Vício Virtual escrita por Ana Bela
Conectado, plugado, online.
Sempre, a todo o momento, a todo instante.
Não consigo ficar longe de tal tecnologia.
De todos os pecados capitais, prendo-me ao orgulho.
Sim, orgulho.
Orgulho de conseguir ficar aqui sempre.
De alguma forma, de algum jeito.
Com o meu jeito, a minha dor.
Compartilha meus únicos sentimentos importantes.
Não vivo sem.
Vício virtual começou cedo, me pegou sem eu perceber.
Minha dor, primeiro se espalha em sangue virtual
Para depois passar para minhas veias com o vermelho.
Minhas lágrimas, primeiro virtuais, para depois as salgadas.
A dor, a única que permanece aqui, sã.
Tenho um cabo USB conectado em minhas veias de sangue vermelho.
Conecta-se ao computador a todo o momento.
Horas e horas.
Não preciso de bebidas, não preciso de drogas
Para ficar louca apenas tire esse cabo que tem conectado em mim
Será o suficiente para me deixar louca
Dói, dói ficar longe.
Por que preciso ter várias vidas?
Porque preciso desconectar o cabo
Sem segurança alguma?
Não pedi para fazerem isso.
Não pedi para ter várias vidas.
Ao menos consigo ficar bem
Em horas que fico em êxtase de felicidade
Poucos momentos.
Eu alimento esse vício cada vez mais.
E junto ao orgulho de junta a preguiça.
Eu posso viver dias sem sair daqui.
Vida injusta!
Isto é tão estranho.
Está tudo registrado aqui.
Meus momentos de dor, de alegria.
Minhas memórias.
Eu posso morrer se perder tudo.
Mas meu vício para nada me serve.
Posso gritar ninguém me ouvirá.
Posso chorar ninguém verá.
Um mau vício que não deveria ter.
Sinto-me bem aqui.
Aqui ninguém pode chegar perto.
Escondida por máscaras.
Curto meu vício virtual.
Cada vez mais viciada e não querer sair.
E meu tombo será quando eu for desconectada
Para sempre.
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