Ich Liebe Dich. escrita por Mrs Flynn


Capítulo 61
Cap. 61: Partes preciosas dele.


Notas iniciais do capítulo

Saiu do forno.



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Depois de mais um dia fatídico, eu estava novamente grudada em Peter Uric. Como aquele homem fazia para me manter tão ligada a ele? Eu sinceramente nem queria saber naquele momento.

  Ele tinha ido no meu quarto daquela vez. Ainda bem que eu estava pronta. Nós fomos como sempre vadiar em baixo da “Penny”.

  E aquele dia, era o dia em que eu ia perguntar a ele sobre Frida. Sobre como ela tinha chegado lá e a sua história.

  Sentei-me em baixo de Penny e comecei.

--- Peter... –Murmurei.

--- O quê? –Ele perguntou, despreocupadamente.

--- Primeiro, você não acha que nós somos muito hippies não? –Sorri.

--- Eu acho. Afinal, quem sairia da organização com mil maravilhas tecnológicas para conversar debaixo de uma árvore se não fosse hippie. –Ele completou meu pensamento.

--- Segundo... –Eu murmurei, meio relutante. –Você pode me falar sobre alguém... –Ele nem me deixou continuar, sorriu e olhou para mim.

--- Você quer saber o que sobre a Frida? –Peter foi direto.

--- Como você soube? –Perguntei, atônita.

--- Ah, Charllottie, ela é o mistério encantador da organização. Quem não daria tudo para saber sobre ela? Ela é muito interessante. –Peter disse, rindo.

--- É, ela é.

--- A Frida chegou aqui quando tinha apenas doze anos. –Peter disse.

--- Como parece que a história é longa, eu vou recostar minha cabeça em seu ombro, senhor Peter. –Eu sorri.

--- A Frida não gostava de ninguém da ala A. Ela se aproximou de mim porque eu era próximo dos cães. –Ele sorria enquanto falava, como se lembrasse do passado distante –Ela amava os cães. E eu também amava os cães e ela se aproximou de mim por causa dessa paixão em comum. Ela só falava com o Teddy, depois é que começou a falar comigo.

--- Nossa, ela é parecida comigo... Não gosta de pessoas. –Sorri e vi que Peter estava sorrindo. Ele começou a alisar meus cabelos gentilmente.

--- Frida veio para a organização quando toda a sua família foi morta. Ela morava na Inglaterra e seu pai era o comandante de uma de nossas bases na Inglaterra. O pai de Frida era muito amigo do nosso pai. Que é o chefe da organização aqui. A quem mais tarde você conhecerá. –Ele disse, rindo. Confesso que fiquei um pouco atordoada. –Assaltantes profissionais invadiram a sua casa e roubaram todo o dinheiro que tinha lá. E mataram seus pais. –Ele disse, pensativo –Seu pai criou um dos sistemas mais seguros de bancos já existentes.

--- Isso foi péssimo para ela... Deve ter causado um dano e tanto em sua vida... Mas... Você não disse que era a melhor segurança?

--- Sim, mas não tão boa quanto o assalto foi bem arquitetado. -Peter respondeu. -Frida estava na escola quando isto aconteceu. A escola dela a prendia o dia todo, era como um internato. Os assaltantes acharam melhor que ela não estivesse em casa. Se sobrasse um da família, eles poderiam roubar o resto do dinheiro depois. Pois Frida era a herdeira que ficaria com o dinheiro dos bancos e com a chave, eles imaginaram que mesmo que ela fosse ficar com alguém de guarda não seria alguém difícil de se burlar. Mas se enganaram. Roubar a casa, era mais fácil para eles do que roubar nos bancos. A única que teria a chave para os bancos, seria a única que sobrara e que era Frida, uma garotinha de apenas doze anos. Os bancos em que a família de Frida guardava o dinheiro, não eram vigiados por pessoas. Não haviam pessoas lá, só máquinas. Todo o sistema de segurança, era letal. Haviam várias armadilhas e ácidos poderiam cair das paredes a qualquer momento. Eram os bancos mais seguros do mundo. Sabe o por quê disto?-Peter interrompeu-se- Lembra-se de que eu falei que a conhecíamos por seu pai? Ele era um dos nossos melhores agentes. Ele projetou todo o sistema de segurança daqueles bancos. Como ele era um dos agentes e Frida corria perigo, o nosso pai a pegou para nós a pedido do pai dela, antes de morrer. Sem que nenhum dos bandidos pudessem saber onde ela se localizava. Frida nem sabia disto. Ela nem se quer sabia que seu pai era agente. Quando estava sendo trazida para cá, para saber de tudo o que estava acontecendo, ela quase fugiu, usando um estilingue com cápsulas moles em que havia injetado mercúrio e atirado nos nossos seguranças. Ela, realmente, era uma garota com os genes do pai. -Peter sorriu.

