#Capítulo 1 - Briga #

Rosalie POV

Estava eu dentro de um carro em frente a minha casa. Do lado de fora do carro, uma forte tempestade, do lado de dentro, uma imensa aflição. Como eu contaria aos meus pais que eu estava grávida?

Meu sonho sempre foi ter um filho, mas não tão nova. Olhei para a rua a minha frente, como se aquilo fosse trazer a solução do meu problema. Emmett estava cabisbaixo, provavelmente se sentindo culpado do ocorrido. Tentei acalmá-lo acariciando seu rosto e falei:

-Tem certeza de que você quer assumir esse filho Emmett? –Ele me fitou, beijou minha mãe e murmurou:

-Meu amor, a coisa que eu mais quero nessa vida é ter esse filho com você. Olha só, se ele for só um pouquinho lindo assim, que nem a mãe dele, eu já fico feliz. – Eu o interrompi, a aflição era tanta que eu estava o interrompendo a todo momento hoje:

-Ah meu Deus. Meu pai vai me matar! – Eu deitei minha cabeça no peito de Emmett e continuei –Eu sei tudo o que ele vai dizer, que somos irresponsáveis e que não vai dar para a gente criar outra criança – Emmett suspirou e disse:

-Mas seu pai vai ter que entender Rose. Olha só, eu vou com você e aí a gente conta junto. - Eu logo pensei no pior e falei rapidamente:

-Não, não vai dar para você se apresentar a ele agora. – Ele falou aflito:

-Rose, se seu pai encostar a mão em você...- Eu o interrompi novamente e disse corajosamente:

-Deixa, deixa meu amor. Quem vai dizer sou eu.– Ele sorriu meio sem graça, trocamos um selinho e ele me disse:

-Boa sorte. – Dei um sorriso, confiante de que tudo daria certo. Nos despedimos. Abri a porta do Mercedes e saí correndo no meio das gotas que tocavam minha pele. Meu cabelo voava com o vento. Avistei o carro de Emmett indo embora. Todas essas coisas me faziam sentir medo. Abri a porta e deparei-me com meus pais discutindo.

A primeira coisa que vi, foi uma mala rolando pela escada. Meu pai –Carlisle- estava irritado. Ele gritava:

-Ô sua ridícula, Esme! Tá ficando gaga? – Minha mãe logo tratou de descer a escadaria rapidamente e exclamou:

-A é? Então você deveria dar graças a Deus por se livrar de uma gagá, ridícula. – Aquilo foi algo muito inesperada para mim. Fechei a porta e os interrompi assustada:

-Gente! Vocês podem me dizer o que está acontecendo? – Minha mãe logo respondeu:

-Filha, por favor, agora não. Vai para o seu quarto! – Eu estava pasma, falei em um tom inocente mas mesmo assim desesperado:

-Não, mas eu preciso ter uma conversa com vocês e – Meu pai logo interveio:

-É melhor você ir princesa, pode ser traumático demais ver a própria mãe, nesse estágio de loucura! – Ficou óbvio que ele fez isso para irritar mamãe. Ele conseguiu, lógico! Ela se manifestou:

- E sabe de uma coisa minha filha?! Agora você não vai ficar mais traumatizada por ter um pai ausente, sabe por que? PORQUE AGORA ELE VAI SER AUSENTE EM CARATER OFICIAL! – Céus, que loucura! Papai ficava no hospital para ajudar pessoas, não me importava com isso. Ela disse aquelas palavras já abrindo a porta, para meu desespero!

Rapidamente, desci do terceiro degrau da escada que eu estava e logo exclamei quase sem ar:

-Vocês não podem se separar agora! – Meu pai provavelmente percebeu meu desespero, pois baixou seu tom de voz e sentando-se na poltrona afirmou calmamente:

-Princesa, princesa, ninguém está se separando. A gente só está, discutindo a relação e isso as vezes pode ficar um pouco... – Ele não sabia como terminar a frase, mas uma coisa que era mais que óbvia, era que eles NÃO estavam ‘discutindo a relação’!

Assustei-me com minha mãe berrando atrás de mim:

-Não seja cínico, Carlisle! Se tem uma coisa que você não sabe – Ela fez questão de repetir várias vezes o ‘não sabe’ e continuou – não sabe fazer, é conversar sobre a nossa relação! – Meu pai, tentando amenizar a situação sem sucesso, estava bem mais calmo. Ainda bem! O único problema agora, era minha mãe que estava mais do que nervosa. E eu que achava que meu pai que era estressado...

