Kouyou-chan escrita por Franiquito


Capítulo 1
Kouyou-chan


Notas iniciais do capítulo

Ahhh, tio Shima!! Mais um ano de vida, né? *w*
Ainda que eu esteja aqui e ele lá - e sem nem saber que eu existo -, eu quero deixar registrado aqui os meus parabéns pra esse cara e o meu desejo de que tudo dê certo pra ele! Obrigado por ser esse guitarrista mara que fez eu me apaixonar pela guitarra e aderir ao movimento air guitar! LOOOOL Tudibão, Kou-chan! ♥
E aos que leem... boa leitura! ^.^



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KOUYOU-CHAN

Kouyou amarrava o cadarço da chuteira distraidamente, sentado no banco de madeira comprido do vestiário. O lugar, já não muito grande devido aos dois bancos e vários armários nas paredes, parecia minúsculo e intransitável: além dos onze meninos que compunham o time de futebol oficial, estavam ali também os quatro reservas e o técnico do time. Este, aliás, não parava de dar instruções aos seus pequenos atletas, mas Kouyou não prestava atenção... Sua mente ia longe...

Era o dia do seu oitavo aniversário e aquilo não saía de sua cabeça. O que estava perturbando o menino de cabelos loiros e um tanto compridos (agora presos num rabo-de-cavalo baixo) não era a data nem a festinha que sua mãe preparara para mais tarde; Kouyou estava bastante tranquilo e feliz com a ocasião, curioso para ver seus presentes e ansioso pelas brincadeiras com os amigos e guloseimas da festa.

Não, o problema não era aquele. O problema era o jogo que estava prestes a acontecer.

Kouyou era um menino tímido e do tipo quieto, mas ele sempre se divertia muito jogando futebol. Era algo que ele realmente apreciava e fazia bastante bem. Os minutos pareciam não passar enquanto ele corria no campo; a sensação que enchia seu peito cada vez que ele conseguia marcar um ponto para seu time era tão intensa que ele nem podia pôr em palavras. O futebol certamente divertia Kouyou e fazia sua cabecinha distraída manter o foco.

Mas naquele dia em especial, o dia do seu aniversário, haveria mais do que seus pais na arquibancada. E não eram suas irmãs. Eram seus quatro amigos imprevisíveis: Takanori, Akira, Yuu e Yutaka. Eles tinham avisado-lhe gentilmente que iriam assistí-lo jogar, coisa que eles não costumavam fazer questão. Akira e Yutaka ainda eram da mesma classe e durante as aulas de Educação Física até mesmo jogavam com ele, os três trocavam piadas e pancadas se fosse necessário. Mas ali, no gramado, quando Kouyou estava jogando uma partida pelo seu clubinho de futebol, a coisa mudava de figura. Era uma situação completamente diferente. Era mais sério. E o que aqueles quatro pentelhos pretendiam fazer ali, juntos, vendo-o jogar justo no dia do seu aniversário? Vergonha, eles lhe fariam passar vergonha! Com certeza eles gritariam bobagens durante o jogo e desconcentrariam o loiro, tornando-o imprestável para o time enquanto corria com o rosto muito vermelho de um lado para o outro no campo.

E então ele seria uma vergonha para o time, pois só atrasaria o andamento do jogo. E também seria uma vergonha para sua família, por ser tão imprestável no esporte que praticava religiosamente três vezes por semana, com o dinheiro de seus pais. E também seria uma vergonha para ele mesmo, por ser tão bobo a ponto de ser afetado por algo do tipo. Ele ficaria sem encarar os próprios coleguinhas de time por um bom tempo.

Seria desastroso. Aqueles quatro definitivamente não podiam ir ao jogo.

- Está na hora, time! – anunciou o trienador em uma voz firme e alta – Ganbaremasu!

- GANBAREMASU! – os meninos responderam em uníssono, com exceção de Kouyou, que percebeu a situação tarde demais.

Os garotos uniformizados se organizaram em uma longa fila para sair do vestiário rumo ao tão aguardado jogo. Aquela partida era importante para o clube no circuito mirim de jogos interprovinciais. Definiria o futuro do time no campeonato! Eles tinham que dar o melhor!

Kouyou mal teve tempo de fazer uma oração silenciosa e se viu no campo a céu aberto ladeado pelas arquibancadas de concreto que pareciam degraus gigantes quando vazias. O sol brilhava forte, quase não havia nuvens no céu anil, o que parecia deixar a grama ainda mais verde. As pessoas batiam palmas e sacudiam bandeirinhas, algumas gritavam e entoavam músicas de incentivo aos pequenos jogadores. Kouyou não conseguiu distinguir seus pais ou seus amigos no meio da multidão. Ele tentou não procurar com muito afinco.

Dentro de instantes, a partida começou e Kouyou se transformou no jogador compenetrado como por um passe de mágica. Ele fez um esforço para se concentrar ainda mais no que deveria fazer em campo, e então todas as vozes na arquibancada emudeceram, todas as pessoas que não estavam com ele no gramado deixaram de existir...

Desta forma, o jogo passou rapidamente diante dos olhos castanho-claros de Kouyou. Quando o juiz apitou o final da partida, o loiro se viu ofegando e pingando suor enquanto comemorava a vitória com seus companheiros de time – em parte graças a um gol seu. Os meninos pulavam e gritavam em uma confusão divertida; o treinador embrenhava-se no grupo, cumprimentando seus alunos com entusiasmo.

Kouyou virou-se e deu de cara com Yutaka.

- Hey! – o loiro segurou o coração já muito acelerado pelo exercício físico – Eu não vi vocês chegarem!

- Claro que não... – Yuu riu de canto, as duas mãos nas costas.

