Em apenas cinco minutos, ouvi passos apressados, eram os passos da camareira que estava com meu vestido. 

- Aqui está, senhorita! Desculpe a demora!

- Você não imagina como acaba de salvar minha vida! Obrigada!

- Seu acompanhante avisou que tinha sido chamado para uma reunião e não poderia ficar com a senhorita hoje...

- Certo. Mas ele avisou quando voltava?

- Disse que ele entraria em contato em breve.

- Muito obrigada - estava com o vestido em mãos - até mais!

Fechei a porta para poder me trocar sem pressa já que Carlos não me esperava, não tinha com o que me preocupar. No momento, um alívio habitou minha alma. Fiquei empolgada com o vestido que iria usar, ele era lindo e deve ter custado os olhos da cara.

- Meu Deus! Que vestido lindo! Menos fala e mais ação! Hora de provar você, meu bem!

Corri para o banheiro e fiquei frente a frente com o magestoso espelho. Joguei a toalha no chão e comecei a colocar o vestido. O encontro da minha pele com o tecido me dava arrepios! Era como ser massageada por mãos de fada, começava a gostar de saber quem eu era aos poucos. Para ter um vestido tão bonito e provavelmente caríssimo haviam duas possibilidades: ou nadava em dinheiro como uma piscina ou então Carlos era dotado de vantagens financeiras. Para falar a verdade, gostei dos dois pontos de vista. Na última vez que olhei minha carteira não estava a procura de dinheiro mas logo notei que nela havia um pouco de "recheio".

O vestido ficava perfeito em mim. Branco com alguns detalhes vermelhos nas pontas. Ao olhar meu reflexo no espelho, meus olhos notaram um par de saltos vermelhos logo ao lado direito do box, eram lindos, muito lindos.

- Quanta sorte eu tenho! - coloquei os saltos e comecei a desfilar.

Fiquei me admirando no espelho por alguns minutos até fazer uma pose final para sair do banheiro. Fui até a cama, peguei minha bolsa, fui em direção a porta e retirei as chaves do quarto.

- Quarto número 1906... quantos andares esse hotel deve ter? 

Me distraí um pouco mas rapidamente foquei no meu objetivo: me divertir um pouco e ao mesmo tempo, descobrir quem sou, qual minha profissão, isso se tiver uma, é claro. Fechei a porta do quarto e andei até o elevador. O elevador estava parado no vigésimo quinto andar. Chamei o elevador e em questão de segundos, lá estava ele, pronto para me receber. Dentro dele estava uma senhora que aparentava ter cinquenta anos de experiência na arte da vida. Entrei.

- Mas que vestido lindo, minha jovem! Ganhou do namorado?

- Muito obrigado! Não, esse eu mesma comprei... - mentir fazia com que me sentisse bem naquele momento.

O elevador fechou suas portas e começou seu caminho até o andar do saguão principal.

- Falando em vestido, preciso comprar um novo para mim. Serei madrinha em um casamento daqui a algumas semanas! - disse a mulher.

- O casamento vai ser por aqui pela cidade?

- Não não. O casamento irá acontecer em outro estado lá no sul, numa cidade chamada Germânia... Conhece?

- Me desculpe mas posso ter ouvido falar mas nao lembro... - nao lembrava quem era, imagine lembrar aonde estava.

Olhei para os lados e um pequeno monitor indicava que o elevador estava passando pelo quarto andar. Incrivelmente, até agora, não paramos em nenhum outro andar. Após a pergunta da senhora, um silêncio total dominou o elevador, apenas olhava para o vestido dela com um ar de superioridade. A porta do elevador se abriu: saguão principal. Me despedi da mulher e segui meu caminho até a entrada do hotel para pedir informação a algum taxista que estivesse por perto.