--- Diabólico... mercúrio? Onde ela arranjou isto? Sim, por que como daria tempo? A não ser que ela já tivesse projetado isto a um tempo. -Eu franzi as sobrancelhas.

--- Sim, ela o fez. Frida nunca confiou em ninguém. Só em seu pai. -Quando ele falou aquilo, fiquei absorvida em pensamentos, ele pareceu perceber que eu ia fazê-lo antes que pronunciasse as palavras.

--- Charllottie! -Ele precisou acordar-me novamente.

  Coloquei uma das mãos na cabeça e lembrei como um rápido flash em meus circuitos cerebrais interligados, de momentos importantes com meu pai.

--- Conte-me, estou a ouvir. -Eu disse, mas ainda meio desligada.

--- Charllottie, ela tem muito em comum com você. -Peter disse.

--- Eu... estou percebendo. -Eu falei, agora me desligando de meu elo com o mundo dos mortos onde eu podia lembrar de John meu querido pai.

--- Bom, continuando... -Peter suspirou -Ela não conseguiu escapar, por que, depois de descobrirmos que ela era mais perigosa do que imaginávamos, colocamos ela numa sala e fizemos com que uns gases soníferos escapassem, para que ela não se rebelasse. Ela estava com medo, sozinha e assustada naquele dia. Lembro-me como se fosse hoje. -Peter ficou com o olhar fixo num ponto do gramado e continuou. -Quando ela chegou, explicamos tudo a ela. Ela não estava mais tão assustada. Frida não conseguia não demonstrar o ódio e a raiva que estava sentindo pelo seu pai ter escondido isto dela. Tê-la feito passar por tudo o que ela passou e não tê-la contado. Uns meses depois, ela começou a falar comigo. Não sei por quê, mas ela nunca falava com os outros. Nós quisemos deixar que ela se expressasse quando quisesse. Então, como eu estava dizendo, ela começou a falar comigo. -Peter sorriu ainda fitando o ponto fixo.

--- Você gosta mesmo dela. -Eu disse.

--- Sim, eu a amo. Como uma filha. -Peter disse, firmemente.

--- Ah... bem, deve ter sido muito difícil para ela, mas deve ter mais difícil do que qualquer pessoa pode imaginar. Eu perdi meu pai, mas quando ele morreu, eu passei a amá-lo mais ainda, isso foi o doloroso, não ter mais a sua presença e não ter mais nenhuma pessoa em nenhum lugar do mundo que pudesse substituir este vazio deixado por ele, mas quanto a Frida... -Eu franzi as sobrancelhas e engoli ar lentamente -Ela passou a não confiar nem em quem mais confiava. Seu mundo não era mais o mesmo. Não havia nada para segurá-la. Não havia mais pessoas em quem confiar, não havia mais no que acreditar e tudo o que ela acreditava, tinha se ido. Se esvaido... -Eu dobrei meus joelhos e apertei-os. Naquele momento, eu sentia a solidão dela, dentro de mim, um arrepio subiu pelo meu corpo.

--- Sim, você a entende, como nenhuma pessoa aqui era capaz de entendê-la. Aqui só existem algumas pessoas que são compreensivas. Não são incentivadas a sentir a dor de outra pessoa. Não são nem um pouco abnegadas... -Peter disse, franzindo as sobrancelhas e ficando um pouco bravo.

--- Antes de falar comigo, os seus primeiros amigos eram os cães. Como eu disse... –Disse Peter -Ela sempre criou cães em sua casa e gostava muito deles, ela era uma boa adestradora, os cães se apegaram a ela facilmente. Frida tem um dom com eles. Vê-se que eles respeitam a presença dela. -Peter estava admirado. -Então, quando ela começou a falar comigo, falei-lhe de meu pais, que morreram pouco depois de eu ter vindo para cá.

--- Espere, você não me disse isto... - Interrompi.

--- É que... além de não gostar muito de lembrar deste fato, eu não quis importuná-la com isto. -Ele disse, meio acanhado.

--- Peter você é pior que eu. -Eu falei, sorrindo.

--- Como assim? -Ele indagou, surpreso.

