Ich Liebe Dich. escrita por Mrs Flynn


Capítulo 53
Cap. 53: Segredos corrosivos.




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  Fiquei em casa sozinha mais uma vez. Minha mãe saia muito agora, talvez estivesse se acostumando com aquela vida de viúva sem filha.

 Ela estava em um show por ai... eu sempre havia me virado sozinha mesmo... Não importava muito.

  Fui até a geladeira para pegar leite e comer cereal. Sam havia dito que viria a minha casa naquele dia, depois da universidade. Fiquei vendo televisão até que ela chegasse. Já havia contado para ela sobre a caneta. Descobri que ela fazia muitas coisas. Mandava e-mails, tirava até fotos. Mesmo que minúsculas. Achei que aquele era um dos dispositivos mais avançados daquela organização. Era tão pequeno e tão útil. Além disso, era tão linda e tão minúscula que não parecia representar perigo algum. Peter era genial. Tinha sido ele quem projetou a caneta.

  Quando eu estava para sentar-me no sofá, com a minha tigela de cereais suculentos, a campainha tocou.

 Parei de comer e olhei a porta. Um tédio e inquietação ficaram presos em minha garganta.

--- Droga. -Murmurei.

  Levantei rapidamente e abri a porta com a tigela nas mãos, de blusão e meias nos pés. Era Joe.

--- Ah... Joe?! -Fiquei constrangida. -Poderia ter avisado. -Fiz uma cara apática e o mandei entrar.

--- Vim para te contar tudo, Lottie. -Joe estava diferente daquele dia, estava mais feliz.

--- Fale. –Eu disse, sem muito entusiasmo.

--- Bom, eu serei direto. Quando eu fui embora, não foi por causa de amar Bridget ou coisa parecida. -Ele olhou para mim, receoso, fiz um sinal para ele continuar -Bridget foi seqüestrada e ligaram para mim afirmando isto, por isso eu fui depois dela. Na ligação, afirmavam que tinha seqüestrado ela e que se eu não fosse imediatamente para a Holanda na casa a qual o seqüestrador sabia que eu tinha, Bridget não duraria mais cinco minutos. -Joseph fez uma cara de apreensão ao ver minha expressão de raiva e curiosidade -Então, obedeci. Afinal eu e ela não tínhamos afinidade, mas ela era sua irmã e não podia deixar que a machucassem se fosse capaz de impedir. Mesmo que você sofresse para isso. –Joe me olhou como se pedisse a minha aprovação.

--- Sim, Joseph, eu entendo perfeitamente. -Eu disse, calmamente. -Continue.

--- Então... fui até a Holanda e fiquei naquela casa, aguardando ordens. O seqüestrador não se comunicou mais comigo por um tempo. Então, depois, ele me enviou Bridget para ficar na casa comigo. Ele queria que, se alguém descobrisse a nossa localização e viesse nos ver, nós fingíssemos logo que éramos um casal. Mas não podíamos sair daquela casa, porque ele nos observava e tinha o controle da situação, pelo que constatamos, ele tinha dinheiro e capangas ao seu dispor. Ele me pareceu ou bem inteligente, ou que já tinha uma vantagem de observação sobre nós. Era como se ele soubesse cada passo que iríamos dar. E sabia que alguém viria trás de nós. Quando Sam chegou, ele me pareceu ficar sabendo de sua doença. Então, o inferno começou. –Joe fez uma cara muito feroz e fechou os punhos forçosamente - Ele nos ordenou que voltássemos e que Bridget sobre hipótese alguma deixasse você aceitar o transplante que ele a mandou propor. Fiquei com muito ódio neste momento, se você estivesse doente, quando eu fui embora, eu não teria ido, teria deixado Bridget sozinha, era demais para mim... Eu não conseguiria agüentar. -Ele fechou os olhos e franziu as sobrancelhas- Bridget disse que não sabia como fazer isso. Sinceramente, eu tinha muita pena dela, ela parecia triste e amarga quando voltou do isolamento. Acho que fizeram algum tipo de tortura com ela. -Ele ficava cada vez mais colérico, estava a ponto de jogar o sofá onde ele próprio estava sentado não sei nem onde - O seqüestrador disse que nós não nos preocupássemos, ele já tinha tudo em mente. Nós voltaríamos e Bridget te ofereceria o transplante, mas ela diria tudo aquilo que te disse. Como se eu fosse a troca por sua medula e como se você não fosse o bastante para mim. Ela a faria se sentir um lixo e a faria desistir de viver. Assim quis o maldito seqüestrador. Ele queria que você sofresse. Que você sofresse muito, antes da morte. -Ele se encolheu. – Maldito - Ele sussurrou.

--- Bom, eu diria que estaria mais surpresa se não tivesse observado que vocês dois estavam mentindo. Desculpe-me por criticar sua atuação, mas qualquer mendigo da rua seria melhor. –Ri um pouco. - Não existiria outro motivo para irem embora a não ser que uma pessoa ou algo os obrigasse a fazer isto, já que estavam mentindo. -Eu disse, ainda assim, com perplexidade na expressão.

