Don't cry to me

Não chore por mim

If you loved me

Se você me amasse

You would be here with me

Você estaria aqui comigo

You want me

Você me quer

Come find me

Venha me encontrar

Make up your mind

Faça sua decisão

Enquanto a chuva corria sobre minha face ficava indecifrável saber se o que rolava por meus olhos eram lágrimas ou simples gotas de água doce celeste.

Palavras sondavam à minha mente e eu me depravava em remorso, querendo a todo custo culpar as circunstâncias que me cercava. A voz latejava e aqueles olhos castanhos intensos me encaravam do além relevando toda a minha culpa.

Diante do gosto encardido do óleo de motor e a redenção da chuva me via obrigado a recordar de sua beleza, a tão profunda e pura beleza natural que aquela água remetia.

O mal irremediável das minhas escolhas erradas, conseqüências presentes e infelizmente a uma única imagem, a imagem audaciosa que me despedaçava, estava em frente, me confrontando internamente, esquartejando lentamente e de forma dolorosa meus sentimentos.

Minhas lágrimas tornam-se impuras à frente do motivo que as derramava, se em causa nobre pudesse revelá-las a única diferença que teria sobre mim seria a presença dela.

Ao tempo de querer e ao de possuí... Ao gosto humano de fazer maus atos em pensamento... À necessidade carnal de tê-la em meus braços... E o pesar tenebroso que eu jamais estive certo...

“Não tomar uma decisão é tomar uma decisão”, ótimo, por que ninguém me falou dessa regra? Eu me negava a encarar esse fato sobre a escolha e não percebi que a aposta era pequena em vista da recompensa.

Me vi lacrado em lembranças, tudo me levava a pensar nela, e por mais que as quatro paredes da minha sala fosse o antônimo de tudo que era ligado a Sara Sidle, elas possuíam o cheiro e imagem da mais perfeita criatura escorada em sua entrada.

Não valia mais apena derramar lágrimas, não bastava mais querer estar próximo, não adiantava mais me culpar por não ter escolhido o certo. As coisas haviam acontecido de maneira que eu não as controlava e por isso mesmo me perdi, por isso mesmo amo com tristeza... Com um amor puro mas indeciso, amo de longe, com um amor necessitado de conforto.

Entre a cruz e a espada tive que apelar pela verdade, a mais consistente realidade, por mais que fosse ela a mulher mais importante, no momento, em minha vida, não era a única. E na esperança que as chamas de cabelos ruivos queimassem o pouco das recordações que me cercavam, fui pelo caminho da tentação.

 

Should I let you fall, lose it all?

Eu deveria deixar você cair e perder tudo?

So maybe you can remember yourself

Então, talvez você pode relembrar de si mesmo

Can't keep believing, we're only deceiving

Não posso continuar acreditando, estamos apenas nos enganado

Ourselves and I'm sick of the lie

E eu estou cansada de mentiras

And you're too late

E você está atrasado

Já me perguntei quando a dor e o sofrimento irão acabar, mas para o coração de quem ama, eles só passam quando existe estabilidade no relacionamento.

É amargo pensar que mesmo nas minhas ilusões apareceram palavras duras que me arranharam, infelizmente o momento de crer que tudo está bem já passou e tendo que encarar a verdade de frente percebo o quão duro ficou caminhar sem aquela mão para guiar; ver, sem a imagem para querer enxergar; cheirar, sem o seu perfume para sentir, ou então na simplicidade do existir, não poder viver, porque a sanidade de minha vida não mais me pertencia.

Ela tentou me salvar de mim mesmo e eu me deixei apoderar pelo masoquismo.

Pensar que tudo me acabava aos poucos era desnecessário me sentir inacreditavelmente pior.

Se andei desolado, sem rumo? Jamais, a minha meta era fugir, fugir das lembranças, dos enganos, dos meus erros, ou simplesmente me distanciar o máximo que eu podia da minha consciência.

Nas portas do casarão vi os portões da redenção, quando elas abriram senti minha mente parar de definhar, não que eu estivesse bem, entretanto sentia uma falsa segurança, como se eu sentisse tudo que emanava da minha situação decadente só que aquilo não me afetava mais.

Dizem que a vida é uma aula, basta você ser um bom aluno para se sair bem nela, ficar atento, correr atrás e deixar que o professor lhe ensine, nunca esperando que ele simplifique o conteúdo... Naquele momento eu a estava vendo como uma mestra dura e rígida, que queria a todo custo que aprendesse algo. Cedo ou tarde eu veria que não era questão de aprender, mas sim de querer continuar no erro.

Estávamos nos enganado, eu estava me enganando, não podia seguir em frente sem seguir com ela.

Mas aquela conclusão tinha sido feita tarde demais, quando nem a lembrança permitiu que tomasse à cama em outra companhia ardente.

