Ich Liebe Dich. escrita por Mrs Flynn


Capítulo 95
Cap.95: Convite obrigatório.


Notas iniciais do capítulo

Joe *---* Tadinho...



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--- Ah, Joe, muito obrigada! -Eu exclamei, ainda meio atônita.

  Depois daquele susto, eu confessava a mim mesma que tinha ficado com o maior medo do mundo de perder o meu filho. Descobri o quando eu o queria. O quanto eu queria protegê-lo. E o quanto eu rasgaria e comeria o coração de qualquer um que tentasse fazê-lo mal. Inclusive o meu daquele dia em diante.

  Mesmo assim, eu ainda estava triste. Morta.

  Eu abraçava Joe com força e sofreguidão exagerada. Aquilo era totalmente "não eu". Principalmente naquele momento de “morta”, mas eu estava tão agradecida que só eu sabia. Soltei-me de seus braços que também me apertavam como se aquele abraço nunca mais pudesse acontecer de novo.

--- Não tem que me agradecer. Faria isso por qualquer pessoa, quanto mais por você. -Ele calou-se e me fitou, inexpressivo.

  Ele estava fantasticamente lindo. Com o seu ar mais que sério, seu olhar tenso e fincado. Os cabelos grandes, na altura dos ombros, pretos e brilhantes caiam por seus olhos verdes muito bonitos. E ele me parecia, como sempre, magoado.

--- E não foi sorte. Sua mãe, desesperada, me ligou, dizendo que você tinha saído e estava tarde e ela não podia ir atrás de você, justamente por estar tarde. –Ele disse, rindo um pouco. –Então eu fui, imediatamente te procurar. Eu fiquei muito preocupado. Você poderia avisar... –Ele disse, suspirando. –Mas não se preocupe, eu liguei para a sua mãe, para dizer para ela que tudo estava bem.

--- Não se preocupe, tentarei não dar trabalho. -Eu disse, baixando o olhar, percebendo que uma cara preocupada se formava em seu rosto com suas sobrancelhas extremamente negras franzidas e seus olhos estreitos.

--- Por favor... -Ele quase sussurrava, mas não me olhava diretamente.

  De repente, deu um suspiro pesaroso. Ele estava preocupado. E não era só comigo.

--- Joe... me diga. -Eu comecei a falar. -Não aconteceu nada... ao bebê, não é mesmo? -Eu perguntei, sôfrega.

--- Não, Lottie. -Ele suspirou novamente, aliviado.

  Gostei de ver uma expressão mais alegre em seu rosto ao ver que meu filho estava bem, mesmo que ele ainda estivesse ressentido por mim e por Peter.

--- Seu bebê está perfeitamente bem.

--- Então, qual o motivo de sua preocupação? -Ele parou de me olhar e silenciou por alguns minutos. -Ora, Joe, não acha que sou idiota, não é mesmo? Olha, eu estou vendo a sua preocupação! -Eu disse, fitando-o, seriamente.

--- Bom, tem alguém ai fora, querendo te ver. –Joe quase cuspiu as palavras.

  Ele estava realmente impetuoso. Parecia estar com uma raiva muito grande corroendo suas palavras e ações para que elas ficassem venenosas e letais.

--- Quem? Hum... você sabe quem é e não quer que me veja? Seria alguém da organização? -Perguntei, já sabendo a resposta. Minha cara era risonha, tentei deixá-lo mais calmo, mas não adiantou.

--- É a garotinha insuportável. -Ele disse, agora sorrindo, tão forçadamente e amargamente, que fiquei com medo de sua expressão sombria e gélida. -É a Frida.

  Meus olhos se arregalariam, se eu não ficasse, depois de alguns segundos, extremamente intrigada e paralizada com aquilo.

  O que quero dizer, é que não tive tempo de ficar assustada, como sempre, minhas reações eram mais dadas ao pensamento do que a ação. O que Frida viera fazer aqui, senão me dar notícias de Peter? E se viera, não seriam notícias que se possam falar por cartas ou e-mails. Se bem que não é fácil comunicar-se com alguém pela organização.

  Tem-se toda uma burocracia para que todos os destinatários sejam secretamente bem cuidados... se era uma notícia assim, não se podia esperar todo esse tempo, e ela teria de dá-la pessoalmente. Teria duas opções que me gelaram a espinha de ansiedade e medo; Um, Peter estava em sua cova. Dois, ele estava bem.

  Meu órgão que destinava o sangue por todo o meu corpo começou a bater fortemente. A pulsação era tão grande, que eu ouvia, em tons desenfreados suas batidas quase o forçarem a sair pela minha garganta. Ordenei a meu cérebro que mexesse algum membro para que eu me convencesse de que estava tudo perfeitamente bem. Levei a mão até a cabeça e remexi meus cabelos até as pontas do cabelo. Olhei a porta por uns segundos.

--- Entre. -Eu disse, em tom baixo e esganiçado.

  A voz saia sufocada e hesitante. A porta se abriu, elegantemente, fazendo um ruído baixo.

