Ich Liebe Dich. escrita por Mrs Flynn


Capítulo 99
Cap. 99: Mesma Condição.




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Eu passava agora os meus dias sôfregos olhando a janela florida onde uma cerejeira pendia, a balançar com o vento suave. Sentada naquela cadeira, perto de Peter. Conversando sozinha. Contando meus problemas para as paredes psiquiátricas daquele quarto.

  Meu rosto preocupado se refletia na janela. Meus olhos eram baixos e brilhavam de surpresa com tudo aquilo. Minha franja estava bem crescida... eu a havia cortado no último mês...

 Eram tantos detalhes que estavam deixando de ser percebidos por mim, desde que Peter aconteceu em minha vida. Eu era uma humana com as qualificações de desleixada, seca, fria e controlada. Todos diziam que eu, mais cedo ou mais tarde desmoronaria em prantos e ficaria louca com tantas desgraças.

  Ele era um sol, era tão importante agora quanto eu e meu filho. Éramos a minha vida agora.

--- Anda, vamos comer algo. –Norma entrara no quarto elegantemente.

  Ela usava um vestido preto com mangas compridas e seus cabelos negros pendiam, maiores do que nunca. Algumas mechas até alcançavam a sua barriga grande. Seus olhos castanhos eram observadores e elegantes como sempre. Ela parecia exclamar por trás de suas roupas e modo de agir: "Sou uma agente grávida."

 Ela trouxera uma bandeja.

--- Talvez devesse ter dito: “Anda, coma algo." -Eu disse, quase secamente.

  Meu humor, pelo menos condizia com as coisas ruins que me aconteciam. Eu oscilava, mas não perdia o controle. Eram sarcasmos e humor negro para todos os lados.

--- Não seja rude. -Ela me olhou, os olhos se estreitando e uma expressão de repressão.

--- Foi a Frida quem te mandou aqui, para que eu não me sentisse completamente sozinha? –Perguntei, secamente.

--- Olha, não cairei em seu jogo. –Norma foi clara e sucinta.

  Sua expressão agora era como a de minha mãe, quando queria me mandar fazer algo.

--- Foi ela sim que me mandou aqui. Lembra do que eu disse sobre cuidar deste filho? Eu terei um em breve, mais cedo do que você, na verdade, e não quero que você o mate. -Agora ela ordenava.

--- Me dê isso. –Peguei a bandeja, de olhos semi-cerrados e sobrancelhas franzidas. Talvez ela quisesse realmente o meu bem. - E não me importune... -Eu sorri, de leve.

--- Peter ficará bem. Vejo a cor voltar a ele novamente. Parece um homem lindo de novo...-Olhei para ela e não gostei de sua expressão.

  Era como se estivesse feliz por ele, mas como se ambicionasse-o. Talvez fosse só a minha imaginação de louca já dando sinais de que, na verdade eu era Charllottie, uma humana igual a todas as outras. Paranóica.

--- É. –Monossilábica como sempre. Era o meu mal-humor.

  Enquanto conversávamos, eu comia os pães que ela me trouxera. Eram bons, na verdade. Apesar de que tudo o que eu comia, tinha um gosto ruim para mim.

--- Vou embora agora... Peter tem sorte de não ter que trabalhar. Há muitos casos para nós agora. Estamos trabalhando num ritmo muito cansativo. –Norma disse. Lembrei-me de quando Angel havia saído do quarto apressadamente quando atendeu a um telefonema provavelmente da organização.

--- Mas... você está... –Ela me interrompeu.

--- Mas eu apenas ajudo Chris com algumas coisas. Não trabalho realmente em pegar eles entende? -Ela sorriu, gentilmente. –E... Alguém está desviando o dinheiro da organização. E parece ser para um motivo maior do que podemos imaginar. Precisamos descobrir quem é... Parece que é de dentro. –Ela disse.

--- Nossa... –Disse, pensativa.

--- Mas... Então, como se sente em relação ao seu filho? Não está animada?

  Norma era um segundo exemplo de mim. Ela tinha um filho que estava prestes a nascer e estava no meio de uma organização cheia de relações perigosas e num ambiente que eu não considerava bom para uma criança.

--- Norma... você não se importa com o fato de tê-lo e criá-lo aqui? –Meu rosto se contraiu.

  Uma tristeza me invadiu de repente, como se, mesmo que Peter acordasse, mesmo que nós pudéssemos ser felizes sem a influência de um psicopata que me odeia, não houvesse esperança para sermos felizes por causa desta condição. A maldita condição que ainda faltava. Que ainda me deixava dúvidas.

  Olhei para Norma, saindo de meu devaneio. Seu rosto era inexpressivo e ela sorriu, depois, sinceramente. Ela não estava sorrindo de preocupação. Aquilo foi muito bonito, porém curioso para mim.

  --- Bom, minha filha aprenderá o que eu ensinarei para ela. –Norma olhou para a sua barriga, sorrindo. –Não deixarei que a corrompam, como eu fui corrompida. Agora, tentarei fazer com que ela vá para um bom lugar lá em cima, enquanto tento me tirar do fogo infernal que me cercará. –Ela me olhou, com esperança.

  --- Hum... –Eu fiquei monossilábica novamente. Mas agora, eu estava apenas refletindo e não com mal humor.

  --- Bom, tenho que ir. -Ela pegou um celular no bolso de seu vestido preto e o olhou, digitando algo.

  --- Até mais. -Respondi.

  --- Ah! Ela se virou, de repente. -Fiz um progresso! Você não foi rude.

  --- Morra. -Eu disse, sorrindo enquanto ela saia do quarto.

  Sorriso idiota, pensei. Fez-me parecer legal. Parei de pensar besteiras e olhei para Peter. Fiquei olhando por alguns segundos e depois segurei sua mão.

  --- Quem sabe, podemos fazer de nossos filhos um exemplo, de que as coisas estão mudando por aqui. -Eu sorri, continuando a segurar sua mão. –Não é? –Sorri, novamente, falando sozinha...

  De repente, ele a apertou.

  Sua mão apertou a minha, levemente.

  Meu coração deu um pulo dentro de mim. Fiquei atônita e sorria, como se nada mais no mundo importasse, realmente.


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Notas finais do capítulo

Pelo menos ele mexeu a mão. KK