--- Não. – Joseph respondeu, inexpressivo.

--- Joseph... – Eu não encontrei palavras.

 Dentro de mim, eu consegui encontrar apenas a amargura. Aquele mal estar, que fica entalado, quando você não se dá o luxo de chorar ou se abrir.

--- Não, Charllottie. Nós... Estamos tão distantes. Não posso continuar assim. Eu... – Eu o interrompi.

--- É sério? – Lágrimas caiam dos meus olhos, mas eu não comprimi meu rosto. Estava entorpecida. E a raiva que me dominava, preferia que eu continuasse reta, irredutível.

--- Bom, Lottie- Interrompi ele.

  Eu me aproximei rapidamente dele e o beijei. Ele me abraçou forte. Retribuiu o beijo. Estava mais apressado e sôfrego que eu naquele beijo. Parecia que era o último.

  E eu, que jamais imaginei que ele fosse retribuir, fiquei beijando-o, como se fosse um beijo qualquer. Mas ele estava ali, com tudo que ele podia. E ele ainda me amava. Eu senti.

--- Bom, Lottie. Retiro o que eu disse- Ele sussurou, depois de me afastar. -Eu ainda te amo. Muito. Mas não podemos mais ficar juntos. Não posso mentir sobre isso, mas posso tomar a decisão de não ficar mais com você. –Joe disse, após ter me largado.

--- O que está havendo? –Eu perguntei perplexa.

--- Lottie, não chore. Odeio ter que te ver assim. Por favor, se me ama, fique longe de mim. Não me faça perguntas. –Joe disse.

--- Mas-Fui interrompida.

--- Xiiii! – Joe fez sinal de silêncio. –Eu vou sair. Esta foi... a última vez.

--- É, foi. Vá embora. Não volte. –Eu disse aos prantos silenciosos.

--- Tudo bem. Posso... Te abraçar? –Joe me perguntou.

--- Não. –Eu respondi, com raiva.

 De repente, ele me abraçou por trás. 
--- Porque? Porque, Joseph? Porque você está fazendo tudo isso? Eu tenho que saber. -Eu disse tirando as suas mãos de mim.

--- Eu não sou bom para você, Lottie. E sim, fui eu quem tomou esta decisão. –Ele disse, pegando no meu rosto e o virando para o seu lado.

--- Então, vá embora. -Eu disse, fechando os olhos para não olhar no rosto dele.

--- Eu sei que vai chorar quando eu for embora, mas um dia, eu recuperarei todas as suas lágrimas, pois vai me agradecer por ter feito isso. Eu te amo. –Joseph disse, abrindo a porta e saindo.

  Mais que droga. O que será que estava fazendo aquilo com ele? Ele não é bom para mim? Por quê não seria? Eu o amava. Nada se comparava. Nada se compararia, nunca ao ódio que eu sentia naquela hora.

  Como ele pode não ser bom para mim? Eu fiquei chorando...Talvez me fizesse bem chorar... Afinal, eu nunca chorava. Talvez eu devesse desabafar. Acho que era por esse motivo que eu estava chorando tanto. Escondia sempre meus sentimentos tão profundamente que, quando eles apareciam um pouco, eu exagerava.

  Estava muito angustiada, estava com medo, não parava de chorar. Aquela sensação de angustia tinha desaparecido de mim há um tempo atrás, mas agora estava voltando com mais força.

  Eu estava com muito medo. Um tremor passou por mim, estava suando frio. Fui até a cozinha, peguei uma garrafa de água e joguei todo o sue conteúdo em meu rosto. Sentei no sofá e olhei a janela. Estava bastante escuro. A lua já estava no céu. Tão cheia e amarela que fiquei olhando-a por uns minutos. Onde será que estava Peter? Foi embora, me deixou aqui sem explicações e nem me deixou lembranças. E agora Joseph também tinha ido embora. Era o fim. Que droga.

--- É, amanhã, eu partirei. Não importa se Joe está longe. –Eu disse, com a minha mente voltando a tomar o controle. - Peter fez muito por mim.

--- Preciso olhar nos olhos dele e agradecer. –Murmurei para mim mesma enquanto olhava a lua, enjoada e ansiosamente tentando esquecer tudo.