Papai ficou indignado e começou a se perguntar:

-Eu? Ah? Eu? – Minha mãe estava furiosa e continuou com seus gritos:

-Quem sabe agora, você estando sozinho, resolva aprender! – Agora eu acho que as coisas pioraram de vez, pois meu pai sim, se estressou. Suspirei com tanta decepção. Porque minha vida tinha que virar esse inferno?  Meu pai interrompeu meus pensamentos falando irritado:

-Eu não posso ir embora com essa malinha que você fez! – Minha mãe parou, cruzou os braços e questionou-o com um ar de suspense:

-Você está sentindo falta de uma coisa mais pessoal? – Meu pai abriu os braços sem entender nada, e falou novamente mais calmo:

-Esme, por favor, por favor, né?! – Ela levantou a mão e correu até a estante. Enquanto isso, papai olhava para mim que implorava com meu olhar para os dois pararem! Ele sussurrou:

-Calma filha, calma! – Como eu ficaria CALMA em uma hora dessas? Você está grávida, seus pais brigando e você vê seu mundo desabar! Simples né? Minha mãe começou com um ar mais sóbrio ainda, levantando o disco de vinil:

-Quem sabe esse disco? – Ela arregalou os olhos com uma cara bem malvada, que até eu fiquei com medo, se é que possível. Eu sabia que meu pai adorava, praticamente idolatrava essa porcaria, iria ficar muito nervoso. Isso ia dar em encrenca, com certeza!

Papai, só faltava se ajoelhar e pedir para que ela guardasse o maldito disco. Ele fazia gestos com a mão dando a entender que era para ela parar. Coisa que não deu certo, pois ela logo levantou a porcaria para cima de sua cabeça. Meu pai começou a entrar em desespero e disse compassadamente:

-Esse, é o álbum, branco, dos Beatles! Isso é um clássico! – Na mesma hora, minha mãe bateu com o disco no joelho, por várias vezes. O disco estava se quebrando, óbvio. Meu pai começou a gritar:

-É VINIL! É VINIL! – Como se não bastasse minha mãe quebrar o tal álbum dos Beatles, ela ainda tinha que o pisotear! Se eu estivesse em um momento melhor, diria que ela estava sambando em cima daquela coisa, mas a aflição tomou conta de mim. O que eu faria?

Meu pai implorava para ela parar. Sem sucesso. A feição de minha mãe dava medo, pois ela fazia uma cara diabólica. O que estava acontecendo? No momento que ela parou e  o encarou, ele começou a gritar:

-MENOPAUSA! MENOPAUSA! ISSO SÓ PODE SER MENOPAUSA! – Coloquei as mãos sobre minha cabeça, eu estava perdida! Passei os dedos por meus cabelos louros, me sentindo péssima. Meu pai continuava:

-ISSO NÃO VAI FICAR ASSIM! MAS NÃO VAI FICAR MESMO! É MENOPAUSA! SÓ PODE SER! – Dito isso, meu pai pegou a mala e saiu exaltado pela porta. Corri para a janela para poder observá-lo. Ele jogou violentamente a mala no banco traseiro e saiu em alta velocidade. Meu mundo desabou.  Mamãe ainda suspirava nervosamente.

Com certeza, agora eu iria me ferrar. Mamãe iria ficar me enchendo, desabafando. Melhor dizendo, contando os podres do meu pai!

Fui até meu quarto, coloquei minha bolsa em cima de minha cama e fui até o quarto de minha mãe. Quem sabe eu poderia contar com ela? Talvez ela até pudesse me ajudar com meu problema.

Cheguei lá, ela me olhou e já começou a falar:

-Menopausa? Menopausa tem a mãe dele! Tem a avó dele! – Meu rosto demonstrava preocupação. Logo, uma lágrima surgiu em meus olhos e eu disse meio que suplicando:

-Só faltava vocês se separarem agora! – Ela pareceu não ouvir, pois continuou a falar desapontada:

-Essa viagem para a França poxa, passei um ano planejando minha filha! Agora esse egoísta, diz que não pode ir! Por causa do hospital! – Eu mesma não acreditava no que acabava de ouvir! Minha mãe ficou brava do meu pai só por causa de uma viagem, e ele ficou mais nervoso ainda por causa do maldito disco! Murmurei tristemente meio que sem acreditar:

- O papai disse isso... -  Ela realmente não se importava com minha presença, pois continuou:

-Poxa, nossas primeiras férias! Em mais de 15 anos! Sabe? – Eu não acreditava no que acabara de ouvir, ou de presenciar. Como eu ia contar agora que estava grávida?

Carlisle POV

Depois de Esme ter estraçalhado o meu CD, não sei como não tive um infarto! Os nossos piores inimigos, são aqueles que um dia já foram nossos amigos, pois eles sabem dos nossos pontos fracos. Principalmente minha mulher! Ela sabe que sou  obcecado pelos Beatles! Porque quebrar justo meu disco preferido?

