Salvation escrita por MilaBravomila


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Outro cap fresquinho... será q virão comments??? espero q siim!! :D

Boa leitura!



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Eu não o que senti quando vi Michaela cravar minha espada no coração de Andrew. Na verdade, eu estava triste, decepcionado. Era um misto de várias coisas que culminava em um sentimento horrível. Eu não queria admitir a mim mesmo o que ela era. Mas o que eu estava pensando, que ela se arrependeria? Que renegaria sua natureza? Que deixaria de ser uma... vampira?

Ela cedeu à vingança, matou-o sem pensar duas vezes. Eu fiquei tão perdido que não tive reação. Foi Anariel quem se antecipou e com um golpe certeiro, retirou minha espada das mãos dela. O metal sagrado fez barulho ao cair no chão.

- Mas como? – Anariel perguntou exaltado, aturdido – Como você consegue manusear a Gladius?

Michaela ainda encarava o corpo morto do vampiro e os traços do ódio foram se esvaindo lentamente de seu belo rosto. Eu estava estático, como se não estivesse ali, como se apenas observasse tudo a distância. Ela estava com as mãos queimadas, muito vermelhas, por manusear a Gladius, e Anariel ainda não acreditava que estava viva.

- Gabriel...

Olhei vagarosamente para meu irmão. Minha mente e meu corpo estavam em conflito. Há pouco tempo atrás eu tinha cedido a ela, tinha me entregado ao que sentia. No fundo, eu acreditava que ela podia ser diferente, mas a atitude dela me mostrou que não, que era apenas uma Filha do Pecado como os outros. Mas porque meu coração insistia em renegar isso? Por que doía tanto?

Ela pareceu sair do transe e nos encarou. Seus olhos verdes perfeitos voltaram ao normal. Eu via apenas confusão e nenhum traço de remorso.

- O que está havendo aqui? – Anariel perguntou.

- O que ele disse é verdade? – ela falou - Seria possível um de vocês... ter pedido a ele pra me transformar? Por quê?

- Isso é ridículo! É claro que não! Ele estava blefando! – Anariel estava exaltado. – A troco de que um Enviado de Deus faria isso?

Ela não disse nada e me encarou. Ficamos assim por poucos segundos antes de Anariel voltar a falar.

- O problema é que Julius deve perceber a ausência destes vampiros. Se não agirmos agora, ele vai escapar mais uma vez.

- E o que você sugere Anariel, que ataquemos Julius agora, sem um plano? – eu perguntei rudemente, finalmente saindo da inércia. Minha mente ainda passava e repassava os momentos que tive com Michaela e o instante em que ela matou o vampiro.

Meu irmão me encarou e eu sabia que ele podia sentir minha agonia, embora não soubesse exatamente o motivo.

- É o que temos que fazer Gabriel. O vampiro nos deu o endereço, e não estamos longe. Temos que chegar de surpresa hoje, ou amanhã será tarde. Julius vai perceber a ausência de cinco dos seus e vai fugir mais uma vez.

Houve silêncio. Eu sabia que ele estava certo, mas ainda me custava voltar à realidade. Foi Michaela quem falou.

- Que horas são?

- Três e meia. – meu irmão respondeu.

- Então eu sugiro que façamos o seguinte. Vamos voltar à pensão e trocar nossas roupas que estão encharcadas de sangue. Depois a gente vai até a Avenida 7 e sonda o lugar. Vamos ver quantos vampiros tem, se Julius está realmente lá. Aí decidimos o que fazer.

Anariel concordou com ela. Eu, apenas continuei encarando-a.

- Gabriel? – ela me disse, esperando uma resposta.

Sacudi a cabeça tentando jogar longe os pensamentos que me atormentavam. Fiz uma prece rápida e silenciosa ao meu Pai antes de responder.

- Vamos.

Meia hora depois nós já tínhamos dado destino aos corpos dos cinco vampiros e havíamos trocado de roupa. Levamos dez minutos para chegar até a Avenida 7 e nos separamos para tentar achar o local do esconderijo de Julius. Para Anariel e eu, seria fácil, pois podíamos sentir a presença dele, caso estivéssemos concentrados e perto o suficiente. Então decidimos que cada uma iria para um lado e contataríamos o outro caso sentíssemos algo. Michaela me seguiu.

Eu andei lentamente pela rua e esvaziei a mente. Precisava capturar a essência do vampiro. Quando terminei o primeiro terço do trajeto, eu senti. Na entrada de um prédio pequeno senti uma presença poderosa e antiga. Devia ser ele.

- Encontrou alguma coisa? – ela perguntou atrás de mim.

- Acho que está aqui. – respondi olhando para a construção antiga de quatro andares - Vou voar até o terraço para me concentrar melhor.

Eu andei até o beco que dava para os fundos do prédio. Olhei atentamente ao redor e vi que não era observado. Fiz minhas asas se materializarem, mas antes de alçar voo, Michaela me alcançou.

- Espera! Me leva com você. – ela pediu.

