Ciclone: o Romance de Edward e Bella escrita por Déborah Ingryd


Capítulo 2
Capítulo 2- Epidemia




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Bella havia viajado ia fazer duas semanas, quando me mandou uma carta dizendo que o vestido chegaria dali a três dias, e assim que o pegasse voltaria para Chicago.

– Edward, leu o jornal?­– disse minha mãe quando cheguei em casa.

– Ah mãe! Nem tive tempo, passei o dia todo no escritório– desde que meu pai adoecera, fiquei responsável pelo seu escritório.

– Não acho que o que tem seu pai seja uma simples gripe– disse enquanto me passava o jornal.

O jornal dizia que uma nova epidemia estava se espalhando pelo mundo, denominada de gripe espanhola, dizia também que era uma virulência incomum e frequentemente mortal. Começaram-se as suspeitas na Europa e em algumas tropas francesas, britânicas e americanas. As primeiras pessoas a serem observadas foram aqui nos Estados Unidos, de modo sigiloso, para não assustar a população. Mas a área mais perigosa era na Europa, o que me deixou mais aliviado em relação a meu pai, mas por outro lado preocupado com Bella e Angelina.

– Não se preocupe mãe, o lugar mais afetado é na Europa e…

– É, mais a tropa americana também está em risco– disse ela me interrompendo– e seu pai foi ver um velho amigo a cinco noites atrás e ele é fuzileiro americano.

– Mãe, por que não me disse isso antes?

– Eu soube disso hoje.

– Não pode ser…mas e Bella? Está na Europa agora e o jornal diz que é o lugar mais afetado.

– Não se preocupe Bella lhe mandou uma carta dizendo que ela e sua mãe foram para a Ásia assim que souberam da doença. Ah! E me desculpe por ter aberto sua correspondência, eu estava preocupada com elas.

– Tudo bem, estou mais aliviado.

Passaram-se menos de um minuto quando eu voltei a ficar preocupado.

– Mãe se o pai passou menos de uma noite com um amigo e contraio a doença, quanto tempo acha que demoraremos para contraí-la? Se já não contraímos? Ele está assim a duas noites.

– Não acho possível já deveríamos estar com os sintomas…

– O pai demorou três dias para mostrar, e outra, se não quanto tempo acha que demoraríamos para contraí-la, morando com ele?

– Não vou abandonar seu pai!

– Não estou dizendo que deva, só que o jornal diz que ela é frequentemente mortal.

– Edward pode não ser ela, pode ter sido somente coinscidências, posso ter me enganado…

– Não mãe! Vamos morrer com essa doença.

– Não Edward, não. Pare, por favor, pare!­– minha mãe começou a chorar – Não posso suportar que diga isso, não! Vocês são a minha vida.

Arrependi-me de tamanha grosseiria e fui abraçá-la.

– Perdoe-me mãe, é que estou preocupado, muito.

– Não é nada meu filho, nada – disse chorando ainda mais.

Mais tarde pedi para minha mãe que fosse se deitar em meu quarto, que eu dormiria no quarto de hóspedes só por precaução e ela, felizmente, concordou.

Antes de me deitar escrevi uma carta à Bella contando-lhe tudo que aconteceu hoje, implorando-lhe que ficasse onde estivesse não queria ela por aqui nem em sonho, queria ela bem longe de mim, caso eu estivesse com a doença não suportaria vê-la doente também.

Não dava pra acreditar nisso, estava com a vida perfeita e de repente uma praga apaga todo esse sonho, não, isso é impossível, como em menos de uma hora toda uma vida é apagada?

Como uma notícia pode estragar todo seu futuro? Não, isso não podia estar acontecendo… minha Bella, minha vida, será que eu nunca mais a veria? Se tivesse que sacrificar o resto de minha existência para que ela pudesse seguir sua vida, eu sacrificaria, pediria para ela ficar longe, como escrevi na carta. Mas sabendo como Bella é provavelmente ela viria atrás de mim, então, caso isso aconteça, eu teria que fugir, tudo para que ela ficasse bem, ela e sua mãe. Isso é tão injusto!

Bom, amanhã seria um novo dia.

– Edward! Ajude-me, por favor!

Estava descendo as escadas quando ela gritou.

– O que aconteceu?– Perguntei preocupado com seu tom alarmado.

Foi aí que eu vi. Meu pai estava completamente suado, era como se tivessem jogado um balde cheio d’gua nele, mas não era o pior. Havia manchas ao redor de seus olhos, ele parecia mais morto do que vivo. Minha mãe estava desesperada.

– Ele está pegando fogo!– disse gritando.

– Calma mãe! Vamos levá-lo a um hospital, agora com o noticiário os médicos vieram que não é uma simples gripe.

