Salvation escrita por MilaBravomila


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ^.^



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Foi horrível. Assim que entrei no apartamento meu instinto disse que era a coisa errada a se fazer. Logo eu vi o motivo: um macho absurdamente grande e poderoso estava no cômodo que invadi. A luta foi injusta e eu só consegui dar uns golpes no início porque ele estava surpreso demais por me ver. Estava esperando um Anjo, não uma vampira.

Ele me massacrou e num movimento rápido, me manteve imobilizada, com uma adaga em meu peito. Ele dizia várias coisas, fazia perguntas, e a cada frase dele, eu respondia com um delicado “Vai se fuder”.

Dava pra ouvir os sons da luta que se desenrolava na outra parte do apartamento e apesar de eu estar totalmente fudida, só conseguia pensar em Gabriel. Merda.

O macho me carregou para a sala e assim que chegamos no corredor eu vi a figura atlética de Gabriel vindo em minha direção. Julius estava dominado por Anariel, havia mais dois corpos de vampiros no chão, e eu estava sendo usada como objeto de barganha.

Eu sabia Anariel queria mais era me ver morta e se dependesse dele, aquela seria minha última noite com vida, mas não foi. Gabriel interveio a meu favor, implorou ao irmão para que não matasse Julius. Céus, ele estava desesperado... por mim?

Não pensei em nada mais além da felicidade que senti naquele momento – apesar das circunstâncias. Até que senti uma dor lacerante, abissal. O macho tinha cravado a adaga em meu peito e por pouco não acertou meu coração. Então, eu apenas senti mais uma dor colossal em meu ombro esquerdo e quando percebi, vi que Gabriel tinha matado o macho atrás de mim, atravessando sua Gladius através de meu próprio corpo e atingindo o coração do outro. Foi tudo tão absurdamente rápido, nem vi Gabriel se mover.

A dor era tamanha que eu não tive reação. Assim que Gabriel retirou a espada e a adaga de mim, eu cai. Ele parecia aflito, nervoso. Eu tentei falar pra que ficasse calmo, que tudo ía dar certo, afinal, eu era uma vampira e eu só poderia morrer se ele cortasse minha cabeça ou enfiasse algo em meu coração.

Mas eu não consegui falar, aliás, não consegui fazer nada. Tinha perdido tanto sangue, que meu corpo não respondia. De certo, se eu estivesse sozinha naquela situação, levaria meses para me recuperar. Meu corpo não produzia mais sangue, por isso eu tinha que roubá-lo de outro ser vivo. Sem sangue, sem cura, sem prazer, sem vida. Eu ficaria ali, inerte, vegetando, morta-viva.

Então eu senti o maravilhoso gosto da vida, da vida de Gabriel, a mais doce de todas. Ele pôs o pulso cortado sobre minha boca e a vida entrou em mim, morna, doce e maravilhosa. Ele apoiava minha cabeça pra que eu pudesse beber melhor e vi seus olhos se acalmarem enquanto me assistia. Ouvi de longe alguém sussurrando alguma coisa, Julius, talvez, mas não prestei atenção. Tudo era Gabriel naquele momento, e o sangue que escorria de suas veias.

Quando ele posicionou o pulso para que eu o sugasse, eu senti algo errado. Algo me incomodou profundamente e de alguma maneira bizarra e totalmente incomum, eu o recusei. Não queria seu sangue, ou melhor, queria, muito, mas não podia tomar mais. Aquilo, de repente, me pareceu tão errado e injusto, que eu simplesmente recusei. Ele não discutiu, parecia definitivamente aliviado.

Vi quando ele me deixou e foi até seu irmão. Julius não tirava os olhos de mim estava incrédulo. Até que Anariel o matou, de uma vez por todas. Depois ele se encaminhou para um dos outros macho que tinha seu corpo paralisado e a cabeça em um ângulo estranho e também cravou a espada em seu peito. Era isso, estava feito. Julius estava morto e agora... seria minha vez.

