5977 escrita por guilhermy


Capítulo 1
I - Enchanted


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo foi escrito não sei quando nem como, encontrado no meio dos meus papéis, enquanto arrumava o fichário. Beijão pra vocês que gostarem.



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  E por todas as coisas do mundo faço isso devagar, sem pressa, porque por muito tempo agi diferente. De quando você quer que te vejam de alguma forma, e seus atos não condizem com isso. Então silenciei-me, e quieto estou desde então. Porque, ora, eu percebi isto muito tempo depois, percebi que eu amo você, que você é lindo e especial. E não espero que me entenda. Não mesmo.

  Encerra-se nesse parágrafo toda a melação e desabafo. É um conto não uma biografia. Estou escrevendo de um lugar muito frio, e tentando esquecer isso tudo, e tentando me esquecer dentro disto. E de todos os olhares secos, e de todos os risos desdenhosos, o seu foi o pior, porque foi o único que me cortou, que me machucou – porque eu criava uma expectativa. E desde o dia que ventava em cinza, sinto-me assim, vazio. Sinto que perdi algo, mas não sei o que é. Vou olhar nos seus olhos e dizer o quão estúpido você é, mesmo que você estivesse certo. Certo.

  Transcrito em origem em folhas de papel amassada, encontradas perdidas na segunda gaveta de minha escrivaninha, tal história apresenta o garoto, garoto que tem um amigo, o melhor dos melhores amigos. E então minha amizade se evolui para algo irritantemente maior, e eu tento, tento mesmo evitar, mas não consigo. É visivelmente maior e mais forte, é visivelmente importante e impossível de se interromper. O que construí em anos posso destruir em segundos. Em segundos.

  Me peça para dizer tudo, menos isto, para confessar tudo, menos isto. E caramba, eu era diferente, era mesmo diferente antes de você. Você me tornou assim, você. E fechar seus olhos por adorar lhe ver dormir, me escondo no sorriso da negação. Aquela letra virada ao contrário.

  E neste momento que treme, mesmo, Felipe lembrava da música, da primeira música que tinha nítida em sua mente, e ela falava daquilo, daquilo que sentia, e de um garoto que perdeu.

  Pra que ter que pensar em todas as pessoas do mundo, se a que te mais lhe importa, não pensa em você de volta? E por isso eu reflito, e sigo refletindo se vale a pena arriscar. Eu sei quem é você, mas não sei o que você sente. Eu sei quem é você, mas não sei o que você sente. Eu sei quem é você, mas não sei. E sussurram ao meu ouvido que eu devia saltar, e logo após tanto receio, ele caiu.

  O autor e o personagem não são a mesma pessoa. O autor está ciente de que alguns trechos as vozes de sua narração se confundem. É proposital. Felipe está em frente a Eduardo. Eduardo está em frente a Felipe. Abaixo do Sol e sobre a grama molhada que massageavam ambos os pés descalços. Felipe tinha um segredo. Eduardo também.

  - Du, a gente – e tentou começar – eu preciso conversar com você – disse após um longo suspiro.

  - O rapaz loiro exibiu um largo sorriso ao ouvir a voz do maior. Tinha uma certa desconfiança, entretanto, preferiu prosseguir com o mistério.

  - Conversar?

  - É... – receou fazendo uma pausa – é meio estranho pra mim, e eu não sei se realmente devo, mas não aguento mais guardar...

  - Guardar o que? – o tom brando da voz de Eduardo interrompeu-o.

  Ele se calou. Valia mesmo a pena? Sobre joelhos trêmulos ele se encontrava.

  - O que você quer me contar? – Eduardo insistia – Lipe?

  E desde o primeiro dia me identifiquei, e era estranho como a gente combinava. Encolhido e tímido, era assim que defini-o, caros leitores. O rapaz branco de olhos castanhos e cabelos loiros atravessou a nova sala sem muito alarde, passou pelos novos colegas sem muito dizer além de um cumprimento, entretanto, um lhe chamou a atenção. Teus olhos caídos, teu corpo levemente musculoso, o curtíssimo cabelo ruivo. De todos os outros garotos, ele foi o primeiro que sorrira em sua direção. Então se esconde o silêncio e o vácuo se quebra. Esconde o silêncio. Esconde.

  - E depois eu não sei se digo “oi” ou se espero que você fale primeiro – começou o descendente de búlgaro, com leve sotaque em sua voz, distraído com um fina cicatriz perto do olho do novato.

  Este último, sem entender, exclamou sem muito discernimento plausível em suas poucas palavras. O ruivo sorriu.

  - Oi, meu nome é Felipe – e estendeu a mão para um aperto – e o seu é...

  - Eduardo – apressou-se com um sorriso.

  - Já fez um amigo hoje, Eduardo?

  Ao saber que será e foi predileto, que és agora e não deixa ser, sussurro em seu ouvido: prossiga. E continuo, oras, porque o que me espera é melhor do que isto tudo.

E eu te amo, droga,

e você não consegue perceber.

 E a parte mais estúpida disto tudo,

é que eu não consigo

parar de pensar em você.


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Notas finais do capítulo

Eu sou retardado.



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