--- Então, Bridget não teve escolha, tínhamos que fazer isto. O seqüestrador se mostrou sagaz e meticuloso, poderíamos até arriscar a sua vida ou a de sua mãe com isso. Além de não sabermos completamente nada dele, naquela época. -Joe continuou. Ele tinha uma expressão surpresa, por eu ter reagido tão prontamente a primeira parte.

--- Eu sei... Joe. -Falei.

--- Nós voltamos e você estava já meio agravada. Fiquei muito triste, mas estávamos em uma beco sem saída, por isso digo que ele é inteligente. Ou nós te veríamos morrer nas mãos dele, ou te veríamos morrer pela doença. Você está tendo ideia agora, do tamanho do ódio e da crueldade que ele possui. -Joe franziu as sobrancelhas. –Eu... Estou meio apavorado agora, Lottie. Ele é capaz de tanta coisa...

--- Meu Deus, Joe... você e a Bridget... sofreram tanto quanto eu. Ou mais. Agora sei o quanto fui egoísta. -Eu disse, pensativa.

--- Não, Charllottie, não se culpe. Nunca poderia prever nada disto. -Joe me acalmou, me abraçando.

--- Então... Depois que tínhamos perdido as esperanças, todos nós, Peter foi a sua luz. -Joe sorriu. Era sincero. Ele parecia estar realmente feliz pela minha atual situação. -Ele te fez aceitar o transplante. Juro que nunca imaginei que, àquela altura de sua vida, à beira da morte, algum ser te fizesse aceitar isto, Lottie. -Joe me olhou com sinceridade.

--- Oh, meu Deus, Joe. E... então? A pessoa não quis acabar com sua vida e a de Bridget por isso? -Indaguei.
--- Não, não quis. Não sei como, nem porque, mas parece que houve uma mudança de planos com ele. Em minha mente, acho que ele não quis expor-se. Sim, pois, se logo que você aceitasse o transplante, ele mandasse que Bridget desistisse de lhe doar a medula, logo suspeitariam de tudo. –Joe continuou. - Enfim, ele não queria que você soubesse de nada disto. E, se eu ficasse perto de você, logo você descobriria, e esta pessoa viraria o mundo para te fazer mal. A única coisa que passava em minha cabeça, era que eu descobrisse quem ele era. Mas, agora, sinceramente, não sei como pará-lo. E não sei o que vai ser de todos nós. Só estou lhe contando, porque -Joe se aproximou como se fosse algo em segredo -... Bem, você já sabe da existência da organização, não é mesmo? -Joe indagou.

  Meu tronco foi para trás e meu rosto expressava perplexidade extrema. Olhei no fundo daqueles olhos puxados e verdes de Joseph Baker.

--- Joe... bem... como soube? -Perguntei, já não havia mais jeito. Ou ele sabia porque o seqüestrador sabia, (segundo a mim e às minhas expectativas, o seqüestrador, opressor, ou seja como for, era da organização) ou ele sabia, por saber mesmo. Mas o seqüestrador não contaria algo tão esclarecedor a Joe. Pelo que percebi, ele era muito desconfiado.

--- Ora, Charllottie. -Joe riu ao ver minha expressão. –Eu sabia desde meus primórdios. -Ele sorriu. -Desde que tinha dez anos, na verdade... –Seu sorriso alvejado e olhos puxados se alargaram, deixando-o lindamente sutil.

--- Não posso crer. -Coloquei as mãos no rosto.

--- Pode, é fácil crer. Sabe agora, que ninguém de lá poderia contar sobre a sua existência... então, eu não poderia contá-la, que sabia da existência desta organização. Isto, antes de Peter Uric contar isto para você. Mas agora que já sabe, não precisa mais ser segredo. -Joe fitou o chão.

--- Ora, então... você é membro? -Falei, subitamente.

--- Sim... Não poderia saber senão o fosse, e já que você ou Sam não poderiam ter me contado... -Joe fez uma cara de óbvio -Sim, sou membro.

 Eu já sabia, pelas evidências, mas aquilo era muito espetacular. Agora o Joseph Baker, o Inglês certinho que eu começara a namorar no ano passado também era da bendita organização. Meu Deus... Aquilo era muito absurdo. O mundo era preto e eu achava que ele era azul.

--- Que droga! -Xinguei o nada, perplexa.

--- Então...

--- Espera, espera, ESPERA! -Baixei a cabeça e fiz um sinal de “pare” com as mãos. -Que DROGA! -Xinguei novamente, olhando perplexamente para Joe -Pode continuar. –Retomei a minha expressão inicial.

