Eu não estava diferente. Eu apenas tinha colocado um vestido. Ele não era o mais bonito. Ele não era o mais caro. Aos meus olhos era apenas um vestido. Mais uma peça de roupa.

Haru havia me emprestado um vestido de cor roxa, tamanho médio com alguns brilhos. Eu não usava sapato de salto alto como outras meninas, não usava rímel ou sombra.

Olhei mais uma vez no espelho. Eu nunca seria como as meninas ao redor. Mas eu nunca quis ser uma patricinha.

Fiquei satisfeita ao ver pelo menos que Yamamoto e o Chefe, me elogiaram.

— Chrome-chan você está bem diferente! Está muito bonita!

— Obrigada Boss.

— Bem, que tal irmos agora? Quanto mais rápido chegarmos aquele inferno, mais rápidos poderemos ir embora!

— Gokudera-san não estrague a noite. Se quiser pode ficar em casa, tenho certeza que ninguém vai querer me matar essa noite.

 — Como assim? NUUUUUUUUUUUUUUNCA 10º !!! Eu irei te acompanhar até o mais terrível dos infernos!

O Chefe sorriu, Yamamoto riu e eu continuei a observar meu céu, minhas estrelas e minha Lua.

— Chegamos! — O Guardião da Chuva anunciou com animação.

— Dava para ser menos animado Baka? — Gokudera disse com raiva.

— Anime-se! — Yamamoto disse tentando acalmar o outro, em vão.

— Bem, acho melhor irmos entrando — O chefe disse enquanto sorria e me empurrava para dentro — Esses dois vão se resolver logo, logo, er...

O fitei. Pela primeira vez na semana sorri. Sorri de forma sincera.

Pude ver sua face de espanto, mas esta, foi substituída por uma de felicidade.

— Bem o que quer fazer?

— Eu não sei...

— Tsuna!!!!!!!!!!!! — Uma menina de cabelos castanhos se aproximou junto com uma de cabelos alaranjando.

— Tsuna-san. — Kyoko-chan o saudou com uma cara carinhosa.

— TSUNA VAMOS DANÇAR — A morena pedia enquanto puxava o Chefe para a pista de dança.

— Hehe, Haru-chan sempre animada! — Kyoko-chan disse tentando puxar assunto.

— É...

— Bem Chrome-chan...

No momento em que ela ia falar, foi surpreendida por um menino que a chamou para dançar, educadamente ela aceitou.

Solitária em um canto observava as pessoas.

Meninas com nariz empinado tentavam mostrar toda a elegância e todo o luxo que vestiam. Meninos por sua vez tentavam tomar coragem para chama-las para danças. Lá fora podia ver Gokudera Hayato com suas bombas partindo para cima de Yamamoto Takeshi que tentava se defender sem usar a violência. E na pista de dança, uma cena um tanto engraçada.

Tsuna dançava com Haru, mas ficava de olho em Kyoko-chan que dançava com um menino mais velho ao lado, ambos trocavam olhares, os dela amigáveis, os dele apaixonados.

O sentimento de solidão percorreu meu coração mais uma vez quando vi que ninguém se aproximava de mim. Talvez ser diferente é ruim.

Com os abraços ao redor de meu corpo, caminhei para fora do salão por outra saída, queria tomar um ar.

Observei mais uma vez o céu, e comecei a refletir mais uma vez sobre a vida.

— AHHHHHHHHHH!

Um grito ecoou de bem longe, olhei bem em sua direção, mas nada de anormal parecia estar acontecendo.

Olhei de volta para o salão notando que ninguém sentia minha ausência, talvez investigar algo seria bom. Só para garantir.

Ao andar por algumas árvores e contornar parte da escada, ouvi outro gemido seguido por sons estridentes.

Olhei para algumas árvores ali perto que formavam um pequenino bosque. Vi então dois vultos se mexendo rapidamente.

Senti falta de meu tridente mesmo assim me aproximei para saber o que estava ocorrendo.

Ninguém menos que Hibari Kyoya. Ele estava brigando com... O que era aquilo?