O ultimo som nunca é como descrevem, obvio, as pessoas sempre inventam como deve ser por nunca terem passado por tal situação. Eu simplesmente não ouvi nada, aqueles olhos azuis me pegaram assim que meu corpo parecia ceder a todos os meus comandos. Eu sentia que estava caindo e os braços passaram em volta da minha cintura, estava tudo tão gelado que mesmo sendo abraçada e depositada no chão eu me sentia congelando! O sangue fluía saindo de mim com a facilidade de um jarro de água com um furo bem no meio.. Eu diria que no meu caso era mais para o canto, perto do meu estomago.

Eu sabia que aquele homem gritava desesperadamente para que as pessoas chamassem ajuda, ele olhava para mim desesperado e pedindo algo que eu só entendia por estar interpretando os seus lábios. Algo como “por favor, fique acordada”, e quanto mais ele pedia isso mais eu sentia a vontade de fechar os olhos.

O ultimo som não chegou, eu esperei, mas tudo que ecoava na minha mente era o “BUM” antes de começar a não sentir mais, tato, olfato, audição se apagando e aos poucos a visão. Aquele homem parecia entrar em desespero a cada segundo me vendo naquele estado, como se a culpa fosse toda e inteiramente dele, eu não me lembro se deveria culpá-lo, de repente todas as minhas lembranças se apagaram. A, outro fato que é mentira, nenhuma história da minha vida passou pela minha mente, na verdade, quanto mais passava o tempo mais eu me esquecia porque estava naquela situação, a de ser observada atentamente por olhos intensos e azuis. Uma cor que eu não tenho certeza se existe no mundo, a mão dele segurou meu rosto tentando ajeitar em seu peito e eu a segurei tentando acalmar o desespero dele.

-Não morra..- E então eu apaguei, acho que ouvir foi o ponto alto da minha energia, tentando ouvir que minha visão cedeu e agora.. Eu apaguei.