- Omedetou, Kou-chan! – disse Yutaka enquanto escabelava o loiro. Eles tinham praticamente a mesma altura, eram os maiores do grupo.

- Arigatou, Yuk, eu me concentrei pra caramba dessa vez! – gabou-se Kouyou enquanto tentava reparar, sem muito sucesso, o estrago que o mais novo fizera em seu rabo-de-cavalo.

- Acho que ele estava falando do seu aniversário, Kou... – Akira sorriu debochado, exibindo todos os dentes brancos.

- Ah, é verdade...

Os outros riram da expressão quase surpresa de Kouyou.

- Omedetou, Kouyou! – Takanori deu pequeno empurrão no mais velho e logo se arrependeu – Que nojo, você está peguento! Eca!

Kouyou abriu os braços, um sorriso maldoso no rostinho de bebê.

- Não vai me dar um abraço, Taka? Pelo meu aniversário!

- Sai fora! – o pequeno desviou, protegendo-se atrás de Akira.

- Que falta de consideração!

- Que nojeira, Kouyou, se manca! – os outros gargalharam com a cena.

- Gostou da surpresa que preparamos? – perguntou Yutaka, os olhinhos escuros muito ansiosos.

- Surpresa?

Os quatro se entreolharam.

- É, Kou, a surpresa... – insistiu Yutaka, seu belo sorriso diminuindo.

- Você não ouviu? – perguntou Yuu, parecendo incrédulo.

- E nós nos preparamos tanto... – reclamou o caçula do grupo.

- Mas o que vocês fizeram? – desesperou-se Kouyou – Eu estava jogando, eu só olhei pra bola e pro gol, oras!

- Mas não precisava ver, seu tampinha – disse Akira – Era só ouvir!

- Ele definitivamente não consegue enxergar mais de uma coisa ao mesmo tempo... – murmurou Yutaka mais para si do que para o grupo.

- O que aconteceu???

- Nós cantamos “Parabéns pra você”... – disse Takanori numa vozinha decepcionada, a boquinha esticando-se num beicinho.

- O QUÊ?

- E você nem ouviu, baka! – o menor continuou.

- Vocês...?

- Me fizeram ensaiar essa porcaria durante horas! – reclamou Akira enquanto cruzava os braços e desviava o olhar furioso para Takanori.

- Todo mundo viu, Kouyou, só você não? – Yuu abriu muito os olhos negros, cada vez mais incrédulo.

- Justo o aniversariante... Eu não pensei que a tua distração chegasse a tanto, Kou... – Yutaka balançou a cabeça de um lado para o outro com pesar.

- Não, Yuk, o problema foi ele não estar distraído! – corrigiu Akira – Ele estava concentrado demais no jogo!

- Eu pensei que ele só estivesse nos ignorando... – disse Yuu.

- É, tipo... Morrendo de vergonha... – Akira deu de ombros.

- Assim como eu fiquei na escola! – o pequeno Takanori bufou ao lembrar-se do próprio aniversário.

- Vocês estão querendo me dizer que vieram até aqui para cantar “Parabéns pra você” para mim da arquibancada durante o jogo? E eu nem ouvi?

- Exatamente – Yuu torceu o nariz.

- Sério?

- Poxa, mas hoje tá ainda mais lerdo, hein, Shima! – Akira deu um tapa na cabeça do outro loiro.

- Vocês são doidos?!

- Aparentemente sim, já que o aniversariante não percebeu nada do que fizemos...

Kouyou não sabia se olhava com espanto ou raiva para Yuu.

- Isso foi uma grande sacanagem da sua parte, Kou, sinceramente...! – Takanori bateu o pé. Ele estava indignado.

- Da próxima vez, a gente se joga no meio do campo, assim ele vê – Akira sorria novamente.

- Eu não me arrisco! Ele pode chutar a gente pensando que somos a bola! – Yutaka acompanhou o loiro na risada.

- Hey, do que vocês estão falando? – reclamou Kouyou e os dois o olharam com displicência.

- Da sua palermice, não notou? – respondeu Akira com sarcasmo, evitando um golpe de Kouyou com facilidade.

- Tá, mas se você quiser, a gente canta de novo... – começou Takanori, mas ele foi interrompido pelos quatro.

- NÃO!

- Eu não canto mais nada!

- Nunca mais me coloco nesse papel ridículo...

- Cantar de novo, Tananico? Já não foi ruim o suficiente uma vez?

- Acho que eu não vou querer ouvir, de qualquer forma – Kouyou se apressou em dizer – Mas obrigado mesmo assim... Acho que o que vale é a intenção, né?

- Está menosprezando nosso presente, Shima?

- Quanta gratidão!

- Como assim “o que vale é a intenção”?

- Eu também não sou mais teu amigo!

- Ótimo, então ninguém precisa aparecer na festa mais tarde – declarou Kouyou com ar superior. O grupo se calou por um instante.

- Não, peraí, Kou, não é bem assim também...

- Você não pode fazer isso com os teus amigos!

- Eu entendo que você esteja envergonhado, Kou-chan, eu também fiquei!

- Se você quiser a gente repete, não tem problema! Vamos lá: Parabéns pra você...

- Não, não, tudo bem, parem com isso! – Kouyou balançava os braços no ar, tentando controlar os outros inutilmente. As pessoas mais próximas os olhavam com curiosidade e divertimento.

- ... Muitos anos de vida! OMEDETOU, KOU-CHAN!!!

Kouyou passou a mão pelo rosto, sorrindo sem graça. Aqueles eram os amigos que ele tinha, afinal.


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Notas finais do capítulo

[OFF: É, 8 anos. Corrigi a fic do Akira, okay? u.u]



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