corpo estava intacto, sem vestígios de danos. O cheiro que ele exalava era exatamente o mesmo que ela se lembrava. Lucy o apertou contra si, chorando sem remorso.

- Calma – ele disse afetuosamente, a abraçando. Ah, como ele sentira falta dela durante esse tempo, como quase morrera (algo estranho, já que estava morto) ao vê-la chorar por ele durante todo esse tempo que estava no além Terra. Mas agora tudo havia sido esquecido: eles estavam finalmente juntos! Para sempre, e não havia espaço para lembranças ruins da parte dele. E nem dela.

- Eu te amo – disse Lucy, olhando para ele, sorrindo como nunca sorrira antes. Ele retribuiu o sorriso.

- Eu te amo, muito. Nunca deixei de amar. Mas... – Natsu corou um pouco, mas tomou coragem e continuou – nesse tempo... Onde ficou sozinha... Teve outros garotos?

Lucy riu e balançou a cabeça.

- Não – ela disse, e Natsu sorriu radiante e a levantou do chão. Na verdade, não fazia muita importância se ela ficara ou não: ela tinha o direito de levar a vida, ne? Mas ele ficou mais feliz ao saber – Apenas você.

Depois, eles selaram um beijo, o primeiro do casal. Agora, o que existia era apenas eles: para toda a eternidade. O que seria melhor? Nada!

E então eles realmente viveram (no sentido do além Terra) felizes para sempre.

“O verdadeiro amor é aquele cultivado nessa vida e em outras, onde não há espaço para sentimentos ruins de nenhuma parte. É aquele que sorrimos ao lembrar, e até choramos de felicidade. É rir com alguém que te faz bem, e se sentir alguém especial, é fazer alguém se sentir especial.

Se é tudo isso, nem a morte corrompe, não é?

Isso é a única coisa do que temos certeza na vida. Temos certeza que somos amados e sempre seremos, mesmo quando partimos. “

                                                                                                       Patrícia Greski 


Fim


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Notas finais do capítulo

espero que tenha sido legal ^^