Acordei em uma posição diferente da que tinha dormido: Estava abraçada com o Freddie, de frente pra ele. Levei um susto quando abri os olhos e encarei o peito dele, mas logo relaxei. Eu conseguia sentir as batidas do coração dele. O peito dele fazia um movimento de ida e volta em quanto respirava, aquela proximidade era estranha pra mim, até hoje nunca experimentei ficar tão próxima de um garoto assim, mas sei lá, aquilo não me incomodou.

De fato, eu estava feliz por estar onde estava. Me aconcheguei mais ainda no peito dele e fechei meus olhos de novo. Me assustei sentindo dedos acariciando meu cabelo mas logo sorri pensando que ele tinha acordado e não tinha nos afastado, ou perguntando o que estávamos fazendo.

- Bom dia, Sam.

- Bom dia.

Tentei me afastar mas ele gemeu alguma coisa reclamando e me trouxe pra perto de novo.

- Tá, tudo bem...

Ele riu e beijou o topo da minha cabeça, senti um arrepio percebendo o que a gente tava fazendo. Nós estávamos parecendo...um casal.

- Freddie...

- Eu sei, você tem que ir embora.

- Não é isso, mas... o que a gente tá fazendo?

Ele suspirou e acariciou minhas costas. Confesso que fiquei arrepiada.

- Sam, eu sinto essa... coisa quando eu estou com você. E eu acho que é mais que tensão sexual.

- Você não gosta de mim...não é?

- Sam, eu acho que...

- Freddie! Você tá ai?!

Fechei os olhos chateada. Meu Deus, eu mataria a mãe do Freddie agora se pudesse! Ela tinha que interromper bem no meio dessa resposta tão importante? Maldita seja!

- É melhor eu ir indo, Freddie.

Freddie concordou e nos descobriu, fiquei vermelha percebendo pra que parte do meu corpo ele olhava.

- Não olhe!

Ele fechou os olhos murmurando um pedido de desculpas. Olhei pro chão percebendo que minhas roupas não estavam no quarto. Elas estavam todas na sala. Fudeu Sam, Fudeu.

- Esquece, pode abrir os olhos.

Ele abriu os olhos vendo que eu ainda estava de calcinha.

- Sam! – Ele fechou os olhos super corado. Só não mais que eu estava – Não vai se vestir?

- Não é minha culpa! Minhas roupas estão na sala! Ah Meu Deus...

- O que foi agora?

Freddie abriu meus olhos e finalmente conseguiu olhar pros meus olhos. Só pra eles. Mas eu não ligava, ele podia olhar pra onde quisesse agora, eu tinha percebido algo pior ainda:

Eu não estava no sofá. A mãe do Freddie ia ver que eu não tinha dormido lá.

MEU DEUS! EU SOU A PESSOA MAIS FERRADA DO MUNDO!

- Sua mãe...ela vai... – comecei a quase hiperventilar e sentei na cama ao lado dele pra ver se me acalmava – Ela vai perceber que eu não dormi no sofá! Ela vai perceber que eu dormi aqui com você! Freddie, nós...!

- Calma, Sam. Nós não fizemos nada. Eu converso com ela depois, eu vou lá na sala pegar suas roupas, você espera aqui. Acho que as coisas vão ficar piores se ela te ver...assim, né?

Concordei ficando mais calma, Freddie conseguia falar as palavras certas nas horas certas as vezes. Eu só podia agradecer pra ele. Ele se levantou e foi até a porta, mas quando estava com a mão na maçaneta ele se virou sorrindo e disse:

- Ah, e Sam, Obrigado por não ter me “trocado” pelo seu amigo.

Então ele saiu do quarto.

Simples assim.

Ele só diz isso, derruba um peso enorme em cima de mim e sai. Como é que eu podia não me sentir culpada? Eu não contei pra ele que vou morar com o Will! E também, pretendia não contar tão cedo. Ouvi uns gritos, até que o Freddie gritou pra mãe dele “não enche!” e abriu a porta com minha roupa na mão.

