Ele respira fundo antes de colocar a mascara, cada passo em direção a essa porta o mata aos poucos. Gira a maçaneta, respira novamente e entra.

Ela esta deitada na cama, assim que o vê, ela sorri. Ele sente a angustia tomar seu peito:

“Oi, meu amor.”

Ela nota as olheiras sob os olhos dele:

“Olá, como vão às coisas?”

 Ele absorve a voz dela, cada palavra. São apenas sussurros perdidos no vazio daquele quarto, mas ele não quer perder nada. Ele notou o quanto ela emagreceu, é apenas pele e ossos agora, mas ele ainda sente como se pudesse explodir de felicidade só por ela existir:

“Eu queria poder fazer algo, qualquer coisa. Droga! Porque eu não posso fazer tudo isso passar?!”

Ela ainda esta sorrindo, mesmo que no fundo queira chorar e pedir por ajuda tem que ser forte, por ele.

“Eu só queria poder te salvar. Então se você perder fé em você, eu te darei força pra sair dessa. Só me fale que você não vai desistir, por favor?!”

Ela fechou os olhos e desejou poder abraçá-lo outra vez, só assim ele iria perceber o quanto o coração dela dispara apenas por ele estar ali:

“Não se preocupe, eu não vou desistir.”

Ele da um passo em direção a cama e para. Não pode tocá-la. Aperta os punhos.

Ela vira o rosto, finge estar dormindo. Às vezes isso acontece, mesmo que nesse momento seja uma mentira.  E quando ele caminha lentamente pra fora do quarto, as lagrimas formam um rastro pelo rosto dela.

“Eu te amo” – Ele sussurra antes de fechar a porta atrás de si. Agora ela esta chorando mais ainda.

Do lado de fora, ele escorrega pela madeira até sentar-se no chão. Suas lágrimas tocam o chão enquanto ele pode ouvir os soluços dela traves da porta de madeira.

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Ele grita e chora e se desespera. Ela está morta, e o coração dele também.

A mãe dela caminha até ele e beija sua face. Ela coloca um envelope na cadeira a seu lado e sai.

Ele não sabe como chegou a casa, mas o envelope esta apertado em suas mãos, senta-se no sofá e abre:

“Oi, meu amor.

Se estiver lendo isso, eu devo estar morta. Droga, eu queria poder estar com você novamente.

Sabe, esse lugar é solitário... Ter câncer é solitário.

Ver você todos os dias tão angustiado me destrói, saber que não pode me tocar está me matando. Tudo que eu queria era sentir seus braços em volta do meu corpo outra vez...

Eu não quero que você sofra. Quero que sorria onde quer que esteja, aquele sorriso brilhante e com covinhas. Quero que vá ao baile de formatura e dance. Quero que vá para a faculdade e namore uma garota muito bonita, você pode levá-la pra comer na nossa lanchonete favorita e colocar o cabelo dela atrás da orelha enquanto ela olha as fotos do seu álbum.

Livre-se dos prendedores de cabelo que eu propositalmente deixei na sua casa, coloque tudo que eu te dei em uma caixa se não puder jogar fora, quando ela perguntar sobre a garota das fotos você pode mentir se quiser, eu não me importo.

Peço apenas uma coisa, lembre-se de mim de vez em quando. Uma vez por ano é suficiente, me leve flores, eu não quero mais ficar sozinha...

E nunca desista, está bem?! Eu não desisti.

Eu sempre vou te amar...

Lucy. “

                Ele chora sobre o papel amassado, ele precisa dela... Agora.

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A garota loira vira as paginas do álbum de fotos enquanto os dedos dele arrumam o cabelo dela atrás de sua orelha:

“Quem é ela?”- Pergunta olhando a foto em que ele carregava Lucy nas costas, os dois rindo.

“Ela é o motivo de eu nunca ter desistido...”