--- Quer resolver tudo sozinho e nunca quer importunar as pessoas com seus problemas.

  Eu havia acabado de dar a ultima mordida na pêra.

--- É, sou assim mesmo. Mas pelo menos isso vai ajudar-nos a interagir com os problemas do outro. Vou sempre querer te forçar a me contar seus problemas e você vai sempre querer que eu conte-lhe os meus. Você vai ceder bem mais, acredite. -Ele disse, sorrindo para o alto.

--- Por enquanto, vou aceitar isto, mas só por que estou muito curiosa pela história de Frida. Depois, você me contará tudo sobre como seus pais morreram. -Eu semicerrei o olhar e dei um meio sorriso.

--- Tudo bem, só por que eu já estou bem aliviado quanto a eles. -Peter voltou a fitar o vazio, mas agora o vazio do céu, que parecia apenas uma imensidão de nuvens cinzentas e chuvosas. -Bem, voltando a Frida, ela começou a interagir comigo e nós conversávamos todos os dias. Seus únicos amigos aqui, eram eu e os cães. Depois de um tempo, ela começou a falar com Jolie, para importuná-la. Frida adorava fazer a Jolie de boba. Por isso, ficou falando com ela. E acho que Frida também viu uma irmã que nunca teve em Jolie, pois ela ficava a tomar chá com Frida e arrumar seus cabelos... bom, coisas de garotas. Depois disto, ela começou a falar com Norma, Christopher e Angel. Estes foram os primeiros com quem ela começou a falar graças ao fato de eu ser amigo deles. -Peter fez uma expressão de sarcasmo. Mas que me fez perceber, que, por mais idiotas, inconvenientes, chatos e idiotas que eles fossem, ele não podia negar que eles eram sua única família.

--- Mas... Frida ainda não perdoou seu pai. Ela acha que, ele tinha que pedir perdão para ela, mas perdeu sua chance, morrendo. Ela ainda não consegue entender que ele não podia colocá-la em risco, mais do que ela já corria. Seu pai já havia nos contatado e dito que nós deveríamos tomar conta dela, caso algo acontecesse com ele. Mas isto havia sido algum tempo antes, quando ele tinha tido uma doença que quase o matara. Depois que ele curou-se, resolveu não contá-la sobre aquilo, somente quando ele morresse é que queria que alguém a contasse. Então, passaram-se uns anos e aconteceu o assalto. Por isso Frida ainda é assim. Ela tem ciúmes de você. Talvez Frida seja mais crescida até mesmo do que Jolie, que é mais velha, mas metade dela ficou aprisionada naquela garota de doze anos que não sabia que sua vida era mais cheia de coisas do que devia ser. Ela ainda não se recuperou do choque de ter tudo o que acreditava perdido. Ela quer que nós achemos isso, por isso cria aquela proteção toda. Ela tem ciúmes de você, por que acha que você vai tomar a única pessoa em que ela confia inteiramente aqui. Que sou eu. -Peter estava terno e calmo. Ele falava dela com um amor muito bonito. Tão bonito quanto quando ele falava comigo. Ela era como a filha dele.

--- Eu entendo. Ou melhor... sou apenas mais uma pessoa que nunca vai compartilhar sua dor. -Eu falei, normalmente.

--- Mas agora você compreende ela um pouco mais. Mas... -Peter fez careta -Prepare-se, pois se ela souber, vai ficar brava. E vai ser mais difícil ainda de ela aceitar você. -Ele terminou.

--- Não vou fazer esforço para que ela me aceite. Frida me parece do tipo de pessoa que temos que mostrá-la quem somos para que ele ande ao nosso lado. E ela já confia em você por que viu o quanto você é bom. -Eu disse, dando um tapa levemente em suas costas, elogiando-o e sorrindo.

--- Frida sabe o quanto você é boa. Mas ela não vai mesmo admitir enquanto não mostrá-la. -Ele sorriu.

--- Não sou boa. -Eu olhei para o céu e coloquei as mãos no queixo e os cotovelos apoiados nos joelhos.

  Peter colocou, bruscamente, suas mãos em meu rosto, tirando as minhas do mesmo. Meu rosto estava inclinado para cima e ele virou-o para que ficasse frente a frente com o seu.

--- Ela sabe que é boa, por que eu me apaixonei por você. Mas precisa mostrá-la isso, para que ela confie, plenamente. -Peter olhou bem dentro dos meus olhos como ele sempre fazia.

--- Pode ser. -Eu fitei a grama e sorri.


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