Coloquei meu pai no carro e fomos para o hospital. No caminho minha mãe estava tentando acalmar meu pai que estava delirando, percebi que ela estava tossindo freqüentemente, o que me deu uma pontada de medo, ela devia ter pego  mais rápido do que eu, já que passava o dia todo em casa. Minha pobre mãe, tão doce e amável se preocupava tanto comigo e com meu pai, seria um grande tormento perdê-la, mais se eu iria logo em seguida que diferença faz? Muita. Meus pensamentos voaram para o meu grande amor: Bella, o que seria daquela criaturinha  adorável e sem juízo sem mim? Quando descobrisse que eu havia morrido, Bella ficaria louca, principalmente se tivesse me ouvido e ficado. Ah! O que eu seria sem ela, mas não poderia deixar que ela também se colocasse em risco. Pensar em um mundo sem Bella, mesmo que eu não existisse, era doloroso. Imediatamente me lembrei de deveria logo mandar-lhe a carta, precisava o mais rápido possível avisar a Bella que ficasse e ela já devia estar esperando por uma resposta ansiosamente.

À essa altura chegamos no hospital. Desci e ajudei meu pai, com certeza esses pequenos minutos de contato que eu teria com ele até levá-lo ao seu leito, me infectaria ainda mais. Mas o que eu poderia fazer? Era o meu pai!

Minha mãe parecia estar ouvindo meus pensamentos.

– Tem certeza? Isso pode…

– Tenho.

Ela suspirou e seguiu ao meu lado. Chegamos na porta e uma enfermeira que ia passando abriu a porta para nós. No lado de dentro vi um homem loiro de costas conversando com a moça atrás do balcão, quando a moça nos viu arregalou os olhos e parou de falar no meio de uma frase.

– Dr.Cullen…– disse apontando pra nós.

Ele se virou e também arregalou os seus olhos cor de caramelo.

– Ah não! Gripe espanhola! – disse com uma voz melodiosa e tensa.

– Ah doutor! Precisa nos ajudar– disse minha mãe com os olhos cheios de lágrimas.

Ele veio até mim e tirou meu pai dos meus braços, enquanto uma enfermeira vinha com uma máscara para colocar no rosto do médico.

– Tudo bem, senhora. Vai ficar tudo bem– disse enquanto levava meu pai a um leito.

– Por aqui– disse-nos uma enfermeira de modo gentil, enquanto nos levava a um banco largo de madeira.

– Obrigado– disse a ela.

Ela assentiu e se retirou de modo apressado. Claro, quem é que ficaria ao lado de duas pessoas infectadas?

Enquanto passava o braço em torno de minha mãe e acariciava seu ombro– com objetivo de acalmá-la– me deixei ficar à deriva. Pensei no médico, ele era novo no hospital, isso era óbvio, da última vez que vim aqui foi a três semanas– para trazer Bella que havia cortado o braço quando deixou cair um vaso da mesinha de centro da sala de estar– e não foi esse doutor que me recebeu, a cidade era pequena então só há três médicos e todos são conhecidos, ouvi falar desse Dr. Cullen e de seu histórico de ser um bom médico, provavelmente ia ser bom ele cuidar de meu pai e de nós, tenho certeza de que ele mandará nós ficarmos aqui.

Ainda estava pensando quando ouvi a voz do médico.

– Com licença vocês são os… Masen, não é?

– Sim, senhor– respondi.

– Sinto muito em informar que o caso de seu marido é muito grave– disse se dirigindo à minha mãe.

– Ah! – foi só o que ela conseguiu dizer.

– E eu presumo que nós estamos indo no mesmo caminho, não é isso doutor? – perguntei, sem conseguir esconder meu desespero.

E ele sua preocupação.

– Não vamos nos precipitar… mas aconselho a vocês ficarem.

– Era o que eu esperava– respondi.

– Bom, vou examinar vocês agora… primeiro a senhora, sra. Masen.

Minha mãe que havia ficado calada por um tempo, se limitou a levantar e seguir o doutor.

Recostei minha cabeça na parede, fechei os olhos e massageei as têmporas com meus dedos. Ao fechar meus olhos vi a imagem de Bella sorrindo pra mim, o que me fez levantar e ir até ao carro para lhe enviar sua correspondência.

Mas tarde voltei ao hospital e o Dr.Cullen estava à minha procura, pedi-lhe desculpas e em seguida fui fazer o exame. O resultado foi o que eu mais temia, é claro que sabia que as probabilidades não eram boas, mas ainda tinha esperança de que tudo não passasse de um mal entendido, apesar de saber que o que meu pai tinha era a famosa gripe espanhola.

– Sinto muito sr. Masen, esperava que pelo menos o senhor estivesse imune– disso o médico com uma expressão preocupada.

