Cerejeira Solitária escrita por Captain Manuts


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Como não deu pra postar uma fanfic de dia dos namorados... Minha inspiração fugiu legal. Mas digamos que saiu isso e eu estou orgulhosa do quão açucarada ficou! *-* Melo-meloo *-*enjoy :3



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O homem acendeu as luzes do grande apartamento, jogando o terno para um lado, os sapatos para o outro e afrouxando o nó na gravata que o sufocou o dia inteiro. O professor teve um dia cheio. Simplesmente não suportava mais as reuniões na faculdade. Eram todos hipócritas que não faziam questão de ouvir seus ideais revolucionários.

- Tolos todos eles. – Praguejou num sussurro inaudível.

Pegou o controle remoto que estava na bancada e suspirou pesadamente, acionando as caixas de som para tocar uma música lenta e relaxante. Não que adiantasse alguma coisa. Seus ombros ainda estavam tensos.

Byakuya não desfez a face impassível nem por um instante, mesmo que ainda estivesse irritado com seu trabalho. Ganhava bem, isso ele podia admitir, mas ele não suportava a idéia de que ele poderia ganhar mais. Ganância, talvez? Não muito típico dele, mas era de todo ser humano. Na verdade, era por querer ter tudo perfeito.

Sim, Byakuya desejava a perfeição, pois ele se arrependera amargamente de ser desleixado. Não cuidar das coisas como deveria. Não cuidar das pessoas como deveria. Não queria que mais ninguém sofresse por sua causa.

Não queria que seu coração se quebrasse novamente. Ele era fechado por justamente essa razão. Raras vezes sorria. Ele podia ser a própria definição de solidão. Um perfeito solitário.

Desde o dia da morte de sua amada Hisana que ele se fechou ainda mais. Ela foi o seu único amor. E por um descuido dele, ela se foi. Anos se passaram e ele se tornou frio como gelo e mármore.

Tentava ser perfeito desde então. Formou-se, graduou-se, encontrou um dos melhores empregos da cidade e mesmo assim... Nada, absolutamente nada, o fazia sentir melhor.

Já tomava mais uma de suas inúmeras garrafas de sakê, uma bebida que odiava mas ajudava a esquecer de tudo ao seu redor. De todos a sua volta. Até dele mesmo.

Perfeito solitário, ele pensava consigo mesmo.

- Nii-sama? – Uma pequena garotinha de oito anos, coçando os olhos azuis como a noite, veio para ele vestida casualmente com um pijama lilás. Ela segurava seu coelhinho num dos braços.

- Rukia. – Ele analisou a irmãzinha, que se balançava trocando o peso do corpo para cada perna.

- Nii-sama, você voltou tarde. – Não conseguiu esconder um bocejo, mas lamentou-se com a falta de educação na frente do severo irmão. O mesmo acabara de colocar a garrafa de bebida na mesinha de centro da sala, mas Rukia ignorou tal coisa como sempre fazia.

- Isso não deveria caber a você. Devia estar na cama. – Ele percebeu as olheiras ao redor dos olhos da menina. Quase imperceptíveis para os outros, mas não para ele. – Não gostaria que acordasse amanhã com sono, sendo capaz de cochilar enquanto come sua torrada.

- Na verdade, nii-sama... Eu estava esperando você. – Ela deixou escapar um sorriso tímido.

- Para que, posso saber?

- Você esqueceu, nii-sama. Esqueceu de novo. – Ela foi até a cozinha, suas pantufas de coelho abafando o som dos passos determinados da pequena.

Byakuya tentou se lembrar de cada dia em seu calendário. Ele acreditava não ter perdido nada. Natal, ano-novo, aniversário de Rukia no mês passado... Não, não perdera nada. Ele tinha certeza absoluta. E ele tinha certeza no quanto ele estava certo. Esquecer já não era um defeito seu, quanto mais “de novo”?

Ela voltou da cozinha com um pacotinho rosa-bebê.

- Rukia...

- Tó. É seu. – Ela estendeu para ele.

 Ele analisou a caixinha que não era maior que dois palmos. Havia um cartão também.

- Pra que é isso?

Mas a menina já estava em seu quarto.

Abriu primeiramente a caixinha, desfazendo o pequeno e belo laço. Destampou e viu vários bombons. Chocolate branco e preto. Com recheio de cereja ele sentiu depois de mordiscar um. O sabor incrivelmente doce acabou formigando sua língua num prazer único. Em poucos segundos já havia comido oito dos dez bombons dali.

Um canto de sua boca puxou para um lado. Um sorriso de canto, para os que veriam de fora.

Ele abriu o perfumado envelope, que continha um cartão normal, com um desenho de coração na capa feito de giz de cera vermelho. Abriu o cartão e encontrou uma sakura que parecia recém colhida da árvore. Sem frase nenhuma, apenas o desenho de um ursinho carrancudo e uma menina-coelha abraçando o ursinho. “Esse ursinho está me representando?” ele franziu o cenho.

Olhou para a flor de cerejeira. Filosofou por um longo tempo, mas não soube dizer o que ela queria dizer com aquilo.

Por fim desistiu. Entrou de fininho no quarto da irmã, que dormia pesadamente abraçando seus bichinhos de pelúcia. Ele se sentou, observando a decoração do quarto dela. Era ainda como seus pais haviam deixado num estilo de princesa. Tons pastéis e móveis brancos arredondados de madeira lisa. Ele olhou para o quadro de ímã que ele havia dado para ela alguns anos atrás. Ela ainda o guardava. Havia um calendário de esquilos e o aquele dia em especial estava marcado com canetinha vermelha. Ele forçou a vista para ler no escuro, pois apenas a luz da lua na janela e a luz do corredor iluminavam o quarto.

“ 4 de fevereiro - Início da primavera. Sakuras desabrocharam. Ir ao jardim com o onii-sama como nós sempre fazemos.”

Perfeito solitário?

- Bom dia. – Ele a acordou da forma mais gentil possível, segurando em sua pequena mão e sorrindo. Uma bandeja de café-da-manhã estava sob seus pés. Mas não foi isso que fez Rukia derramar algumas lágrimas naquele momento.

Todo o seu quarto estava cheio de pétalas de Sakura. O cheiro doce delas penetrou em suas narinas. O chocolate quente que ele havia preparado estava fumegando e tinha chantilly por cima.

Ele segurava o cartão que ela havia dado para ele.

- Onii-sama? Por que fez isso? – Ela perguntou, tentando enxugar as lágrimas.

- Porque enquanto eu tentava curar minha ferida nunca me lembrei que você também tinha as suas. E eu devo pedir desculpas por isso.

- Nii-sama... – Ela sorriu, bastante comovida.

- Desculpe Rukia. Eu prometo sorrir mais de agora em diante. Não precisa mais fazer essas coisas.

E pela primeira vez em alguns anos ele sorriu enquanto abraçava a pequena irmãzinha que chorava alegremente.

- Feliz primavera, nii-sama.

- Feliz primavera, Rukia.

                                   Fim.


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Notas finais do capítulo

YOOOSH! Se você leu e achou que tá fraco... Manda review! Se você achou que tá fofo... MANDA REVIEW! Se você tem preguiça de mandar review... BANKAAAAAAAAAAAI! FINAL ULTIMATE GETSUGA RASENGAN TENSHOU SHURIKEN! Portanto... Dê uma review e faça uma autora feliz :3