Fiquei com dó de Rose, afinal, ela ficou muito assustada com aquilo tudo. Percebi sua palidez, coitada. Ter uma mãe louca como Esme, faz qualquer um ter dó dela! Eu realmente estava muito nervoso.

Fui para a casa de Edward, meu amigo. Ele era bem mais novo do que eu, tinha uns 25 anos, enquanto eu tinha 35 anos. Ele era mulherengo, mas mesmo assim era um ótimo amigo.

Cheguei na casa dele, contei toda a história e ele ficou indignado com minha esposa, assim como eu também estava! Ele me deixou ficar na casa dele, ele tinha uma filha chamada Renesmee, fruto de um caso com uma garota chamada Alice. Agora se separaram e não sei mais qual é a namorada dele!

Estávamos conversando, eu e Edward quando resolvi abrir minha mala. Eu literalmente desejei morrer naquela hora. Falei para o Edward irritado:

-Olha a mala que a desgraçada me fez! Faz 15 anos que não uso gravata a não ser para ir para o hospital e ela me manda uma dúzia de gravatas! Olha aqui cara, olha aqui! – Ele deu uma risada e respondeu ironicamente:

-Em compensação ela não economizou nas meias, considerando a hipótese de que você é uma centopéia, é claro. – Dei uma risada forçada com a piada sem graça dele, mas ele continou:

-Aqui é tudo da minha filhinha, olha aqui, está tudo limpinho, travesseiro da sininho,  cobertor da Barbie. Fique a vontade cara. – Fiquei olhando aquelas coisas! Eu me sentia um gay dormindo com as coisas da filhinha do meu amigo.

[...]

Resolvemos pedir uma pizza para jantar. Logo ela chegou, então começamos a comer e conversar sobre meu casamento. Eu não estava gostando muito dessa conversa com ele, mas enfim, der repente ele me questionou:

-Carlisle, é o seguinte, para ela ter ficado tão nervosa você deve ter aprontado alguma né?! – Aquilo me irritou, eu jamais trairia Esme. Todo casamento tem suas ‘crises’ caramba. Ele continuou:

-Será que depois de velho você resolveu parar de brincar de casinha com a Esme, para brincar de médico com a enfermeira? – Aquilo foi me irritando cada vez mais. Murmurei tristemente:

-Deixa disso rapaz, é claro que não. Eu lá tenho tempo para isso, não fale besteira. Eu não dou conta nem de uma mulher, quanto mais de duas! – Ele pareceu se assustar com isso, pois logo falou:

-Meu caro Carlisle Cullen! Se você mesmo admite que não dá conta nem de uma mulher, como é que você espera que ela reaja? – Estava confuso, perguntei:

-Mas você está do lado dela ou do meu lado? – Ele parecia tão a vontade com a conversa, enquanto eu estava esperando que o chão se abrisse e me engolisse vivo de tanta vergonha! Ele continuou seu discurso:

-Ora, ela cuida da casa, cuida da filha, cuida da despensa, o mínimo que você pode fazer é fazer o serviço né? Porque se você não fizer, outro cara vai ter que dar conta disso! – Aquele pensamento me fez ficar nervoso e me fez soltar um belo palavrão:

-Mas, mas Esme....é a Esme porra! - Resolvi sair fora logo dali, falei que estava com sono e fui me deitar na caminha frufru da filha dele!

Tentei dormir, mas não conseguia. Parecia que um filme passava na minha frente, no qual Esme me traía com um homem estranho. Aquilo me atacava os nervos! Depois de muitas tentativas, finalmente consegui dormir.

Estava em um sono tranqüilo, quando meu celular toca, assustando-me. Dei uma olhada, era Esme. Não poderia transparecer que eu estava fraco por dentro, então atendi o telefone indiferente:

-Alô? – Ouvi um suspiro do outro lado da linha, que logo segui-se com uma doce voz, a de Esme:

-Carlisle?Você estava dormindo? Eu não acredito que você conseguiu dormir! – Ela ia começar de novo, infelizmente. Fiquei nervoso e logo pensei no que Edward havia falado mais cedo:

-E você está fazendo o que acordada? Está com seu amante? – Ela me pareceu assustado quando falei isso, e respondeu:

-Pelo amor de Deus, Carlisle! Eu tive um pesadelo horrível! – Resolvi jogar na cara que estava nervoso por causa do meu disco:

-Ah sim, até imagino! Você e o seu amante eram enforcados pelos Beatles! – Ela blasfemou algo que não entendi então falou:

-Sonhei que trocavamos de corpo Carlisle!

[...]