– Eu já esperava por esse resultado. E pode me chamar de Edward– disse-lhe dando um sorriso, sem humor algum.

– Claro– retribuindo o sorriso da mesma forma.

Saí da sala e encontrei minha mãe em prantos.

– Ah Edward!– disse jogando seus braços em meu pescoço– Se eu soubesse não deixaria seu pai ter ido visitar o soldado naquela noite.

– Tudo bem mãe, a senhora não fazia ideia– disse tentando reconfortá-la, sem muito sucesso.

Ela se limitou a chorar.

– Desculpe-me interromper, mas preciso levá-los ao seus leitos– disse de modo gentil uma enfermeira alta e de cabelos castanhos escuros. Aquela cor me lembrou de alguém, o que me deixou mais triste do que já estava, deixei sair seu nome sem querer, não queria preocupar ainda mais minha mãe.

– Ah Edward!– repetiu.

– Vamos.

Levei minha mãe, apoiada em meus braços até seu leito, que ficava ao lado do meu. Depois me deitei e tive uma pequena crise de tosse, primeiro sintoma, fechei os olhos e pensei em Bella. Ah! Minha doce e adorável Bella, logo iria receber minha carta e chorar feito uma criança, conhecendo minha ex-futura sogra– Ah! Como doeu usar o ex, mas era a mais pura verdade. Logo iria morrer e não haveria mais nenhum casamento– Aconselharia Bella a ficar, ou melhor, ordenaria, pela segurança das duas, era a coisa mais prudente a fazer.

Refleti no que soube quando fui levar a correspondência, o Sr. Swan havia viajando pela madrugada, me deixou uma carta explicando que tinha assuntos pendentes. Suspirei. Sorte sua.

Dormi, pois não me lembro de ter visto a enfermeira colocar uma toalha molhada com água quente em minha testa. Abri os olhos e me virei e vi minha mãe dormindo, sua respiração estava cansada, pesada, pobre mamãe iria primeiro que eu, não percebi que estava chorando, até que uma enfermeira veio se colocar ao meu lado e perguntar o que ela poderia fazer por mim, agradeci e disse que ela não poderia fazer nada, infelizmente ninguém poderia fazer algo por mim.

Ela se levantou num rompante quando ouvimos alguém gritar por ela, logo depois entrou outra enfermeira dizendo que a gripe havia se espalhado rapidamente e que nove pessoas estavam na sala de espera, todas infectadas. Ela olhou pra mim  e me perguntou a quanto tempo eu estava infectado, a outra puxou o seu braço e disse que não tinham tempo para perguntas, tinham muito o que fazer.

E assim foi por três dias seguintes, várias pessoas já estavam infectadas, uma conclusão óbvia em uma cidade pequena. As enfermeiras estavam a todo vapor, perguntei-me se elas haviam esquecido de mim e minha família, elas poderiam, mas não era assim com o Dr. Cullen, ele vinha nos ver a cada duas horas no dia, nunca parecia estar cansado, apesar de suas orelhas profundas ele sempre parecia bem disposto para fazer seu trabalho. Certa vez ele veio com a cara triste e desanimada falar comigo e com minha mãe.

– Algum problema doutor?– perguntei– a julgar pela sua fisionomia sim.

Ele sacudiu a cabeça, ia falar algo mas hesitou. Tentou mais uma vez.

– Sabe eu não sei bem como dizer, mas imagino que seja melhor falar tudo de uma vez. Desculpe-me a grosseria.

– O que aconteceu?– já estava ficando nervoso.

– Seu pai… seu marido– disse se virando para minha mãe–…morreu a meia hora. Fiz tudo que estava ao meu alcance, mas já era tarde de mais.

Fiquei sem fala, já esperava por isso, mas não tão cedo, não agora, não estava tão preparado como pensei que estivesse. Minha mãe também não disse nada, mas chorou muito, tanto que o Dr.Cullen foi até ela tentando de alguma forma consolá-la, não achava que fosse possível, mas deixá-lo-ia tentar, estava em minha própria agonia. Meu pai, um homem que admirava tanto, agora estava morto, logo depois seria minha mãe e eu. Minha agonia foi tanta que me faltou ar, comecei com minhas crises de tosse de novo e o médico veio até mim e pediu-me que tivesse calma, se desesperar em um momento desse não ajudaria em nada, muito pelo contrário; tentei fazer o que ele me pediu, sem muito sucesso, mas depois de algum tempo me acalmei, ele me perguntou se eu queria água e eu sacudi a cabeça e fechei os olhos, tentando conter as lágrimas, nunca havia chorado tanto na minha vida como nesses dias.


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Notas finais do capítulo

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