  Frida estava lá, de pé. As mãos juntas abaixo de seu tronco, com luvas pretas de couro. O seu vestido era preto e o espartilho era branco. Ela havia crescido. Seus cabelos foram a maior surpresa para mim. Um lado estava atrás de uma de suas orelhas pequeninas, enquanto a outra mecha de cabelo preto estava quase a tapar seu olho verde. Com uma maquiagem muito preta envolta dos olhos, ela ficava solenemente fria e séria. Seus cabelos estavam curtos e seu rosto em forma de coração havia ficado um pouco mais pontiagudo, quase fazendo desaparecer esta forma graciosa que o moldava, deixando-a mais empinada do que nunca. Usava um batom vinho que se moldava agora em uma boca de lábios repuxados para baixo.

  Os olhos eram sérios e gélidos. O rosto se contraia numa expressão mortiça e tristonha, que não deixava muito que isso transparecesse. Suas feições, embora muito esforçadamente sérias, me indicavam hipótese um. Gotas de suor frio escorreram pela minha testa indo em direção ao meu pescoço, fazendo com que eu me arrepiasse e uma queimação ardente se iniciasse em minhas vísceras digestivas. Controlei-me, outra vez fazendo com que meus membros respondessem com o contrário do que meus instintos queriam fazer, paralisar.

--- Fale. –Eu disse, com uma voz muito forte, pois me esforçando, acabei por pôr força demais na voz para que não parecesse muito assustada.

  Os olhos de Frida se estreitaram e suas sobrancelhas muito negras se contraíram. Ela encostou seu guarda-chuva perto da porta. Não havia notado que estava chovendo, mas talvez ela não trouxesse o guarda-chuva por isso, talvez ela gostasse de tê-lo por perto.

  Depois, percebi que ela limpava os pés no tapete, o que indicava que estava chovendo sim. Joe andou até bem perto de mim, como se dissesse que eu não estava sozinha, e que ela não era bem vinda. Ele realmente não gostava de Frida. Ela era uma garota ardilosa e fingida demais para ele.

--- Então, Valley, diga o que veio fazer aqui, rápido. -Joe estava com a cabeça um pouco erguida e as sobrancelhas negras unidas em uma expressão cética.

  De repente, com esta auto-anunciação de Joe, a expressão de Frida mudou, e ela agora estava risonha. Na verdade, em alguns segundos, o que era frieza e seriedade, se transformaram em hilaridade e meio riso.

  Frida parecia querer se controlar, mas, subitamente, ela gargalhou. Frida quase tinha lágrimas nos olhos. Sua boca pequena não deixava que seu rosto se tornasse vulgar ao gargalhar e abri-la de forma espontânea. Seu tronco se abaixou uma pouco e ela colocou um de seus braços sobre a barriga e a mão que pertencia ao outro braço sobre sua boca. Quando estava quase parando de rir, olhou para mim e sorriu. Era um sorriso amigável e sincero, mas ela parecia estar rindo de mim.

--- Hum... tudo bem, não perguntarei o que houve, por que sei, que, se você tem um motivo tão bom para rir de mim, fará questão de se gabar dele, me explicando tudo. -Eu sorri, ainda meio nervosa sobre as opções anteriores.

--- Idiota. -Joe resmungou.

  Frida chegou perto de mim e pegou em uma mecha de meus cabelos, ela ainda ria.

--- Eu estava apenas fingindo, Charllottie. Sabia que vocês iam cair. Pensou que Peter tinha piorado... ou... pior, morrido, não é mesmo? -Ela perguntou, em tom sarcástico.

--- Você não mudou exatamente, nada. -Joe e eu falamos, em coro, surpreendendo um ao outro.

--- Charllottie, Pe- Peter... -Ela ainda tomava fôlego. -reagiu. Ele mexeu as mãos sexta-feira passada e os dedos de seus pés também se moveram recentemente. -Ela olhou-me, com felicidade.

--- Eu... não posso crêr! -A felicidade correu pelo meu corpo, como uma menina de cinco anos, brincando na chuva. Como um mendigo que passa fome desde sete meses atrás, e encontra comida em abundância.

  Depois deste surto extremamente humano e esperado, não pude deixar de voltar à realidade, e perceber que eram apenas movimentos e que nada daquilo significava nada, perto do que ainda podia acontecer com ele. O pessimismo estava de volta, para me aliviar e me fazer achar que não estava ficando louca como no começo do ano que passara.

--- Provavelmente, ele voltará para nós. -Frida sorria, gentilmente, enquanto olhava a minha expressão sôfrega -Você deve estar lá, quando ele acordar.-Frida continuou, fazendo com que Joe saltasse para a minha frente, me impedindo de visualizá-la. Ela se afastou, franzindo cenho.

--- Não pode fazer isso, Lottie. -Joe disse, ansioso. Ele olhava para mim, com uma expressão triste, seus cabelos voavam com o vento gélido vindo da janela. –Lá é perigoso. Hostil... E... Aqui estamos todos de olho em você... –Ele disse depois se calando, aturdido.

  Olhei para ele, pensativa. Todas as questões estavam novamente a me atormentar.


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