Ich Liebe Dich. escrita por Mrs Flynn


Capítulo 88
Cap. 88: Alívio efêmero.


Notas iniciais do capítulo

Alívio dele não ter morrido, mas é tão efêmero, que só durou até ver no estado em que ele estava...



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Sam chorava, incessantemente. Ela gritava. Parecia ter alguma dor. Talvez ela estivesse sentindo mais angústia do que eu normal. Sam era muito emotiva.

--- Pete... ele... – Sam estava ainda meio melancólica e débil. Ela chorava, incontrolavelmente, mas não estava mais tão escandalosa.

--- Anda! Diz. –Eu estava aflita e só conseguia pronunciar estas palavras fracamente.

--- Peter está em coma. – Ela limpava as lágrimas do seu rosto,

--- Que droga! –Não gritei, mas murmurei, com indignação. Tentei, fracassadamente, me levantar.

--- Lottie! Não pode. Não pode sair daqui. Tem que tomar remédios para a dor e esperar que seus hematomas estejam melhores. Não pode vê-lo. –Sam disse, segurando-me, ao ver minha tentativa de levantar.

--- Sam, não me impeça. Eu quero ver Peter. Eu posso vê-lo. –Eu lutava contra os braços de Sam;

--- Calma, Lottie. Calma!. –Sam disse. –Vou perguntar para o médico se você pode sair.

--- Tudo bem. –Eu disse, vendo que minhas forças se esvaiam e que, seria, realmente difícil me livrar desta fraqueza.

  Sam saiu do quarto e eu fiquei sozinha.

  Um frio cortante tomou conta de meu corpo, cercando-o de medo e tremores. Levantei minha mão para tentar me aquecer. Elas não conseguiam aquecer meus braços, pois não esfregavam com bastante velocidade e força, por estarem inertes de dor.

  Fiquei muito angustiada, de repente. Era Peter quem me acalmava quando estas proezas me aconteciam. Eu podia sempre segurar meu rosto inerte a dor para todos que me conheciam e fingir que nada acontecia, mas para Peter não. Ele sabia de minhas dificuldades e me ajudava. E agora, mesmo que eu fingisse, ele não estava aqui. pior era por sua causa que eu não conseguia ficar sem medo. Um medo de ficar sozinha, outra vez, sem Peter, que, agora, era toda a razão por eu estar bem, feliz, viva e saudável.

  “Não!” Meu subconsciente me dizia. Ele não queria que meu senso de realidade naquela hora. Mas eu queria aquilo. Porque eu era assim. Eu sempre fui assim. Todos nunca sabiam de minhas tristezas, mas eu as guardava dentro de mim, ficando com todo o peso que elas tinham só para mim. Porque eu não gostava de incomodar os outros com elas. E Peter me ensinou a dividi-las. Ele meu amou. Foi mais do que alguém podia fazer. E agora, eu o amava. Mais do que tudo. E estava perdendo ele. Eu estava perdendo aqueles olhos, aquela alma. Aquela pessoa linda, de todas as maneiras.

  Olhei para a janela de hospital, estava chuvosa. Peter não estava comigo. Mas, desta vez, ele não estava bem vivo

--- Mais uma vez. –Suspirei.

  Olhei para o teto, tentando, com a maior força que pude, não chorar. Porque o choro, era o meu desespero. O que, raramente acontecia. E, quando acontecia, eu desistia. O choro é a nossa conformação. Nós sabemos que tudo está ruim. E que não tem jeito. E que só nos resta chorar.

  Como sempre.

--- Lottie! Você pode vê-lo! –Sam estava animada. –Mas terá de ir de muleta e eu terei de acompanhá-la.

--- Tudo bem. –Murmurei.

  Sam me ajudou a levantar e pegar a muleta. Ela ficou perto de mim, de roupa de hospital e me levando para o quarto onde Peter estava.

--- Lottie... você não toma jeito. Quando é que eu não vou te ver com freqüência no hospital? –Ela perguntou, agora um pouco mais alegre. Fiquei feliz de ver um pedaço mínimo da antiga Sam de volta.

--- É... –Falei, baixo.