--- Charllottie, é bom lembrar algo... Se quem está fazendo isso é da organização, ele sabe que sou também. Ou... –Joe ficou pensativo. –Como eu era da ala B e tem muitas pessoas na organização, e você disse que estes que te odeiam são todos da ala A... Acho que pode ser difícil de ele me reconhecer. –Joe disse, olhando-me penetrantemente.

--- É, Joe... –Pensei por uns segundos no que aquilo poderia implicar.

--- Voltando... -Ele me olhou como se eu fosse um objeto esquisito. -Estou te contando, porque acho que podemos ter uma chance de nos proteger, se pensarmos juntos. Bem, quando Bridget e eu viemos, pensei: Como ele pode fazer com que Bridget continue a obedecendo, mesmo estando longe? Poderíamos fugir e ela nunca mais veria as nossas caras, se ela não tivesse um jeito de nos prender a obediência. –Disse ele, pensativo.

---Então, como sou da organização, notei que Bridget estava com umas manias muito doidas. Bridget tinha espasmos aleatórios e de repente, começava a parecer controlada. Bom, digamos mais como... fazendo movimentos involuntários. Não era ela... Então... pensei que ele estivesse a controlando de algum jeito. Não contei nada a ela, por segurança, pois, se ele estava controlando-a, ela teria de dizer tudo a ele.

Talvez ela fosse o elo que elenão perdia conosco. Ele sempre saberia onde, quando e com quem, Bridget estava. Mas como isso poderia acontecer? Bridget não estava a agir por ela mesma. -Joe parecia até meio empolgado com aquilo, não poderia culpá-lo, até mesmo eu estava. -Lembrei, então, que na agência, na OSSPA, havia uns tipos de microchips que se ajustavam ao comandante e ao comandado, sendo eles gente, ou máquinas. Os chips não eram perceptíveis a olho nu e podiam ser ajustados em certos lugares do corpo. Quando o comandante os ativa, eles mandam sinais elétricos pelo sistema nervoso, fazendo com que a pessoa que está com eles no corpo, tenha espasmos. São como choques elétricos à distância. Mas estes chips só são usados por um dia no máximo. Não podemos usá-los demais. Ou o sistema nervoso pode confundir as coisas com tantos impulsos involuntários. E era isso que estava acontecendo com Bridget. E eu o tirei dela, numa cirurgia simples que fui ensinado a fazer, quando estava na organização. Ela está melhor agora. Este também é um dos fatos pelo qual eu estou com medo. A ira dele cairá sobre nós. O inimigo é mais perigoso quando está tão perto de você que está quase adentrando suas fraquezas. -Joseph se iluminou, ele parecia realmente feliz por Bridget.

--- Bom, pelo que me disse até agora, você acha que a pessoa que fez isso é membro de organização? -Perguntei olhando-o.

--- Sim! Sim, Lottie. Brilhante. -Joe quase aplaudiu.

--- Bom, não imagino de que outra maneira uma pessoa que não me conhece ou nunca me viu na vida, possa me odiar tanto assim. O que nos leva a crer que só um conhecido poderia estar tramando tais barbaridades.–Comecei –Então, conheço poucas pessoas. Além de minha mãe, da minha família muitos já morreram. Só restaram alguns tios e primas que vivem na Noruega hoje... acho que eles estão fora de questão. Até porque, eu mal falo com eles. -Joseph me lançou um olhar de confirmação e expectativa –Da minha família, não tem suspeitos... Sam... -Eu sorri e fiz uma expressão cética - Nunca. –Continuei - Peter, está totalmente fora de questão apesar de ser da organização, confio nele. -Joe me olhou incrédulo – As pessoas da organização são meus conhecidos agora e mesmo que toda esta balburdia tenha começado há tempos, antes de eu conhecê-los, pessoalmente, pelo que vejo, eu já sou envolvida com a organização, sem meu conhecimento, por meio de você, Joe, sem nem mesmo saber. Norma, Jolie, Christopher e Angel. São todos da organização.

--- Todos eles te -Interrompi-o.

--- Sim, Joe, eles me odeiam. -Falei. –Esse foi o motivo inicial para eu suspeitas. Agora, que você já esteve lá, é que minha suspeita se confirma. Querendo eu ou não, você é um elo pessoal meu com eles.

--- Tem certeza? -Joe duvidou.

--- Bom, não tenho certeza de Angel. Não acho que ela me odeie. -Eu disse. -Ela não demonstrou me odiar. Mas... não confio neles. De modo geral.

--- Que bom. É um sinal de que você não ficou tão afastada de seu ceticismo quanto para com as pessoas. Isso pode ser uma coisa boa, às vezes. -Joe explicou.

--- É... -Falei.

  De repente, a porta abriu-se, bruscamente e Bridget entrou por ela.

--- Posso me juntar ao assunto altamente corrosivo? -Bridget estava mais sorridente, porém ainda parecia com aquela cara espantosamente presunçosa, que nunca teve antes de ter desaparecido.


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Notas finais do capítulo

A Bridget é uma Charllottie pior. KKK



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