Minha face parecia ter paralisado, meus olhos encontraram os dele, o Guardião da Nuvem.

— Tsc, o que faz aqui? — Seus olhos se estreitaram enquanto me observava.

Demorei um pouco para responder, afinal, eu deveria responder à Hibari Kyoya?

— E-eu...  — Fui interrompida por uma figura alta com um uniforme escuro.

— CHEFE! Nós já sabemos onde essas crianças estão, vamos aplicar uma lição e...

— Poupe-me, por favor, eu tenho mais o que fazer. Apenas façam o trabalho. — O Guardião da Nuvem disse de maneira indiferente.

Aqueles olhos negros me fitaram mais uma vez, dessa vez da cabeça aos pés, senti meu rosto corar. Ao piscar, só pude ver suas costas a alguns metros.

— Eu não era uma pessoa de se intimidar assim tão fácil!O que está havendo? — Pensei.

De repente me vi acordada do transe e resolvi parar minha busca, talvez eu devesse mesmo entregar meus papéis à secretaria.

— Aqui — Estendi a mão para uma adorável moça atrás de uma mesa.

— Obrigada, que carinha doce, espero que esteja gostando já da escola!

— Ah sim! — Disse com um meio sorriso.

Me virei e dei alguns passos, meus olhos percorreram as paredes daquele local até encontrarem um mapa enorme da escola.

— Oh... Será que eu poderia dar uma olhadinha nesse mapa?

— Ah sim! — A moça disse gentilmente.

Procurei com ânsia alguma sala afastada e inutilizada, em vão, todas as salas da escola apreciam estar sendo utilizadas, a não ser, algumas distantes que detinham um H escrito com uma caneta vermelha, não era difícil imaginar quem detinha poder sobre esses locais marcados.

Sem me despedir saí da sala, nesse momento o sinal tocou avisando que os alunos deveriam retornar as salas de aula, distante do mundo, retornei lentamente para sala onde me sentei na carteira e apreciei a vista para à janela.

— Esse é o meu lugar? — suspirei.

~~

Ah, só respire.

Não consigo me lembrar de nada 
Não posso dizer se isto é sonho ou realidade 
Lá no fundo eu sinto que quero gritar
Este silêncio terrível me prende

Eu vestia meu uniforme mais uma vez, arrumava minha mochila, que na verdade estava intacta desde o dia anterior. Calçava meus tênis. Descia as escadas. Me dirigia ao colégio.

Agora que a guerra acabou comigo 
Eu estou acordando, eu não posso ver
Que não resta muito de mim 
Nada é real a não ser a dor

Eu penso que talvez eu apenas deva viver, cumprir meu serviço como guardiã, esquecer Mukuro-sama e meus sentimentos por ele. Talvez eu tenha vivido só para ele, só para o mundo e não para mim.

É estranho olhar ao redor e ver tantas meninas maquiadas e felizes, lendo revistas de fofocas, com bolsas cheias de dinheiro que provavelmente vão gastar à tarde em alguma loja de roupas.

— Eu nunca vou ser como elas. — Suspiro.

Percebo que cheguei à escola, tento sorri ao avistar 3 figuras entrando um pouco adiante, uma delas está com cigarro na boca, a outra aprece carregar uma mochila pesada com algum taco, e a menor, bem, o andar da menor é desajeitado, mas... Ninguém pode subestimar sua força de vontade, ninguém pode subestimar ele.

— Chefe?!? — Tento não gritar mesmo assim acabo atraindo a atenção de alguns.

— Chrome-chan! — Ele acena de volta, seus dois amigos param também.

— Estou atrasada? O sinal já tocou?

— Não, não se preocupe, ainda faltam alguns minutos. — Ele sorri. — Está gostando da escola?

Enquanto caminhamos penso no que devo responder, obviamente um lugar repleto de gente não é o meu local predileto, porém a intuição de que algo mudaria percorria o meu peito, além de é claro, um novo passo para passar a viver por mim mesma.

— Claro.

— Que bom, eu estava com medo de que não gostasse. Quer dizer, se algo estiver errado eu não quero que você se veja obrigada a vir sabe? Mas isso também não quer dizer que eu não quero que você esteja aqui! Por favor! — O Chefe fala começando a gaguejar e balançar os braços de modo até que... Engraçado.

— Hai...

O sinal toca e mais uma vez sou obrigada a aturar aulas que serão totalmente desnecessárias, afinal, para que estudar se não quero fazer faculdade? Eu definitivamente sou diferente.

Não vou poder trabalhar, não vou poder ter uma família, eu vou ter que simplesmente...

— Bem, sinto informar que a professora Minako não pode comparecer devido uma doença... Então terão uma aula vaga nesse horário, porém não será permitido sair da escola. — Um homem disse e logo se retirou.

— UUUUUUUUUUUUUUUHUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUL — A maioria dos alunos gritou, e pulou comemorando.

— Que estranho não? Sempre há uma substituição... — Yamamoto Takeshi disse se aproximando de minha mesa.

— Do que você está reclamando idiota? Eu estou é feliz por essa velha não ter vindo! Agora tenho mais tempo de folga!

— Estranho mesmo Yamamoto, mas não posso deixar de concordar com Gokudera, um tempo livre sempre é bom! — O Chefe disse — Então, o que quer fazer Chrome?

Estranhamente me vi rodeada de olhares, minha mente mais uma vez demorou à perceber o que está acontecendo à minha volta.

— Que tal passear? Chrome ainda não deve ter visto tudo na escola! — O jogador de baseball da turma disse sorridente.

— Ótima ideia! Que tal?

Hesitei por um momento, não queria passar por antissocial mais uma vez, talvez esse passeio pudesse me proporcionar até o encontro de meu cantinho.

Vagarosamente segui os meus 3 colegas (ou seria amigos?) os corredores eram longos e não tinham nada mais do que eu pensava encontrar, alguns colegas de classe tentaram se apresentar e ter uma conversa.

— Ei, será que você conhece um lugar fechado ou secreto? — Perguntei a uma menina que olhava solitária para uma das enormes janelas.

— Não, se eu conhecesse não estaria aqui parada no centro de todo esses idiotas! — Ela respondeu de maneira grossa.

Pisquei surpresa.

— Mas se você quer saber, dizem que na sala de Hibari Kyoya há um mapa completo da escola! — Ela retrucou antes de se afastar.

Mais uma vez eu ouvi aquele nome.