--- Ele pode melhorar. –Ela disse, enquanto andávamos.

  Aquilo me deu uma pontada de medo maior ainda.

--- Pode... –Franzi as sobrancelhas num ímpeto de chorar.

--- Lottie. Chore. –Sam disse, percebendo isto.

--- Não quero. –Eu disse, devagar. –Vai ser a minha desistência.

  Ela compreendeu o que eu queria dizer. O meu choro era a última esperança.

--- Você não quer chorar, porque pensa que tudo está acabado. Quer chorar porque está triste.

--- É pelas duas coisas. – Eu disse, com voz rouca.

--- Ele te ama. Não iria querer que segurasse suas lágrimas logo agora. –Sam disse.

--- Quando eu não agüentar mais, chorarei. –Eu disse.

  Chegamos no quarto e Sam colocou o dedo lá, pois o médico tinha autorizado apenas a ela, para ter certeza de que eu não estaria lá sozinha. 

--- Peter! –Corri até ele.

  Olhei-o. Peter estava lívido e calmo. Seu rosto era branco e seus cabelos louros ainda caiam por sob seus ombros. Seus olhos estavam fechados numa expressão congelada e gélida. Meu Peter estava tão... morto.

  Eu lembrei-me de quando ele sorria, embaixo de Penny. De como ele me acalmava quando eu estava com o ar gélido do medo, solidão, melancolia. Mas ele não estava lá. E no fundo de mim, tudo desmoronou. Eu me sentia seca, novamente. Morta. Parecia que meu corpo secava, como se dentro os órgãos fossem secos. Era uma coisa tão ruim, que eu não conseguia falar. Só conseguia olhá-lo. Olhar o que eu estava perdendo. E só me restava rezar. Só me restava pedir a Deus que me trouxesse a vida de volta. E fiquei com ódio. Revoltei-me, de repente. “Porque sempre acontecia algo para barrar a minha inútil felicidade?” De repente, tudo explodiu. Eu não consegui aguentar...

  Não consegui segurar as lágrimas, porém o desespero mórbido e angustiante estava dentro de mim. As lágrimas escorriam rapidamente inundando meu rosto e caindo sobre o lençol de Peter.

  E o que seria de mim, sem aquele anjo? Sem a sua proteção? Sem o seu amor? Sem a parte dele que estava em mim, eu era apenas mais uma. E ele estaria arrancando essa parte se partisse. E eu seria apenas ódio e tristeza. E eu nunca mais tentaria. Eu morreria lentamente em decadência. Sem ele. Sem amor.

  Apertei o lençol, e baixei a cabeça. Inconformada.

--- Pete... –Consegui pronunciar, debilmente. –Me perdoe. –Eu disse, tão baixo que Sam não escutaria, mas ela escutou.

--- Porque pede perdão, Lottie? –Sam peguntou, irritada.

--- Bem... –Eu comecei. –Ele só caiu porque ficou preocupado comigo. –Eu respondi, pausadamente e em tom muito baixo.

--- Lottie, não pode se culpar. Sab- Interrompi-a.

--- Não estou me culpando. Tive uma parcela de culpa. Afinal, acidentes acontecem com pessoas descuidadas. Os acidentes, acontecem por acidente. Mas sempre tem alguns fatores que ajudam. Sabe que sou lógica o suficiente para não me culpar. –Eu disse, pausadamente, sem tirar meus olhos tristes de Peter.

  Olhava para ele, sem querer sair dali, até que ele acordasse e olhasse para mim, vivamente  radiante. Minhas forças se esvaiam como quando eu caí da moto. 

--- Vamos, Lottie. Você precisa descansar. –Sam pronunciou, devagar e em tom baixo.

--- Tudo bem. –Eu disse, quase sem terminar a frase. 

  Olhei para Peter e dei um meio sorriso amargo e triste, que mostraria o âmago de minha alma agora. Soltei o lençol e também os meus órgãos, vida, e tudo o mais que não estivesse morto ainda em mim, naquele quarto. Naquele homem quase sem vida. Minha vida se alimentava agora, em sua maior parte, de algo inconsciente. Dele.


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Notas finais do capítulo

T.T



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