Eu a encarei e senti novamente aquela dor no peito. Não deu tempo pra eu responder, ela já veio pra perto de mim e me abraçou.

Respirei fundo e percebi que o coração dela estava acelerado. Tentei ignorar a informação e me lembrar de que aquele órgão só batia porque ela tinha que sangrar outro ser vivo para isso. Abracei-a e voei até o terraço. Quando aterrissei, fechei os olhos, e pude sentir claramente a presença dele e de mais três vampiros por perto. Provavelmente, o terceiro andar.

Mentalizei Anariel, que devia estar a centenas de metros, cobrindo o outro lado da Avenida e sabia que em pouco tempo ele estaria aqui.

- Você se decepcionou comigo, não foi? – ouvi Michaela perguntar e só assim me dei conta de que ainda estávamos abraçados.

Soltei-a e fiz minhas asas invisíveis novamente, mas não a respondi.

- Gabriel... – ela voltou a falar e tentou se aproximar.

- O que? Vai pedir desculpa agora? – eu perdi a cabeça e, apesar de estar controlando o tom da minha voz, não controlava o que saía de minha boca.

- Você sabe o que eu sou, sempre soube. – ela disse se aproximando mais.

- Tem razão, Michaela, você é só mais uma vampira sádica e inescrupulosa. Não podia esperar mais nada de você.

Ele arqueou as sobrancelhas e pareceu se afetar com minhas palavras, mas eu estava alterado demais pra não dizê-las.

- Eu fui um tolo ao achar que fosse diferente, ao pensar que talvez pudesse ter um outro destino.

- Um outro destino? – foi a vez dela de se alterar – Mas que porra é essa que você tá falando? Gabriel, eu sou assim e não vou mudar nunca! Aquele maldito merecia aquilo, foi ele quem acabou com minha vida, não percebe? Foi a minha chance!

- Chance de que, Michaela? De se vingar? O que você ganhou com isso?

- O que eu ganhei? Ganhei paz, Gabriel, era tudo o que eu queria, saber que o maldito que me transformou teve o que merecia!

Eu me aproximei, ainda mais exaltado. Como ela estava errada, será que era tola o suficiente para acreditar nas próprias palavras?

- Paz, Michaela? Paz? Não se consegue paz através da morte ou da vingança, você não sabe o que é ter paz.

- Eu sei sim! Tenho paz quando estou com você!

Ela mesma se surpreendeu com o que disse, e eu também. Foi natural e espontâneo... e verdadeiro.

- Eu... me sinto em paz com você... sinto... sinto que posso ser outra pessoa... que posso ser eu novamente, Gabriel.

Eu olhava aqueles olhos verdes intensos e meu coração pulsava tão rápido e forte em meu peito que parecia que ía explodir. Por que eu sentia tanta alegria com aquilo? Por que eu sentia que as palavras dela eram verdade pra mim também?

Ela pareceu desistir, ou se arrepender do que falou. Piscou várias vezes e abaixou a cabeça. Ela mantinha as mãos fechadas e os braços caídos ao lado do corpo e eu sabia que suas mãos doíam pela queimadura. Ela me pareceu tão frágil ali, diante de mim, cabisbaixa. Eu não queria que ela se arrependesse do que disse.

- Michaela... – eu sussurrei enquanto levei as mãos para seu rosto.

Ela voltou a me encarar e eu vi seus olhos brilhando intensamente. Era como... como se fosse chorar. Meu coração parou de bater tamanha emoção. Delicadamente eu carinhei seu rosto e a puxei para mais perto até sentir o corpo dela junto ao meu. Era tão frágil, tão... linda.

- Eu queria tanto... – sussurrei sem nem ao menos saber o que dizer.

- Tanto o quê? – ela perguntou, ainda com os olhos brilhando – Que eu fosse humana? Que não fosse um monstro?

- Não... – respondi sacudindo a cabeça diante de suas palavras – Queria que houvesse um outro jeito... eu faria qualquer coisa pra que houvesse outra forma de salvar você.

Ela pareceu não entender minhas palavras, e eu também não esperava que entendesse. Era o que eu mais desejava, enxergava isso agora claramente. Eu não queria mata-la, não queria vê-la partir, não queria me separar. Eu só queria Michaela comigo, simples assim, fácil.

- Mas você já fez isso... – ela disse baixinho antes de me beijar.

Senti os macios lábios de Michaela contra os meus e me entreguei a ela mais uma vez. Não podia evitar, não queria evitar. Eu a beijei com ternura e ela me devolveu com um carinho que me atingiu a alma. Abracei-a firmemente em meus braços e senti um gosto levemente salgado. Eram as lágrimas dela que escorriam silenciosas.

Tudo pareceu fazer sentido. Tudo me pareceu certo. De alguma maneira eu sabia que era exatamente ali que eu devia estar, por mais estranho ou impensável que pudesse parecer. Eu estava tão envolvido, que nem senti a presença de meu irmão.

- Gabriel?! – a voz grave e sóbria de Anariel se fez ouvir atrás de mim.


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Notas finais do capítulo

reviews??