O dia estava perfeito, o solbrilhando no céu, garotas por todos os lados, elementos perfeitos para o show de uma banda local, os Lakers. Estava sentado no canto esquerdo do palco principal apenas observado o movimento da platéia, algumas garotas piscavam para mim e eu apenas sorria timidamente por fora, confiante por dentro. Um dos meus melhores amigos tocava na banda, por isso tinha acesso ao palco e até ao camarim dos artistas. Olhei para o meu relógio: cinco da tarde, faltavam apenas dez minutos para o começo do show então decidi passar no camarim e desejar um bom show à banda. Chegando ao camarim logo fui bem recebido:

- Ethan, que bom ver você aqui no show!

- Vocês sabem que não consigo perder nenhuma aparição dos Lakers, né? - respondi Kent, o amigo que havia mencionado anteriormente.

- Haha! É lógico que não! Vamos entrar no palco em cinco minutos... Você vai ver o show de onde?

- Vou ficar com as meninas da minha sala, no camarote... Já que vocês vão começar, vou ir para o camarote. Boa sorte! Bom show! - dei um leve tapinha nas costas de Kent e fui até a saída do camarim.

- Valeu, Ethan! - a banda agradeceu simultaneamente, como um coral.

Kent e eu somos amigos faz dois anos, quando fui atacado em uma viagem escolar. Fui mordido por um vampiro e no final das contas, me transformei em um. Por sorte, Kent apareceu misteriosamente, me resgatou, me ensinou a resistir um pouco e como viver com a sede de sangue constante. Desde então, tentamos nos controlar ao máximo. Quando não conseguimos, atacamos discretamente e matamos a nossa sede. Não somos como os vampiros da Tv que não podem andar na luz do dia ou que usam amuletos para sobreviver a luz do sol, apenas possuímos a necessidade de bebero sangue de alguem pelo fato do nosso não ser suficiente para nos manter vivos por muito tempo. Nunca transformamos alguém em vampiro, sempre matamos.

Se assustou um pouco? Qualquer um, qualquer pessoa normal teria essa reação se soubesse do meu segredo. Procuro não me envolver tanto com os meus amigos "normais" e com algumas garotas que me perseguem. Tenho dezessete anos, confesso que sou muito bonito como muitas dizem. Beleza, inteligência, algumas habilidades especiais graças ao fato de ser vampiro são atributos que já me ajudaram muito em provas escolares, campeonatos de futebol americano e também na temporada de "caça aos pescoços". Precisava parar de apenas pensar em mim e continuar meu caminho até o camarote, deixarei vocês curiosos.

Ao sair do camarim notei que o local estava muito mais movimentado do que a alguns minutos atrás, o parque municipal sempre recebia grandes eventos. Continuei andando passo a passo até chegar no camarote onde quatro amigas minhas me esperavam. Todas eram da minha sala: Sarah, Alice, Manuelle e Nathalie.

- Ethan, querido! Você demorou um pouquinho! - disse alice apontando para mim.

- Não reclame, ele conseguiu nossas entradas de graça, bobinha! - comentou Sarah abrindo um lindo sorriso em seu rosto.

- Isso mesmo! Vou expulsar todas daqui! - cumprimentei cada uma enquanto ia até o meu lugar do camarote, ao lado de alice.

- Vai sentar perto da sua favoritinha, não é? -  Manuelle começava mais um dos seus ataques de ciúmes.

- Garotas, o show vai começar! Parem de discutir! - como sempre, Nathalie me salvava de ter que inventar uma desculpa esfarrapada.

De algum modo, Manuelle estava certa por seus ataques de ciúmes, eu sentia uma atração imensa por Alice. Com meu olfato aguçado conseguia sentir seu cheiro a uma grande distância e a via como uma presa fácil para o meu lado vampiresco. Mas eu nunca iria ferir uma amiga tão próxima. No máximo, a transformaria em uma de nós.

O som de uma guitarra distorcida ecoou no parque municipal e a platéia ficou mais agitada, pulando e gritando o nome dos integrantes da banda. O show estava prestes a começar.

- Mas que lindo sábado, não acham? - reconheci a voz do vocalista - Nós somos os Lakers e estamos mais do que prontos! E vocês aí em baixo? Prontos?

Enquanto o show começava e todos estavam pulando de anciosidade misturada com alegria, me lembrei: estávamos em um sábado, ou seja, minhas aulas estavam perto de começar, na segunda. Com o começo das aulas do terceiro ano, outro mundo começava... Segurar a sede durante as aulas e ser discreto quando não pudesse mais segurá-la...