- Obrigada.

- De nada.

Ele colocou a minha roupa na cama dele, eu vesti minha calça e pedi pra ele se virar, assim eu podia colocar meu sutiã e minha blusa. Ele fez isso e quando eu terminei disse que ele podia virar. Ele me olhou dos pés a cabeça e depois me encarou nos olhos. Tinha alguma coisa nos olhos dele que fazia a culpa me consumir por dentro.

- Freddie...eu...preciso contar uma coisa.

Freddie se levantou e ficou de frente pra mim, ele deu de ombros.

- Diz então.

Engoli seco e fechei os olhos. Tive que reunir toda minha coragem pra falar isso pra ele.

- Eu vou me mudar.

Ele olhou pra mim sem entender.

- Eu vou me mudar...pra casa do Will.

Abri os olhos e olhei pra cara dele. Tava indecifrável. Eu via raiva, tristeza e ciúme nos olhos dele, mas fora isso seu rosto estava totalmente indiferente.

- Porque?

Ele fala isso em um fio de voz, um sussurro praticamente. A voz dele tão fria que me assusta.

- É que é perigoso eu continuar morando na minha casa. Você sabe, eu quase fui estuprada e tudo mais. Com o Will por perto ele poderia me proteger.

- Então porque você não mora aqui?

- Sua mãe me odeia! Ela nunca me deixaria morar aqui!

- Mas você vai morar com ele? Sam... – ele suspira – Se é pela sua segurança, eu entendo.

Eu sorrio, todos os meus dentes a mostra. Ele sorri mas sem tanta energia. Eu pensei que teria gritos e briga e lágrimas e muito mais drama mas Freddie conseguiu entender tão bem. Acho que ele está mais maduro.

- Sério?

Meu sorriso se alargou ainda mais e eu abracei ele no impulso. Ele ficou surpreso mas logo correspondeu o abraço também.

- Eu me preocupo com você. Não é mesmo sensato você continuar morando lá.

- Obrigada, obrigada, obrigada, Freddie.

Ele apertou mais as mãos na minha cintura em quanto eu beijava toda a face dele em agradecimento, beijei as duas bochechas dele e ele sorria. Até que beijei o queixo dele e abri os olhos. Olhei pra ele ainda sorrindo, vi que ele me encarava penetrantemente. Eu corei percebendo que o próximo lugar pra beijar seria sua boca. Eu olhei pros lábios dele. Eles estavam tão convidativos. Eu me aproximei mais dele sentindo sua respiração misturada com a minha. Lentamente, toquei os lábios dele com os meus.

- Freddie, você ta ai?!

Ouvi a mãe dele gritando e me separei dele rapidamente. Ele me puxou de novo com raiva e me beijou não tão delicadamente quanto eu tinha feito antes. Sua língua invadiu a minha violentamente me fazendo estremecer. O que estávamos fazendo? Mas tenho que admitir, era muito bom. Nos soltamos quando o ar faltou.

- Sam...

Ele colou a testa dele com a minha. Ele me fez prometer que nunca trocaria ele pelo Will, eu ri com essa possibilidade mas concordei. Saí de lá me sentindo tão bem que nem me liguei pra mãe do Freddie falando todos aqueles insultos.

Ela que vá a merda! Eu acabei de ficar com o filho dela lá dentro e ela não tem nada a ver com isso!

Cheguei na casa da Carly ainda nas nuvens, minha amiga me encarou confusa e exigiu explicações. Fiz que não ouvi e perguntei onde estavam as toalhas, tomei um banho e pensei sobre o que tinha acontecido. Isso com o Freddie complicaria um pouco as coisas, agora teria que ter limites com o Will e como nós somos amigos de infância nem sempre sei quando as coisas são apenas parte da amizade ou quando parecem mais coisa de namorados mesmo.

Mas tanto faz, porque eu, Samantha Puckett estou com o Freddie.

Meu Deus, eu pensei que esse seria a última coisa que eu me veria falando.