Mas eu não conseguia me mexer ainda, não poderia correr, ou fugir, ou me salvar. Minha vida agora estava nas mãos dos Anjos. Pensando bem, sempre esteve.

Anariel me encarou de longe e eu não saberia dizer o que ele sentia. Eu vi confusão, incredulidade, hesitação, receio, tristeza, tudo junto, e me perguntei o motivo. Por que era tão difícil acabar comigo, afinal?

Então ele encarou Gabriel e eu soube que tudo aquilo que Anariel sentia por mim era nada mais do que o reflexo dos sentimentos que tinha pelo irmão. Gabriel se aproximou do outro e eles ficaram se encarando por um tempo e novamente eu senti que estavam conversando, de algum jeito, em algum nível, eles estavam sentindo as emoções um do outro.

- Gabriel, sabe o que eu vou ter que fazer, não sabe?

- Eu sei, irmão.

- Tem certeza do que está fazendo? Ainda pode mudar de idéia, por favor, meu irmão.

Anariel era quem suplicava desta vez e eu senti como se estivesse implorando para que Gabriel salvasse a própria vida.

- Já tomei minha decisão. – Gabriel falou em tom decidido – Eu entendo o que tenha que fazer, mas saiba que para mata-la, terá que passar por mim.

Então, eu olhei abismada Gabriel se por na minha frente, com sua Gladius em punho. Ele... Céus.

Anariel sacudiu a cabeça de um lado para o outro e também manteve sua espada firme nas mãos, embora eu não tenha percebido nenhum sinal de que fosse atacar o outro.

- Gabriel... – Anariel parecia triste – Sabe o que terei que fazer se você me impedir?

- Sim, irmão, eu sei.

- Sabe quais podem ser as consequências de seus atos, meu irmão?

- Sim Anariel, eu tenho plena consciência disso.

- Vem comigo, podemos ir juntos aos Filhos da Luz, eu intercederei a seu favor. Por favor, irmão, pense.

Gabriel não demorou mais que dois segundos para responder, levou apenas tempo o suficiente para olhar pra mim e depois voltar a encarar seu irmão.

- Não posso ir com você, Anariel, mas entendo o que precisa ser feito. Vai, faz o que tem que fazer, mas não tente me convencer de nada, minha decisão já foi tomada e eu tenho plena consciência do que isso implica. Me perdoe, irmão, mas eu sinto que esse é o meu caminho, é aqui que devo ficar.

Anariel respirou fundo e disse:

- Então é aqui que nos separamos meu irmão.

Gabriel assentiu e eles voltaram a se encarar.

- Tenho que tirá-la daqui, o sol já vai nascer. – a voz de Gabriel quebrou o incômodo silêncio.

- Então fique em paz, Gabriel, e que nosso Pai ilumine seu caminho.

- Vai em paz, irmão, e obrigada. – Gabriel respondeu.

Depois disso eles estenderam o braço direito, onde eu podia ver claramente as tatuagem de ambos através das camisas rasgadas. Pensei que dariam as mãos, mas eles seguraram um no antebraço do outro, firmemente, e deram num rápido abraço. Anariel sussurrou algumas poucas palavras naquele dialeto estranho e se virou para mim. Foi rápido, ele apenas me olhou e partiu, voando pela janela quebrada do apartamento.

Gabriel então se virou para mim e veio pra perto. Eu não entendi nada daquela conversa que tiveram, mas eu sabia que ele tinha escolhido a mim, escolhido ficar comigo, e que isso iria implicar em consequências pra ele. Meu fraco coração batia disparado.

- Vamos, temos que sair daqui.

Então ele se abaixou e me pegou nos braços. Sua Gladius já não podia ser vista. Eu me senti em casa quando ele materializou as belas asas e me apertou contra seu corpo quente. Saímos pelo mesmo caminho de Anariel, e eu vi que o dia estava começando a nascer.

Meu olhos reclamaram e eu enterrei meu rosto em seu pescoço e o apertei pateticamente com na força que me restou. Senti o vento do fim da madrugada e um nó na garganta. Eu queria chorar.


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Notas finais do capítulo

e aih???