 

Couldn't take the blame, sick with shame

Não conseguiu se livrar da culpa, cheio de vergonha

Must be exhausting to lose you own game

Deve ser cansativo perder seu próprio jogo

Selfishly hated, no wonder you're jaded

Por si mesmo odiado, não é de se espantar que você esteja esgotado

You can't play the victim this time

Você já não pode bancar a vitima dessa vez

And you're too late

E você está atrasado

As peles roçando, o suor se misturando e na minha boca um saliva, ela não tinha gosto, na verdade toda a adrenalina era neutra, não houve um espasmo de êxtase com sentimento profundo, se é que em algum momento houve algum sentimento.

Acordei descompassado e me fiz a única pergunta lógica, na verdade usando a única aparente decência que me restava: “Onde foi parar a política do sexo sem amor não vale nada?”

Senti vontade de sair correndo, de pular para fora das cobertas, inúmeras injeções de adrenalina seguidas me invadiram, mas apenas me voltei a me enrolar nos tecidos. Aquilo não era certo, longe de ser ideal, só que eu estava tão imundo que me deixar apodrecer um pouco mais não faria diferença quando lessem a minha Divina Comédia.

De fato, aquilo consumia, aquilo invadia, aquilo matava. A sensação da culpa com o misto da vergonha.

Quase nunca tive momentos de fraqueza, e quando um desses me apareceu eu desprevenido me escondi, me deixei levar pelo medo, me deixei sucumbir pela falta de coragem, fui levado pelo pânico e pela falta de racionalidade... Fui ignorando por meus sentimos de modo tão ordinário, extravagante e desolante que por aquela noite fui um corpo sem alma, ou então eu fui um simples humano infectado pelas faltas de valores.

Sabe, é que quando falta coração você preenche com agonia e parece que sua consciência desaprece junto.

E sinceramente, não queria que ela voltasse. Quando você para para pensar no que faz, você sente vontade de nunca ter nascido, você fica com raiva da sua patética existência e se pergunta: “Por que vale apena viver?”.

Sorte sua se for como eu, que assim que apareceu essa pergunta em minha mente, um sorriso de dentinhos separados apareceu, companhados por olhos castanhos que insinuavam um erro, mas não perdiam o encanto.

Eu realmente estava errado, não tinha escapatória, e admitir meu erro, mesmo que tarde, já era um grande passo para me encarar no espelho.

 

You never call me when you're sober

Você nunca me chama quando está sóbrio

You only want it 'cause it's over, it's over

Você só quer isso porque está tudo acabado, tudo acabado

How could I have burned paradise?

Como eu pude ter queimado o paraíso?

How could I? You were never mine

Como eu pude? Você nunca foi meu.

Talvez ela deva realmente me culpar, enquanto eu não me desesperei, enquanto ainda a tinha na palma de minha mão não fiz por onde deixá-la lá... Não lhe mereci quando ela queria, e talvez não, com certeza, ela tem o direito de não me querer mais.

É tão duro subir uma montanha e não ver o por do sol nela, faz todo seu esforço não valer apena.

Eu mereci tudo que aconteceu, se eu aprendesse a ser só um pouco melhor talvez não estaria tão encardido de vergonha.

Na forma clara de entender todo o ciclo infinito de todas as questão que me circundavam, foi inviável a negação de um mero fato: não importa qual longo seja o processo, sempre haverá espaço para mutações.

A minha principal transformação foi a dependência, de amor à vício existencial.

Nunca possuí a real felicidade, mas sempre saboreei as bordas da alegrias, e mesmo elas foram daquelas mãos, as mãos de Sara Sidle, que esculpiu uma utopia em minha vida e me fiz acreditar que alguém poderia sentir tudo que o amor poderia proporcionar.

Os momentos bons são tão efêmeros que fazem parte do esquecimento a partir do instante que são programados pelo cerco divino... Não, não passei a consagrar destino, mas entendi que o acaso não existe...

Não foi por acaso que a conhece, não foi por acaso que a perdi e não será por acaso que a terei de novo.

É um processo lento, algo que machuca por dentro, algo que eu escolhi por mim mesmo viver, por não saber zelar meus tesouros pessoais. Eu reneguei minha vida e destruí minha felicidade, e com certeza, bem lá no fundo eu sabia que estava fazendo aquilo, só não entendi como tudo que eu encostava virava pó.

Eu nunca soube de verdade o que era ser feliz, e mesmo assim me desfiz da felicidade... Ironia? Não, realidade.

A dura, trágica e invevitável realidade que só dá uma certeza ao ser humano: a morte, no meu caso: o fracasso emocional por indisponibilidade de coragem...

Tristes daqueles que podem ter uma vida e não vivem, infelizes daqueles que tem um amor mas não sabem dar valor, pobre de mim, que agora pensa arrependido olhando para o sol vermelho em meio a nuvens arroxeadas como aquele dia podia acabar e com ele terminar meu sofrimento e amenizar uma parte de minhas emoções, sem nunca esquecer completamente tudo que eu aprendi nesse percorrer desvairado de dois dias de extrema vergonha e derrota, onde minha principal meta era mostrar o quanto minha escolha tinha sido infeliz e desnecessária.

Eu deveria ter escolhido...